RETIRADO DO LIVRO - VALORES CRISTÃOS -
Enfrentando as questões morais do nosso tempo.
Douglas Baptista.
O Senhor
é fonte de toda riqueza, tanto a prata quanto o ouro lhe pertencem (Ag 2.8). As
posses e os bens são concedidos ao homem por meio do nosso Deus. Cada um
prestará contas daquilo que recebeu para administrar (Rm 14.12), inclusive no
quesito financeiro (Mt 25.19). Nas Escrituras, o trabalho enobrece o homem,
sendo este o único meio digno de sobrevivência (Gn 3.19). Apesar dessa
assertiva bíblica, durante a Idade Média, os que escolhiam trabalhar para conseguir sustento eram
considerados cristãos de segunda classe e a espiritualidade monástica do
período medieval, em geral, considerava o trabalho degradante (MCGRATH, 2012,
p. 331).
Essa ideia deturpada do trabalho perdurou até a Reforma
Protestante, em 1517. Somente após o movimento protestante é que houve uma mudança
de paradigma na conceituação do trabalho. Quem trabalhava era somente a plebe
ou o proletariado, enquanto a nobreza e também o clero sobejavam em benefícios
e regalias e eram sustentados pelos altos impostos infligidos aos
trabalhadores. Com a Reforma, o protestantismo desenvolveu “a concepção de que
o trabalho é uma vocação divina, a qual foi dada a cada ser humano como
instrumento de determinação de amor ao próximo, no sentido de que, cumprindo a
vocação, a pessoa humana serve a seu semelhante” (OLIVEIRA, 2009, p. 174).
A teologia protestante inverteu o antigo ponto de vista
católico e medieval. De uma percepção do trabalho como algo humilhante para um
meio dignificante e glorioso de louvar a Deus em sua criação e por intermédio
dela (MCGRATH, 2012, p. 332). O trabalho passou a ser entendido como um meio
digno e desejado de sustentar a família, erradicar a pobreza e a miséria,
bem como uma oportunidade de exercer o amor aliviando a dor e a fome do
próximo, e ainda uma maneira de propiciar a manutenção do Reino de Deus na
terra.
I. UMA TEOLOGIA PARA A VIDA FINANCEIRA
O
equilíbrio financeiro que foge dos extremos da riqueza e da pobreza possibilita
uma vida desprovida de preocupações desnecessárias. Os que se dedicam de modo
desordenado em busca do enriquecimento são traspassados de muitas aflições (1
Tm 6.9,10) e, no outro extremo, os que negligenciam suas finanças estarão
fadados a uma vida de miséria (Pv 28.19).
1. Vida Financeira Equilibrada
No
livro de Provérbios estão registradas as palavras de Agur (Pv 30.1). Ele fez
dois pedidos ao Senhor, os quais almejava usufruir antes de sua morte (Pv
30.7). Seu primeiro pedido era por uma vida íntegra, livre da vaidade e da
falsidade (Pv 30.8a). Na segunda petição, Agur desejou uma vida financeira equilibrada.
Ele rogou: “não me dês nem a pobreza nem a riqueza” (Pv 30.8b). O motivo desse
segundo pedido é explicado em seguida: “para que, porventura, de farto te não
negue e diga: Quem é o Senhor? Ou que, empobrecendo, venha a furtar e lance mão
do nome de Deus” (Pv 30.9). Agur desejava dinheiro suficiente para uma vida
digna que não o levasse a pecar. Ele não queria muito dinheiro para evitar a
soberba, mas também não queria que faltasse para não ser desonesto. Nesse
propósito, ele aspirava apenas à porção necessária para cada dia (Pv 30.8c). E
foi exatamente assim que Cristo nos
ensinou a pedir: “O pão nosso de cada dia dá-nos hoje” (Mt 6.11).
A
prosperidade na Bíblia
Desde o início, Deus tem prometido prosperidade ao seu povo.
Tudo começou com Abrão, que habitava em Ur dos caldeus, quando o Senhor lhe
falou: “Sai-te da tua terra, e da tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que
eu te mostrarei. E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei, e
engrandecerei o teu nome, e tu serás uma bênção” (Gn 12.1,2). As Escrituras
asseveram que Abraão creu na promessa que Deus lhe fizera, e isso lhe foi
imputado como justiça (Rm 4.3). Portanto, a prosperidade é algo bíblico, está
nas Escrituras como uma dádiva divina, algo prometido pela palavra do próprio
Deus.
Em contrapartida, nas Escrituras “ser próspero” não
significa “somente ter posses”, pois a prosperidade unicamente material pode
ser danosa. Consciente dessa verdade, o
sábio rei Salomão registrou: “Não esgote suas forças tentando ficar rico; tenha
bom senso! As riquezas desaparecem assim que você as contempla; elas criam asas
e voam como águias pelo céu” (Pv 23.4,5, NVI). Quando Cristo foi interpelado
por alguém que requeria intervenção em um caso de herança, o Senhor lhe
advertiu severamente: “Cuidado! Fiquem de sobreaviso contra todo tipo de
ganância; a vida de um homem não consiste na quantidade dos seus bens” (Lc
12.15, NVI). João, ao escrever para Gaio, desejou-lhe prosperidade material e
espiritual (3 Jo 1,2). Assim, nossa riqueza deve ser tal qual é próspera a
nossa alma.
Saúde
financeira
A saúde financeira não depende de quanto ganhamos, mas de
como gastamos o que ganhamos. A Palavra de Deus censura a imprudência de quem
vive acima de sua capacidade econômica: “O homem sensato tem o suficiente para
viver na riqueza e na fartura, mas o insensato não, porque gasta tudo o que
ganha” (Pv 21.20, NTLH). Aquele que desobedece a esse princípio acumula dívidas
e vive atribulado. Não raras vezes contrai empréstimos para saldar outros
empréstimos. Torna-se refém dos altíssimos juros dos cartões de crédito e do
cheque especial. Em casos extremos, passa a ser explorado por agiotas que fazem
financiamentos com juros abusivos. Compromete sua reputação e seu nome figura
como mau pagador nos órgãos de proteção ao crédito. Pela sua insensatez e má
administração, quando chega à
velhice não tem onde reclinar a cabeça e nem mesmo condições mínimas de viver
dignamente.
Portanto, para uma vida financeira equilibrada, é preciso
bem administrar o orçamento familiar. A prudência ensina calcular todas as
despesas e fazer provisões financeiras para evitar o empréstimo e a vergonha
(Lc 14.28). Outra salutar medida é não
se envolver na aquisição de supérfluos e resistir à tentação de comprar o que
não precisa. Aplicar a remuneração naquilo que é indispensável e não gastar o
dinheiro naquilo que não é pão (Is 55.2) — aquele que observa esses princípios
fica longe das dívidas e escapa da ruína financeira. Será louvado pela sua
família, manterá o bom nome e a boa reputação, e, na velhice, poderá desfrutar
de uma merecedora e digna aposentadoria.
2. O Perigo do Amor
ao Dinheiro
O
apóstolo Paulo corrobora que a vida moderada é o melhor caminho para fugir dos
laços e tentações das riquezas (1 Tm 6.9,10). A cobiça pelo dinheiro corrompe
os homens e os faz desviar da fé. Percebe-se no texto bíblico que o mal não
está no dinheiro, e sim no “amor ao dinheiro”. O mal está em perder a comunhão
com Deus e passar a depositar a confiança nas riquezas. A Bíblia revela que essa
atitude foi empecilho de libertação na vida de muitos, como nos exemplos do
jovem rico (Lc 18.23), de Judas Iscariotes (Lc 22.3-6), de Ananias e Safira (At
5.1-5), que valorizaram o dinheiro em detrimento da salvação. Portanto, mesmo
que o Senhor nos permita enriquecer, o salmista nos adverte para não pecarmos:
“[...] se as vossas riquezas aumentam, não ponhais nelas o coração” (Sl 62.10).
Cuidado
com a cobiça
O mais perigoso inimigo do homem é ele próprio. A sua
própria carne e a natureza pecaminosa que nele habita constituem um inimigo
vicioso e enganoso. Existem três espécies de pecado que se encontram na raiz da
queda de
qualquer cristão: é o amor pelas mulheres (imoralidade sexual); o amor pelo
dinheiro (o pecado da cobiça); e o amor por posições (orgulho e apostasia).
Comparados com isso os seus inimigos externos são fáceis de combater. A cobiça
vem de uma insegurança com relação à provisão de Deus e o amor pelo dinheiro.
Em Mateus 6.24, Jesus ensinou sobre dois senhores, dentre os quais devemos escolher
um — Deus ou Mamom. Acerca dessa declaração, Mamom é identificado com o nome do
deus pagão da riqueza e da prosperidade com gravíssimas implicações:
No
Targum (paráfrase aramaica do Antigo Testamento), essa palavra era usada para o
lucro desonesto obtido mediante exploração egoística de outra pessoa. O “mamom”
da injustiça de Lucas 16.9 corresponde com exatidão a uma frase aramaica que
significa “possessões adquiridas com desonestidade. (MOUNCE, 1996, p. 70)
Infelizmente, muitos cristãos têm caído nessa armadilha,
apropriando-se daquilo que não é seu. As Sagradas Escrituras esclarecem que a
cobiça, ou a avareza, está no amor ao dinheiro. Paulo ensina que a cobiça é
pecado de idolatria. Nos textos de Colossenses 3.5 e de Efésios 5.5, avareza e
cobiça são sinônimos. Esses termos estão ligados com a ganância de querer ter e
ser mais que os outros. Um cristão dominado pela avareza ou pelo desejo de
acumular riquezas é insensato e delira em vãos pensamentos, Jesus deixou bem
claro que “a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui” (Lc
12.15). Lamentavelmente, não são poucos os que acabam se perdendo por causa da cobiça ao dinheiro, bens
materiais e posições economicamente compensatórias.
O
problema da soberba
Ao escrever
aos romanos, o apóstolo dos gentios os advertiu acerca
da soberba: “[...] não ambicioneis coisas altas, mas acomodai-vos às
humildes; não sejais sábios em vós mesmos” (Rm 12.16). Os romanos, por viverem
na cidade imperial, estavam bem próximos do esplendor da corte e buscavam
ocupar certas posições. A exortação paulina os instiga a se acomodarem às
coisas simples, deixando de ser convencidos, em vez de lutar na consecução de
coisas que eram altas demais para eles (PFEIFFER, 1983, v. 5, p. 56). Matthew
Henry considera que “não devemos ambicionar honra e promoção, nem olhar com
respeito o fausto e a dignidade do mundo com qualquer valor ou desejos
excessivos” (2008, vol. 2, p. 391). Nesse sentido, o problema não está nos
altos cargos ou funções, mas no desejo de alguns de serem superiores aos outros.
Não obstante, a orientação bíblica por vezes é negligenciada
por aqueles que almejam, por meio do acúmulo das riquezas, alcançar o topo da
pirâmide social para vangloriar-se sobre os demais. A respeito desse
procedimento, Tiago reprovou o comportamento de alguns crentes que estavam
praticando o favoritismo e o elitismo na igreja (Tg 2.1-9). A reprovação de
Tiago ainda tem relevância para hoje: “A Igreja não deveria mostrar
parcialidade, nenhum interesse com respeito à beleza externa, à riqueza
material e ao poder ou à influência da pessoa” (DAVIDS, 1997, p. 79). Muitos
conflitos e contendas são gerados na igreja por ações de superioridade
praticadas por parcela da membresia. Deus não se recusa em nos abençoar, mas
não o fará se a nossa motivação for errada. Não seremos atendidos se o nosso
desejo de prosperidade estiver motivado pelo egoísmo e pela soberba (Tg 4.1-3).
II. MEIOS HONESTOS PARA GANHAR
DINHEIRO
Ganhar
dinheiro não é pecado, e sim uma necessidade indispensável. Trabalhar de modo
honesto para o sustento seu e de sua família é uma atitude altruísta. Aqueles
que deliberadamente não trabalham e os que sobrevivem de maneira
desonesta são reprovados e condenados pelas Escrituras Sagradas.
1. Trabalho e Emprego
Desde
a queda no Éden, o homem precisa empregar esforços para obter os bens de que
necessita para sobreviver (Gn 3.19a). Assim, o trabalho passou a ser um meio
legítimo para prover o sustento. O Senhor Jesus ensinou que “digno é o
trabalhador do seu salário” (Lc 10.7, ARA). Quando escreveu aos irmãos em
Tessalônica, Paulo enfatizou que o trabalho é um meio digno de ganhar dinheiro
(1 Ts 2.9). Porém, no afã de obter o seu salário, o cristão não pode
envolver-se com meios ilícitos ou criminosos (Pv 11.1; 20.10) e nem tampouco
explorar ou extorquir o seu semelhante (Am 2.6). A responsabilidade individual
de trabalhar para o próprio sustento é tão relevante que a Bíblia condena o
preguiçoso (Pv 21.25; 22.13) e ainda assevera: “[...] se alguém não quiser
trabalhar, não coma também”(2 Ts 3.10).
Conceito
de trabalho
A ordem divina para o trabalho tinha sido anunciada antes da
queda do homem (Gn 1.28). E por causa dela o processo do trabalho foi
dificultado; em razão do pecado, a
terra passou a produzir cardos e espinhos (Gn 3.18). Pallister analisa que “ao
dar o mandato para trabalhar (Gn 1.28), é natural que Deus tenha querido abranger todo tipo de atividade humana
legítima” (2005, p. 79). E, conforme essa
compreensão, adota-se o seguinte conceito de trabalho:
Atividade
cujo fim é utilizar as coisas naturais ou modificar o ambiente e satisfazer às
necessidades humanas. Por isso, o conceito de trabalho implica: 1) dependência
do homem em relação à natureza, no que se refere à sua vida e aos seus
interesses: isso constitui a necessidade, num de seus sentidos; 2) reação ativa
a essa dependência, constituída por operações
mais ou menos complexas, com vistas à elaboração ou à utilização dos elementos naturais; 3) grau mais ou menos elevado de
esforço, sofrimento ou fadiga, que constitui o custo humano do trabalho.
(ABBAGNANO, 2000, p. 964)
Os princípios bíblicos e teológicos que regem a concepção do
trabalho vinculam a atividade laboral com a ideia de progresso social,
solidariedade e enobrecimento da pessoa humana. Porém, na prática
contemporânea, o sociólogo polonês Sygmund Baumann (1925-2017), em seu livro Modernidade
Líquida, afirma que “raramente se espera que o trabalho ‘enobreça’ os que o
fazem, fazendo deles ‘seres humanos melhores’, e raramente alguém é admirado e
elogiado por isso” (BAUMANN, 2001, p. 161). Apesar do ceticismo hodierno, essas
ideias não conseguem anular a importância e a contribuição do trabalho na
realização do ser humano. Primeiro de maio é a data, no Brasil e em vários
países do mundo, reservada para comemorar o Dia do Trabalho. A História da data
remonta o ano de 1886, quando milhares de trabalhadores protestaram por
melhores condições de trabalho na cidade de Chicago (Estados Unidos).
Meio
de vida, e não de morte
O trabalho deve ser executado como um meio de vida, e não de
morte. O corpo humano possui limitações que devem ser respeitadas. O excesso de
trabalho com carga horária abusiva e funções múltiplas é extremamente
prejudicial à saúde. Dias de folga, intervalos para descanso, férias
remuneradas e alimentação apropriada ajudam a manter o equilíbrio entre o
trabalho e as necessidades vitais do trabalhador. Quando essas orientações são desprezadas, a saúde e a família são os
primeiros a ser afetados. Em um mercado de trabalho competitivo, uma
considerável parcela de trabalhadores permite que o emprego sugue todas as suas
energias e anule a sua vida social, religiosa
e familiar. Nesse
quesito, as Escrituras
orientam a busca
do equilíbrio. De um lado somos
exortados a trabalhar e fugir da preguiça (Pv 6.6-11), e, de outro, recebemos a
instrução de não cometer exageros: “Melhor é uma mão cheia com descanso do que
ambas as mãos cheias com trabalho e aflição de espírito” (Ec 4.6). Portanto, o
trabalho deve ser algo prazeroso, saudável e dignificante. Não existe mérito
algum em se matar de trabalhar.
2. Escolarização e
Mobilidade Social
A
sociedade é formada por classes sociais. A possibilidade de um cidadão trocar
de classe é denominada de “mobilidade social”. Um dos meios disponíveis é a
escolarização, ou seja, a educação acadêmica. A escolarização proporciona a
capacitação profissional e o acesso a níveis superiores de ensino. Aqueles que
alcançam maior escolarização possuem maior probabilidade de encontrar empregos
com bons salários, possibilitando a ascensão social. No entanto, o cristão
precisa tomar cuidado na busca de seu aprimoramento intelectual para não ser
enredado por meio de filosofias e vãs sutilezas (Cl 2.8). Precisa também ter em
mente que não deve buscar conhecimento para vanglória ou para se considerar
melhor que os outros (Fp 2.3). Ao contrário, deve usar a escolarização e a
ascensão social para poder melhor servir ao Reino de Deus (Fp 2.4,21; 1 Co
10.32,33).
Formação
Acadêmica
Não
faz muito tempo que ter um curso superior ou uma especialização era
o grande diferencial para se conseguir um bom emprego em nosso país. O tempo
passou, o mercado tornou-se altamente competitivo e as exigências aumentaram.
Por isso, o que antes era uma vantagem tornou-se um padrão. Quem não possui
qualificação acadêmica, dificilmente conseguirá um emprego com salário
rentável. A partir dessa realidade, novas competências passaram a ser
requeridas pelo empregador. Atualmente, a mera formação acadêmica não é
requisito suficiente para preencher uma vaga de emprego. Empregadores
selecionam entre os candidatos de nível superior aqueles que apresentam algum diferencial, como
por exemplo, domínio fluente de determinado idioma, amplo conhecimento de
informática, inteligência emocional, valores morais e éticos especialmente para
cargos de chefia, e outros.
Mercê desses fatos, a qualificação é algo a ser aprimorado
para quem está ou deseja entrar no mercado de trabalho. Aqueles que recusarem o
aperfeiçoamento vão correr o risco de perder o emprego, ser preterido nas
promoções ou se resignar em receber baixos salários.
Todavia, embora a educação formal seja um dos meios mais
eficazes para a mobilidade social, o acesso à educação ainda é deficiente,
apesar dos esforços e da sensível melhora ocorrida nas últimas décadas.
III. COMO ADMINISTRAR O DINHEIRO
A
mordomia das finanças é responsabilidade de todos os membros da família. A má
gestão provoca endividamento e constrangimentos desnecessários. Um lar bem
administrado financeiramente resulta em segurança e bem-estar.
1. Fidelidade na Casa
do Senhor
A
boa administração financeira tem início com a fidelidade do cristão na entrega
dos dízimos e ofertas. O dízimo era praticado antes da lei (Gn 14.18- 20),
requerido no período da lei (Ml 3.7-10) e permaneceu em vigor na Nova Aliança
(Mt 23.7,10,23; Lc 11.42). É mandamento da Lei e da Graça — da antiga e da nova
dispensação. Entregar os dízimos significa devolver ao Senhor a décima parte de
todos os rendimentos. A oferta é extra ao dízimo. Tanto um quanto o outro devem
ser entregues com alegria (2 Co 9.7). O cristão deve entregar com amor,
altruísmo e voluntariedade. Deve sentir vontade e gratidão em participar dos
dízimos e das ofertas, que é fonte de graça e sinal de comunhão com Deus: “O
povo se alegrou com tudo o que se fez voluntariamente; porque de coração
íntegro deram eles liberalmente ao Senhor; também o rei Davi se alegrou com grande
júbilo” (1 Cr 29.9, ARA).
A
bênção de contribuir
O cumprimento de metas e a administração das atividades
eclesiásticas exigem recursos financeiros. Na maioria das vezes, a soma total
do valor monetário recebido pela igreja determinará a expansão de seu
crescimento nas várias áreas de atuação.
É verdade que as finanças não são o único fator a ser considerado no
crescimento e expansão de uma igreja. No entanto, a situação financeira da
igreja possibilita ou impede a execução das metas a serem atingidas. Infelizmente,
existe na igreja uma parcela lamentável de irmãos que não contribuem na casa de
Deus. Alguns alegam que o dízimo e as
ofertas fazem parte da Antiga Aliança e que, por conseguinte, estão
desobrigados de dizimar e ofertar na Nova Aliança. Outros, cientes da
responsabilidade de contribuir, não o fazem por estarem dominados pela
mesquinharia, egoísmo e amor ao dinheiro. E outra parte não contribui por falta
do ensino pastoral. O ensino precisa ser esclarecedor e convincente sem ser apelativo.
O dízimo e as ofertas fazem parte da prática diária e da
disciplina cristã. Os ofertantes e dizimistas devem fazê-lo com amor e
altruísmo, extirpando o egoísmo humano. A voluntariedade e gratuidade devem ser
buscadas como desejo constante. Não se deve entregar o dízimo ou oferta como um
pagamento Deus. A Bíblia ensina que é devolução. O crente, ao entregar sua
contribuição, está fazendo devolução de algo que nunca foi seu, mas que sempre
pertenceu a Deus. A entrega não pode ser egoísta ou com interesses e motivações
erradas. Jesus redarguiu enfaticamente os escribas e fariseus, que faziam
contribuições, porém o seu coração estava longe de Deus. A atitude deles
descaracterizava a real finalidade da contribuição. Entregar dízimos e ofertas
é confirmação de fé e obediência à Palavra de Deus (Mt 23.23).
2. Estabelecendo Prioridades
A
Bíblia ensina que o dinheiro serve de proteção (Ec 7.12). Contudo, o dinheiro
somente será uma benção se a família souber administrar seus rendimentos.
Estipular prioridades e metas a serem atingidas é o caminho mais fácil para
melhor aplicar os recursos e evitar o desperdício (Pv 21.5). As metas devem ser
estabelecidas, obviamente, de acordo com as condições financeiras da família. O
planejamento evita aplicação do dinheiro em atividades supérfluas ou
desnecessárias (Is 55.2). As prioridades devem ser ordenadas pela urgência ou
imprescindibilidade de cada situação. Uma administração transparente e sincera
demonstra temor de Deus na aplicação das finanças da família (1 Tm 5.8).
Agenda
financeira
Nem sempre é simples planejar e ordenar as prioridades da
agenda financeira da família. Diversos conflitos de interesses costumam
dificultar, porém esses conflitos precisam ser vencidos, sob pena de as metas
não serem alcançadas. Cada situação precisa ser planejada e analisada por meio
de perguntas, tais como, é viável e necessário trocar o carro agora? É possível
viajar de férias para determinado lugar e lá passar determinado número de dias?
Esses cuidados evitam o endividamento, porém, é preciso tomar cuidado com a
economia em excesso. Esbanjar é tão prejudicial quanto deixar de investir em si mesmo e na família.
3. Evitando as Dívidas
A
falha no estabelecimento de prioridades provoca o endividamento. Quando a
família não planeja, acaba contraindo dívidas acima de suas posses. O lar passa
a sofrer privações e se torna refém do credor (Pv 22.7). O comprometimento da
renda familiar acarreta uma série de outros prejuízos, tais como impaciência,
nervosismo e desavenças no lar. Para evitar essas desagradáveis situações é
aconselhável comprar tudo à vista (Rm 13.8), não ficar por fiador de estranhos
(Pv 11.15; 27.13), fugir da mão dos agiotas
(Êx 22.25; Lv 25.36), e ser fiel nos dízimos e nas ofertas (Ml 3.10,11).
O nível de desemprego aliado à falta de disciplina
financeira da população contribuiu com os altos índices de endividamento e
inadimplência das famílias brasileiras. Diante desse cenário caótico e a fim de
não fazer parte desses índices, o crente salvo deve manter sua disciplina
financeira por meio da fidelidade nos dízimos e nas ofertas, no esmero no
planejamento do orçamento familiar e na fuga de todo e qualquer endividamento.
E, depois de fazer todo o possível ao seu alcance, confiar que Deus suprirá as
suas necessidades (Fp 4.7).
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