“Porque
o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a
trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro; depois,
nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens,
a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor" (1
Ts 4.16,17).
Já
sabemos que a volta do Senhor Jesus dar-se-á em duas fases. A primeira fase
corresponde ao arrebatamento da Igreja, quando Jesus cumprirá o que prometeu
aos seus discípulos, em relação ao seu retorno para buscá-los e levá-los para o
céu. Na última reunião com eles, antes de sua morte, e percebendo que estavam
preocupados com o que dissera sobre a ida a Jerusalém e ser morto, Jesus lhes
disse: “Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na
casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito,
pois vou preparar-vos lugar. E, se eu for e vos preparar lugar, virei outra vez
e vos levarei para mim mesmo, para que, onde eu estiver, estejais vós também”
(Jo 14.1-3 - grifo nosso).
Os
Testemunhas de Jeová costumam abordar crentes, novos convertidos, dizendo-lhes
que ninguém vai para o céu. No entanto, o texto citado indica claramente que
Jesus tranquilizou seus seguidores, prometendo-lhe vir “outra vez” e levá-los
para si mesmo, para que, onde Ele estivesse, eles haveriam de estar. Em Atos
1.11, o texto diz que Jesus “foi recebido em cima nos céus”. Jesus prometeu
buscar seus servos para estar com eles. Muitos caem nas armadilhas dos hereges
por não conhecerem as Escrituras. Isso é um grande erro (Mt 22.29).
Antes
de ascender aos céus, após a sua ressurreição, Jesus apareceu e reuniu-se com
os discípulos cerca de dez vezes, no espaço de quarenta dias. Lucas refere-se a
esse período com detalhes muito importantes, dandolhes suas preciosas
instruções antes da despedida: “aos quais também, depois de ter padecido, se
apresentou vivo, com muitas e infalíveis provas, sendo visto por eles por
espaço de quarenta dias e falando do que diz respeito ao Reino de Deus” (At
1.3). Naquela, que foi a última reunião com os apóstolos, eles demonstraram sua
inquietação acerca dos últimos tempos, especificamente sobre a restauração do
reino a Israel. O momento da ascenção foi marcado pela resposta de Jesus, que
lhes disse: “[...] Não vos pertence saber os tempos ou as estações que o Pai
estabeleceu pelo seu próprio poder. Mas recebereis a virtude do Espírito Santo,
que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém como em
toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra. E, quando dizia isto,
vendo-o eles, foi elevado às alturas, e uma nuvem0 recebeu, ocultando-o a seus
olhos” (At 1.7-9).
Podemos
imaginar a estupefação no olhar dos apóstolos, ao contemplarem aquele quadro
jamais visto por eles, ao verem Jesus vencendo a lei da gravidade, e subindo,
subindo, até ser oculto por uma nuvem e desaparecer no espaço. Seus corações
aceleravam-se pelo inusitado acontecimento diante de seus olhos. Mas, antes que
suas esperanças se dissipassem, por não mais verem seu Mestre, Senhor e Pastor,
imediatamente, dois mensageiros celestiais foram enviados para tranquilizá-los.
“E, estando com os olhos fitos no céu, enquanto ele subia, eis que junto deles
se puseram dois varões vestidos de branco, os quais lhes disseram: Varões
galileus, por que estais olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi
recebido em cima no céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir” (At
1.10,11- grifo nosso). Sim, Jesus voltará, creiam ou não creiam os ímpios,
creiam ou não creiam os teólogos incrédulos. Ele é Fiel.
1 - Todos os Salvos Serão
Arrebatados
1.
O Encontro com Jesus nos Ares
a) A reunião dos salvos no
encontro com Cristo.
O arrebatamento da Igreja se dará por ocasião da primeira fase da vinda de
Jesus. A palavra arrebatamento, na língua original do Novo Testamento, o grego,
é harpazó, e dá a ideia de rapto, ou de remoção repentina, de modo súbito. O
arrebatamento da Igreja reunirá os que morreram em Cristo, isto é, confessaram
a Jesus como seu Salvador e permaneceram fiéis até à morte para receberem “a
coroa da vida” (Ap 2.10), e os que estiverem vivos, aguardando o glorioso
evento. No arrebatamento da Igreja, haverá a união dos que “em Jesus dormem”
(que morreram) com os que serão transformados (1 Ts 4.13). Paulo expressa essa
verdade de modo muito claro, demonstrando que os mortos serão ressuscitados e
arrebatados dos seus túmulos ou dos locais onde morreram.1
b) A precedência dos
ressuscitados. “Dizemo-vos, pois, isto pela
palavra do Senhor: que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não
precederemos os que dormem. Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e
com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo
ressuscitarão primeiro” (1 Ts 4.15,16). É a precedência honrosa que Deus
concederá aos “que morreram em Cristo”. Serão arrebatados primeiro, ainda que
num “abrir e fechar de olhos”.
Na
ressurreição, o corpo dos salvos, ainda que transformados em pó, carbonizados
ou comidos por peixes ou feras, serão trazidos à existência pelo poder de Deus,
pela energia criadora de sua palavra: [...] a saber, Deus, o qual vivifica os
mortos e chama as coisas que não são como se já fossem” (Rm 4.17). A
ressurreição dos salvos para serem arrebatados é a vitória sobre a morte, “o
último inimigo” a ser aniquilado (1 Co 15. 26). A segunda ressurreição será
para os ímpios, após o Milênio (Ap 20.5).
2. Quem Será Arrebatado
O
arrebatamento dos salvos, ressuscitados e transformados, será repentino. Diante
disso, o crente fiel deve estar preparado para “a última grande viagem”, em
direção aos céus, à presença gloriosa de Deus, para habitar na nova Jerusalém”.
Só chegarão aos céus aqueles que forem vencedores. Na jornada da vida cristã, o
caminho é estreito e tem “altos e baixos”, em termos de momentos e eventos que
nos alcançam. Graças a Deus, na maior parte do tempo, para a maioria dos
salvos, a vida é “um banquete contínuo” (Pv 15.15). Mas nem sempre é assim.
Hora estamos nos montes, hora estamos nos vales. Experimentamos alegrias,
prazer divinal, e também vivenciamos momentos de tristeza e decepções.
Nessa
alternância de fatos, muitos não conseguem seguir em frente, e se deixam vencer
pelo desânimo, pelo cansaço espiritual, e caem à beira do caminho. Uns voltam à
vida de pecado; outros tornam-se descrentes ou ateus; outros apostatam da fé.
São derrotados. Mas, no arrebatamento, não haverá derrotados, vencidos,
fracassados ou desviados. Só estarão inscritos os vencedores. Jesus disse a João,
na Ilha de Patmos: “A quem vencer, eu o farei coluna no templo do meu Deus, e
dele nunca sairá; e escreverei sobre ele o nome do meu Deus e o nome da cidade
do meu Deus, a nova Jerusalém, que desce do céu, do meu Deus, e também o meu
novo nome” (Ap 3.12). Será o coroamento da carreira cristã.
Paulo
aproveitou a figura de uma corrida, nas Olimpíadas gregas, comparando a vida do
crente com um atleta que luta ou corre, visando alcançar um prêmio nas
competições. “E todo aquele que luta de tudo se abstém; eles o fazem para
alcançar uma coroa corruptível, nós, porém, uma incorruptível. Pois eu assim
corro, não como a coisa incerta; assim combato, não como batendo no ar. Antes,
subjugo o meu corpo e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu
mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado” (1 Co 9.25- 27). Por tudo
isso, que é tão glorioso e além do que a mente humana possa avaliar, é que João
diz: “Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifesto o que havemos
de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele;
porque assim como é o veremos. E qualquer que nele tem esta esperança
purifica-se a si mesmo, como também ele é puro” (1 Jo 3.2,3).
II - O que Ocorrerá no
Arrebatamento
Na
sua primeira vinda, para proclamar seu evangelho de salvação, Jesus palmilhou
esta terra, pisou no chão, andou de sandálias, andou de barco, dormiu em lugar
incerto, nas cidades, aldeias e distritos; Ele “se fez carne e habitou entre
nós” (Jo 1.14). Contudo, na primeira fase de sua vinda, quando haverá o
arrebatamento da Igreja, Jesus não tocará na terra. Ele estará “nos ares” ou
“nas nuvens” (1 Ts 4.17). Nenhum teólogo ou cientista cristão poderá explicar
como os crentes fiéis serão arrebatados. E um mistério que só a fé pode aceitar
como real e factual.
1. A Ressurreição dos Mortos
A
ressurreição dentre os mortos é doutrina que faz parte eminentemente do
patrimônio da fé cristã. No tempo de Paulo, ele sentiu necessidade de ensinar à
igreja de Corinto sobre esse importante tema da vida da Igreja. Corinto era uma
cidade grega. E os gregos acreditavam na alma, e que esta seria imortal, mas
não criam na ressureição dos mortos. Entendiam que o corpo é uma “prisão da
alma” e que não faria sentido libertar-se dessa prisão e retomar para outro
corpo e continuar com a alma encarcerada.
a) Dúvidas quanto à
ressurreição.
Com essa visão, até mesmo os crentes eram influenciados pela descrença quanto à
ressurreição. Havia, mesmo entre os crentes, quem não cresse na ressurreição.
Escreveu Paulo aos crentes de Corinto: “Ora, se se prega que Cristo ressuscitou
dos mortos, como dizem alguns dentre vós que não há ressurreição de mortos? E,
se não há ressurreição de mortos, também Cristo não ressuscitou” (1 Co
15.12,13). O tema da ressurreição é de tamanha significância que só se pode
entender pela fé. A lógica racional, que dominava a mente dos primeiros crentes
por influência da cultura grega, bem como o entendimento lógico dos homens, nos
dias presentes, inclui a ressurreição na ideia de que a Bíblia é cheia de
mitos.
A
falta de fé na doutrina da ressurreição dos mortos é tão grave que resulta em
questionamentos que podem desacreditar a mensagem do evangelho, o papel dos
pregadores e a certeza da salvação. Paulo argumentou em sua carta aos
coríntios: “E, se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também
é vã a vossa fé. E assim somos também considerados como falsas testemunhas de
Deus, pois testificamos de Deus, que ressuscitou a Cristo, ao qual, porém, não
ressuscitou, se, na verdade, os mortos não ressuscitam. Porque, se os mortos
não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, é
vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados. E também os que dormiram
em Cristo estão perdidos. Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais
miseráveis de todos os homens (1 Co 15.14-19).
Existem
teólogos, que na verdade nem mereceriam esse nome, que se valem de argumentos
racionais e humanistas, para negarem o fato da ressurreição. Rudolf Bultmann
(1884-1976) afirmava que a Bíblia está cheia de mitos. Daí, suas ideias serem
denominadas ' Teologia do Mito . Segundo essa teologia, pode-se crer em Jesus
como Salvador, sem ter que crer em seu nascimento virginal, em sua
ressurreição, ou na sua segunda vinda; Deus não se revela milagrosamente no
tempo e no espaço. “O homem moderno pensa de modo científico, em categorias
rigorosamente causais”.2 São especulações humanas, que em nada abalam o
alicerce da inspiração da Bíblia, como revelação de Deus ao homem.
b) A garantia da
ressurreição. A
Palavra de Deus assegura-nos que os mortos hão de ressuscitar. “Porque, se
cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem
Deus os tornará a trazer com ele” (1 Ts 4.14). Paulo também diz: “Porque, assim
como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um
homem” (1 Co 15.21). Creiam ou não creiam os ímpios, queiram ou não queiram os
materialistas, que dizem que, na morte, o ser humano é igual a um animal
irracional, nada mais restando, a não ser a decomposição orgânica e o pó, os
que morreram em Cristo, em fidelidade e santidade, tornarão a viver, e farão
parte da “primeira ressurreição (cf. Ap 5.6). O corpo dos salvos que estiverem
mortos, não importa há quantos anos ou séculos, não importa a forma como
morreram, de velhice, de doença, de acidente, etc., haverá a poderosa ação do
Espírito Santo, transmutando seus corpos em corpos gloriosos: “Assim também a
ressurreição dos mortos. Semeia-se o corpo em corrupção, ressuscitará em
incorrupção. Semeia-se em ignomínia, ressuscitará em glória. Semeia-se em
fraqueza, ressuscitará com vigor” (1 Co 15.42,43).
c) A primeira ressurreição. Após valer-se da dialética,
Paulo afirma com convicção plena que a ressurreição não pode ser questionada,
mas é um fato real, admitido pela fé, que tem por base e referência a
ressurreição de Cristo, como o primeiro a reviver pelo poder sobrenatural de
Deus, tornando-se a garantia de que todos os que morreram nele haverão de
reviver. Ele diz, no início de sua carta, que Cristo “ressuscitou, segundo as
escrituras” (1 Co 15.4b); “Mas, agora, Cristo ressuscitou dos mortos e foi
feito as primícias dos que dormem. Por- que, assim como a morte veio por um
homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem. Porque, assim como
todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo. Mas cada
um por sua ordem: Cristo, as primícias; depois, os que são de Cristo, na sua
vinda” (1 Co 15.20-23). Neste estudo, estamos discorrendo sobre a “primeira
ressurreição” (Ap 20.5). A ressurreição dos salvos. O primeiro, ou “as
primícias”, a dar início à primeira ressurreição, foi Jesus. Ninguém reviveu,
vencendo a morte física, antes dEle. Depois que Ele ressuscitou, houve a
ressurreição de muitos servos de Deus, que estavam nos sepulcros. “E abriram-se
os sepulcros, e muitos corpos de santos que dormiam foram ressuscitados” (Mt
27.52); eles também fazem parte da primeira ressurreição; mais dois grupos
também farão parte desse evento glorioso: “as duas testemunhas” (Ap 11.1-12,
ler especialmente v. 12 - “subi cá”); e o último grupo dos “mártires”, que
aceitarão a Cristo na “grande tribulação” (Ap 7.9-17).
Na
revelação do Apocalipse, o próprio Jesus Cristo diz a João: “Não temas; eu sou
o Primeiro e o Ultimo e o que vive; fui morto, mas eis aqui estou vivo para
todo o sempre. Amém! E tenho as chaves da morte e do inferno” (Ap 1.17b,18 -
grifo nosso). A ressurreição dos mortos e a transformação dos vivos será um
processo de tão grande complexidade, que só pela fé podemos acreditar. Como
corpos que sequer existirão mais nos túmulos, ou desaparecidos em meio a
catástrofes, poderão se recompor e assumir a condição de corpos incorruptíveis,
gloriosos. Paulo diz: “E, quando isto que é corruptível se revestir da
incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então,
cumprir-se-á a palavra que está escrita: Tragada foi a morte na vitória” (1 Co
15.54).
2. A Transformação dos Vivos
a) O processo da
transformação.
De igual modo, a transformação do corpo dos vivos será algo inimaginável à
mente humana. Num instante, num átimo de tempo, “num momento, num abrir e
fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos
ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados” (1 Co 15.52). Como
se dará essa metamorfose? Não ousamos especular. Mas entendemos que o Criador,
que fez todas as coisas passarem a existir a partir do nada, também fará a
transformação dos corpos físicos, corrompidos e mortais se tornarem corpos
espirituais, semelhantes ao corpo glorioso de Cristo, ao ressuscitar ao
terceiro dia, da tumba em Jerusalém. Seu corpo, o mesmo que foi sepultado,
ressurgiu resplandecente, capaz de atravessar as paredes, e se deslocar no
espaço sem auxílio de qualquer objeto ou equipamento material. Ele deu uma
amostra do que seria o corpo ressurreto quando se transfigurou no monte da
Transfiguração (Mt 17.2).
Os
salvos que estiverem vivos, quando da volta de Jesus, passarão por um processo
sobrenatural instantâneo, pelo qual serão, primeiramente, transformados e, ato
contínuo à ressurreição dos salvos, serão arrebatados com eles. Diz a Bíblia:
“depois, nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas
nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor”
(1 Ts 4.17 - grifo nosso). A transformação dos vivos é descrita por Paulo de
forma bem interessante: “Eis aqui vos digo um mistério: Na verdade, nem todos
dormiremos, mas todos seremos transformados, num momento, num abrir e fechar de
olhos, ante a última trombeta; porque a trom- beta soará, e os mortos
ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque convém que
isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade e que isto que é mortal
se revista da imortalidade” (1 Co 15.5-53), O apóstolo ressalta a transformação
sobrenatural do corpo corruptível (que se decompõe) em um corpo incorruptível,
que não pode mais envelhecer, adoecer e morrer. Enfatiza a vitória sobre a
morte, quando o corpo do salvo se tornará imortal, pela ressurreição ou pela
transformação, por se tomar espiritual e glorificado.
b) A necessidade da
transformação.
“A transformação dos vivos é necessária. Diz a Bíblia “que carne e sangue não
podem herdar o Reino de Deus, nem a corrupção herda a incorrupção” (1 Co
15.50). Na condição natural, biológica, limitada, ninguém pode sequer chegar às
nuvens sem aparelhos especiais de sobrevivência. Astronautas usam trajes
espaciais, adaptados para a rarefação do ar atmosférico. Nas estações
espaciais, por mais modernas que sejam, os cientistas criam condições especiais
para os que nela passam alguns dias e têm que voltar à Terra. Os mortos, ao
ressuscitarem, terão corpo semelhante ao de Jesus, após sua ressurreição (Fp
3.21), e estarão de imediato em condições de subir aos céus, sem auxílio de
qualquer equipamento fabricado pelo homem.
Assim,
a transformação é o processo sobrenatural, em que o corpo, formado por tecidos,
células, sangue e outros elementos físicos, será transformado num corpo
glorioso, idêntico ao dos ressuscitados, com que poderão ir ao encontro do
Senhor nos ares”, ou literalmente, nas nuvens.
III - O Antes e o Depois do
Arrebatamento
1. A Necessidade da
Vigilância
Diante
dessa realidade espiritual tão profunda, todo crente que espera a volta de
Jesus, deve estar preparado a cada dia, a cada instante. Ao deitar, o crente,
jovem ou adulto, precisa estar com sua “bagagem” espiritual pronta, pois,
quando “a trombeta de Deus” tocar, anunciando a volta de Cristo, não haverá
mais tempo, um segundo sequer, para alguém se preparar. O pai crente não poderá
avisar ao filho que se prepare; não poderá chamar sua filha, que estiver
desviada, para que deixe sua vida de pecaminosidade; o filho crente não poderá
acordar seu pai e dizer que “Jesus está voltando”; o esposo salvo não poderá
despertar a esposa, dizendo que “chegou a hora”; nem a esposa salva poderá
alertar ao marido descrente que Jesus está chamando. Não! Todos esses alertas
devem ser dados agora, no dia que se chama hoje. Porque, no arrebatamento, os
eventos finais serão de uma rapidez fulminante, “num abrir e fechar de olhos”
(1 Co 15.51).
2. E Viverão Felizes para
Sempre
As
histórias de amor, na literatura romântica, na ficção, sempre terminam com a
frase “e viveram felizes para sempre”. Na maioria dos casos narrados, a
história não passa de uma imaginação fértil do escritor das obras de contos
infantis ou juvenis. No entanto, a história de amor de Deus para com o homem é
diferente. Ela é real. Jesus é a expressão máxima do amor de Deus (Jo 3.16).
Nada é fictício, nada é mito ou fábula. Tudo é real e eterno. A Igreja, a
“Noiva do Cordeiro”, há de se encontrar com Ele, “o Noivo”, nas nuvens, a fim
de viverem felizes para todo o sempre. O começo da História da Igreja foi de
perseguições cruéis, quando muitos crentes pagaram com a própria vida. Ao longo
dos séculos, a Noiva de Jesus tem sofrido coisas inimagináveis. Foi perseguida
pelos judeus; foi perseguida de forma mais cruel pelo Império Romano, que quis
eliminar o cristianismo da face da terra; foi atacada de modo mortal pelo
materialismo ateu, começando no Iluminismo, quando a fé foi substituída na
mente de muitos homens pelas conclusões das ciências; no século passado, o
materialismo investiu pesado contra a Igreja. O comunismo ateu foi implacável e
planejou a destruição da fé cristã, matando crentes, banindo pastores e
fechando igrejas.
Mas
em todos esses embates, a Igreja de Cristo, a Noiva do Cordeiro, saiu
vitoriosa. Porque Ele disse: “[...] edificarei a minha igreja, e as portas do
inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16.18). No século atual, há
perseguições terríveis, como vimos no capítulo 2, mas a Noiva do Senhor subirá
ao encontro dEle, para encontrá-lo “nas nuvens” (1 Ts 4.17). O apóstolo João,
em sua primeira Carta, exorta os crentes a se manterem fiéis e puros,
aguardando a volta do Senhor: “Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não
é manifesto o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar,
seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos. E qualquer que nele
tem esta esperança purifica-se a si mesmo, como também ele é puro” (1 Jo
3.2,3). Em breve, haverá as “Bodas do Cordeiro”, quando haverá a união da
Noiva, a Igreja, com seu Noivo, elevada à condição de esposa eterna;
“Regozijemo-nos, e alegremo-nos, e demos-lhe glória, porque vindas são as bodas
do Cordeiro, e já a sua esposa se aprontou” (Ap 19.7). Vale a penas ser crente,
mas se for para ir para o céu.
O Tribunal de Cristo e os
Galardões
“Porque
todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba
segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem ou mal” (2 Co 5.10).
Na
primeira fase da sua volta (arrebatamento), Jesus vem “para” os seus. Na
segunda fase, Ele virá “com” os seus para estabelecer o seu Reino, no Milênio,
e implantar o perfeito estado eterno.
Os
cristãos, em grande número, esperam a volta do Senhor como um evento “muito
distante”, ou bastante “remoto”, a ponto de não se preocuparem com sua vida,
seu comportamento e testemunho; não se importarem com suas atitudes e práticas,
como se, no final, tudo possa ser arranjado, ajustado e resolvido, perante
Deus. Mas essa visão pouco séria do que significa a volta de Cristo para buscar
a sua Igreja terá certamente conseqüências eternas de grande repercussão no
futuro de muita gente. Já vimos que a volta de Jesus encontrará o mundo,
incluindo os crentes, como “nos dias de Noé”, quando a humanidade só se
preocupava com as coisas da vida terrena, e não dava o menor valor às coisas
espirituais, “até que veio o dilúvio e consumiu a todos” (Lc 17.17).
Também
sabemos que, na volta do Senhor, a terra estará vivendo como “nos dias de Ló”,
o velho patriarca, que, em meio à corrupção de seu tempo, soube ficar
vigilante, mantendo sua comunhão com Deus, ainda que nem toda a sua família o
acompanhou em sua vida de santidade, e Deus destruiu Sodoma, Gomorra e cidades
vizinhas, mandando fogo do céu, como juízo sobre a impiedade daquela gente que
debochava de Deus, especialmente no que tange à sexualidade. Diante desses
fatos, a exortação de Cristo é para que seus servos vigiem: “Vigiai, pois,
porque não sabeis a que hora há de vir o vosso Senhor” (Mt 24.42).
Mas
há outro motivo, de grande importância, diante do qual a Igreja de Jesus,
formada pelos salvos, em todos os tempos e lugares, esteja preparada, em termos
espirituais, morais e éticos. E que está prevista uma prestação de contas, à
qual terão que responder todos os crentes, desde o princípio do mundo até o dia
do arrebatamento da Igreja. Esse evento se dará no “Tribunal de Cristo”. Não se
trata do Juízo final, que será instaurado para o julgamento dos ímpios (Ler Ap
20.11-15). Será um tribunal para julgar as obras e os atos dos crentes, nas
igrejas, ao longo dos tempos. Diz Paulo: “Porque todos devemos comparecer ante
o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por
meio do corpo, ou bem ou mal” (2 Co 5.10; Rm 14.10).
I - Definição e Conceituação
1. Os Dois Tribunais
Haverá
dois julgamentos, em que as pessoas serão julgadas. No tribunal de Cristo,
serão avaliadas as obras dos salvos. No tribunal do Grande Trono Branco, ou no
Juízo Final, os ímpios serão julgados, segundo as suas obras (Jr 32.19). Até as
palavras serão julgadas. “Mas eu vos digo que de toda palavra ociosa que os
homens disserem hão de dar conta no Dia do Juízo. Porque por tuas palavras
serás justificado e por tuas palavras serás condenado” (Mt 12.36,37).
2. O que Será o Tribunal de
Cristo
Será
o julgamento das obras dos salvos, praticadas na terra, para receberem, ou não,
o galardão correspondente. Não se tratará de julgamento de pecados, pois já são
salvos. Os ímpios é que passarão pelo julgamento de suas obras e pecados, no
juízo do Trono Branco, após
0
Milênio (cf. Ap 20.11-15). “E o julgamento dos servos de Deus, quanto às suas
obras na terra (2 Co 5.10; Rm 14.10). [...] Não seremos julgados quanto à nossa
posição e condição de salvos que temos em Cristo, e sim quanto ao nosso desempenho
como servos do Senhor”.
Segundo
Olson, “Esse julgamento não foi estabelecido para determinar se as pessoas que
diante dele comparecerem serão culpadas ou inocentes, isto é, salvas ou
perdidas, uma vez que este julgamento é exclusivamente para os salvos. A
questão individual já foi resolvida, há muito. Agora se trata da questão de
recompensas, que será resolvida conforme a fidelidade ou infidelidade do
crente, como mordomo na casa do Mestre (1 Co 3.11-15)”.
3. Nenhuma Condenação para
os Salvos
Os
salvos em Cristo Jesus, desde que permaneçam fiéis, em santificação, não mais
passarão por qualquer tipo de condenação. “Portanto, agora, nenhuma condenação
há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas
segundo o espírito” (Rm
8.1).
Estar “em Cristo Jesus” é a condição indispensável para ter sido salvo e
permanecer salvo. O salvo não perde a salvação, “se” estiver em comunhão com
Cristo, se viver em santificação. “[...] mas, como é santo aquele que vos
chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver” (1 Pe 1.15).
Diante desse fato incontestável, acerca da salvação em Cristo Jesus, os salvos,
que “em Jesus dormem” (1 Ts 4.14), serão ressuscitados, e os estiverem vivos,
em sua vinda, serão transformados para o encontro com Jesus nos ares (1 Ts
4.17). Esses comparecerão perante o Tribunal de Cristo, para serem
recompensados por suas obras, ações, atividades, alegrias e tristezas, êxitos e
sofrimentos. O Justo Juiz saberá avaliar as obras de cada um. “Desde agora, a
coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele
Dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda” (2 Tm
4.8). Os que amam a vinda do Senhor são conservados irrepreensíveis para
encontrar-se com Cristo (1 Ts 5.23).
II - O Julgamento no
Tribunal de Cristo
1. A Natureza do Tribunal de
Cristo
Aqui
na terra nenhum tribunal é instaurado para dar recompensas a ninguém. Via de
regra, todos os tribunais são estabelecidos para julgar casos de infração da lei. Nesses
julgamentos, comparecem pessoas acusadas de crimes ou infrações contra a pessoa
humana, contra a ordem pública, contra o patrimônio público ou privado, e
contra outros entes jurídicos, de acordo com o que é estabelecido nas leis do
país. Os que comparecem aos tribunais, de um lado, são os reclamantes ou os
autores de ações judiciais. De outro, são os réus, acusados de delitos ou
descumprimento das normas legais, acompanhados de seus advogados, que os
representam perante o juiz. O Tribunal de Cristo é o único, no universo, que
tem por finalidade fazer justiça, recompensando as obras dos salvos, com maior
ou menor galardão, ou recompensa. Jesus disse: “E eis que cedo venho, e o meu
galardão está comigo para dar a cada um segundo a sua obra” (Ap 22.12).
2. Quando Acontecerá?
Logo
após o Arrebatamento da Igreja, os salvos comparecerão perante o Tribunal de
Cristo. Naquele tribunal celeste, os crentes terão o julgamento das obras. De
acordo com a Bíblia, o Tribunal de Cristo ocorrerá antes das Bodas do Cordeiro
(Ap 19.7-9), antes daquela que será a maior e mais gloriosa festa nupcial do
universo. Os salvos em Cristo serão reunidos com Jesus, nos ares, ou nas nuvens
(1 Ts 4.13- 17; 2 Ts 2.1). Ali, certamente, Jesus recepcionará a sua Noiva, lhe
dará as boas vindas, e se assentará no trono do seu Tribunal para julgar as
obras dos crentes, e lhes anunciar qual o prêmio ou galardão de cada um pelo
que tiver feito na terra.
3. Quem Será o Juiz e quem
Será Julgado?
O
Juiz, como indica a Bíblia, será nosso Senhor Jesus Cristo. “Desde agora, a
coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele
Dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda” (2 Tm
4.8; ver Jo 5.22). Por isso será chamado o Tribunal de Cristo (2 Co 5.10).
Serão julgados, para receber a recompensa, todos os crentes: “Porque todos
devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o
que tiver feito por meio do corpo, ou bem ou mal” (2 Co 5.10 - grifo nosso). A
expressão “todos devemos” indica que se refere aos cristãos fiéis que forem
arrebatados, na vinda de Jesus.
III - As Obras e seu
Julgamento
O
cristão deve ter cuidado com o que faz, pois seus atos serão julgados no
tribunal de Cristo. “E, tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como
ao Senhor e não aos homens, sabendo que re- cebereis do Senhor o galardão da
herança, porque a Cristo, o Senhor, servis. Mas quem fizer agravo receberá o
agravo que fizer; pois não há acepção de pessoas” (Cl 3.23-25).
1. Os Salvos e as suas Obras
a) O valor das obras do
salvo.
Jesus disse: “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam
as vossas boas obras e glo- rifiquem o vosso Pai, que está nos céus” (Mt 5.16 -
grifo nosso). São obras, vistas pelos homens, que demonstram a grande mudança na
vida do crente e contribuem para a glória de Deus. Mesmo assim, elas serão
julgadas. Será um julgamento individual (1 Co 3.13). A salvação do crente em
Jesus é pela graça. Não depende das obras (Ef 2.8,9). Mas as obras dos salvos
têm muito valor diante de Deus. As obras aperfeiçoam a fé (Tg 2.22); as obras
justificam a fé (Tg 1.21); e a fé sem as obras (de salvo) é morta (Tg 2.17) e
as obras (da lei, dos atos humanos, da carne - G1 5.19; 2 Tm 1.9) sem a fé são
mortas. A fé salvífica tem que andar lado a lado com as obras de salvo,
demonstradas pela obediência, pela “santificação, sem a qual ninguém verá o
Senhor” (Hb 12.14). No Tribunal de Cristo, serão avaliadas ou julgadas as obras
dos salvos, as quais poderão ser aprovadas ou reprovadas. As que forem aprovadas
darão direito ao galardão (cf. 1 Co 3.14,8). Não serão julgados os pecados
cometidos na terra. Esses já terão sido perdoados
por
Jesus (Hb 8.12; 10.17).
b) O testemunho do salvo. As obras dos salvos falam
de seu testemunho, comprovando que os mesmos já morreram para o mundo e são
novas criaturas em Cristo (Mt 5.16; 2 Co 5.17). Precisamos dar bom testemunho
perante a igreja e o mundo. “Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus
para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas” (Ef
2.10). Somos salvos, tendo passado pelo processo divino da regeneração. Paulo
diz que foi Deus quem preparou “as boas obras [...] para que andássemos nelas”.
De forma mais abrangente, podemos dizer que será julgado o nosso trabalho, ou a
nossa administração, na casa do Senhor, como mordomos, encarregados das coisas
de Deus aqui na terra. É tarefa por demais sublime para ser tratada de qualquer
forma, sem zelo ou cuidado. Na parábola do mordomo infiel, o seu senhor o chama
à prestação de contas (Lc 16.2). Jesus também nos pedirá a prestação de contas
do que nos entregou para administrar como seus mordomos.
Deus
nos concede muitos bens ou talentos para que façamos a sua obra. No sermão
profético, Jesus proferiu a parábola dos dez talentos. E comparou o seu Reino a
um senhor que, tendo de ausentar-se, entregou todos os seus bens a seus três
servos ou mordomos. E deu a um dez talentos; a outro, cinco, e a outro, apenas
um talento (Mt 25.14-30). Essa parábola nos diz que Deus dá a cada parte dos
seus bens, espirituais, morais, físicos, ministeriais ou eclesiásticos, de
acordo com a capacidade de cada um (Mt 25.15). Os talentos representam nossos
recursos, nosso tempo, nossa vida, nossas habilidades, concedidas por Deus.
Notemos que o senhor não dá a todos a mesma responsabilidade. Desde o dia da
conversão, o salvo torna-se servo de Cristo, e tem o dever espiritual e moral
de cooperar na casa do Senhor. Uns de uma forma, outros, de outra. Cada um
conforme a sua capacidade.
2. Como as Obras Serão
Julgadas?
A precisão do julgamento. O julgamento será tão
preciso que é comparado à passagem de materiais pelo fogo: “a obra de cada um
se manifestará; na verdade, o Dia a declarará, porque pelo fogo será
descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um. Se a obra que alguém
edificou nessa parte permanecer, esse receberá galardão. Se a obra de alguém se
queimar, sofrerá detrimento; mas o tal será salvo, todavia como pelo fogo” (1
Co 3.13-15). O Espírito Santo será o assistente naquele julgamento. As obras
serão comparadas a materiais, na linguagem humana. Cada tipo de material
simbólico mostra o tipo, a natureza e a forma com a qual terão sido praticadas
pelos crentes, em todos os lugares do mundo, em todas as igrejas. Vejamos, na sequência
do texto, a comparação das obras com os respectivos materiais.
2.1. Obras que Serão
Aprovadas
a) Obras comparadas a ouro. Na Bíblia, o ouro é símbolo
das coisas de Deus, das coisas divinas (Jó 22.23-25; Ap 22.18,22). São obras
que são feitas para a glória de Deus, feitas em comunhão com Ele, “feitas em
Deus” (Jo 3.21), de pleno acordo com sua palavra. O crente que glorifica a Deus
com suas obras está praticando obras comparáveis a ouro (Mt 5.16). São “as boas
obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas” (Ef 2.10). Se
tratarmos os irmãos e os outros com o amor de Deus, isso é comparado a ouro.
Quando usamos bem os talentos dados por Deus, realizamos obras “de ouro” (Mt 25.14,20).
São obras que glorificam a Deus: “Assim resplandeça a vossa luz diante dos
homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está
nos céus” (Mt 5.16 - grifo nosso).
b) Obras comparadas a prata. Na tipologia bíblica, a
prata é símbolo de redenção. No Antigo Testamento, a redenção dos filhos de
Israel era paga em prata (Êx 30.11-16; Lv 5.15; 27.3). No Novo Testamento,
simboliza a redenção feita por Cristo: “sabendo que não foi com coisas
corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de
viver que, por tradição, recebestes dos vossos pais” (1 Pe 1.18; 1 Co 6.20).
São obras feitas em Cristo. O crente que ganha almas, que prega a Palavra, que
dá bom testemunho da sua fé em Jesus, está realizando obras de prata. Os
obreiros do Senhor que cuidam bem do rebanho realizam obras de prata. Visitar
os enfermos, os carentes, evangelizar, podem ser obras de prata.
c) Obras comparadas a pedras
preciosas.
São símbolos do Espírito Santo, ou da glória de Cristo no crente (ver Jo
17.22). Os crentes que possuem os dons espirituais (1 Co 12) têm o adorno do
Espírito Santo. São obras feitas pelo poder do Espírito Santo (Fp 3.3; Tt 3.5).
É adorar a Deus “em Espírito e em verdade” 0o 4.23). São obras na unção do
Espírito Santo. Evangelizar, pregar, cantar na unção, podem ser pedras
preciosas. E o testemunho eloqüente do servo ou da serva de Deus, andando de
acordo com a sã doutrina (Tt 2.10).
As
obras que forem comparadas aos três materiais acima serão aprovadas, e os seus
praticantes terão galardão de Deus (1 Co 3.13,14).
2.2. Obras que Perecerão
“Se
a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas o tal será salvo, todavia
como pelo fogo” (1 Co 3.15). Esse texto mostra que haverá crentes cujas obras
não serão aprovadas no julgamento de Deus, no Tribunal de Cristo. São obras
mortas, obras que não têm valor diante de Deus. São obras que alguns crentes
praticam, para sua própria glória, mas não glorificam a Deus. São obras feitas
por muitos de modo relaxado, sem o zelo necessário a quem serve a Deus. As
obras não serão recompensadas, mas “o tal será salvo, todavia como pelo fogo”.
Isso quer dizer que, como não se trata de julgamento de pecados, quem pratica tais
obras poderá ser salvo, mas sem recompensas ou galardões. Não haverá inveja ou
tristeza, pois tais sentimentos são carnais e não entrarão no céu. Só o fato de
chegar lá já será motivo de grande alegria. Mas é melhor fazer o melhor para
Deus.
a) Obras comparadas a
madeira. Na
Bíblia, madeira é símbolo das coisas humanas. E uma figura da árvore, que
cresce por si mesma. Há crentes que fazem muitas coisas, mas buscando a glória
humana. No fogo do julgamento, elas vão desaparecer. Há quem trabalha muito nas
igrejas, mas não o fazem para a glória de Deus. Não terão o reconhecimento por
parte do Senhor.
b) Obras comparadas a feno. Feno é capim, é erva seca.
São obras aparentes, mas sem consistência, como erva seca (Is 15.6). O capim
precisa ser renovado. É coisa perecível (Is 51.12). Representam obras de
crentes que fazem muita coisa para aparecer. A preocupação deles é com a
quantidade, e não com a qualidade. Um monte de feno pode ser muito grande, mas,
no fogo, desaparece em segundos. Não haverá galardão para esse tipo de obra.
Pregar para aparecer; pregar por dinheiro; cantar para aparecer, para ter a
glória dos homens, buscando o aplauso das multidões, sem dúvida alguma, são
obras de feno; aparecem muito, mas não têm consistência, e já receberam seu
galardão, em termos de dinheiro; nada terão lá, no céu. “Já receberam o seu
galardão”, aqui mesmo (cf. Mt 6.2,5,16).
c) Obras comparadas a palha.
A madeira
tem certa consistência, mas a palha é muito fraca. Não resiste à força do fogo.
O vento leva com facilidade (SI 1.4; Jó 21.18; Os 13.3). É instável. Não pode
se misturar com o trigo (Jr 23.28). Segundo o Pr. Eurico Bergstén, “Palha
também fala de escravidão: foi palha que os israelitas tiveram de colher no
Egito (Ex 5.7). Devemos, portanto, servir a Deus na liberdade do Espírito, e
não numa escravidão imposta por nós mesmos ou por outros”. Palha representa
obras sem firmeza. Há crentes que não sabem o que querem na vida cristã. Vivem
mudando o tempo todo. Mudam de cargo, mudam de igreja com facilidade. São levados
por “todo vento de doutrina” (Ef 4.14).
As
obras que forem comparadas a esses três últimos tipos de materiais não
ensejarão galardões: “Se a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas o
tal será salvo, todavia como pelo fogo” (1 Co 3.15). Deus é um Deus de bondade,
de amor, e também de justiça. No seu julgamento, Ele não falhará: “[...] porque
vem a julgar a terra; com justiça julgará o mundo e o povo, com equidade” (SI
98.9). Ninguém escapará do julgamento de Deus. No Juízo Final, os ímpios darão contas
de todas as suas obras de impiedade que cometeram (SI 9.17). “Porque está
escrito: Pela minha vida, diz o Senhor, todo joelho se dobrará diante de mim, e
toda língua confessará a Deus. De maneira que cada um de nós dará conta de si
mesmo a Deus” (Rm 14.11,12 - grifo nosso). Mais uma vez, Paulo usa o verbo de
forma inclusiva, em relação aos crentes - “cada um de nós”, mostrando que cada
crente dará contas a Deus de todas as obras que houverem praticado aqui. Sem
dúvida, é uma alusão ao Tribunal de Cristo.
III - Os Galardões dos
Salvos em Cristo
Galardão
significa prêmio, recompensa. Os salvos em Cristo, que participarem do
arrebatamento da igreja, serão reunidos nas regiões celestiais para receberem o
seu galardão, individualmente, conforme a avaliação de Cristo. A entrega dos
galardões é prevista por Jesus: “E eis que cedo venho, e o meu galardão está
comigo para dar a cada um segundo a sua obra” (Ap 22.12 - grifo nosso). Cada
crente é considerado um “despenseiro de Deus”, que deve trabalhar com fidelidade
para ser reconhecido por seu Senhor: “Que os homens nos considerem como
ministros de Cristo e despenseiros dos mistérios de Deus. Além disso, requer-se
nos despenseiros que cada um se ache fiel. [...]
Portanto,
nada julgueis antes do tempo, até que o Senhor venha, o qual também trará à luz
as coisas ocultas das trevas e manifestará os desígnios dos corações; e, então,
cada um receberá de Deus o louvor” (1 Co 4.1,2,5). Cada crente receberá o
galardão e o louvor da parte de Deus pelo que houver realizado na igreja e em
sua vida pessoal. Na Bíblia, vemos alguns tipos de galardões e a quem se
destinam.
a) Coroa da vida. E o galardão previsto para
todos os salvos, que permaneceram fiéis até à morte ou à vinda de Jesus.
“Bem-aventurado o varão que sofre a tentação; porque, quando for provado,
receberá a coroa da vida, a qual o Senhor tem prometido aos que o amam” (Tg
1.12; Ap 2.10).
b) Coroa da vitória. E o prêmio para todo o
salvo, que vencer as lutas e tentações da vida terrena. “E todo aquele que luta
de tudo se abstém; eles o fazem para alcançar uma coroa corruptível, nós,
porém, uma incorruptível” (1 Co 9.25). O crente fiel se abstém de tudo o que
não agrada a Deus, mesmo com perda de vantagens, posições ou lucros, por causa
da coroa incorruptível que receberá no julgamento de suas obras. A vitória é
sua chegada aos céus, ao lado de todos os salvos, na vinda de Jesus.
c) Coroa de glória. E a recompensa especial
para os obreiros do Senhor, que labutam na sua obra, com fidelidade, humildade,
desprendimento e amor. “Apascentai o rebanho de Deus que está entre vós, tendo
cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas
de ânimo pronto; nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo
de exemplo ao rebanho. E, quando aparecer o Sumo Pastor, alcançareis a
incorruptível coroa de glória” (1 Pe 5.2-4).
d) Coroa de gozo. É o galardão do ganhador de
almas, daquele que, além de ser fiel, vencer as tentações e as barreiras da
vida, esforça- se para ganhar almas para o Reino de Deus (Pv 11.30; Dn 12.3).
Não só pastores, evangelistas e dirigentes de igrejas, mas muitos pregadores e
evangelizadores anônimos, que fazem um excelente trabalho, divulgando o
evangelho de Cristo, nas casas, nas ruas, nos hospitais, nas escolas, em toda a
parte; principalmente em lugares, onde arriscam a própria vida para tornar Cristo
conhecido. “Porque qual é a nossa esperança, ou gozo, ou coroa de glória?
Porventura, não o sois vós também diante de nosso Senhor Jesus Cristo em sua
vinda? Na verdade, vós sois a nossa glória e gozo” (1 Ts 2.19,20; Fp 4.1).
e) Coroa da justiça. É o prêmio ou recompensa
dos que per- severam até o fim de sua jornada. Como disse Paulo: “Combati o bom
combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me
está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele Dia; e não somente
a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda” (2 Tm 4.7,8). Jesus disse:
“E sereis aborrecidos por todos por amor do meu nome; mas quem perseverar até
ao fim, esse será salvo” (Mc 13.13). E o coroamento da vida do crente, “pelas
veredas da justiça” (SI 23.3b).
f) Galardão de servos. São recompensas que Jesus
dará a todos os que servem a seus servos, na condição de profeta, justo,
pequeninos ou discípulos. “Quem recebe um profeta na qualidade de profeta
receberá galardão de profeta; e quem recebe um justo na qualidade de justo,
receberá galardão de justo. E qualquer que tiver dado só que seja um copo de
água fria a um destes pequenos, em nome de discípulo, em verdade vos digo que
de modo algum perderá o seu galardao” (Mt 10.41,42).
Esses
galardões, com poucas exceções, como no caso do galardão de obreiros ou de
ganhadores de almas, podem ser recebidos por todos os crentes fiéis e santos
que aguardam a vinda de Jesus. No Tribunal de Cristo, eles verão que valeu a
pena suportar as aflições do tempo presente: “Porque para mim tenho por certo
que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em
nós há de ser revelada” (Rm 8.18). Jesus é que fará a criteriosa avaliação das
obras dos salvos para dar a cada um conforme o seu trabalho (Ap 22.12).
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