Paz
versus Inimizade
Definição
sobre a Paz
Em toda a existência do homem o que ele sempre
desejou e deseja é paz, tanto para a cidade como a paz interior. Na busca pela
paz nas cidades, as autoridades têm feito de tudo para que ela esteja presente,
isso aconteceu no tempo de César, ele até conseguiu trazer a paz para Roma, mas
não a paz para a vida interior do homem.
O
mundo vive sem paz porque é habitado por pessoas que vivem dominadas pela
natureza pecaminosa, essa posição é defendida por Tiago: “Donde vêm as guerras
e pelejas entre vós? Porventura não vêm disto, a saber, dos vossos deleites,
que nos vossos membros guerreiam?” (Tg 4.1).
A falta da paz na cidade tem origem na ausência
de Deus. Paulo disse que quanto mais o
homem fala em paz, mais haverá repentina destruição (lTs 5.3).
Não
é utopia, mas um mundo sem guerra, sem conflitos armados, sem brigas, com todos
vivendo em tranquilidade, só será possível quando Jesus Cristo reinar e todos
os seus súditos estiverem transformados. Jesus tanto trará a paz para o mundo
como a paz interior, somente Ele tem autoridade para conceder paz (Jo 14.27).
Na
busca por uma definição precisa sobre a palavra paz, estudiosos e filósofos têm
procurado descrevê-la de diversas formas. Na filosofia, alguns ensinaram que
para a paz realmente acontecer era necessário evitar os prazeres e o aumento de
bens materiais, pois quanto mais temos essas coisas, mas se avolumam as
perturbações em todos os sentidos.
Ensinaram também que caso uma pessoa deseje
realmente ter paz, não deve deixar que as emoções fujam do controle, nem que
outras pessoas dominem sua vida. Caso isso aconteça, ele facilmente cairá; por
isso, para que não ceda a tais desejos o primordial é controlar a mente, fazer
boas escolhas. Sendo assim, em relação às coisas que estão diante de seus
olhos, ao seu redor, o melhor é manter-se negligente e jamais depender delas.
Na definição filosófica, a paz desejada pelo
homem só seria possível caso ele se mantivesse separado das coisas exteriores,
refreasse seus desejos e se mantivesse desinteressado com o mundo que o rodeia.
Note que a paz proposta pelos filósofos é sem vida e sem alegria, pois exclui o
homem do próprio mundo em que vive
e de seus prazeres, como se todo o problema estivesse
nas coisas.
A Bíblia sempre deu ênfase ao homem desfrutar das
coisas deste mundo, posto que tudo o que Deus criou é bom e perfeito (Gn 1.31).
Riqueza, poder e prazer no trabalho, todas essas coisas são bênçãos de Deus
para o homem, delas ele precisa desfrutar com alegria.
Não
há poder nos objetos para conceder felicidade e paz. Jesus disse que a
felicidade do homem não está na abundância de bens que alguém possui (Lc
12.15). Na obra de Humberto Rohden, O Pensamento Filosófico da Humanidade, a
felicidade é retratada assim:
O
estoicismo é, substancialmente, socrático, universalista; mas, diversamente dos
cínicos, não pensa que a felicidade do homem consinta em não possuir nada, e
sim em que não ser possuído de coisa alguma, seja de fora, seja de dentro. Pode
o homem possuir externamente o que quiser, mas não deve internamente ser
apegado a coisa alguma, de maneira que suas posses sejam a causa de sua
felicidade, ou a falta dessas posses seja a causa de sua infelicidade. A
felicidade não está naquilo que o homem possui, porém no modo como possui.
(ROHDEN, s/d, p. 81)
Jesus
disse que o homem bom tira do seu tesouro coisas boas, ao contrário do homem
mau, que tudo o que sai de sua vida será destruidor (Mt 12.35). Os que vivem
sob o poder destruidor da natureza pecaminosa produzirão ações para a morte,
mas os que desfrutam da comunhão com Cristo, tendo a paz como virtude do fruto
do Espírito, produzirão um ambiente de alegria e harmonia.
A Paz na Definição
Bíblica
No
Antigo Testamento, a paz é denominada Shalom, essa é uma saudação normalmente
usada no dia a dia com a qual os judeus se cumprimentam. Na obra do pastor
Billy Graham, fazendo uma definição da paz como fruto do Espírito, ele afirma
que:
Paz traz a ideia de unidade, satisfação,
descanso, segurança e tranquilidade. No Antigo Testamento a palavra é Shalom.
Quando encontro algum amigo judeu o cumprimento
com Shalom. E quando cumprimento um dos meus amigos árabes uso um termo
semelhante que na língua deles significa paz, Shalom. (GRAHAM, 2009, p. 222)
A
palavra Shalom pode ser entendida como boa saúde, um bom viver, prosperidade e
riqueza (Gn 43.27; Sl 38.3; Jó 15.21).
Para os judeus, esse Shalom é visto como algo que
faz com que a vida se torne uma vida de qualidade, eles não viam a paz apenas como
uma ausência de guerras, uma vez que pessoas podem estar juntas sem que tenham
harmonia, outras podem ter muitos bens, mas não desfrutam da verdadeira paz. O
aspecto positivo da paz, na visão dos hebreus, é aquilo que age na produção de
um bem para todos. Os judeus viam a paz como algo que contribuía para um estado
permanente de felicidade, nela estava presente a bênção de Deus, de modo que o
Shalom não seria uma mera saudação convencional, mas, sim, um agir divino para
a promoção do bem e da felicidade daqueles que confiavam em Deus (Is 23.6). A
Septuaginta carregou o mesmo significado do judaísmo, em sua forma eirene
passou a ser traduzida por tranquilidade, felicidade, segurança, prosperidade,
harmonia, unidade, acordo, quietude e descanso, certo que tudo isso vinha
diretamente de Deus (Is 32.17; SI 4.8).
Quem tem a paz na vida está disposto a viver bem
com todos. Vivendo na paz, Shalorn ou eirene, o homem poderá desenvolver
relacionamentos saudáveis com o seu próximo, já que estaria vivendo na paz que
lhe encaminharia para o bem, evitando comportamentos que prejudicasse o seu
próximo. O salmista, querendo incentivar a todos a viverem bem, buscando relacionamentos
estruturados, não diz primeiro: sejam unidos, pelo contrário, ele começa
incentivando a todos a buscarem a paz, e que todos se empenhem por ela (SI 34.14) ainda
que outros não queiram (Rm 12.18). Um homem de Deus sempre agirá buscando a paz
com todos, nas páginas do Antigo Testamento os homens de Deus sempre procuraram
promover a paz com o seu próximo (Js 9.15), eles agiam dessa maneira porque
estavam em paz com Deus (Is 54.10; Jr 29.11).
Ter
a paz na vida é algo muito singular, pois, ainda que os servos de Deus
enfrentem problemas, lutas, desavenças e contrariedades, essa paz concede um
bem-estar para a alma, para o corpo e uma serenidade grandiosa, e os conduzem a
procurar viver harmoniosamente com o seu semelhante.
A Paz no Novo
Testamento
Nas
saudações do apóstolo Paulo o eirene, isto é, paz, sempre estava presente; em
Romanos 1.7 ele diz: “A todos os que estais em Roma, amados de Deus, chamados
santos: Graça e paz de Deus nosso pai, e do Senhor Jesus Cristo” (Rm 1.7).
Cháris humin kaí eiréne (Graça a voz e
paz). Pelas palavras finais de Paulo, percebemos que as pessoas às quais ele
falava eram gentios convertidos, que agora estavam separados, ou seja, separados
para viverem os ideais divinos, vivendo em Roma com cristãos verdadeiros,
cheios da graça e paz, que pode soar como uma saudação pessoal, contudo ela vai
muito mais além, indica a ação salvadora de Deus em suas vidas. Esses cristãos
poderiam impactar Roma com o poder do Evangelho que estava em suas vidas.
Em
muitos outros textos Paulo fazia uso de eiréne como uma saudação (ICo 1.3; Gl
1.3; Fp 1.2; lTs 1.1; lTm 1.2), deixando claro aos irmãos que eles poderiam
estar sempre bem, porque tinham recebido tudo o que precisavam para serem
felizes. Paulo entendia que essa paz maravilhosa vinha de Deus por meio da fé (Rm
15.13), e levava os crentes a crer no gozo divino.
Vivendo
na paz que vinha por meio da fé em Deus o cristão poderia praticar o bem para
com todos os homens (Rm 2.10), isso porque ele desejaria estar em total e
absoluta obediência, pois é do Senhor que vem a tranquilidade para a vida. O
homem não pode criar sua paz, Paulo esclarece que a paz vem de Deus,por isso
está acima da mente humana (Fp 4.7).
Paulo
sempre falou da importância da paz na vida do crente, e algo importante quando
lemos João 14.27 é que Jesus poderia ter provido a paz na terra, pois em seus
dias a falta de paz era grande, mas Ele desejou conceder aos seus filhos a sua
paz.
Os discípulos de Jesus Cristo tinham
muitos problemas, inclusive medo; cremos que o que eles mais desejariam ouvir
do seu Mestre eram as seguintes palavras: “Eu os farei prosperar, darei boas
condições de vida a todos, os melhores cargos e empregos”, mas, não foi bem
assim, antes de morrer dos seus lábios saíram as palavras mais maravilhosas:
Deixo-vos
a paz, a minha paz vos dou: não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o
vosso coração, nem se atemorize. (Jo 14.27)
Essa paz presente no coração dos discípulos
acalmou seus medos, suas desesperanças, seus anelos e suas ansiedades, eles procuraram
viver certos de que o eiréne divino lhes conduziria a todo tipo de bem.
Quem
vive na paz de Deus sempre batalha para que tudo concorra para o bem, Paulo
disse que um crente que tem a paz na vida não intenciona criar dificuldade, mas
procura desenvolver relacionamentos harmoniosos porque sabe que o desígnio de Deus
é: que todos vivam em paz (1 Co 7.15).
Um
casal cristão, que tem a paz de Deus, no momento em que surgir um conflito não
pensará logo no divórcio nem em separação, como os dois tem ciência de que Deus
os chamou para paz, seu alvo primordial é procurar desenvolvê-la. É triste
dizer, mas em muitos lares cristãos as brigas e contendas são constantes, criando
um ambiente de infelicidade, porque a verdadeira paz está ausente.
Jesus
morreu na cruz para promover paz no nosso interior e com o próximo (Ef
2.14-17). Paulo diz que Jesus derribou a parede de separação. No meu livro
Cartas da Prisão, tratando sobre esse assunto, escrevo:
A
palavra parede no grego é mesótoichon, muro. Note que essa palavra é composta,
mésos fala de meio, ou no meio (Jo 19.18), isso como adjetivo, como substantivo
fica o meio (Mc 7.31), no caso neutro funciona como um advérbio, nesse caso é
usado como preposição com genitivo: no meio (Mt 14.24; Fp 2.15). Paulos está
falando do muro que separava o pátio dos gentios e o dos judeus no Templo,
nessa parede tinha um escrito que advertia aos gentios sob certas penalidades,
inclusive a morte, se eles se atrevessem a entrar no lugar dos judeus. Essa
inimizade o Senhor Jesus Cristo desfez, tudo isso foi feito por meio da cruz de
Cristo, por meio dela todos têm acesso a Deus. (GOMES, 2015, p. 50)
A
paz que Deus dá aos crentes faz com que os relacionamentos sejam sólidos na
igreja (Ef 4.2), observe que a paz que recebemos divinamente não está limitada
apenas ao nosso interior, como um rio ela se alastra atingindo outras pessoas.
E impossível um crente ter a paz de Deus e estar criando confusão, contendas e brigas na igreja, isso porque a paz de Deus é
seu árbitro, é ela que decide tudo (Cl 3.15).
Quando a paz de Deus está no coração de cada membro da igreja, as
decisões, atitudes, projetos, nada é feito baseado na buscada autopromoção, nem
governado pelo espírito de louvor pessoal, pois quem decide tudo é a paz de
Deus que age como um ser soberano, um juiz que dirime.
O
cristão que tem a paz sente-se responsabilizado em promovê-la com todas as
pessoas (Hb 12.14), anelando que os relacionamentos sejam bem construídos, não
cedendo aos desejos carnais na intenção de promover dissidência. Quem tem paz
com Deus busca promover o que é bom, pois já foi justificado (Rm5.1), o cristão
é consciente que por meio de Jesus foi restabelecida sua paz com Deus (Cl
1.20), como então ele poderá trabalhar para desfazer essa paz?Na paz de Deus o
nosso relacionamento é tanto vertical como horizontal, podemos nos voltar para
o nosso Senhor em qualquer lugar e a qualquer momento, e chamá-lo de
Pai, como fez seu Filho Jesus Cristo (Rm 8.15).
A Paz como Virtude
Fruto do Espírito
Acima
descrevemos um tipo de paz que o homem não pode produzir, porque depende
exclusivamente de Deus para tê-la e desenvolvê-la (Jo 14.27; 16.33). O
restabelecimento da paz entre Deus e o homem, conforme já falamos, foi feita
por Jesus, que concedeu restauração ao homem, o que é chamado de paz com
Deus (Rm 5.1). O cristão tem tranquilidade na
alma, firmeza, alegria e paz, porque por intermédio da cruz tudo isso foi
conquistado (Cl 1.20).
Matthew Henry em seu Comentário Bíblico do Novo
Testamento, Atos a Apocalipse, falando sobre a paz como virtude do Espírito
diz:
[...] Depois vem a paz com Deus e com a própria
consciência, ou seja, uma harmonia pacífica de temperamento e comportamento em
relação aos outros. (HENRY, 2012 p. 568).
A
paz como virtude do fruto do Espírito age no crente concedendo-lhe
tranquilidade em meio ao desespero, tempestade, tumultos e agitação. A paz que
reina em nosso coração é denominada de Paz de Deus, a qual vem precedida pela
Paz com Deus.
Entendendo a
Inimizade no Antigo e no Novo Testamento
A
inimizade nasce no momento em que o homem peca contra Deus no Éden, e logo se
dará escatológicamente uma oposição ferrenha entre o homem e Jesus (Gn 3.15). A
inimizade não é apenas um sentimento de ódio contra alguém, e sim contra tudo aquilo
que é bom e perfeito.
A
definição de inimizade descreve um sentido de oposição que se dá entre o bem e
o mal e, biblicamente falando, os que são aliciados pelo mau constituem-se
inimigos de Deus (Tg 4.4).
Pela
formação da palavra inimigo logo se pode perceber seu grande aspecto negativo,
do latim a palavra inimigo é inimicu, o in aponta para não, amicus quer dizer
amigo, depreende-se então que, inimigo quer dizer não amigo, alguém adverso,
contrário e hostil.
Frente
ao conceito descrito acima, podemos dizer que a inimizade se processa no campo
da rivalidade, ressentimento, ideias e ações maléficas para com o próximo. No
hebraico existem algumas palavras que são usadas para descrever um inimigo, a
primeira é ar, descreve um inimigo que está acordado (1 Sm 28.16), como
adversário aparece a palavra tsar (Gn 14.20) e o inimigo que odeia é chamado de
sane (Êx 1.10). No grego, a palavra para inimigo é echtbrós.
Na
palavra inimigo ou inimizade está expresso o ódio que alguém dominado pela obra
da carne pratica. A Bíblia está repleta de exemplos de inimigos; Israel, o povo
escolhido de Deus, sempre enfrentou grandes inimigos (Sl 6.10; Is 1.24), e a
Palavra declara que todos os que são dominados por essa obra da carne
sempre causam grandes males.
A
inimizade é dominada pelo ódio e seu objetivo é prejudicar.
Está relatado em Gênesis 4.5-8 que o primeiro
homicídio na terra foi por causa da inimizade, por isso esse sentimento sempre
foi combatido por Deus. Moisés escreveu para os israelitas afirmando que eles
deveriam amar a todos, quer fosse judeu ou não (Lv 19.34), em o Novo Testamento
o amor será ainda mais destacado, visto que o Espírito Santo estaria em cada
crente produzindo as melhores virtudes do Espírito.
Os
que vivem na prática da inimizade, inclusive contra o povo de Deus, serão
punidos (Lm 2.4; SI 97.1,3), essa castigo seria feito ou baseado segundo a lei
da semeadura (Ex 21.24). O bom para todos nós é procurar sempre desenvolver
boas amizades, jamais manifestando sentimento de ódio contra quem quer que
seja, especialmente para com os que vivem em
comunhão com o Senhor, pois os que os atacam estão atacando o próprio Deus.
Deus
falou para Abraão que iria abençoar os que lhe abençoassem, mas iria amaldiçoar
todos quantos o amaldiçoassem (Gn 12.3), nesse caso se entende que quem se
opusesse a um escolhido do Senhor estaria combatendo contra Ele mesmo, ou sendo
seu inimigo (Ex 23.22).
Nas páginas do Novo Testamento de modo
diáfano, o termo inimigo, do grego echtbrós, pode ser entendido de diversas
formas, em destaque podemos dizer que se trata de inimigos pessoais e contra os
cristãos (Rm 12.19-21; G1 4.16). Também é dito que aqueles que fazem oposição
aos servos do Senhor estão tentando combater contra Ele (At 13.10; Rm 5.10), e
o grande inimigo dos que servem a Deus é Satanás; ele usa as pessoas para
disseminarem o ódio de modo hostil, procurando de todas as formas acabar com
todos (Mt 13.30; IPe 5.8).
Uma
coisa interessante, no que diz respeito à inimizade no Antigo Testamento, é que
Israel fora ensinado a odiar os seus inimigos, e incentivado a amar o seu
próximo, que se trata dos seus conterrâneos e estrangeiros, mas quanto aos seus
inimigos declarados, os quais sempre os estavam cercando, ele deveria odiar.
Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo, e aborrecerás o teu
inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos
maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos
perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus; porque faz que
o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e
injustos. Pois, se amardes os que vos amam, que galardão havereis? Não fazem os
publicanos também o mesmo? E, se saudardes unicamente os vossos irmãos, que fazeis
de mais? Não fazem os publicanos também assim? Sede vós pois perfeitos, como é
perfeito o vosso Pai que está nos céus. (Mt 5.43-48).
Esse
tipo de amor que era ensinado por Jesus está contrapondo-se ao costume judaico,
como também o manual de disciplina do Kumran, que dizia: “Amar todos o que Ele
escolheu, e odiar a todos o que Ele rejeitou”. Jesus fala da importância de se
amar o inimigo, veja que Ele coloca o amor agápe em destaque, esse amor
busca atingir o coração do inimigo, daquele que
está dominado pelo ódio, então, é dever do cristão lutar para libertar o
inimigo que está dominado pelo ódio. Esse amor é desenvolvido por meio de ações
maravilhosas e atitudes de um verdadeiro servo de Deus.
O
amor do servo de Deus deve ser expansivo, ou seja, não se direciona apenas a
pessoas perfeitas, ou àquelas pessoas que têm notoriedade; antes, o amor do
cristão deve ser como o amor do Pai, que abrange a todos indistintamente, é
nesse particular que devemos ser perfeitos como Deus. Nós não somos perfeitos como
Deus, pois o próprio Senhor Jesus fala nesse texto que devemos sempre ter sede
pela justiça, uma prova de que não somos justos na íntegra. Precisamos sempre
ser sedentos nas coisas espirituais. Podemos entender que os
inimigos que Israel deveria odiar seriam aqueles que vivessem na prática do
pecado, isso pode ser comprovado pelas seguintes passagens bíblicas (Dt 20.16-18;
SI 26; 31.6), pois não podemos imaginar um Deus que ensina a amar e ao mesmo
tempo manda odiar. Jesus ensinou que nós devemos amar ao próximo, ou seja, não
deve haver em nossas atitudes qualquer artifício de ódio contra o nosso
semelhante, porque esse princípio era também um mandamento (Mc 12.30,31).
O Comportamento do
Cristão para com o Inimigo
O
comportamento do cristão fora da esfera congregacional é uma prova clara da
ação do Espírito Santo de Deus em sua vida, além disso, um testemunho vivo para
o mundo de que nossa vida é dirigida pelo Espírito Santo. O cristão deve
manifestar um amor sincero e sem hipocrisia, deve sempre aborrecer o mal e
apegar-se ao bem, deve ter um amor fraternal, deve ser
incandescente, isto é, fervoroso de espírito e deve sempre servir ao Senhor.
O
cristão precisa alegrar-se sempre na esperança diante de tudo aquilo que Deus
lhe tem feito e prometido, sempre viver em oração e suportar as provações, deve
ser hospitaleiro e suprir as necessidades dos outros, e manifestar uma atitude
de abençoar os outros e orar pelos que os perseguem sempre; manifestar
alegria para com os que estão alegres e ser
complacente com os que estão tristes.
Quando
um crente demonstra alegria para com aqueles que estão alegres, é sinal de que
ele já tem domínio próprio e muita maturidade.
A
harmonia deve ser um marco na vida dos cristãos, ela faz com que a competição
egoística não se nomeie no meio deles, não há busca por coisas grandiosas,
antes a simplicidade os domina, sendo assim não são convencidos e acomodam-se
as coisas simples.
Os cristãos não podem pagar o mal com o mal, a
sua preocupação é com aquilo que é moral e bom perante todos, viver em paz com
todos é a meta de cada cristão. O crente também não vive procurando vingança, antes confia na
providência de Deus em tudo.
O
cristão deve ter um comportamento totalmente diferente diante dos seus
inimigos. Quando os seus inimigos se encontrarem em dificuldades, o cristão
deve tratá-los bem, assim estarão amontoando braças sobre suas cabeças; diante
dessa delicadeza eles ficarão envergonhados (Rm 12.19-21). Nessa competição o
cristão nunca deve perder para o mal, mas com o
bem ele deve vencer a tudo e a todos.
Podemos
dizer que o comportamento do crente diante de seus inimigos não é resultado de
um esforço próprio, mas procede da comunhão que se tem com o Espírito Santo,
pois é Ele quem faz com que os bons frutos apareçam (G1 5.22). Quando o crente,
por meio de suas ações, manifesta um amor sincero para com o seu inimigo, é
sinal de que de fato o fruto do Espírito está em sua vida e que realmente tem o
caráter de Cristo, que pediu perdão por aqueles que o crucificaram (Lc 23.34).
Teologicamente,
podemos dizer que Deus quer que tenhamos paz com Ele, pois a inimizade que nos
distanciava dEle foi desfeita por meio de Cristo Jesus (Rm 5.10), assim,
reconciliados pelo evangelho, tendo o Espírito Santo na vida, podemos agora
manifestar esse amor para com os nossos piores inimigos (Cl 1.23).
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