- Salmos 37.11
A história de Isaque é uma das
mais belas do Génesis. Ele é o segundo patriarca na escala dos pais da nação
israelita. Logo a seguir, aprece seu filho Jacó, que se tornou o terceiro
patriarca de Israel. Quando um israelita ora a Yahweh, refere-se sempre aos
três patriarcas. Portanto, esse capítulo trata de uma experiência específica
quando Isaque enfrentou as primeiras dificuldades em sua vida. Foram algumas
crises com as quais ele teve que se deparar e que exigiram dele atitudes
inteligentes e, acima de tudo, de confiança no Deus de seu pai.
Percebe-se que o capítulo 26 de
Génesis parece repetir a mesma experiência de Abraão quando enfrenta a fome em
Canaã. Isaque resolve sair de Canaã, que passava mais uma vez pela adversidade
da escassez de grãos na terra. Isaque saiu rumo ao Egito, mas parou na terra de
Gerar, lugar dos filisteus. Nessa terra dos filisteus, Isaque prosperou muito e
adquiriu muita riqueza (Gn 26.12). Antes de continuar sua caminhada para o
Egito, o Senhor apareceu-lhe e disse: “Não desças ao Egito” (Gn 26.2). O Senhor
o prevenira acerca dos perigos do Egito e prometeu abençoá-lo onde estivesse,
mas não no Egito.
A ideia de ir para o Egito
lembrava experiências ruins. Isaque estava sendo lembrado pelo Senhor de que
não seria bom que ele fosse ao Egito, uma vez que seu pai, Abraão, havia
passado por experiências ruins naquele lugar, com consequências amargas que
lembravam mentira, engodo e humilhação por estar fora da vontade de Deus. Foi no Egito
que Abraão foi sem ter consultado ao Senhor. Lá, sabendo-se fora do plano de
Deus, Abraão não construiu um altar ao Senhor porque sabia que Deus não
aceitaria seu sacrifício. Depois de muitos anos, Deus falou com seu filho
Isaque, que já tinha dois filhos, Esaú e Jacó, que não descesse ao Egito. Deus
sabia por sua presciência, que Isaque poderia ser vencido pelas tentações da
terra e não teria firmeza suficiente para evitar as ameaças do povo daquela
terra.
Entretanto, podemos perceber que os
valores morais e espirituais estariam na vida de Isaque, mesmo que, em algumas
vezes ele se deixasse vencer em algumas circunstâncias.
ISAQUE, UM HOMEM DE CARÁTER ILIBADO
Antes de
considerar os aspectos históricos que envolveram sua mudança de Canaã para
Gerar, o homem Isaque faz uma demonstração das qualidades de seu caráter quando
teve de enfrentar e passar por algumas crises. O exemplo maior de Isaque foi,
sem dúvida, o de seu pai Abraão, que, acima de tudo, tinha um elevado conceito
moral entre todos os povos por onde habitou. Foi um homem temente a Deus, a
despeito de alguns momentos de fraqueza, mas não se deixou levar por costumes
que pudessem servir de mau testemunho para seu filho Isaque. O autor da Carta
aos Hebreus diz que “pela fé, [Abraão] habitou na terra da promessa, como em
terra alheia, morando em cabanas com Isaque e Jacó, herdeiros com ele da mesma
promessa” (Hb 11.9). Isaque assimilou muito bem as características de caráter
de seu pai e, por isso, tornou-se um homem especial no projeto de Deus.
Um Homem sob a Bênção de Deus de Espírito Despojado
No texto de Génesis 26.1-5, à semelhança de Abraão,
Deus aparece a Isaque e fala com ele, demonstrando a Isaque a mesma disposição
para ajudar e orientar sua vida ao longo dos anos. Era a providência divina
demonstrada em algumas circunstâncias adversas pelas quais Isaque passaria. Ao
lado dos pais, Abraão e Sara, Isaque aprendeu a depender de Deus e a manter-se
fiel às promessas da terra de Canaã. Mas, como aconteceu anteriormente com Abraão,
Isaque enfrentou o problema da escassez de alimentos na terra, mesmo que “a
fome na terra” não tenha afetado diretamente a ele e sua fazenda. Mudou-se para
Gerar, na terra dos filisteus e teve de enfrentar obstáculos daquele povo em
tudo quanto fazia, por causa da inveja da sua prosperidade. Deus o abençoou
copiosamente, tanto em Canaã como em Gerar. Nessa terra, Isaque viu crescer sua
fazenda e isso provocou inveja e ciúme da parte dos filisteus, que começaram a
criar dificuldades para ele e sua gente.
Um Homem de Espírito Despojado
A herança
maior que Isaque recebeu de seu pai foi o exemplo de seu caráter. As riquezas
materiais acumuladas eram apenas o fruto do trabalho. Em Gerar, na terra dos
filisteus, Isaque continuou sendo abençoado por Deus, e toda a terra plantada e
os pastos rejuvenesciam milagrosamente, mas Isaque foi uma pessoa de “espírito
despojado”. A despeito da capacidade de administrar os bens que possuía, Isaque
não colocava seu coração nas coisas materiais, porque sabia que Deus era a sua
segurança. Acima de tudo, seu despojamento indicava que ele temia a Deus e
dependia dEle para viver feliz. Era um homem que correspondia ao que Jesus
falou no seu sermão do Monte, quando disse: “Bem-aventurados os pobres de
espírito” (Mt 5.3). Olhando com olhos positivos, entendemos que “um pobre de
espírito” é alguém que sabe que não é nada e que Deus é tudo na sua vida. É
alguém que se reconhece dependente de Deus para as realizações da sua vida
pessoal. Não se trata de alguém nulo, incapaz, mas sim de alguém que rejeita a
postura de autossuficiência e está disposta a abrir mão de si mesmo para
depender de Deus e da sua provisão. Isaque tinha essa qualidade e, por isso,
quando se tornou rico, reconhecia que Deus era a razão de tudo.
Um Homem de Espírito Manso
A palavra manso no grego neo-testamentário é “praos”,
que se refere à atitude interior de uma pessoa no modo de agir e reagir às
situações. No sentido figurado, praos pode significar gentileza, humildade,
cortesia. Há um substantivo de prazos que é praotês, cujo significado é “a
força interior
que põe sob controle o nosso dia a dia. Portanto, ter “espírito manso” é ter a
serenidade para agir com firmeza sem se deixar arrebatar pela ira provocada por
alguma situação ruim. Isaque é um exemplo de mansidão que sabia agir e reagir
ante alguns obstáculos. No registro histórico de Génesis 26, encontramos os
filisteus criando dificuldades para a continuidade de Isaque naquela terra. Ao
reabrir alguns poços, os quais foram abertos por seu pai, Abraão, em tempos
atrás, os filisteus iam aos mesmos poços e os entulhavam para que Isaque e seus
pastores não tivessem água para o seu gado. Em vez de agir com atitude de
represália aos filisteus, Isaque preferiu agir com atitude mansa, abrindo
outros poços em outros lugares para evitar conflitos.
Seu espírito manso era uma qualidade de
equilíbrio que o fazia forte, não um fraco, ou medroso de reagir. Na verdade, a
mansidão é uma força sob controle em que a pessoa não se exaspera facilmente,
mas é capaz de dialogar e procurar produzir a paz. Mansidão é uma qualidade do
fruto do Espírito” (G1 5.22,23) que deve ser cultivada por aqueles que temem a
Deus. A prosperidade de Isaque foi uma realidade em função dessas qualidades de
espírito que ele possuía. Ter o espírito manso (1 Co 4.21) é ter a firmeza de
não se intimidar diante das ameaças, mas agir com serenidade para evitar
confrontos que produzem mal estar a todos.
0 DRAMA QUE SE REPETE
Parece
coincidência de fatos, mas as mesmas situações se repetiram, as mesmas
experiências vividas por Abraão passaram a ser vividas por Isaque naquela
terra. Visto que Deus estava no controle de todas as coisas na vida de ambos,
entendemos o cuidado de Deus para com eles a fim de preservar o seu projeto da
“Terra Prometida”.
Não Há nenhum Determinismo na Experiência de Isaque
Tanto Abraão quando Isaque, ao saírem da terra de
Canaã em busca de mais prosperidade material em terras estrangeiras, sofreram
com os vizinhos pagãos as relações que agiam com eles com desconfiança, inveja
e porfia. Aqueles povos não tinham dificuldades em aceitar a prosperidade de
ambos. Agora, Isaque repete a mesma história e deseja ir para o Egito,
deixando Canaã, o lugar da promessa. Isaque estava em Canaá e, como nos dias de
Abraão, seu pai, a terra de Canaã passou a ter escassez de víveres, não só para
os moradores da terra, bem como para os animais de criação. Por algum momento
de fraqueza espiritual, Isaque deixou de buscar ao Senhor para receber a orientação
de como deveria fazer para não ser atingido pela fome da terra. Não há nenhum
determinismo quanto aos fatos acontecidos.
Defrontando-se com a Fome da Terra de Canaã
Essa
situação de escassez de alimentos na terra de Canaã fomentou na mente de Isaque
o desejo de repetir o que seu pai havia feito muitos anos antes: ir para o
Egito. Quantas vezes somos influenciados por circunstâncias que nos levam a
tomar decisões precipitadas? O Senhor exortou a Isaque que não viajasse para o
Egito. Na presciência divina, o Egito seria uma interferência no plano de Deus
para a vida de Isaque. Quando deixamos de buscar a Deus para direção de nossa
vida, tornamo-nos reféns de preocupações que fazem o coração pulsar mais forte
e as nossas emoções ficam à mercê dessas preocupações. Quando Isaque permitiu
que sua mente e coração fossem atormentados por pensamentos fora da vontade
Deus, a ideia de ir para o Egito parecia ser a melhor opção naquele momento.
Mas Deus ordena que não fosse ao Egito, porque esse lugar é símbolo do mundo
que se opõe a Deus. O Egito é tipo da oposição que ameaça a fé cristã.
Nessa ocasião, Isaque já tinha 75 anos de idade
e, a despeito da prosperidade que teve no Egito, sentiu que “a fome na terra”
prejudicaria seu avanço na terra. A escassez da terra o levou à cidade de
Gerar, cidade dos filisteus, e, chegando lá, buscou ajuda do rei filisteu,
Abimeleque. O lugar de habitação de Isaque e Rebeca é identificado na Bíblia
como “Beer-Laai-Roi” (Gn 25.11). Ao decidir sair daquele lugar, viajaram cerca
de 110 quilômetros até chegar a Gerar. A rota para o Egito incluía a cidade de
Gerar, pois o caminho seria menor até o Egito, como desejou Isaque. Ao parar em
Gerar, Isaque continuou a prosperar, porque o Senhor promete-lhe abençoar e
prosperar sua fazenda. Entretanto, Isaque não parecia plenamente feliz naquele
lugar. A prosperidade de Isaque causou admiração, mas ao mesmo tempo, inveja
dos habitantes daquela terra.
Daí iniciou-se a perseguição e a
provocação para que Isaque reagisse de tal modo que lhes desse oportunidade de
o expulsarem. O desejo de ir para o Egito foi aguçado pelas notícias da riqueza
daquela terra. Na verdade, por um lapso de tempo, Isaque deixou de confiar na
direção divina e resolveu agir por conta própria. Estava inseguro, e sua
insegurança não se justificava porque Deus o havia abençoado copiosamente em
todo o seu caminho. Quando nos deparamos com situações de insegurança em termos
de subsistência material, devemos sempre buscar de Deus o conhecimento da sua
vontade (Gn 12.2,3; 13.16; 15.5; 17.3-8; 22.15-18). Deus abençoou Isaque por
amor a Abraão (Gn 26.5,24).
Uma Experiência Pessoal
Certa feita,
nos anos de 1945 e 1946, meu pai, Osmar Cabral, era obreiro na cidade de Mafra,
SC. Era o final da Segunda Guerra Mundial e a escassez tomou conta do mundo
inteiro. A igreja era pequena e não tinha recursos para sustentá-lo, ainda que
não faltasse nada em casa. Meu pai desejou deixar a obra do ministério e
conseguir algum emprego. Minha mãe foi forte o suficiente para dizer-lhe que
Deus cuidaria deles, por isso não poderia abandonar o ministério. Quantas vezes
somos tentados a desistir da obra de Deus quando circunstâncias adversas
surgem! Com Isaque, mesmo havendo fome na terra, a sua fazenda não deixou de
crescer e aumentar. Seu maior problema foi permitir que a ambição material
roubasse a direção de Deus de sua vida.
A Tentação de Mentir
Mentira, do tipo que Isaque fez, pode ser uma
declaração ou informação deliberadamente transmitida como se fosse verdade. Em
nenhuma circunstância tem lugar a mentira na vida do cristão. No episódio da
ação de Isaque, não foi diferente a sua mentira da que seu pai Abraão fez no
Egito. Agora Isaque, em Gerar, com medo de os filisteus tomarem a sua mulher e
o matarem, usa a mentira para poder alcançar seus objetivos na terra. Rebeca
era muito bonita, e temendo perdê-la ou ser morto por causa dela, combinou com
ela para que se identificasse como sendo sua irmã (Gn 26.7). O rei Abimeleque,
antes de pensar em levar Rebeca
para o seu palácio, da sua casa “olhou por uma janela e viu, e eis que Isaque
estava brincando com Rebeca, sua mulher” (Gn 26.8). O rei procurou Isaque e
falou da sua decepção com a mentira dele. Mesmo assim, Abimeleque deu uma ordem
a todo o povo de Gerar que não tocasse naquela mulher. Isaque, certamente
envergonhado diante do rei Abimeleque, teve que confessar seu erro. Isaque agiu
desse modo porque não queria correr o risco de perder suas vantagens materiais.
Na história de seus pais, Sarai e Abrão,
havia ocorrido o mesmo problema, diferenciado apenas pelo fato de que, o rei do
Egito, imaginando que Sarai era irmã de Abrão, por causa da sua beleza, a pediu
para ser uma de suas concubinas. Quando Faraó descobriu a mentira de Abrão,
mesmo sem ter tocado nela, o rei foi atingido com pragas no seu palácio. Faraó
devolveu Sarai a Abrão e ordenou que fosse embora do Egito. Em relação a
Rebeca, ela não chegou ser desejada por nenhum filisteu, mas quando Abimeleque
descobriu a mentira de Isaque, reprovou a sua atitude de querer enganar. A
mentira é sempre perniciosa numa convivência social. Para o crente em Cristo,
nada justifica usar da mentira para tirar proveito de alguma coisa. O apóstolo
Paulo exortou aos Efésios, dizendo: “Pelo que deixai a mentira e falai a
verdade cada um com o seu próximo; porque somos membros uns dos outros” (Ef
4.25).
A SIMBOLOGIA DOS POÇOS ENTULHADOS A Inveja dos Filisteus
Ao longo da
história dos judeus, os filisteus sempre foram inimigos de Israel. Sempre
procuraram apossar-se das terras de Israel e desfazer seu trabalho. Na história
de Abraão e Isaque, os filisteus tornaram-se inimigos por causa da prosperidade
de ambos. No capítulo 26 de Génesis, a história se repete quando Isaque foi
para a terra dos filisteus em Gerar. Prosperou tanto que o próprio rei dos
filisteus reconheceu que Isaque era mais rico que ele. Os servos do rei rangiam
os dentes contra todo o povo de Isaque porque em tudo ele era próspero e estava
sob a guarda da bênção de Jeová (Gn 26.22).
O Dicionário Bíblico Wycliffe diz que “a inveja é
um princípio ativo de hostilidade dirigido maliciosamente a um aspecto de
superioridade, real ou suposta, de outra pessoa”. O Dicionário Internacional de
Teologia do
Novo Testamento define a “inveja como algo que faz com que alguém tenha
ressentimento contra outra pessoa por ter algo que ele mesmo deseja, sem,
porém, possuí-lo”. No grego, a palavra phtonos dá a ideia de zelos ou ciúmes. Essa
palavra, phtonos, não aparece na literatura canónica da LXX. No grego do Novo
Testamento, aparece phthoneô, na escritura de Gálatas 5.26 (ARA), quando Paulo
diz: “tendo inveja uns dos outros” como uma atitude que faz contraste com o
“viver no Espírito”. Marcos falou da inveja dos que entregaram Jesus a Pôncio
Pilatos (Mc 15.10). Em toda a Bíblia, existem muitos textos que condenam a
inveja como algo que é repudiado por Deus. A inveja ao sucesso de prosperidade
de Isaque foi a razão que levou os filisteus a entulharem os poços de água para
que os pastores de Isaque não tivessem água para dar ao gado. Isaque, com
espírito pacífico, evitou brigar com os filisteus, e sempre abria poços em
outro lugar, numa demonstração de bom senso e mansidão, com o fim de obter uma
convivência pacífica.
Quem Eram os Filisteus?
Na verdade,
o povo filisteu é um povo que desapareceu na história mundial dos povos. Eles
são fartamente citados no Antigo Testamento e estiveram em passagens
importantes da história de Israel. Essas passagens bíblicas revelam as
constantes guerras com os hebreus, e são histórias com personagens como Abraão,
Isaque, Sansão e Davi. Por volta do século 7 a.C., esse povo misturou-se a
outros povos e pratica- mente desapareceu. Os pesquisadores descobriram e
entenderam que os filisteus faziam parte dos “povos do mar”. Eles haviam se
fixado, sobretudo, ao longo da costa do Mar Mediterrâneo. Eles aparecem no
sudoeste, especialmente na Costa do Neguebe e Sefalá (Vale de Sarom), onde
fundaram cidades como Gaza, Asdode, Asquelom, Gate c Ecrom (Js 13.3). Havia
templos deles a Dagom (1 Sm 31.10; 1 Cr 10.10); templos e altares para Baal e
Astarote (1 Sm 31.10; 2 Rs 1.1,16).
() espaço ocupado por eles era chamado de
Filístia, de onde deriva o nome Palestina, que vai do sul do monte Carmelo até
o sul da Palestina na direção do Egito. Ao longo da história desse povo, eles
aparecem em várias circunstâncias de conflito com os hebreus. Quem não se
lembra da história de Davi e Golias, o gigante filisteu? Na essência histórica,
os filisteus sempre revelaram posturas incertas de quem não inspira confiança,
que é variante, inconstante, vacilante. Portanto, o espírito dos filisteus é um
sinal negativo que aborda a vida de muitos cristãos hoje que não sabem o que
querem e que vivem sempre mudando de igreja. Segundo a história, os filisteus
eram obstinados e duros de coração (SI 95.8; Pv 28.14; Ef 4.19; 1 Tm 4.2). A
lição negativa dos filisteus é a atitude egoísta para satisfazer apenas os seus
interesses físico e materiais. Por isso, eles entulhavam os poços abertos,
tanto por Abraão como por Isaque, mais tarde.
A Simbologia dos Poços Entulhados
Deus tem
dado ao seu povo poços de água viva que rejuvenescem, fertilizam, saciam a
sede, como Jesus falou a mulher samaritana: “[...] porque a água que eu lhe der
se fará nele uma fonte de água viva” (Jo 4.14). Na vida cristã, o Espírito nos
leva a cavar poços de água que possam, não apenas saciar a nossa sede, mas que
fertilizam a terra para a semeadura. Precisamos ter o cuidado para que os
“filisteus modernos” do mundo não entrem na igreja para entulhar os poços
abertos pelo Espírito Santo. As águas cristalinas do Espírito precisam
continuar a jorrar na vida da igreja e dos crentes em particular.
A PROVISÃO DE DEUS NA TERRA DOS FILISTEUS
Isaque
prosperou naquela terra e diz a Bíblia que ele “semeou [...] naquela mesma
terra e colheu, naquele mesmo ano, cem medidas, porque o Senhor o abençoava”
(Gn 26.12). A inveja dos filisteus surgiu em função da grande possessão de
terras, ovelhas, vacas e gente de serviço. Por isso, depois de várias
intromissões e entulhos nos poços abertos por ele e seus servos, Isaque,
pacificamente, foi para mais longe daquele lugar.
Os Obstáculos Levantados pelos Filisteus Foram Desfeitos
Enquanto ainda estava nas terras de Gerar, não
faltaram obstáculos à sua permanência naquele lugar. Então Abimeleque,
reconhecendo que o
Deus de Isaque era poderoso e o abençoava, propôs um concerto com Isaque, mas
que o mesmo saísse daquelas terras. Os trabalhadores de Isaque foram à frente
para a terra que Isaque os ordenara que fossem e lá cavaram um poço, e acharam
água em abundância. Isaque saiu das terras de Gerar naquele mesmo dia e foi-se
para um lugar chamado Berseba (Gn 26.32,33).
Deus nunca Abandona os seus Servos
Isaque foi
um homem abençoado porque era homem de paz; por isso, a bênção divina esteve
com ele o tempo todo. Isaque enfrentou a oposição dos filisteus com atitudes de
paciência e mansidão, que eram qualidades de seu caráter (Gn 26.17). Essas
atitudes para com os seus opositores amenizaram seus ódios e rancores porque
Isaque soube ser manso em momentos de rispidez.
Isaque Semeou muita Semente
Sob a bênção
de Deus, Isaque prosperou em tudo que fazia e investia das suas forças. Além
das pastagens bem tratadas por causa das águas dos seus poços que brotavam
abundantemente, Isaque investiu em plantações com sementes que encheram aquelas
terras antes rústicas. Essa prosperidade era o fruto da fidelidade de Deus à
sua promessa feita a Abraão e ao próprio Isaque. A fome da terra de Canaã o
levou a Gerar, lugar antes habitado por seu pai. Depois, ao voltar ao mesmo
lugar, Deus o abençoou porque aprendeu a confiar em nEle para sua provisão em
vez de confiar com a boa terra do Egito. Sua prosperidade se tornou alvo da
inveja dos filisteus, que pediram a Isaque que deixasse aquela terra e voltasse
ao seu lugar de origem em Canaã.
Abrindo Poços Abundantes Espirituais
Os poços que cavamos podem simbolizar as
conquistas espirituais que fazemos, mas que são alvo de inveja, porfia de
nossos inimigos espirituais. Isaque dá uma lição de paciência e mansidão em não
revidar os
ataques, mas não desistir de lutar pelos ideais sonhados. Às vezes, nossos
inimigos procuram entulhar nossos poços com as pedras da censura, da calúnia e
da mentira para que desistamos de lutar.
CONCLUSÃO
Deus cumpre
a sua palavra e não leva em conta nossos erros de decisões fora da orientação
dEle. O Senhor suporta nossas fraquezas por causa do projeto maior. Isaque
falhou algumas vezes, mas deixou um grande exemplo de homem humilde, gentil e
cortês, não só para com os amigos, mas também com os seus inimigos. Não ter ido
para o Egito foi um ato de obediência e reconhecimento da soberania divina para
cuidar dele, de sua família e de toda a sua fazenda.
O Egito é símbolo do mundo, que
atrai os incautos para afastá-los de Deus.