Entender bem o propósito do Espírito Santo de
Deus em nossa vida é algo muito importante, pois se isso não for feito corremos
o risco de beirarmos a diversos extremos, como aconteceu com a Igreja de
Corinto, que valorizava mais os dons espirituais do que as virtudes do fruto do
Espírito Santo.
Historicamente, sabemos que na promoção de
muitos avivamentos alguns começaram a dar mais ênfase aos dons do que as
virtudes, todavia, se cada cristão realmente seguir a Palavra de Deus, com
certeza terá equilíbrio nesse ponto.
A Essência do Fruto do Espírito
Ao entrarmos em contato com Gálatas 5,
falando a respeito do Fruto do Espírito, podemos logo dizer que o singular é
usado tão somente pelo fato de todas as virtudes virem do Espírito Santo.
O propósito do Fruto do Espírito Santo é
produzir no crente frutos, não obras, nem apenas qualidades morais.
O Espírito trabalha na vida do cristão
desejando que ele tenha qualidade de vida espiritual. As virtudes vêm do
Espírito, com isso é possível entender que essa qualidade de vida espiritual
não parte do próprio crente e não é resultado de seus meros esforços, antes
essa produtividade acontece por causa da nova natureza que foi implantada no
seu ser, de modo que agora o cristão sempre andará em novidade de vida (Rm 6.4;
Ef 3.19). A qualidade de vida produzida pelo Espírito tem um nível que nenhum
homem neste mundo pode conceder, que nenhuma Universidade ou Faculdade pode
oferecer, antes tudo vem de cima, do alto (Tg 1.17). No momento em que o
Espírito Santo passa a habitar no coração do crente, a colheita acontece de
modo abundante.
O pastor Raimundo de Oliveira, em sua obra As
Grandes Doutrinas da Bíblia, ao fazer uma definição lacônica sobre o fruto do
Espírito, afirma que: Numa análise do fruto do Espírito, apontando o amor como
o aspecto exaltado do mesmo fruto, escreve o Dr. Boyd: Gozo é o amor
obedecendo. Paz é o amor repousando.
Longanimidade é o amor sofrendo. Benignidade
é o amor mostrando compaixão. Bondade é o amor agindo. Fé é o amor confiando.
Mansidão é o amor suportando. Temperança é o amor controlando. (OLIVEIRA, 1987,
p. 140)
Essas virtudes dão uma qualidade de vida que
não pode vir do nosso ambiente, da nossa cultura, nem podem ser produzidos por
nós mesmo, antes é algo que vem do Espírito Santo de Deus. Nossa vida
espiritual só tem qualidade quando na verdade é dominada pelo fruto do Espírito.
O Fruto do Espírito em Contraste com as Obras
da Carne
Em se tratando do homem natural, veja o que Paulo diz: Ora o
homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem
loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. (1
Co 2.14) O homem natural tem bondade no seu ser e pode produzir coisas boas, as
quais podemos denominar de obras. As obras estão no nível da carne, algumas
podem ser boas e outras más.
Paulo usa a expressão obras para denotar os
esforços dos homens na realização de algo dependente de seus esforços. A
qualidade de vida exposta por aqueles que seguem o princípio natural não
permanece para sempre, é momentânea, isso porque nada vem de cima, mas nasce do
próprio homem. Ao contrário do cristão, existe algo transcendental em sua vida,
seus atos são dominados pelo amor, de modo que o que o crente realiza é devido
àquilo que o Espírito Santo implantou no seu ser.
O cristão vive sua vida espiritual dominada
pelo Espírito Santo de Deus, a lei que age no seu interior é a do amor, por
isso tem capacidade de cumprir com as exigências divinas.
Na expressão latina: “Fructus utem
Spiritusest...* (Mas o fruto do Espírito é...), a palavra fruto fala de
proveito, rendimento, lucro, gozo e delícias. No grego veja que a palavra fruto
está no nominativo, isso quer dizer que é o sujeito da frase, e o mais
interessante é o artigo genitivo: “Karpòs tou Pnéumatòsestín...” O karpós pode
ser entendido de modo literal como fruto (Mt 12.33), e também como resultado,
ato e produto (Mt 7.16; G15.22; Ef 5.9).
A origem do fruto produzido pelo cristão vem
diretamente do Espírito Santo de Deus. O homem por si mesmo não tem como
produzir o fruto descrito em Gálatas, antes, por meio de uma ação divina é que
esse princípio maravilhoso se torna abundante em sua vida.
A Vida Controlada pelo Espírito
Vivendo no Espírito o cristão expressa uma
nova vida, posto que o princípio da antiga lei já foi eliminado, agora o que
lhe domina é a nova lei do Espírito (Rm 8.2). O importante de ser controlado
pelo Espírito é porque Ele não é um código de lei para o crente,
transformando-o em um legalista, porém as virtudes que se desenvolvem em sua
vida vêm pela vida do Espírito.
Uma pessoa pode fazer o bem para alguém
devido a um código ou uma lei; outros podem andar juntos apenas por questão de
conveniência, mas quanto ao verdadeiro cristão, mascarar as coisas é
impossível, pois no seu interior está implantada a nova lei do Espírito.
A vida no Espírito concede ao crente não
somente transformação em suas ações, contudo pelo seu viver ele é capaz de
conduzir outros a desejarem o que ele tem em sua vida (2Co 3.18). Jesus disse
que devemos brilhar neste mundo como luz.
O que torna os discípulos diferentes é o
poder do ensino de Cristo em suas vidas, e também sua vocação espiritual (Ef
4.1), desse modo eles podem ser facilmente identificáveis. O sal1 torna-se
diferente por causa do poder que impõe no meio dos alimentos.
O cristão é tão diferente no mundo, assim
como o sal é diferente entre os demais alimentos. Sabemos que o sal tem um
poder antisséptico, deste modo, quando posto nas carnes ou alimentos, ele os
preserva dos microorganismos. Os discípulos de Cristo são purificadores morais
em um mundo de baixa moral.
O cristão deve ter uma vida disciplinada e
virtuosa que transmita qualidade moral, caso isso não ocorra poderá perder seu
poder e a sua influência. O seu falar deve ser temperado com sal, para que os
outros possam sempre querer ouvi-lo (Cl 4.6).
Um cristão que não tem salinidade em sua vida
só serve para ser jogado fora e pisado pelos homens. Lucas diz que é até perca
de tempo colocar sal sem qualquer poder em um campo, pois desse modo o que se
gastará é energia (Lc 14.35).
O verdadeiro servo de Cristo procura viver o
evangelho na prática e expressar uma vida de testemunho vivo, autêntico,
resplandecendo como luz no mundo (Fp 2.15). O brilhar do cristão é resultado da
sua comunhão com a luz maior, Jesus, porém, para brilhar nos lugares escuros, essa
luz precisa estar em lugares estratégicos, sem qualquer interferência. Uma
cidade sobre um monte é vista com maior facilidade por causa de sua posição de
destaque. Jesus diz que é inapropriado colocar uma candeia debaixo da cama,
logo ela serviria como um barril, mas a luz deve ser colocada no velador, pois
somente assim brilhará de modo adequado.
O cristão deve fazer de tudo para que sua luz
seja sentida no mundo (Pv 4.18; Fp 2.15; Ef 5.1), pois agindo dessa forma o
mundo perceberá a presença da Verdadeira Luz em sua vida.
Ao procurar um meio para exercer sua
influência, o cristão não busca sua autoglorificação, mas seu desejo é que
todos possam ver as bênçãos recebidas por meio de Cristo Jesus.
O brilhar dessa luz pode ser expresso por
meio de serviço e atos generosos que procurem em tudo honrar aquEle que lhe
concedeu o brilho espiritual (IPe 2.12; Jo 15.8; ICo 14.25).
Uma coisa interessante no texto em relação à
palavra fruto, Paulo fez questão de usá-la não apenas para contrastar com a
palavra carne, antes, ele queria expor um aspecto pedagógico, pois obras não
geram obras, mas fruto gera frutos; quer dizer, gera virtudes. Vemos, então, a
dinâmica do Espírito Santo na vida do crente, seu trabalho é levá-lo a produzir
o que Deus implantou em seu ser, isto é, corresponder ao que é divino, ao
próprio Cristo.
Em comunhão com o Espírito Santo o cristão
não produz um estilo de vida legalista, nem procura impor princípios morais à
força, nem vive apenas falando de ética, antes, ele produzirá uma qualidade de
vida que está acima de qualquer lei moral ou ética. Por vezes o crente ora, lê
a Bíblia, participa de congressos e reuniões, tudo isso é importante, mas se a
sua comunhão não brotar do Espírito Santo, tudo será em vão.
Dirigido pelo Espírito o cristão é obediente,
submisso, tem desejo de orar, ler a Bíblia e frequentar a Casa de Deus. A sua
vida torna-se frutífera em todos os aspectos, porque ele não está tentando ter
uma vida de qualidade apenas por sua força mental e moral, mas a transformação
real em sua vida é por meio do Espírito, de modo que essa qualidade é visível,
como disse o salmista, sempre dando fruto na estação própria (SI 1.3). Quando o
cristão é dirigido pelo Espírito está participando da natureza de Deus (Rm
3.21), por isso deseja expressar no seu viver prático as qualidades desse Ser
Supremo (Mt 5.48). O Espírito implanta o seu fruto, que é a expressão do
caráter de Deus, para que todos nós sejamos como Jesus Cristo.
O Espírito Santo e o Caráter do Crente
Na teologia organizada por Stanley M. Horton,
segundo as palavras de David Lim, em se tratando do fruto do Espírito Santo,
ele é bem direto em afirmar categoricamente que tem relação com crescimento e
caráter. Observe:
Qual é o relacionamento entre os dons e o
fruto do Espírito?
O fruto tem a ver com o crescimento e o
caráter; o modo de vida é o teste fundamental da autenticidade. O fruto em
Gálatas 5.22,23, consiste nas “nove graças que perfazem o fruto do Espírito — o
modo de vida dos que são revestidos pelo poder do Espírito Santo que neles
habita”. Jesus disse: “Por seus frutos os conhecereis”. (Mt 7.16-20; [...] Lc
6.43-45) (HORTON, 1996, p. 488)
A palavra caráter fala das qualidades
inerentes de uma pessoa, essas qualidades determinam a conduta e a concepção
moral. O fruto do Espírito, na vida do crente, trabalha para que o caráter de
Cristo seja real, ou melhor, Ele deseja que a santidade que há em Deus brilhe
em nosso ser.
Na terra o cristão precisa viver procurando
expressar o caráter de Cristo, alcançando o nível de sua espiritualidade (Hb
4.13). Podemos admirar o caráter de muita gente neste mundo, mas para termos o
caráter de Jesus Cristo precisamos ter um viver dominado pelo Espírito Santo,
pois Ele produzirá em nós a qualidade de vida que Deus deseja. Ao usar a palavra
fruto, o apóstolo Paulo está evidenciando o caráter que Deus espera de seus
filhos, na distinção entre fruto e dons é importante saber que nem todos
os crentes terão os mesmos dons, mas em relação ao fruto do Espírito Santo,
todos os crentes precisam ter.
Ligados com o Espírito Santo de Deus todos os
crentes são como uma grande árvore que produz o mesmo fruto. Os cristãos só
podem ser como Jesus Cristo, mediante ao fruto do Espírito, quando Ele nos
enche e nos domina, então, as virtudes cristãs aparecem (Cl 3.5,12).
Podemos dizer que o Espírito Santo é o vigia
da vida do crente.
Ele passa a nos controlar de tal modo que não
deixa entrar em nossa vida aquilo que contraria a vontade de Deus e age também
para que não entre aquilo que não satisfaz a Deus.
Quem não vive dominado pelo Espírito Santo
não pode crescer, visto que ainda está dominado pelos desejos pecaminosos, os
quais produzem um estilo de vida baixo, comprometido e que foge dos padrões
divinos. A produtividade na vida do crente e a formação do seu caráter vêm
quando o Espírito Santo habita, o qual nos leva a ter prazer na Palavra de Deus
e nos concede uma vida maravilhosa (SI 1.3; Jo 15.4,5).
Certa vez, Jesus deixou claro que o
relacionamento com Ele é o que leva à produtividade espiritual acontecer, daí a
importância de o cristão desejar sempre permanecer em Cristo. Com os dons posso
até fazer coisas grandiosas, mas sem estar ligado em Cristo, fora de Cristo e
sem o fruto do Espírito, não tem como o homem ser como Jesus Cristo é.
Uma vida nova e brilhante só é possível para
quem está em Cristo (2Co 5.17), Ele coloca em nós o seu Espírito, que faz com
que seus frutos apareçam, desse modo expressamos um estilo de vida que lhe
agrada. Existem muitas árvores no meio dos salvos que precisam do machado divino,
conforme falou João Batista.
Arvores boas não podem ser cortadas, pois
serão reconhecidas pelos frutos que produzem (Mt 7.20). Não há como se cometer
injustiça para com um crente que tem qualidade de vida, que se manifesta pelo
Fruto do Espírito, antes eles devem ser bem cuidados, pois já estão limpos pela
Palavra (Jo 15.3).
Em relação ao nosso caráter, o Espírito Santo
de Deus trabalha para que essa transformação seja constante (2 Co 3.18), se
deixarmos que o Espírito plante em nós o seu fruto, então, o caráter de Cristo
irá aparecer (G15.22,23).
Pelo nosso simples esforço podemos alcançar
um caráter básico, isso de modo bem lento, mas quando deixamos que o Espírito
Santo atue em nossa vida, a verdadeira transformação acontece. Precisamos
entender que, mesmo o Espírito Santo habitando em nossa vida, a transformação
do nosso caráter é paulatina, não de maneira abrupta.
No meio cristão percebe-se que no momento da
conversão alguns crentes logo se tornam fortes e destemidos, mas outros vão
lentamente caminhando em sua fé e no seu desenvolvimento espiritual. Para com
estes, Paulo disse que os que são bem estruturados devem ajudá-los.
Existem irmãos que se convertem a Cristo de
todo coração, mas ainda existem coisas em sua vida que o Espírito Santo precisa
mudar, especialmente no seu caráter, é bom lembrar de que essa atividade não é
nossa, os líderes podem ensinar a Palavra, mas a transformação só quem pode
fazer é Jesus.
Pedro andava com Jesus, e pelo texto bíblico
sabemos um pouco do seu caráter, em sua negação afirmando que não conhecia
Jesus, ele até jurou. E ele negou outra vez com juramento: Não conheço tal
homem. (Mt 26.72).
Observe que a palavra grega órkos fala de um
juramento que é feito com promessa (Mt 5.33), Pedro queria se fechar para
proteger sua vida e não a comprometer em nada. Jesus disse que quando ele
realmente se convertesse, então poderia apascentar suas ovelhas (Lc 22.32).
Jesus não desprezou Pedro por sua fraqueza e
mentira, mas procurou conduzir-lhe pela vereda da verdade, confrontando-o,
sabendo que um dia esse homem iria avançar em sua vida espiritual.
Como espirituais que somos, devemos dar tempo
para que as pessoas sejam transformadas e possam desenvolver o caráter de
Cristo (Hb 12.14; iPe 4.6).
Jamais devemos nos esquecer de uma coisa: a
formação do caráter de uma pessoa leva tempo, e Jesus esperou isso em muitos
dos seus discípulos, amando-os até o fim (Jo 13.1). Jamais devemos nos afastar
de alguém do nosso meio por alguma falha em seu caráter, antes, é primordial
que primeiramente tratemos de dar tempo ao tempo, essa postura só adota quem
tem o amor como fruto do Espírito em sua vida. Para que o caráter do cristão possa
estar em desenvolvimento, ele precisa estar constantemente lendo e meditando na
Palavra de Deus, pois ela dirá o que é melhor para sua vida; desenvolver o
hábito de orar sempre (Lc 18.1), pois por meio da oração é que se tem comunhão
com Deus; e expressar o amor, que é a grande prova da espiritualidade (1 Jo
4.7).
Testemunhando as Virtudes do Reino de Deus
Pedro faz uma distinção importante de como os cristãos são chamados no mundo, e
como são vistos pela visão divina. Na visão do mundo, os cristãos são apenas
estrangeiros e peregrinos. A palavra peregrino no grego éparaikos, significa
uma pessoa que é tratada como estrangeiro, que não tem direito de cidadania e
que vive na terra temporariamente. A palavra forasteiro do grego é parepidemos,
que é uma pessoa que vem de outra região para viver com os nativos, seria na
verdade um refugiado.
No aspecto espiritual, o povo de Deus é visto
da seguinte maneira: a) Raça eleita. A palavra raça em grego égénos, fala de
parentes, pessoas de várias naturezas que são agregadas e passam a ser uma
família. A palavra eleita, elektós fala de escolhidos, separados, escolhidos
por Deus para obter a salvação;
b) Sacerdócio real. Hierateuma fala de um
ofício de sacerdote, uma ordem, um corpo; real em grego é basileio, majestoso;
c) Nação Santa. Ethnos, multidão que vive em conjunto, da mesma natureza,
família. Santa. Hagios fala algo muito santo;
d) Povo de propriedade de Deus. A palavra
povo do grego é laós e significa tribo, nação, pessoas que são da mesma origem
e língua. Na expressão “exclusiva”, temos a preposição grega eis que significa:
dentro, em direção a, para.
Então entenda o seguinte: o cristão neste
mundo é apenas um forasteiro, um peregrino, pois sua cidadania é celestial, ele
pertence a outro mundo e tem outro Dono, por isso o seu estilo de vida é
diferente, suas metas e seus planos são totalmente distintos dos habitantes
deste mundo. Essa é a razão de o cristão não aceitar os modelos impostos pela
sociedade deste século, pois tal já segue o modelo da Pedra Principal, por isso
foge das paixões carnais e tem um viver exemplar entre os pagãos.
Todo cristão deve viver de modo exemplar por
saber que a sua salvação custou um alto preço, sendo assim não pode se deixar
dominar pelas tribulações, mas deve manter-se firme, uma vez que todos foram
escolhidos por Deus por intermédio de Cristo para um propósito específico: ser
propriedade exclusiva de Deus.
Jesus é o grande exemplo que o cristão tem,
foi Ele quem conquistou a salvação para o homem, como também suportou todas as
tribulações, provações, sem nunca murmurar, nem manifestou um sentimento de
vingança, mesmo sendo acusado injustamente. Jesus foi tratado dessa forma
porque não era deste mundo, suas leis eram outras, suas normas eram outras e
sua vocação era outra (Jo 8.23).
Os cristãos são tratados de maneira diferente
porque a sua vocação é totalmente espiritual, seus objetivos e alvos são
distintos. Diante de tudo isso, Pedro aconselha os cristãos a terem suas mentes
dominadas pelo sentimento de alegria em Cristo Jesus (IPe 1.13), rejeitar a
vida velha definitivamente (lPe 1.14), procurar viver de modo santo em todos
aspectos da vida (IPe 1.15), desenvolver na prática o amor fraternal (IPe 1.22)
rejeitar o procedimento incorreto para com os seus próprios irmãos (IPe 2.1) e
ser um exemplo perante os pagãos.
Essas recomendações de Pedro na verdade são
de Jesus Cristo para o seu povo; se não forem cumpridas o cristão jamais
alcançará a coroa da vida. Por essa razão é fundamental que o cristão procure
desenvolver uma vida de total submissão, tanto para com as autoridades estatais
como também com os senhores, isto é, os patrões.
A submissão do crente às autoridades é uma
prova de que no seu coração o orgulho e a anarquia não têm mais força.
Sujeição, no grego, é hipotasso, um termo
militar que fala do agrupamento, ajuntamento de tropa, que se organiza sob o
comando de um líder, mas fora do contexto militar. Fala de cooperar, assumir
responsabilidade voluntariamente e é nesse sentido que o crente faz uso dessa
palavra.
Todas as pessoas que não são dominadas pelo
sentimento cristão, seja ela quem for, sempre manifesta o desejo de dominar e
não de ser dominado, todavia, quando o cristão vive para Deus, procura viver em
sujeição, isso para que o Senhor seja glorificado, como já dizia o apóstolo
Paulo: fazei tudo para glória de Deus (1 Co 10. 31).
O cristão age de modo que seja um exemplo
para os pagãos, a fim de que o evangelho não seja motivo de escândalo, nem para
que a sua vida seja como sal sem sabor, como luz fora do velador, ou debaixo da
cama, antes é uma luz no lugar certo para glória de Deus.
O procedimento sincero de um cristão nesse
mundo reflete a sua íntima vida de comunhão com Deus, ou seja, o fruto do
Espírito é manifesto pelo seu bom procedimento em sujeição total ao Espírito
Santo de Deus (G1 5.22). Pedro diz que tem de anunciar as virtudes daquEle que
o chamou das trevas para a luz.
A palavra virtude, no grego, é areté, fala de
se expressar uma vida de excelência moral, é a manifestação do poder divino (Fp
4.8), quer dizer também a capacidade por meio da qual alguém se sobressai, quer
seja pelo caráter, inteligência, poder, bondade ou valor.
Quando o cristão se apresenta de modo
insubordinado, desrespeitando as leis, as autoridades, é sinal de que ele não tem
uma vida dominada pelo Espírito Santo, a Bíblia mostra que Daniel e seus
companheiros nunca desrespeitaram as autoridades de sua época, preferiram
morrer na presença de Deus do que dar uma resposta de desrespeito a
Nabucodonosor (Dn 3.16). Daniel preferiu orar a Deus em seu quarto a fazer
motim e revoltas contra o rei, ele confiava plenamente em Deus e na sua vida de
fidelidade com Deus (Dn 6.10).
Só mesmo um cristão transformado pode
entender tudo isso e viver como Deus deseja, é isso o que Paulo fala em uma de
suas cartas (Rm 13.1,2). A vida com Cristo destrona do coração do cristão o
orgulho, a prepotência, a autossuficiência, o espírito de superioridade e suas
próprias ideias, pois a humildade passa a ser um marcò de destaque em sua vida,
porque ele sabe quem realmente habita em seu ser (Gl. 2.20).
O Espírito Santo de Deus testemunhou sobre a
Pessoa de Jesus Cristo (Jo 14.26; 15.26), Ele ainda continua, mas João diz
que o Espírito Santo continua testemunhando ao coração do homem pecador, dando
ênfase à obra realizada por Cristo no calvário e falando do valor das
Escrituras.
Vivendo no Espírito, o cristão procura
testemunhar as virtudes do Reino de Deus por meio de uma vida exemplar, visto
que agora é salvo e esta em um relacionamento íntimo com o Pai, desse relacionamento
é que vem o fruto do Espírito.
Livro de
apoio 1º Trimestre de 2017
As Obras da Carne e o Fruto do Espírito
Escrito
por: Osiel Gomes.
Osiel Gomes é pastor, formado em Teologia, Filosofia, Direito,
Pedagogia, Psicanálise e pós--graduado em Docência do Ensino Superior.
Preside a Igreja evangélica Assembleia de Deus - Campo Tirirical, em
São Luis, Maranhão
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