RETIRADO DO LIVRO - VALORES CRISTÃOS -
Enfrentando as questões morais do nosso tempo.
Douglas Baptista.
A Bíblia Sagrada enaltece a vida moderada, o trabalho honesto
e a boa administração da família (1 Co 10.23; Ec 3.10; 1 Tm 5.8). Desse modo,
as Escrituras eliminam qualquer possibilidade de o cristão envolver-se na prática dos vícios ou jogos de azar. No
entanto, as estatísticas indicam dados alarmantes dos prejuízos que são provocados
por esse mal em nossa sociedade.
Estima-se que, depois do relato bíblico envolvendo o vinho
fermentado por Noé (Gn 9.20-27), a primeira bebida alcoólica teria sido
preparada na China, por volta do ano 8.000 a.C. A análise de substâncias
orgânicas em peças de cerâmica na vila neolítica de Jiahu, no norte da China,
no ano de 2006, revelou que elas continham um drinque feito de arroz, mel e
frutas silvestres, tudo fermentado (GARCIA, 2007, p. 2). Na cultura da
civilização sumeriana (3.000 a.C.), eram produzidos 19 tipos de bebidas alcoólicas
— sendo que 16 delas eram à base de trigo e cevada — provavelmente o embrião da
cerveja. A bebida era consumida pelos aristocratas sumérios por meio de
canudinhos de ouro (GARATTONI, ago. 2008).
Quanto ao uso de drogas alucinógenas, o consumo da cannabis
(conhecida como maconha) remonta ao ano 2.700 a.C. A maconha teve sua
origem no Afeganistão e na índia, sendo consumida para uso medicinal e em
rituais religiosos. Na Europa, era usada para fabricar papel e tecido,
tornando-se um dos principais produtos agrícolas, passando a ser usada
posteriormente como entorpecente (CARLINI, 2005).
A arqueologia registra que a origem dos “jogos de azar”
remontam à antiga Suméria, por volta do século III a.C. Os sumérios implantaram
um jogo que consistia em um grupo
de dados fabricado em ossos de animais com símbolos cunhados nas faces, com
valores determinados e específicos. Nesse jogo, o vencedor era aquele que
alcançasse uma maior pontuação, arremessando os dados. Essa cultura de jogatina
também foi encontrada no Egito — com tabuleiros (séc. II a.C.) —, e na Roma
antiga — com o jogo de dados e outros (séc. I a.C.). Historiadores afirmam que
esses jogos somente terminavam após um
dos participantes perder todos os seus bens, muitos, inclusive, perdiam a
liberdade, tornando-se escravos (FERNANDES,
2012).
I. VÍCIOS: A DEGRADAÇÃO DA VIDA HUMANA
Tudo
aquilo que escraviza o homem e o faz perder seus valores é qualificado como
vícios que resultam na degradação da essência humana. Uma definição genérica
para vício é “um hábito, ou prática, imoral ou mau; conduta imoral;
comportamento depravado e degradante” (HENRY, 2007, p. 596). Portanto, vício é
o contrário da virtude, assim como o errado diverge do certo e as trevas fazem
oposição à luz. Durante a Idade Média, os teólogos relacionaram os “vícios” aos denominados sete
“pecados capitais”. Os vícios eram identificados em um ou mais dos seguintes
pecados mortais: orgulho, avareza, lascívia, inveja, glutonaria, ira e
preguiça. Quanto a esses e aos demais pecados, somos exortados a rejeitar as
obras das trevas e nos vestir das armas
da luz (Rm 13.12). O apóstolo dos gentios enfatiza o comportamento ético do
cristão como aquele que age na luz: “não em glutonarias, nem em bebedeiras, nem
em desonestidades, nem em dissoluções, nem em contendas e inveja” (Rm 13.13).
As vidas viciadas no álcool, cigarros e demais drogas evidenciam ausência de
paz de espírito, andam nas trevas e necessitam de urgente libertação (Gl 5.16;
1 Jo 2.8).
1. O Pecado do Alcoolismo
O
consumo do álcool é tanto um vício como um pecado (Lc 21.34; Ef 5.18; 1 Co
6.10). A embriaguez altera o raciocínio e o bom senso (Pv 31.4,5). O álcool
retira a inibição e a pessoa perde “a motivação para fazer o que é certo” (Os
4.11). O alcoolismo leva à pobreza e a graves problemas de saúde (Pv
23.21,31,32). Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam o alcoolismo como a terceira causa de morte
no mundo. A igreja deve posicionar-se e trabalhar na prevenção ao vício. O
problema é de ordem espiritual, médica e psicológica. Muitas pessoas fazem uso
da bebida alcoólica como um meio de fuga para seus problemas. Por conseguinte,
precisamos sair da clausura dos templos e anunciar que Cristo produz vida (Jo 10.10) e concede paz para a alma (Jo 14.27).
A
maldição na família de Noé
A embriaguez do patriarca Noé resultou em graves
consequências para si e para sua família. Após o período do dilúvio, Noé
tornou-se lavrador da terra e plantou uma vinha (Gn 9.20). Na primeira colheita
da uva, ao fermentar um vinho, o patriarca embriagado ficou desnudo dentro de
sua tenda. Desinibido pelo efeito do álcool, tornou-se incapaz de perceber a
insensatez de sua atitude (Gn 9.21). O mesmo efeito de destempero acontece com
aqueles que agem sob o efeito do álcool. Por isso, as Escrituras advertem: “O
vinho é escarnecedor, e a bebida forte, alvoroçadora; e todo aquele que neles
errar nunca será sábio” (Pv 20.1). Por essa razão, também Paulo recomendou a
abstinência de bebidas alcoólicas (1 Tm 3.3). A nudez de Noé foi flagrada pelo
seu filho Cam, que em lugar de resguardar seu pai decidiu depreciar sua honra
contando aos irmãos (Gn 9.22).
Os outros filhos de Noé, Sem e Jafé, de maneira respeitosa,
com o rosto virado em direção contrária, cobriram a nudez do pai (Gn 9.23).
Passado o entorpecimento, ao despertar de sua bebedeira e se conscientizar dos
fatos, o patriarca lançou sobre o filho de Cam um severo juízo: “Maldito seja
Canaã; servo dos servos seja aos seus irmãos” (Gn 9.25). Por conseguinte, por
causa da postura difamatória de Cam, toda a descendência de Canaã ficou sob
maldição. Apreende-se com tal episódio que o uso do álcool resulta em situações
danosas e constrangedoras para a família. Assim, para o cristão, prevalece a
admoestação bíblica: “E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas
enchei-vos do Espírito” (Ef 5.18).
2. A Escravidão das Drogas
As
drogas são substâncias químicas que provocam alterações no organismo. As drogas
causam dependência e o consumo excessivo provoca morte por overdose. As drogas
afetam também o funcionamento do coração, fígado, pulmões e até mesmo o
cérebro. As drogas ilícitas mais comuns são a maconha, a cocaína, o crack e o
ecstasy. As chamadas drogas lícitas, como o álcool e o cigarro, são igualmente
prejudiciais à saúde. As pessoas usam drogas principalmente para alterar o
estado de espírito em busca de paz. Entretanto, as drogas agridem o corpo que é
templo do Espírito Santo (1 Co 6.19,20) e invalidam o sacrifício de Cristo na
cruz (1 Co 1.18). O cristão não deve usar e nem participar de movimentos que
visam legalizar as drogas.
Descriminalização
do uso e venda de drogas
A legislação brasileira verbera contra o uso e contra a
venda de entorpecentes (Lei nº 11.343/2006). Embora a referida norma abrandasse
as penalidades para os usuários, em comparação com as legislações anteriores, a
norma em vigor ainda considera crime “adquirir, guardar, tiver em depósito,
transportar ou trouxer consigo [entorpecentes]” (Art. 28). Todavia, tramitam no
Congresso Nacional Projetos de Leis (PL) que visam à descriminalização das
drogas, isto é, que o uso de drogas e sua venda não seja mais considerado
crime.
O PL n° 7270/2014 autoriza a produção e o comércio da
maconha em todo o território nacional. Outro projeto de lei é o de n°
7187/2014, que dispõe sobre o controle, a plantação, o cultivo e a
comercialização da maconha. Por fim, há ainda um Recurso
Extraordinário (RE) n° 635659 que tramita no Supremo Tribunal Federal que tem o
intuito de descriminar o uso da maconha. Contudo, é importante frisar que mesmo
com essas tentativas de descriminalização, o uso e a venda de drogas até então
é crime.
Assim como relatado neste capítulo, o uso de entorpecentes é
imoral, antiético, bem como prejudicial à saúde do usuário e das pessoas do seu
convívio social. Porém, alguns grupos nocivos à sociedade anseiam a
descriminalização das drogas. O condão de defesa apresentado por esses
apoiadores é que a criminalização das drogas cria cartéis do narcotráfico, e
que, “liberando” as drogas, essas quadrilhas seriam desmobilizadas. Outra
arguição é que o uso de drogas não pode ser considerado crime, e, sim, problema
de saúde pública. Com esses pretextos, como explicar que mesmo regulamentado os
medicamentos de “tarja preta” ou de antibióticos são vendidos clandestinamente?
Se o uso de entorpecentes é considerado crime e mesmo assim milhares de pessoas
utilizam, será que “liberando” o uso de drogas diminuirá os usuários, e, assim,
desafogará o sistema de saúde?
O
exercício do domínio próprio
Aquele que vive na carne é escravizado pelo pecado (Jo
8.34). A maior característica de quem vive no Espírito é a manifestação do
fruto do Espírito Santo. Segundo o teólogo David Lim, “o fruto tem a ver com o
crescimento e o caráter; o modo da vida é o teste fundamental da autenticidade”
(HORTON, 1996, p. 488). O fruto do Espírito consiste em nove graças
listadas em Gálatas 5.22,23, as quais são
amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e
temperança. O fruto no singular refere-se à unidade que o Espírito Santo cria
na vida daqueles que se sujeitam a Ele (GOMES, 2016, p. 14). A virtude que
parece ser o somatório de todas as outras é tradução da palavra grega egkrateia,
que significa “temperança” ou “domínio próprio”. É autocontrole,
autodisciplina e moderação. É a qualidade que Cristo nos dá para andarmos no
mundo conservando a nossa santidade. Trata-se de um ato de repelir ou reprimir
os desejos da carne por meio do controle do Espírito Santo:
Ironicamente
os nossos desejos pecaminosos, que prometem autorrealização e poder,
inevitavelmente nos levam à escravidão. Quando nos rendemos ao Espírito Santo,
inicialmente sentimos como se tivéssemos perdido o controle, mas Ele nos leva a
exercer o autocontrole que seria impossível somente com as nossas próprias
forças. (RIBAS, 2009, p. 298)
Desse modo, o cristão controlado pelo Espírito Santo não
pode ceder às paixões carnais e nem tão pouco ser escravizado pelo uso de quaisquer drogas ou entorpecentes. O vício —
quer ele seja lícito, quer seja ilícito — não tem lugar na vida de uma pessoa
que procura ser controlada pelo Espírito de Deus. Embora nem a idade nem a experiência
sirvam de garantia para o exercício do autocontrole, o fruto do Espírito o
produz na vida do crente. O texto paulino exorta o cristão a não ser dominado
por nada: “[...] todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar
por nenhuma” (1 Co 6.12b).
II. JOGOS DE AZAR: A ARMADILHA PARA A
FAMÍLIA
Tudo
aquilo que abarca investimento sem retorno garantido, descomprometido com a
ética e a moral resulta em sérios prejuízos na
família. A expressão “jogos de azar”, para os efeitos penais, é definida
como sendo o jogo em que o ganho e a perda dependem exclusiva ou principalmente
da sorte. Consideram-se jogos de azar: a) o jogo dependente de sorte; b)
apostas em qualquer outra competição. O décimo mandamento do Decálogo condena a
cobiça, que é a raiz de todos os jogos de azar (Êx 20.17).
1. A Ilusão do Ganho Fácil
A
sedução dos jogos de azar ocorre pela esperança de se obter lucro instantâneo.
As pessoas são atraídas pela ilusão de ganhar dinheiro rápido e fácil sem o
esforço do trabalho. Jogam na expectativa de tirar a sorte grande e assim
resolver problemas financeiros. Ciente dessa realidade, o Estado brasileiro é
extremamente ambicioso na exploração da jogatina. Somente de loterias
legalizadas são nove modalidades: mega-sena, loto mania, dupla sena, loto fácil, quina, instantânea,
loteria federal, loteca e lotogol. E ainda existem as casas de bingo, os jogos
eletrônicos e também os jogos ilegais como os caça-níqueis e o jogo do bicho,
entre outros. O governo e os contraventores lucram e lucram muito. Mas os
jogadores tornam-se compulsivos, endividam-se, arruínam a família e a própria
vida. Depositar a esperança na sorte é pecado e implica não confiar na
providência divina (Jr 17.5-7).
O erro
de confiar nas riquezas
No capítulo 6 do Evangelho de Mateus, no Sermão do Monte,
Cristo tratou, entre outros assuntos, acerca da oração e da ansiedade.
Discorreu sobre a tendência humana de acumular tesouros na terra (Mt 6.19,20).
Cristo alertou que as riquezas não são permanentes e podem rapidamente
desaparecer. As possessões terrenas podem ser destruídas por três maneiras: a
traça, a ferrugem e os ladrões. Portanto, aqueles que depositam sua fé e
esperança nos bens materiais estão sujeitos a sofrer decepções e dores
profundas, pois “o amor ao dinheiro é a raiz de toda espécie de males” (1 Tm
6.10). Para livrar o cristão do sofrimento de tais males, o Senhor nos orienta
a ajuntar tesouros nos céus, com a seguinte observação: “Porque onde estiver o
vosso tesouro, aí estará também o vosso coração” (Mt 6.21).
O Senhor não condenou o acúmulo de dinheiro quando usado
para fins de sobrevivência e conforto necessários ao homem e sua família. A
reprimenda de Jesus se refere à confiança irrestrita nas riquezas que arrebata
os pensamentos, os esforços e as energias na busca dos bens terrenos. Sob esse aspecto, o cristão deve depositar
sua esperança na providência divina, e não na busca desenfreada e irresponsável
de dinheiro fácil por meio dos jogos de azar. Atitude diferente dessa implica
não confiar na provisão divina, que nos alerta a não andar inquietos quanto ao
que comeremos, beberemos ou com que nos vestiremos porque “decerto, vosso Pai
celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas” (Mt 6.31,32).
2. Os Males dos Jogos
na Família
Os
jogos de azar causam destruições irreparáveis no ambiente familiar. O jogo
vicia e escraviza a ponto de migrar todos os recursos de uma família para o
pagamento de dívidas contraídas pelo jogador. Nos jogos de azar, o benefício de
um depende completamente do prejuízo do outro e normalmente são as pessoas de
baixa renda que sustentam a jogatina. Esses jogos fomentam a preguiça, a corrupção, a
marginalidade, a agiotagem, a violência e a criminalidade. Os jogadores
compulsivos descem ao nível mais baixo para continuar alimentando o vício da
jogatina. Em muitos casos tais jogadores perdem seus empregos, o respeito de
seus amigos e até o amor de suas famílias. As Escrituras nos advertem a zelar
pela família (1 Tm 3.4,5) e não cair em armadilhas, pois “um abismo chama outro
abismo” (Sl 42.7).
Jogos
de Azar: uma contravenção penal
O ordenamento jurídico brasileiro classifica os delitos em
duas naturezas: crimes ou contravenções penais. A primeira é tida como um
delito de maior potencial (delitos contra a vida, a liberdade, etc.); já as
contravenções penais são aquelas tidas como de menor potencial (delitos contra
a paz pública, a incolumidade pública e outros). Os jogos de azar são
classificados como contravenções penais (Art. 50, Decreto-Lei n° 3.688/1941), ou
seja, quem joga, presencialmente ou online, ou ainda administra tal serviço
está sujeito às penalidades legais.
Existem dois
projetos de lei
que tramitam no
Congresso Nacional que visam à
legalização desses jogos: o projeto de lei n° 442/1991 (Câmara dos Deputados),
que reúne 14 propostas sobre legalização de cassinos, bingos, caça-níqueis,
jogo do bicho e jogos online; e o projeto de lei n° 186/2016 (Senado Federal),
que deseja legalizar o funcionamento de cassinos, bingos, jogo do bicho e jogos
em vídeo. O perigo dessa prática desmedida é diverso, como apresentado nos
tópicos anteriores, assim como seria impossível o Estado fiscalizar esses
estabelecimentos e, sem dúvida alguma, seria o local “adequado” para o crime
organizado lavar seu dinheiro.
Doença
comportamental
Todo e qualquer tipo de vício escraviza o ser humano, e com
o viciado em jogos não é diferente. Um incontável número de jogadores perdeu
tudo o que tinha em apostas variadas; eles não perderam apenas dinheiro,
perderam a dignidade, a confiança, o respeito e até a moral. O viciado imagina
que pode recuperar o dinheiro perdido e nesse afã aposta valores cada vez mais
altos até ficar completamente falido. O viciado é capaz de inventar todo tipo
de histórias para conseguir dinheiro e continuar alimentando o seu vício —
inclusive cometer crimes. Embora o vício em jogos seja considerado uma doença
patológica, a compulsão para jogar não é ocasionada por alguma dependência
química; trata-se de uma doença comportamental. A família não pode ficar omissa
diante de um quadro de vício patológico. Admitir o problema e procurar a
orientação de profissionais especializados é indispensável para o tratamento do
vício. Ignorar ou dirimir os fatos só trará constrangimentos, vergonha e muito sofrimento.
3. As Consequências
para a Saúde
Os
jogos de azar, assim como o álcool, o cigarro e as demais drogas, causam
dependência química e psíquica. Em 1992, a OMS concluiu que jogar faz mal à
saúde e incluiu o jogo compulsivo no Código Internacional de Doenças
(CID). Quando em
crise de abstinência,
o jogador sofre
com tremores, náuseas,
depressão e graves problemas cardíacos. Cerca de 80% dos viciados em jogos de
azar relatam algum tipo de ideação suicida como uma forma de fugir da vergonha
moral e de suas dívidas. Tal como os outros viciados, os jogadores compulsivos
tendem ao desenvolvimento de doenças psiquiátricas. Maltratar o próprio corpo é
insensatez e afronta contra a vida outorgada por Deus (1 Sm 2.6; Ef 5.29,30).
As
sequelas da ludopatia
A doença denominada de ludopatia refere-se o jogo
compulsivo ou patológico, que leva uma pessoa a não poder resistir ao impulso
de jogar mais e mais, provocando graves problemas econômicos, psicológicos e
familiares. O autoflagelo, seja psíquico, seja físico, é comumente encontrado
em pessoas diagnosticadas com essa patologia. De acordo com a Organização
Mundial de Saúde, a pessoa com um quadro de ludopatia apresenta pelo menos
cinco dos sintomas a seguir: necessidade de aumentar o risco e as apostas;
ficar o tempo todo preocupada com o jogo; apresentar irritação e nervosismo se
deixar de jogar; usar o jogo para escapar de problemas; mentir para familiares
e amigos para esconder seu real envolvimento com o jogo; tentar se controlar e
parar de jogar, e não conseguir; e fazer do jogo uma prioridade que ameaça
relacionamentos, oportunidades de trabalho e carreira. E por fim, essa
patologia quase sempre está associada a outros vícios igualmente nocivos, tais
como alcoolismo, tabagismo e consumo de drogas
ilícitas.
III. VIVAMOS UMA VIDA SÓBRIA, HONESTA E
FIEL A DEUS
A
vitória do cristão contra os vícios e os jogos de azar engloba a sobriedade,
honestidade e fidelidade ao Autor da vida. A ética cristã requer dos súditos do Rei um comportamento digno e uma vida de
moderação. Não é condizente com os salvos
em Cristo a extravagância, o destempero, o desequilíbrio ou qualquer outra atitude que possa
manchar o evangelho ou denegrir o bom nome de Cristo.
1. A Bênção da Sobriedade
A
expressão grega nephálios refere-se à sobriedade em relação ao consumo
de bebidas alcoólicas. O dicionário indica aquele que ao contrário de
embriagado, está desperto, consciente e com capacidade de discernir. O termo também é utilizado para identificar
vida equilibrada. Trata-se da virtude
daquele que controla as paixões da carne (Gl 5.24). Desse modo, a sobriedade
abrange o comportamento moderado, a mente sã, o bom juízo e a prudência (Rm
12.3; 1 Tm 1.5; 2 Tm 1.7). A orientação bíblica é de abstinência de toda a
imundícia, inclusive a dos vícios e dos jogos de azar (Tt 2.12).
Abstinência
é a melhor solução
No que diz respeito à abstinência total de álcool, vez ou
outra se levanta uma discussão acerca do uso do vinho no Novo Testamento. O vinho
servido nas bodas em Caná da Galileia (Jo 2.9), o vinho usado por Cristo na
instituição da Ceia do Senhor (Lc 22.20) e o vinho recomendado por Paulo a
Timóteo (1 Tm 5.23). O debate refere-se às seguintes questões: Trata-se apenas
do suco natural da vide ou de suco fermentado? Não vou entrar no mérito da
discussão etimológica dos termos gregos e nem nas probabilidades de
interpretação por considerar essa demanda estúrdia e secundária (Tt 3.9).
Somente, transcrevo abaixo a posição do Comentário Bíblico Pentecostal:
A
completa abstinência é recomendável. Uma pessoa que abstém completamente do
álcool não se embriaga nem se tornará alcoólatra. Também não faria com que um
ex-alcoólatra recaísse no pecado. É melhor prevenir do que remediar!
(ARRINGTON, 2003, p. 1478)
Aquele que se abstém não comete excessos. Esse procedimento
mantém o cristão afastado das críticas, das ruins suspeitas e da escravidão do
vício. Não é possível conceber um cristão embriagado, expondo-se ao escárnio e
zombaria dominado pelo efeito do álcool; ou seja, a abstinência total e
absoluta é o ideal para o exercício da fé genuinamente cristã.
2. Honestidade e
Fidelidade
Uma
pessoa honesta não explora o seu próximo, mas conduz seus negócios com
transparência (Sl 112.1-5). Não retira seu sustento da jogatina à custa de quem
perde dinheiro nos jogos de azar (1 Ts 4.6). O verdadeiro cristão não busca
amparo na sorte, mas provê a si e sua família por meio do trabalho honesto (Gn
3.19). A fidelidade do cristão é com a palavra de Deus. Mesmo que alguns vícios
e jogos de azar sejam lícitos pelas leis do Estado, o salvo em Jesus não se
permite contaminar. Os ensinos e os princípios bíblicos devem pautar a vida
daqueles que são fiéis ao Senhor (Sl 119.105).
O
viver moderado do cristão
A vida sóbria é sinônimo de moderação. A honestidade denota
sinceridade. A fidelidade é o compromisso do crente salvo com Deus e sua
Palavra. Os vícios e os jogos de azar, legais ou ilegais, são práticas reprováveis
e prejudiciais à sociedade. Os vícios escravizam e destroem as vidas e as
famílias. De igual modo o fazem os jogos de azar. Portanto, o cristão deve
abster-se da prática de todo e qualquer vício e dedicar-se ao trabalho honesto
para o sustento de sua casa. Cabe ao salvo resistir ao pecado e não se deixar
dominar por coisa alguma (1 Co 6.12). O viver moderado denota equilíbrio e vida
santificada. Vida santa significa cuidar e honrar, e não macular o próprio
corpo conforme nos asseveram as Escrituras: “que cada um de vós saiba possuir o
seu vaso em santificação e honra” (1 Ts 4.4).
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