"E se alguns dos
ramos foram quebrados, e tu, sendo zambujeiro, foste enxertado em lugar deles e
feito participante da raiz e da seiva da oliveira, não te glories contra os
ramos; e, se contra eles te gloriares, não és tu que sustentas a raiz, mas a
raiz a ti" (Rm 11.17,18). Infelizmente não são poucos dentro da
igreja evangélica que esquecem essa advertência e reverberam a ideia equivocada
da Teologia da Substituição. Penso ser importante usar este espaço para falar
um pouco da origem dessa teologia, pois pode haver alguém da sua classe que
desconhece esse tema e lhe faça algumas perguntas.
A questão do papel do
povo judeu hoje no plano de Deus tem despertado sentimentos variados nos
cristãos do mundo atual em relação ao Israel contemporâneo. Tais sentimentos
atrelam-se ao método adotado na interpretação bíblica ao longo da história
eclesiástica. Assim, o método alegórico foi importantíssimo para o surgimento
da Teologia da Substituição.
A destruição de
Jerusalém, a Cidade de Deus, no ano 70 d.C, foi um acontecimento crucial para a
eficácia desse método. No século IV, o clero cristão era constituído por bispos
ocidentais e orientais influenciados pelo método alegórico - ele uniu-se ao
império romano, mediante Constantino, o imperador de Roma. Esses clérigos
consideraram a destruição de Jerusalém um sinal de que Deus havia rejeitado o
povo judeu.
Neste contexto, a
Teologia da Substituição ganhou força dentro do Cristianismo. A igreja romana
advogou para si o título de o "Novo Israel de Deus". E, a exemplo de
outras tradições cristãs, passou julgar os judeus como o "povo rebelde que
matou Jesus" e para sempre fora rejeitado por Deus. Por isso, o estudioso
Arnold Fruchtenkbaum conceitua a Teologia da Substituição como corrente que
rejeita o moderno Estado de Israel como cumprimento da profecia bíblica. Neste
caso, todas as profecias sobre o povo judeu já fora cumprida e, por isso, não
se deve esperar nenhuma restauração futura de Israel (cf. Enciclopédia Popular de Profecia Bíblica.
CPAD, 2008, pp.372). Ora, algumas respostas sobre a profecia bíblica deveriam
responder a estas questões: Qual o público alvo da profecia bíblica? Cumpriu-se
toda? A quem Deus prometeu uma terra localizada no Oriente Médio?À Igreja ou a
Israel? Tal promessa se cumpriu plenamente? Então, o estudioso sério das
Escrituras pensará muito antes de afirmar que a Igreja substituiu Israel.
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