Carlos
Finney
Apóstolo
de avivamentos
(1792-1875)
Perto da aldeia de New York
Mills, no século dezenove, havia uma fábrica
de tecidos movida
pela força das
águas do rio
Oriskany. Certa manhã, os operários se
achavam comovidos, conversando
sobre o poderoso culto da noite
anterior, no prédio da escola pública.
Não muito depois de começar
o ruído das máquinas, o pregador, um
rapaz alto e
atlético, entrou na
fábrica. O poder
do Espírito Santo ainda
permanecia sobre ele;
os operários, ao
vê-lo, sentiram a
culpa de seus pecados a ponto de
terem de se esforçar para poderem continuar a trabalhar. Ao
passar perto de
duas moças que
trabalhavam juntas, uma delas, no ato de emendar um fio, foi
tomada de tão forte convicção, que caiu em terra, chorando. Segundos depois,
quase todos em redor tinham lágrimas nos olhos e, em poucos minutos, o
avivamento encheu todas as dependências da fábrica.
O diretor,
vendo que os
operários não podiam
trabalhar, achou que seria
melhor cuidassem da salvação
da alma, e
mandou que parassem as máquinas.
A comporta das águas foi fechada e os operários se ajuntaram
em um salão
do edifício. O
Espírito Santo operou
com grande poder e dentro de poucos dias quase todos se converteram.
Diz-se acerca deste
pregador, que se chamava Carlos Finney, que, depois de ele pregar em Governeur,
no Estado de New York, não houve baile nem representação de teatro na cidade durante
seis anos.
Calcula-se que, durante
os anos de
1857 e 1858,
mais de 100
mil pessoas foram ganhas para Cristo
pela obra direta
e indireta de
Finney. A sua
autobiografia é o mais maravilhoso relato de manifestação do Espírito Santo,
excetuando o livro de Atos dos Apóstolos.
Alguns
consideram o seu livro, "Teologia Sistemática", a maior obra sobre
teologia, a não ser as Sagradas Escrituras.
-
Como se explica o seu êxito tão destacado nos anais dos servos da Igreja de
Cristo? - Sem
dúvida era, antes
de tudo, o
resultado da sua profunda conversão.
Nasceu de uma família
descrente e se criou em um lugar onde os membros da
igreja conheciam, apenas,
a formalidade fria
dos cultos. Finney era
advogado; ao encontrar,
nos seus livros
de jurisprudência, muitas citações
da Bíblia comprou
um exemplar com
a intenção de conhecer
as Escrituras. O resultado foi que, após a leitura, achou mais e mais
interesse nos cultos dos crentes. Acerca da sua conversão ele relata, na sua
autobiografia, o seguinte:" Ao
ler a Bíblia,
ao assistir às
reuniões de oração,
e ouvir os sermões de senhor Gale, percebi que não me
achava pronto a entrar nos céus... Fiquei impressionado especialmente com o
fato de as orações dos crentes, semana após semana, não serem respondidas. Li
na Bíblia: 'Pedi e dar-se-vos-á;
buscai, e encontrareis;
batei, e abrir-se-vos-á'. Li,
também, que Deus é mais pronto a dar
o Espírito Santo aos que lho pedirem, do que os pais terrestres
a darem boas
coisas aos filhos.
Ouvia os crentes pedirem um derramamento do Espírito
Santo e confessarem, depois, que não o receberam.
"Exortavam uns aos
outros a se despertarem para pedir, em oração, um derramamento
do Espírito de
Deus e afirmavam
que assim haveria um avivamento com a conversão de
pecadores... Mas ao ler mais a Bíblia, vi que as orações dos crentes não eram
respondidas porque não tinham fé, isto é, não esperavam que Deus lhes daria o
que pediam... Entretanto, com isso senti um alívio acerca da veracidade do
Evangelho... e fiquei convicto de que a Bíblia, apesar de tudo, é a verdadeira
Palavra de Deus.
"Foi num
domingo de 1821
que assentei no
coração resolver o problema sobre a salvação da minha alma e
ter paz com Deus. Apesar das minhas
grandes preocupações como
advogado, resolvi seguir rigorosamente a determinação de ser
salvo. Pela providência de Deus, não me achei muito ocupado nem segunda nem
terça-feira, e consegui passar a maior parte do tempo lendo a Bíblia e orando.
"Mas ao encarar a
situação resolutamente, achei-me sem coragem para orar sem tapar o buraco da
fechadura. Antes deixava a Bíblia aberta na mesa com os outros livros e não me
envergonhava de lê-la diante do próximo.
Mas então, se
entrasse alguém, eu
colocaria um livro
aberto sobre a Bíblia para escondê-la.
"Durante a segunda e a
terça-feira, a minha convicção aumentou, mas parecia que o coração se havia
endurecido: eu não podia chorar, nem orar... Terça-feira, à noite, senti-me
muito nervoso e parecia-me estar perto da morte. Reconhecia que, se eu
morresse, por certo iria para o Inferno.
"De manhã
cedo, fui para o gabinete...
Parecia que uma
voz me perguntava: - 'Por que
esperas? Não prometes-te dar o coração a Deus? O que experimentas
fazer? - alcançar
a justificação pelas
obras?' Foi então que vi, claramente, como qualquer vez
depois, a realidade e a plenitude da
propiciação de Cristo. Vi que sua
obra era completa e, em vez de eu necessitar duma justiça própria para
Deus me aceitar, tinha de sujeitar-me à
justiça de Deus por intermédio de
Cristo... Sem o saber, fiquei imóvel,
não sei por quanto tempo, no meio da rua, no lugar onde a voz de dentro se
dirigiu a mim. Então me veio a pergunta: - 'Aceitá-lo-ás, agora, hoje?'
Repliquei:
- 'Aceita-lo-ei hoje ou me
esforçarei para isso até morrer...' Em vez de ir ao gabinete, voltei para
entrar na floresta, onde podia derramar a alma
sem alguém me
ver nem me
ouvir."Porém, o meu
orgulho continuava a se manifestar; passei por cima dum alto e andei
furtivamente atrás duma cerca,
para que ninguém
me visse, e
pensasse que ia
orar.
Penetrei dentro da mata
cerca de meio quilômetro, onde achei um lugar mais escondido
entre algumas árvores
caídas. Ao entrar,
disse a mim mesmo: 'Entregarei o coração a Deus, ou
então não sairei daqui'.
"Mas ao tentar
orar, o coração não
queria. Pensara que,
uma vez sozinho, onde ninguém
pudesse ouvir-me, podia orar livremente. Porém, ao experimentar fazê-lo,
achei-me sem coisa alguma a dizer a Deus. Toda a vez que tentava orar,
parecia-me ouvir alguém chegando.
"Por fim,
achei-me quase em
desespero. O coração
estava morto para com Deus e não queria orar.
Então reprovei-me a mim mesmo por
ter-me comprometido a entregar o coração a Deus antes de sair da mata. Comecei
a pensar que Deus já me tivesse abandonado... Achei-me tomado de uma fraqueza
demasiadamente grande para ficar de joelhos.
"Foi justamente
nessa altura que
pensei novamente que
ouvia alguém se aproximando
e abri os
olhos para ver.
Logo foi-me revelado que
o orgulho do
meu coração era
a barreira entre
mim e a
minha salvação. Fui vencido
pela convicção do
grande pecado de
eu envergonhar-me se alguém
me encontrasse de
joelhos perante Deus,
e bradei em alta
voz que não abandonaria
o lugar, nem que
todos os homens da terra e todos os demônios do
Inferno me cercassem. Gritei: 'Ora, um
vil pecador como
eu, de joelhos
perante o grande
e santo Deus,
e confessando-lhes os pecados,
e me envergonho dele perante
o próximo, pecador também,
porque me encontro
de joelhos para
achar paz com o
meu Deus
ofendido!' O pecado
parecia-me horrendo, infinito.
Fiquei quebrantado até o pó perante o Senhor. Nessa altura, a seguinte
passagem me iluminou: 'Então
me invocareis, e
ireis, e orareis
a mim, e eu vos ouvirei. E buscar-me-eis, e me achareis,
quando me buscardes de todo o vosso coração...' "Continuei a
orar e a
receber promessas e
a apropriar-me delas, não
sei por quanto
tempo. Orei até
que sem saber
como, achei-me voltando para a
estrada. Lembro-me de que disse a mim
mesmo: 'Se eu me converter, pregarei o Evangelho'.
"Na
estrada, voltando para a aldeia, certifiquei-me da preciosa paz e da gloriosa
calma na minha mente. - 'Que é isso?' Perguntei-me a mim mesmo. - 'Entristecera
eu o Espírito Santo até retirar-se de mim? Não sinto mais convicção...' Então
lembrei-me de que dissera a Deus, que confiaria na sua Palavra... A calma de
meu espírito era indescritível... Fui almoçar, mas não
tinha vontade de
comer. Fui ao
gabinete, mas meu
sócio não voltara do almoço.
Comecei a tocar a música de um hino no rabecão, como de costume. Porém, ao
começar a cantar as palavras sagradas, o coração parecia derreter-se e só podia
chorar..."Ao entrar e
fechar a porta
atrás de mim,
parecia-me ter encontrado o
Senhor Jesus Cristo face a face. Não me entrou na mente, na ocasião, nem
por algum tempo
depois, que era
apenas uma concepção mental. Ao
contrário, parecia-me que eu o
encontrara como encontro qualquer pessoa. Ele não disse coisa
alguma, mas olhou para mim de tal forma, que fiquei quebrantado e prostrado aos
seus pés. Isso, para mim, foi,
depois, uma experiência
extraordinária, porque parecia-me
uma realidade, como se
Ele mesmo ficasse
em pé perante
mim, e eu me
prostrasse aos seus pés e lhe derramasse a minha alma. Chorei alto e fiz tanta
confissão quanto foi possível, entre soluços. Parecia-me que lavava os seus pés
com as minhas lágrimas; contudo, sem sentir ter tocado na sua
pessoa..."Ao virar-me para
me sentar, recebi
o poderoso batismo
com o Espírito Santo. Sem o
esperar, sem mesmo saber que havia tal para mim, o Espírito Santo desceu de tal
maneira, que parecia encher-me corpo e alma. Senti-o como
uma onda elétrica
que me traspassava
repetidamente. De fato, parecia-me
como ondas de
amor liquefeito; porque
não sei outra maneira de descrever isso. Parecia o
próprio fôlego de Deus.
"Não existem
palavras para descrever
o maravilhoso amor derramado no meu coração.
Chorei de tanto gozo e amor
que senti; acho melhor dizer que exprimi, chorando em alta voz, as inundações
indizíveis do meu coração. As ondas passaram sobre mim, uma após outra, até eu
clamar: 'Morrerei, se estas ondas continuarem a passar sobre mim!. Senhor, não
suporto mais!' Contudo, não receava a morte.
"Não sei por quanto
tempo este batismo continuou a passar sobre mim e por todo o meu ser. Mas sei
que era já noite quando o dirigente do coro veio ao gabinete para me visitar.
Encontrou-me nesse estado de choro aos gritos e perguntou: - 'Sr. Finney, que
tem?' Por algum tempo não pude responder-lhe.
Então ele perguntou
mais: - 'Está
sentindo alguma dor?' Com
dificuldade respondi: - Não, mas
sinto-me demasiado feliz
para viver.
"Saiu e, daí a pouco,
voltou acompanhado por um dos anciãos da igreja. Esse ancião sempre foi um
homem de espírito ponderado e quase nunca ria. Ele, ao entrar, encontrou-me no
mesmo estado, mais ou menos, como quando o
rapaz o foi
chamar. Queria saber
o que eu
sentia e eu comecei a lhe explicar. Mas, em vez de responder-me,
foi tomado de um riso espasmódico. Parecia impossível evitar o riso que
procedia do fundo do seu coração."
Nessa altura,
entrou certo rapaz
que começara a
freqüentar os cultos da igreja. Presenciou tudo por alguns momentos, até cair ao chão em grande angústia de alma, clamando:
"Orem por mim!" O ancião da igreja e o outro crente oraram e depois
Finney também orou e logo após todos se retiraram deixando Finney sozinho.
Ao deitar-se para dormir,
Finney adormeceu, mas logo se acordou, por
causa do amor
que lhe transbordava
do coração. Isso
aconteceu repetidas vezes durante a noite. Sobre isso ele escreveu
depois: "Quando me acordei, de manhã, a luz do sol penetrava no quarto.
Faltam-me palavras para exprimir os meus sentimentos ao ver a luz do sol. No
mesmo instante, o batismo do dia anterior voltou sobre mim. Ajoelhei- me ao
lado da cama
e chorei pelo
gozo que sentia.
Passei muito tempo sem poder fazer coisa alguma senão
derramar a alma perante Deus".
Durante o dia, o povo se
ocupava em falar na conversão do advogado. Ao anoitecer, sem
qualquer anúncio do
culto, ajuntou-se uma
multidão no templo. Quando
Finney relatou o que Deus
fizera na sua
alma, muitos foram profundamente
comovidos; um, sentiu-se tão convicto que voltou a casa sem
o chapéu. Certo advogado
afirmou: "É claro que ele
é sincero; mas que
enlouqueceu, é evidente." Finney
falou e orou
com grande liberdade. Realizavam-se
cultos todas as
noites por algum
tempo, aos quais assistiam
pessoas de todas
as classes. Esse
grande avivamento espalhou-se
para muitos lugares em redor.
Finney continuou: "Por
oito dias [depois da sua conversão) o meu coração permanecia tão cheio, que não
sentia desejo de comer nem de dormir. Parecia-me que tinha um
manjar para comer
que o mundo
não conhecia. Não
sentia necessidade de alimentar-me nem de dormir... Por fim, cheguei a
ver que devia comer como de costume e dormir quanto fosse possível.
"Grande poder
acompanhava a Palavra
de Deus; todos
os dias admirava-me ao
notar como poucas
palavras, dirigidas a
uma pessoa, traspassavam-lhe o
coração como uma seta.
"Não demorei
muito em ir
visitar meu pai.
Ele não era
salvo; o único membro da família
que fizera profissão de religião era meu irmão mais novo. Meu pai encontrou-me
no portão e me perguntou: - 'Como tem passado, Carlos?' Respondi-lhe: - Bem,
meu pai, tanto no corpo como na alma.
Meu pai, o senhor já é
idoso, todos os seus filhos estão crescidos e casados; e
nunca ouvi alguém
orar na sua
casa. Ele baixou
a cabeça e começou a chorar, dizendo: - 'É verdade,
Carlos; entre, e você mesmo ore'.
"Entramos e
oramos. Meus pais
ficaram comovidos e,
não muito depois, converteram-se.
Se a minha mãe tinha qualquer esperança antes, ninguém o sabia".
Assim, esse advogado, Carlos
G. Finney, perdeu todo o gosto pela sua profissão e se tornou um dos mais
famosos pregadores do Evangelho. Acerca de seu método de trabalhar, ele
escreveu: Dei grande ênfase
à oração como
indispensável, se realmente queríamos um
avivamento.
Esforçava-me por
ensinar a propiciação
de Jesus Cristo, sua
divindade, sua missão
divina, sua vida
perfeita, sua morte vicária, sua
ressurreição, a necessidade de arrependimento e de fé, a justificação pela fé,
e outras doutrinas que se tornaram vivas pelo poder do Espírito Santo.
"Os meios
empregados eram simplesmente
pregação, cultos de oração,
muita oração em
secreto, intensivo evangelismo pessoal e
cultos para a instrução dos interessados.
"Eu tinha o costume de
passar muito tempo orando; acho que, às vezes,
orava realmente sem
cessar. Achei, também,
grande proveito em observar freqüentemente dias inteiros de
jejum em secreto. Em dez dias, para
ficar inteiramente sozinho
com Deus, eu
entrava na mata,
ou me fechava dentro do
templo..."
Vê-se no seguinte, a maneira
como Finney e seu companheiro de oração, o irmão Nash, "bombardeavam"
os céus com as suas intercessões: "Quase um quilômetro distante da
residência do senhor S, morava certo adepto do universalismo. Nos seus
preconceitos religiosos, recusava- se a assistir aos cultos. Certa vez o irmão
Nash, que se hospedava comigo na casa do senhor S, retirou-se para dentro da
mata para lutar em oração, sozinho, bem cedo de madrugada, conforme seu
costume. A atmosfera era tal nessa ocasião que se ouvia qualquer som de longe.
O universalista ao levantar-se, de madrugada, saiu de casa e ouviu a voz de
quem orava, e, apesar de não compreender muitas das palavras, reconheceu quem
orava. E isso traspassou-lhe o
coração como uma
flecha. Sentiu a
realidade da religião como
nunca. A flecha
permanecia. E ele
achou alívio somente crendo em Cristo".
Acerca do
espírito de oração,
Finney afirmou que
"era coisa comum nesses
avivamentos, os recém-convertidos se
acharem tomados pelo desejo
de orar noites
inteiras até lhes
faltarem as forças
físicas. O Espírito Santo
constrangia grandemente o coração dos crentes, e sentiam constantemente a
responsabilidade pela salvação
das almas imortais.
A solenidade da mente
se manifestava no
cuidado com que falavam e se
comportavam. Era muito
comum encontrar crentes
juntos caídos de joelhos em oração em vez de ocupados em
palestras".
Em certo
tempo, quando as
nuvens de perseguição
enegreciam cada vez mais,
Finney, como era
seu costume sob
tais circunstâncias,
sentia-se dirigido a
dissipá-las, orando. Em
vez de falar
pública ou particularmente acerca
das acusações, ele
orava.
Acerca da
sua experiência escreveu: "Eu
olhava para Deus com grande
anelo, dia após dia, rogando
que Ele me
mostrasse o plano
a seguir e
a graça para suportar a borrasca... O Senhor
mostrou-me, em uma visão, o que eu tinha de
enfrentar. Ele chegou-se tão
perto de mim, enquanto eu orava, que a minha carne literalmente estremecia
sobre os ossos. Eu tremia da cabeça aos pés, sob o pleno conhecimento da
presença de Deus".
Acrescentamos mais um
exemplo, tirado da sua autobiografia, da maneira de o Espírito Santo operar na
sua pregação: "Ao chegar, na hora anunciada para iniciar o culto, achei o
prédio da escola repleto e tinha de ficar em pé perto da entrada. Cantamos um
hino, isto é, o povo
pretendia cantar. Entretanto,
eles não tinham
o costume de cantar os hinos de Deus, e cada um desentoava à sua própria
maneira. Não podia conter-me e lancei-me de joelhos e comecei a orar. O
Senhor abriu as
janelas dos céus,
derramou o espírito
de oração e entreguei-me de toda a alma a orar.
"Não escolhera um
texto, mas logo ao levantar-me dos joelhos, eu disse: Levantai-vos,
saí deste lugar,
porque o Senhor
há de destruir
a cidade . Acrescentei
que havia dois
homens, um se
chamava Abraão, e outro,
Ló... Contei-lhes como
Ló se mudara
para Sodoma... O
lugar era excessivamente
corrupto... Deus resolveu destruir a cidade e Abraão orou por Sodoma. Mas os
anjos acharam somente um justo lá, era Ló. Os anjos disseram: 'Tens alguém mais
aqui? Teu genro, e teus filhos, e tuas filhas, e todos quantos
tens nesta cidade,
tira-os fora deste
lugar; porque nós vamos destruir este lugar, porque o seu
clamor tem engrossado diante da face do Senhor, e o Senhor nos enviou a
destruí-lo'.
"Ao relatar estas coisas, os ouvintes se
mostraram irados a ponto de
me açoitarem. Nessa
altura, deixei de
pregar e lhes
expliquei que compreendera que
nunca se realizara culto ali e que eu tinha o direito de, assim, considerá-los
corruptos. Salientei isso
com mais e
mais ênfase e, com o coração cheio de amor até não poder
mais conter-me.
"Depois de
eu assim falar
cerca de quinze
minutos, parecia cair sobre os ouvintes uma tremenda
solenidade e começaram a cair ao chão, clamando e pedindo misericórdia. Se eu
tivesse tido uma espada em cada mão, não os poderia derrubar tão depressa como
caíram. De fato, dois minutos depois de os ouvintes sentirem o choque do
Espírito vir sobre eles, quase todos estavam ou caídos de joelhos ou prostrados
no chão. Todos os que podiam falar de qualquer maneira, oravam por si mesmos.
"Tive de deixar de
pregar, porque os ouvintes não prestavam mais atenção. Vi o ancião que me
convidara para pregar, sentado no meio do salão, olhando em redor, estupefato.
Gritei bem alto para ele ouvir, apesar da
balbúrdia, pedindo-lhe que orasse.
Caiu de joelhos e começou a orar em
voz retumbante; mas
o povo não
prestou atenção. Gritei:
Vós não estais ainda no Inferno;
quero dirigir-vos a Cristo. O coração transbordava de gozo
ao presenciar tal
cena. Quando pude
dominar os meus sentimentos, virei-me para um rapaz que
estava perto de mim, consegui atrair
a sua atenção
e preguei Cristo,
em voz bem
alta, ao seu
ouvido. Logo, ao olhar
para a 'cruz'
de Cristo, ele
acalmou-se por um
pouco e então rompeu em oração
pelos outros. Depois fiz o mesmo com um outro; depois com mais outro e
continuei assim tratando com eles até a hora do culto da noite, na aldeia.
Deixei o ancião que me convidara a pregar, para continuar a obra com os que
oravam.
"Ao voltar,
havia tantos clamando
a Deus que
não podemos encerrar a reunião,
que continuou o resto da noite. Ao amanhecer o dia, alguns ainda permaneciam
com a alma ferida. Não se podiam levantar e, para dar lugar às aulas, foi
necessário levá-los a uma residência não muito distante. De tarde mandaram
chamar-me porque ainda não findara o culto.
"Só nesta ocasião
cheguei a saber a razão de o auditório agastar-se da mensagem.
Aquele lugar cognominava-se 'Sodoma'
e havia somente um homem piedoso lá a quem o povo
tratava de 'Ló'. Era o ancião que me convidara a pregar."Depois de já
velho, Finney escreveu acerca do que o Senhor
fez em "Sodoma". "Embora esse
avivamento caísse tão repentinamente sobre
eles era tão
empolgante que as
conversões eram profundas e a
obra permanente e genuína.
Nunca ouvi falar em qualquer
repercussão desfavorável." Não
foi só na América do Norte que Finney viu o Espírito Santo cair e abater os ouvintes em terra. Na
Inglaterra, durante os nove meses de evangelização, que Finney promoveu lá,
multidões também se prostraram enquanto ele pregava - em certa ocasião mais de
dois mil, de uma vez.
Alguns pregadores
confiam na instrução
e ignoram a
obra do Espírito Santo. Outros,
com razão, rejeitam tal ministério infrutífero e sem graça; oram
a Deus para
o Espírito Santo
tomar conta e
alegram-se no grande progresso
da obra de
Deus. Mas, ainda
outros, como Finney, dedicam-se a buscar o poder do
Espírito Santo, sem desprezar a arma de instrução, e vêem resultados
incrivelmente mais vastos.
Durante os anos de 1851 a
1866, Finney foi diretor do Colégio de Oberlin e ensinou a um total de 20 mil
estudantes. Dava mais ênfase ao coração puro e ao batismo com o Espírito Santo
do que à preparação do intelecto;
de Oberlin saiu
uma corrente contínua
de alunos cheios
do Espírito Santo. Assim,
depois dos anos
de uma campanha
intensiva de evangelismo e no
meio dos seus esforços no colégio, "em 1857, Finney via cerca de 50 mil,
todas as semanas, converterem-se a Deus." (By My Spirit, Jônathan Goforth,
p. 183.) Os
diários de New
York, às vezes
quase não publicavam outras
notícias, senão do avivamento.
Suas lições
aos crentes sobre
avivamento foram publicadas, primeiro em
um jornal e
depois em um
livro de 445
páginas e que se
intitulava "Discursos Sobre Avivamentos". As primeiras duas edições,
de 12 mil exemplares,
foram vendidas logo
ao saírem do
prelo. Outras edições foram
impressas em vários idiomas. Uma só editora em Londres publicou 80 mil. Entre
suas outras obras de circulação mundial, contam-se as seguintes:
sua "Autobiografia", "Discursos aos
Crentes" e "Teologia Sistemática".
Os convertidos nos cultos de
Finney eram pela graça constrangidos a andar de casa em casa para ganhar almas.
Ele mesmo se esforçava para preparar o
maior número de obreiros em
Oberlin College. Mas o desejo que ardia sempre em tudo era o de
transmitir a todos o espírito de oração.
Pregadores como Abel Câry e
Father Nash viajavam com ele e, enquanto ele
pregava, eles continuavam
prostrados em oração.
Vejamos isso nas palavras de Finney:
"Se eu não tivesse o
espírito de oração, não alcançaria coisa alguma. Se por
um dia, ou
por uma hora
eu perdesse o
espírito de graça
e de súplica, não
poderia pregar com
poder e fruto,
e nem ganhar
almas pessoalmente."
Para que
alguém não julgue
que a obra
era superficial, citamos outro
escritor:
"Descobriu-se, por pesquisa
empolgante, que mais
de 85 pessoas de
cada 100 que
se convertiam sob
a pregação de
Finney, permaneciam fiéis a Deus; enquanto
75 pessoas de
cada cem, das
que professaram conversão nos
cultos de algum
dos maiores pregadores,
se desviavam. Parece que
Finney tinha o
poder de impressionar a consciência dos
homens, sobre a
necessidade de um
viver santo, de tal
maneira que produzia
fruto mais permanente." (Deeper
Experiences of Famous Christians,
p. 243.)
Finney continuou a inspirar
os estudantes de Oberlin College até a idade de 82 anos. Já no fim da vida,
permanecia tão lúcido de mente como quando
jovem e sua
vida nunca foi
tão rica no
fruto do Espírito
e na beleza da sua santidade do
que nesses últimos anos. No domingo, 16 de agosto de 1875, pregou seu último
sermão.
Mas de noite não assistiu ao culto. Ao ouvir os
crentes cantarem "Jesus lover of my soul, let me to Thy bosom fly",
saiu até o
portão na frente
da casa, e
com estes que
tanto amava, foi a
última vez que
cantou na terra.
Acordou-se à meia-noite, sofrendo dores
lancinantes no coração.
Sofrera assim muitas
vezes durante a sua vida. Semeara as sementes de avivamento e as regara
com lágrimas. Todas as vezes que
recebeu o fogo
da mão de Deus,
foi com sofrimento. Finalmente,
antes de
amanhecer o dia, dormiu na terra para acordar na
Glória, nos céus.
Faltavam-lhe apenas treze
dias para completar 83 anos de
vida aqui na terra.
Do livro:Heróis
da fé.
Orlando Boyer.
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