“Porque todos devemos comparecer
ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito
por meio do corpo, ou bem ou mal” (2 Co 5.10).
Na primeira fase da sua volta (arrebatamento), Jesus vem “para”
os seus. Na segunda fase, Ele virá “com” os seus para estabelecer o seu Reino,
no Milênio, e implantar o perfeito estado eterno.
Os cristãos, em grande número, esperam a volta do Senhor como um
evento “muito distante”, ou bastante “remoto”, a ponto de não se preocuparem
com sua vida, seu comportamento e testemunho; não se importarem com suas
atitudes e práticas, como se, no final, tudo possa ser arranjado, ajustado e
resolvido, perante Deus. Mas essa visão pouco séria do que significa a volta de
Cristo para buscar a sua Igreja terá certamente conseqüências eternas de grande
repercussão no futuro de muita gente. Já vimos que a volta de Jesus encontrará
o mundo, incluindo os crentes, como “nos dias de Noé”, quando a humanidade só
se preocupava com as coisas da vida terrena, e não dava o menor valor às coisas
espirituais, “até que veio o dilúvio e consumiu a todos” (Lc 17.17).
Também sabemos que, na volta do
Senhor, a terra estará vivendo como “nos dias de Ló”, o velho patriarca, que,
em meio à corrupção de seu tempo, soube ficar vigilante, mantendo sua comunhão
com Deus, ainda que nem toda a sua família o acompanhou em sua vida de
santidade, e Deus destruiu Sodoma, Gomorra e cidades vizinhas, mandando fogo do
céu, como juízo sobre a impiedade daquela gente que debochava de Deus,
especialmente no que tange à sexualidade. Diante desses fatos, a exortação de
Cristo é para que seus servos vigiem: “Vigiai, pois, porque não sabeis a que
hora há de vir o vosso Senhor” (Mt 24.42).
Mas há outro motivo, de grande
importância, diante do qual a Igreja de Jesus, formada pelos salvos, em todos
os tempos e lugares, esteja preparada, em termos espirituais, morais e éticos.
E que está prevista uma prestação de contas, à qual terão que responder todos
os crentes, desde o princípio do mundo até o dia do arrebatamento da Igreja.
Esse evento se dará no “Tribunal de Cristo”. Não se trata do Juízo final, que
será instaurado para o julgamento dos ímpios (Ler Ap 20.11-15). Será um
tribunal para julgar as obras e os atos dos crentes, nas igrejas, ao longo dos
tempos. Diz Paulo: “Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo,
para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem ou
mal” (2 Co 5.10; Rm 14.10).
I
- Definição e Conceituação
1.
Os Dois Tribunais
Haverá dois julgamentos, em que as
pessoas serão julgadas. No tribunal de Cristo, serão avaliadas as obras dos
salvos. No tribunal do Grande Trono Branco, ou no Juízo Final, os ímpios serão
julgados, segundo as suas obras (Jr 32.19). Até as palavras serão julgadas.
“Mas eu vos digo que de toda palavra ociosa que os homens disserem hão de dar
conta no Dia do Juízo. Porque por tuas palavras serás justificado e por tuas
palavras serás condenado” (Mt 12.36,37).
2.
O que Será o Tribunal de Cristo
Será o julgamento das obras dos
salvos, praticadas na terra, para receberem, ou não, o galardão correspondente.
Não se tratará de julgamento de pecados, pois já são salvos. Os ímpios é que
passarão pelo julgamento de suas obras e pecados, no juízo do Trono Branco,
após
0 Milênio (cf. Ap 20.11-15). “E o
julgamento dos servos de Deus, quanto às suas obras na terra (2 Co 5.10; Rm
14.10). [...] Não seremos julgados quanto à nossa posição e condição de salvos
que temos em Cristo, e sim quanto ao nosso desempenho como servos do Senhor”.
Segundo Olson, “Esse julgamento não
foi estabelecido para determinar se as pessoas que diante dele comparecerem
serão culpadas ou inocentes, isto é, salvas ou perdidas, uma vez que este
julgamento é exclusivamente para os salvos. A questão individual já foi
resolvida, há muito. Agora se trata da questão de recompensas, que será
resolvida conforme a fidelidade ou infidelidade do crente, como mordomo na casa
do Mestre (1 Co 3.11-15)”.2
3.
Nenhuma Condenação para os Salvos
Os salvos em Cristo Jesus, desde
que permaneçam fiéis, em santificação, não mais passarão por qualquer tipo de
condenação. “Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo
Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o espírito” (Rm
8.1). Estar “em Cristo Jesus” é a
condição indispensável para ter sido salvo e permanecer salvo. O salvo não
perde a salvação, “se” estiver em comunhão com Cristo, se viver em
santificação. “[...] mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também
santos em toda a vossa maneira de viver” (1 Pe 1.15). Diante desse fato
incontestável, acerca da salvação em Cristo Jesus, os salvos, que “em Jesus
dormem” (1 Ts 4.14), serão ressuscitados, e os estiverem vivos, em sua vinda,
serão transformados para o encontro com Jesus nos ares (1 Ts 4.17). Esses
comparecerão perante o Tribunal de Cristo, para serem recompensados por suas
obras, ações, atividades, alegrias e tristezas, êxitos e sofrimentos. O Justo
Juiz saberá avaliar as obras de cada um. “Desde agora, a coroa da justiça me
está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele Dia; e não somente
a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda” (2 Tm 4.8). Os que amam a
vinda do Senhor são conservados irrepreensíveis para encontrar-se com Cristo (1
Ts 5.23).
II
- O Julgamento no Tribunal de Cristo
1.
A Natureza do Tribunal de Cristo
Aqui na terra nenhum tribunal é
instaurado para dar recompensas a ninguém. Via de regra, todos os tribunais são
estabelecidos para julgar casos de infração da lei. Nesses julgamentos,
comparecem pessoas acusadas de crimes ou infrações contra a pessoa humana,
contra a ordem pública, contra o patrimônio público ou privado, e contra outros
entes jurídicos, de acordo com o que é estabelecido nas leis do país. Os que
comparecem aos tribunais, de um lado, são os reclamantes ou os autores de ações
judiciais. De outro, são os réus, acusados de delitos ou descumprimento das
normas legais, acompanhados de seus advogados, que os representam perante o
juiz. O Tribunal de Cristo é o único, no universo, que tem por finalidade fazer
justiça, recompensando as obras dos salvos, com maior ou menor galardão, ou
recompensa. Jesus disse: “E eis que cedo venho, e o meu galardão está comigo
para dar a cada um segundo a sua obra” (Ap 22.12).
2.
Quando Acontecerá?
Logo após o Arrebatamento da
Igreja, os salvos comparecerão perante o Tribunal de Cristo. Naquele tribunal
celeste, os crentes terão o julgamento das obras. De acordo com a Bíblia, o
Tribunal de Cristo ocorrerá antes das Bodas do Cordeiro (Ap 19.7-9), antes
daquela que será a maior e mais gloriosa festa nupcial do universo. Os salvos
em Cristo serão reunidos com Jesus, nos ares, ou nas nuvens (1 Ts 4.13- 17; 2
Ts 2.1). Ali, certamente, Jesus recepcionará a sua Noiva, lhe dará as boas
vindas, e se assentará no trono do seu Tribunal para julgar as obras dos
crentes, e lhes anunciar qual o prêmio ou galardão de cada um pelo que tiver
feito na terra.
3.
Quem Será o Juiz e quem Será Julgado?
O Juiz, como indica a Bíblia, será
nosso Senhor Jesus Cristo. “Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a
qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também
a todos os que amarem a sua vinda” (2 Tm 4.8; ver Jo 5.22). Por isso será
chamado o Tribunal de Cristo (2 Co 5.10). Serão julgados, para receber a
recompensa, todos os crentes: “Porque todos devemos comparecer ante o tribunal
de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo,
ou bem ou mal” (2 Co 5.10 - grifo nosso). A expressão “todos devemos” indica
que se refere aos cristãos fiéis que forem arrebatados, na vinda de Jesus.
III
- As Obras e seu Julgamento
O cristão deve ter cuidado com o
que faz, pois seus atos serão julgados no tribunal de Cristo. “E, tudo quanto
fizerdes, fazei-o de todo o coração, como ao Senhor e não aos homens, sabendo
que re- cebereis do Senhor o galardão da herança, porque a Cristo, o Senhor,
servis. Mas quem fizer agravo receberá o agravo que fizer; pois não há acepção
de pessoas” (Cl 3.23-25).
1.
Os Salvos e as suas Obras
a)
O valor das obras do salvo. Jesus disse: “Assim resplandeça a vossa luz
diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glo- rifiquem o vosso
Pai, que está nos céus” (Mt 5.16 - grifo nosso). São obras, vistas pelos
homens, que demonstram a grande mudança na vida do crente e contribuem para a
glória de Deus. Mesmo assim, elas serão julgadas. Será um julgamento individual
(1 Co 3.13). A salvação do crente em Jesus é pela graça. Não depende das obras
(Ef 2.8,9). Mas as obras dos salvos têm muito valor diante de Deus. As obras
aperfeiçoam a fé (Tg 2.22); as obras justificam a fé (Tg 1.21); e a fé sem as
obras (de salvo) é morta (Tg 2.17) e as obras (da lei, dos atos humanos, da
carne - G1 5.19; 2 Tm 1.9) sem a fé são mortas. A fé salvífica tem que andar
lado a lado com as obras de salvo, demonstradas pela obediência, pela
“santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb 12.14). No Tribunal de
Cristo, serão avaliadas ou julgadas as obras dos salvos, as quais poderão ser
aprovadas ou reprovadas. As que forem aprovadas darão direito ao galardão (cf.
1 Co 3.14,8). Não serão julgados os pecados cometidos na terra. Esses já terão
sido perdoados
por Jesus (Hb 8.12; 10.17).
b)
O testemunho do salvo. As obras dos salvos falam de seu testemunho,
comprovando que os mesmos já morreram para o mundo e são novas criaturas em
Cristo (Mt 5.16; 2 Co 5.17). Precisamos dar bom testemunho perante a igreja e o
mundo. “Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras,
as quais Deus preparou para que andássemos nelas” (Ef 2.10). Somos salvos,
tendo passado pelo processo divino da regeneração. Paulo diz que foi Deus quem
preparou “as boas obras [...] para que andássemos nelas”. De forma mais abrangente,
podemos dizer que será julgado o nosso trabalho, ou a nossa administração, na
casa do Senhor, como mordomos, encarregados das coisas de Deus aqui na terra. É
tarefa por demais sublime para ser tratada de qualquer forma, sem zelo ou
cuidado. Na parábola do mordomo infiel, o seu senhor o chama à prestação de
contas (Lc 16.2). Jesus também nos pedirá a prestação de contas do que nos
entregou para administrar como seus mordomos.
Deus nos concede muitos bens ou
talentos para que façamos a sua obra. No sermão profético, Jesus proferiu a
parábola dos dez talentos. E comparou o seu Reino a um senhor que, tendo de
ausentar-se, entregou todos os seus bens a seus três servos ou mordomos. E deu
a um dez talentos; a outro, cinco, e a outro, apenas um talento (Mt 25.14-30).
Essa parábola nos diz que Deus dá a cada parte dos seus bens, espirituais,
morais, físicos, ministeriais ou eclesiásticos, de acordo com a capacidade de
cada um (Mt 25.15). Os talentos representam nossos recursos, nosso tempo, nossa
vida, nossas habilidades, concedidas por Deus. Notemos que o senhor não dá a
todos a mesma responsabilidade. Desde o dia da conversão, o salvo torna-se
servo de Cristo, e tem o dever espiritual e moral de cooperar na casa do
Senhor. Uns de uma forma, outros, de outra. Cada um conforme a sua capacidade.
2.
Como as Obras Serão Julgadas?
A
precisão do julgamento. O julgamento será tão preciso que é comparado
à passagem de materiais pelo fogo: “a obra de cada um se manifestará; na
verdade, o Dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará
qual seja a obra de cada um. Se a obra que alguém edificou nessa parte
permanecer, esse receberá galardão. Se a obra de alguém se queimar, sofrerá
detrimento; mas o tal será salvo, todavia como pelo fogo” (1 Co 3.13-15). O
Espírito Santo será o assistente naquele julgamento. As obras serão comparadas
a materiais, na linguagem humana. Cada tipo de material simbólico mostra o
tipo, a natureza e a forma com a qual terão sido praticadas pelos crentes, em
todos os lugares do mundo, em todas as igrejas. Vejamos, na seqüência do texto,
a comparação das obras com os respectivos materiais.
2.1.
Obras que Serão Aprovadas
a)
Obras comparadas a ouro. Na Bíblia, o ouro é símbolo das coisas de
Deus, das coisas divinas (Jó 22.23-25; Ap 22.18,22). São obras que são feitas
para a glória de Deus, feitas em comunhão com Ele, “feitas em Deus” (Jo 3.21),
de pleno acordo com sua palavra. O crente que glorifica a Deus com suas obras
está praticando obras comparáveis a ouro (Mt 5.16). São “as boas obras, as
quais Deus preparou para que andássemos nelas” (Ef 2.10). Se tratamos os irmãos
e os outros com o amor de Deus, isso é comparado a ouro. Quando usamos bem os
talentos dados por Deus, realizamos obras “de ouro” (Mt 25.14,20). São obras
que glorifi- cam a Deus: “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para
que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus”
(Mt 5.16 - grifo nosso).
b)
Obras comparadas a prata. Na tipologia bíblica, a prata é símbolo de
redenção. No Antigo Testamento, a redenção dos filhos de Israel era paga em
prata (Êx 30.11-16; Lv 5.15; 27.3). No Novo Testamento, simboliza a redenção
feita por Cristo: “sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou
ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que, por tradição,
recebestes dos vossos pais” (1 Pe 1.18; 1 Co 6.20). São obras feitas em Cristo.
O crente que ganha almas, que prega a Palavra, que dá bom testemunho da sua fé
em Jesus, está realizando obras de prata. Os obreiros do Senhor que cuidam bem
do rebanho realizam obras de prata. Visitar os enfermos, os carentes,
evangelizar, podem ser obras de prata.
c)
Obras comparadas a pedras preciosas. São símbolos do Espírito Santo, ou
da glória de Cristo no crente (ver Jo 17.22). Os crentes que possuem os dons
espirituais (1 Co 12) têm o adorno do Espírito Santo. São obras feitas pelo
poder do Espírito Santo (Fp 3.3; Tt 3.5). É adorar a Deus “em Espírito e em verdade”
0o 4.23). São obras na unção do Espírito Santo. Evangelizar, pregar, cantar na
unção, podem ser pedras preciosas. E o testemunho eloqüente do servo ou da
serva de Deus, andando de acordo com a sã doutrina (Tt 2.10).
As obras que forem comparadas aos três
materiais acima serão aprovadas, e os seus praticantes terão galardão de Deus
(1 Co 3.13,14).
2.2.
Obras que Perecerão
“Se a obra de alguém se queimar,
sofrerá detrimento; mas o tal será salvo, todavia como pelo fogo” (1 Co 3.15).
Esse texto mostra que haverá crentes cujas obras não serão aprovadas no
julgamento de Deus, no Tribunal de Cristo. São obras mortas, obras que não têm
valor diante de Deus. São obras que alguns crentes praticam, para sua própria
glória, mas não glorificam a Deus. São obras feitas por muitos de modo
relaxado, sem o zelo necessário a quem serve a Deus. As obras não serão
recompensadas, mas “o tal será salvo, todavia como pelo fogo”. Isso quer dizer
que, como não se trata de julgamento de pecados, quem pratica tais obras poderá
ser salvo, mas sem recompensas ou galardões. Não haverá inveja ou tristeza,
pois tais sentimentos são carnais e não entrarão no céu. Só o fato de chegar lá
já será motivo de grande alegria. Mas é melhor fazer o melhor para Deus.
a)
Obras comparadas a madeira. Na Bíblia, madeira é símbolo das coisas
humanas. E uma figura da árvore, que cresce por si mesma. Há crentes que fazem
muitas coisas, mas buscando a glória humana. No fogo do julgamento, elas vão
desaparecer. Há quem trabalha muito nas igrejas, mas não o fazem para a glória
de Deus. Não terão o reconhecimento por parte do Senhor.
b)
Obras comparadas a feno. Feno é capim, é erva seca. São obras
aparentes, mas sem consistência, como erva seca (Is 15.6). O capim precisa ser
renovado. É coisa perecível (Is 51.12). Representam obras de crentes que fazem
muita coisa para aparecer. A preocupação deles é com a quantidade, e não com a
qualidade. Um monte de feno pode ser muito grande, mas, no fogo, desaparece em
segundos. Não haverá galardão para esse tipo de obra. Pregar para aparecer;
pregar por dinheiro; cantar para aparecer, para ter a glória dos homens,
buscando o aplauso das multidões, sem dúvida alguma, são obras de feno;
aparecem muito, mas não têm consistência, e já receberam seu galardão, em
termos de dinheiro; nada terão lá, no céu. “Já receberam o seu galardão”, aqui
mesmo (cf. Mt 6.2,5,16).
c)
Obras comparadas a palha. A madeira tem certa consistência, mas a palha
é muito fraca. Não resiste à força do fogo. O vento leva com facilidade (SI
1.4; Jó 21.18; Os 13.3). É instável. Não pode se misturar com o trigo (Jr
23.28). Segundo o Pr. Eurico
Bergstén, “Palha também fala de
escravidão: foi palha que os israelitas tiveram de colher no Egito (Ex 5.7).
Devemos, portanto, servir a Deus na liberdade do Espírito, e não numa
escravidão imposta por nós mesmos ou por outros”. Palha representa obras sem
firmeza. Há crentes que não sabem o que querem na vida cristã. Vivem mudando o
tempo todo. Mudam de cargo, mudam de igreja com facilidade. São levados por
“todo vento de doutrina” (Ef 4.14).
As obras que forem comparadas a
esses três últimos tipos de materiais não ensejarão galardões: “Se a obra de
alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas o tal será salvo, todavia como pelo
fogo” (1 Co 3.15). Deus é um Deus de bondade, de amor, e também de justiça. No
seu julgamento, Ele não falhará: “[...] porque vem a julgar a terra; com
justiça julgará o mundo e o povo, com equidade” (SI 98.9). Ninguém escapará do
julgamento de Deus. No Juízo Final, os ímpios darão contas de todas as suas
obras de impiedade que cometeram (SI 9.17). “Porque está escrito: Pela minha
vida, diz o Senhor, todo joelho se dobrará diante de mim, e toda língua confessará
a Deus. De maneira que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus” (Rm
14.11,12 - grifo nosso). Mais uma vez, Paulo usa o verbo de forma inclusiva, em
relação aos crentes - “cada um de nós”, mostrando que cada crente dará contas a
Deus de todas as obras que houverem praticado aqui. Sem dúvida, é uma alusão ao
Tribunal de Cristo.
III
- Os Galardões dos Salvos em Cristo
Galardão significa prêmio,
recompensa. Os salvos em Cristo, que participarem do arrebatamento da igreja,
serão reunidos nas regiões celestiais para receberem o seu galardão,
individualmente, conforme a avaliação de Cristo. A entrega dos galardões é
prevista por Jesus: “E eis que cedo venho, e o meu galardão está comigo para
dar a cada um segundo a sua obra” (Ap 22.12 - grifo nosso). Cada crente é
considerado um “despenseiro de Deus”, que deve trabalhar com fidelidade para
ser reconhecido por seu Senhor: “Que os homens nos considerem como ministros de
Cristo e despenseiros dos mistérios de Deus. Além disso, requer-se nos
despenseiros que cada um se ache fiel. [...]
Portanto, nada julgueis antes do
tempo, até que o Senhor venha, o qual também trará à luz as coisas ocultas das
trevas e manifestará os desígnios dos corações; e, então, cada um receberá de
Deus o louvor” (1 Co 4.1,2,5). Cada crente receberá o galardão e o louvor da
parte de Deus pelo que houver realizado na igreja e em sua vida pessoal. Na
Bíblia, vemos alguns tipos de galardões e a quem se destinam.
a)
Coroa da vida. E o galardão previsto para todos os salvos, que
permaneceram fiéis até à morte ou à vinda de Jesus. “Bem-aventurado o varão que
sofre a tentação; porque, quando for provado, receberá a coroa da vida, a qual
o Senhor tem prometido aos que o amam” (Tg 1.12; Ap 2.10).
b)
Coroa da vitória. E o prêmio para todo o salvo, que vencer as lutas e
tentações da vida terrena. “E todo aquele que luta de tudo se abstém; eles o
fazem para alcançar uma coroa corruptível, nós, porém, uma incorruptível” (1 Co
9.25). O crente fiel se abstém de tudo o que não agrada a Deus, mesmo com perda
de vantagens, posições ou lucros, por causa da coroa incorruptível que receberá
no julgamento de suas obras. A vitória é sua chegada aos céus, ao lado de todos
os salvos, na vinda de Jesus.
c)
Coroa de glória. E a recompensa especial para os obreiros do Senhor,
que labutam na sua obra, com fidelidade, humildade, desprendimento e amor.
“Apascentai o rebanho de Deus que está entre vós, tendo cuidado dele, não por
força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto; nem
como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho.
E, quando aparecer o Sumo Pastor, alcançareis a incorruptível coroa de glória”
(1 Pe 5.2-4).
d)
Coroa de gozo. É o galardão do ganhador de almas, daquele que,
além de ser fiel, vencer as tentações e as barreiras da vida, esforça- se para
ganhar almas para o Reino de Deus (Pv 11.30; Dn 12.3). Não só pastores,
evangelistas e dirigentes de igrejas, mas muitos pregadores e evangelizadores
anônimos, que fazem um excelente trabalho, divulgando o evangelho de Cristo,
nas casas, nas ruas, nos hospitais, nas escolas, em toda a parte;
principalmente em lugares, onde arriscam a própria vida para tornar Cristo
conhecido. “Porque qual é a nossa esperança, ou gozo, ou coroa de glória?
Porventura, não o sois vós também diante de nosso Senhor Jesus Cristo em sua
vinda? Na verdade, vós sois a nossa glória e gozo” (1 Ts 2.19,20; Fp 4.1).
e)
Coroa da justiça. É o prêmio ou recompensa dos que per- severam até o
fim de sua jornada. Como disse Paulo: “Combati o bom combate, acabei a
carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a
qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também
a todos os que amarem a sua vinda” (2 Tm 4.7,8). Jesus disse: “E sereis
aborrecidos por todos por amor do meu nome; mas quem perseverar até ao fim,
esse será salvo” (Mc 13.13). E o coroamento da vida do crente, “pelas veredas
da justiça” (SI 23.3b).
f)
Galardão de servos. São recompensas que Jesus dará a todos os que
servem a seus servos, na condição de profeta, justo, pequeninos ou discípulos.
“Quem recebe um profeta na qualidade de profeta receberá galardão de profeta; e
quem recebe um justo na qualidade de justo, receberá galardão de justo. E
qualquer que tiver dado só que seja um copo de água fria a um destes pequenos,
em nome de discípulo, em verdade vos digo que de modo algum perderá o seu galardão”
(Mt 10.41,42).
Esses galardões, com poucas
exceções, como no caso do galardão de obreiros ou de ganhadores de almas, podem
ser recebidos por todos os crentes fiéis e santos que aguardam a vinda de
Jesus. No Tribunal de Cristo, eles verão que valeu a pena suportar as aflições
do tempo presente: “Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo
presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada” (Rm
8.18). Jesus é que fará a criteriosa avaliação das obras dos salvos para dar a
cada um conforme o seu trabalho (Ap 22.12).
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