Este comentário foi extraído do livro, comentário do novo testamento
aplicação pessoal. “Pode ser adquirido no site da CPAD”.
1.1 Registro dos ancestrais de
Jesus, o Messias. Os
dezessete primeiros versículos do Evangelho de Mateus apresentam os ancestrais
de Jesus. Como a linhagem de uma família servia para provar que ela pertencia
ao povo escolhido de Deus, Mateus começou mostrando que Jesus era
descendente (ou “ filho” ) de Davi, que era descendente de Abraão (versão
NTLH), cumprindo assim as profecias do Antigo Testamento sobre a linhagem do
Messias (a expressão “pai de” também pode significar “ancestral de”). Mateus
traçou a genealogia de Jesus até Abraão, através de José. Essa genealogia
comprova a linhagem legal (ou real) de Jesus através de José, que era
descendente do rei Davi (veja também 2 Sm 7.16; Is 9.6,7; Ap 22.16).
1.2 Abraão gerou a (“era o pai de” ) Isaque. A frase “era o pai de” também pode significar “era
o ancestral de”. Dessa forma, não havia necessidade de haver um relacionamento
direto entre o pai e o filho entre todos aqueles que estavam relacionados numa
genealogia. Na antiguidade, as genealogias eram muitas vezes arranjadas de
forma a ajudar a memorização.
Assim, Mateus registrou sua
genealogia através de três conjuntos de quatorze gerações (veja 1.17). Abraão
foi chamado por Deus, recebeu as promessas da aliança, e creu que Deus iria
manter as suas promessas (Gn 15.6). Sua história é contada em Gênesis 11-25. Abraão
gerou a Isaque. Abraão e Sara queriam saber se Deus lhes enviaria o filho
prometido; mas Deus sempre cumpre as suas promessas. Veja Gênesis 21-22.
Isaque gerou a Jacó. Muitas
vezes esses três homens - Abraáo, Isaque e Jacó – são mencionados juntos como “patriarcas”,
pais da nação e depositários da aliança (ou concerto) de Deus (veja Gn 50.24; Ex
3.16; 33.1; Nm 32.11; Lc 13.28; At 3.13; 7.32).
Jacó gerou a Judá e a seus irmãos. Jacó teve doze filhos através de suas esposas
Raquel e Lia, que se tornaram as doze tribos de Israel (veja Gênesis 49.1-28).
Mateus, desejando traçar a linhagem real de Jesus, fez uma especial anotação
sobre Judá, porque a linhagem real iria continuar através dele (Gn
49.10).
1.3 Judá gerou de Tamar a Perez e a Zerá. Nesse verso aparece uma interessante observação.
Geralmente, se espera que uma genealogia evite mencionar ancestrais menos
respeitáveis, mas, os filhos de Judá nasceram de Tamar, que havia se
prostituído com o sogro.
A história de Judá e Tamar é
contada em Gênesis 38. Embora Judá fosse o pai de Perez e Zerá, não estava
casado com Tamar.
Perez e Zerá eram gêmeos (veja
também 1 Crônicas 2.4). A linha que traça Perez até ao rei Davi também está
registrada em Rute 4.12,18-22.
Esrom... Rão [ou Arão]. Pouco se sabe sobre Ezrom e Rão. Ezrom é mencionadoem Gênesis
46.12 e 1 Crônicas 2.5. Rão [ou Arão] é mencionado em 1 Crônicas 2.9.
1.4 Aminadabe e Naassom são mencionados em Êxodo 6.23. A filha de Aminadabe, e irmã de Naassom,
Eliseba casou-se com Arão que se tornou sumo sacerdote de Israel. Veja também
Números 1.7; 2.3; 7.12-17. Salmom é mencionado novamente apenas na
genealogia de Rute 4,18-21. Esses homens também estão relacionados em 1
Crônicas 2.10,11.
1.5 Salmom gerou de Raabe a Boaz, e Boaz gerou de Rute a Obede, e Obede gerou a
Jessé. Raabe é a
mulher da cidade de Jerico que escondeu os espias de Israel: e depois foi salva
por eles quando os israelitas destruíram Jericó. Raabe era uma prostituta (Js
2.1) que veio a crer no Deus de Israel: Ela foi incluída na Galeria dos Heróis
da Fé de Hebreus 11, entretanto existe um problema cronológico ao fazer de
Raabe a verdadeira mãe de Boaz.
Assim como na frase “pai de”, as
mulheres que são relacionadas como mães numa genealogia podem ser ancestrais,
ao invés de mães verdadeiras.
O livro de Rute conta a história
de Boaz e de uma jovem chamada Rute, que tinha vindo de uma nação
vizinha. Boaz casou-se com Rute e eles se tornaram os pais de Obede (Rt
4.13-17). Mais tarde Obede se tornou o pai de Jessé (Rt 4.21,22). Veja
também 1 Crônicas 2.12.
1.6 Jessé teve vários
filhos, sendo que um deles foi ungido pelo profeta Samuel para ser o próximo
rei de Israel, depois do rei Saul (veja 1 Sm 16.5-13). A história do rei Davi é
contada em 1 e 2 Samuel, com a transferência do trono para seu filho Salomão,
registrada em 1 Reis 1.
Davi gerou a Salomão da que foi mulher de Urias. Essa história, registrada em 2
Samuel 11, descreve como Salomão nasceu de Davi e Bate-Seba, e como Davi mandou
matar Urias. Deus ficou muito irado com as más açóes de Davi e o primeiro filho
que nasceu de Davi e Bate-Seba morreu (2 Sm 11.27-12.23). O segundo filho a
nascer foi Salomão, que mais tarde foi rei de Israel, cujo reinado foi chamado
de idade de ouro dessa nação. A sabedoria que recebeu de Deus tornou-se
mundialmente conhecida e ele escreveu muitos provérbios, que estão registrados
no livro de Provérbios, assim como em Eclesiastes e Cantares. Sua história é
contada em 1 Reis 1-11 e 2 Crônicas 1-10.
1.7 O cruel
filho de Salomão, Roboão, dividiu o reino por causa de uma decisão orgulhosa e
imprudente (veja 1 Reis 12.1-24) e assim surgiram dois novos reinos: o reino do
sul, chamado Judá, governado por Roboão, e o reino do norte, chamado Israel,
governado
por Jeroboão. O filho de Roboão,
Abias (também chamado Abião) também foi um rei cruel (1 Rs 15.3,4). Asa foi um
rei temente ao Senhor (1 Rs 15.11).
1.8 O bom rei
Asa foi o pai de outro rei, Josafá (1 Rs 22.43). Entretanto, o filho de
Josafá, Joráo (também chamado Jeoráo), era cruel (2 Rs 8.18). O filho de
Jeoráo, Uzias (também chamado Azarias) deu um exemplo de como essa frase
nem sempre quer dizer verdadeiramente “filho de”. De
Acordo com a genealogia mostrada em 1 Crônicas 3.10- 14, Mateus omitiu três
nomes entre Jorão e Uzias: esses três reis eram Acazias, Joás e Amazias. Mateus
provavelmente não incluiu esses nomes a fim de manter seu padrão de
três conjuntos de quatorze
gerações nessa genealogia.
1.9 Jotáo andou
firmemente na presença de Deus (2 Cr 27.6), mas a sua boa influência não se
estendeu ao seu filho, pois Acaz era um homem cruel a ponto de sacrificar seu
próprio filho no fogo (2 Rs 16.3,4). Depois do reinado excessivamente cruel de Acaz,
veio o próspero reinado do bom rei Ezequias (2 Rs 18.5).
1.10 Manassés. Ezequias
obedecia a Deus, mas seu filho Manassés foi o rei mais cruel que reinou
no reino do sul (2 Cr 33.9). Entretanto, ao chegar ao fim da vida, ele se
arrependeu dos seus horríveis pecados (2 Cr 33.13). Infelizmente, seu filho
Amom herdou muito do caráter do pai. Ele
cometia pecados e adorava e oferecia sacrifícios aos ídolos (2 Cr 33.22,23).
Mais uma vez Deus teve misericórdia da nação e o filho de Amom, Josias,
tentou desfazer todas as más ações do pai (2 Rs 23.25).
1.11 Josias gerou a Jeconias (ou
Joaquim) e a seus irmãos na deportação para a Babilônia. Mateus omitiu outro nome da
linhagem. Josias era, na verdade, o pai de Jeoaquim que foi deportado para a
Babilônia quando se rebelou novamente contra Nabucodonosor. Depois da partida
de Jeoaquim, seu filho Jeconias (também chamado Joaquim) reinou em Jerusalém.
Seu reino durou apenas três
meses, antes de Nabucodonozor sitiar a cidade, provocando sua rendição. A frase
“ea seus irmãos” refere-se ao irmão de Jeconias (ou Joaquim), Zedequias,
a quem Nabucodonosor colocou no trono de Jerusalém como um rei “fantoche”. Mas
Zedequias cometeu o grande erro de também se rebelar, e isso provocou a ira
final do rei da Babilônia que conquistou Judá de forma completa, destruindo
Jerusalém, inclusive seu maravilhoso Templo. Toda a nação de Judá foi levada
para o exílio na Babilônia (2 Rs 24.16-25.21). Isso aconteceu em 586 a.C.
1.12 Depois da deportação para a Babilônia, Jeconias (ou Joaquim) gerou a
Salatiel. Nesse agrupamento final, Jeconias (ou Joaquim) é relacionado como
pai de Salatiel, de acordo com 1 Crônicas 3.17. Ao dizer que Jeconias (ou
Joaquim) gerou a Salatiel, Mateus se afastou da genealogia de 1 Crônicas
3.19 que relaciona Pedaías como pai de Zorobabel. Entretanto, Mateus concorda
com várias outras Escrituras que relacionam Salatiel como pai de Zorobabel (Ed
3.2; 5.2; Ne 12.1; Ag 1.1; 2.2; 23). Zorobabel figurou de forma
proeminente na história de Israel depois do exílio. Quando o povo de
Judá teve finalmente permissão de retornar à sua nação, Zorobabel tornou-se seu
governador (Ag 1.1) e começou a obra do Templo de Deus (Ed 5.2). Deus abençoou
imensamente o seu servo Zorobabel, reafirmando e garantindo sua promessa de um
Messias através da linhagem de Davi (Ag 2.23).
1.13-15 Abiúde... Eliaquim... Azor...Sadoque... Aquim... Eliúde...
Eleazar...Matã... Jacó. Nada se sabe nas Escrituras sobre qualquer um desses homens. Na
linhagem do Messias foram incluídas pessoas comuns, que nunca haviam sido
relacionadas em quaisquer genealogias e nunca tiveram sua história contada
através das gerações.
1.16 A linhagem
real continuou através de José que, embora não fosse o pai de Jesus, era
o marido de Maria, da qual nasceu Jesus, que se chama o Cristo. Mateus
havia terminado seu objetivo de relacionar essa genealogia para mostrar, sem
qualquer dúvida, que Jesus era descendente de Davi e que, dessa forma, estava
cumprindo as promessas de Deus.
1.17 Todas as gerações, desde Abraão até Davi, são catorze gerações; e, desde
Davi até a deportação para a Babilônia, catorze gerações; e, desde a deportação para a
Babilônia até Cristo, catorze gerações.
O Evangelho divide a história de
Israel em três conjuntos de quatorze gerações, mas provavelmente houve mais
gerações do que aquelas relacionadas aqui. Muitas vezes as genealogias
condensam a história, e com isso nem todas as gerações dos ancestrais foram especificamente relacionadas.
Parece que também existe um
problema ao compararmos a genealogia de Mateus com a de Lucas (registrada em
Lucas 3.23-37). As diferenças em Mateus podem ser explicadas pela omissão de
alguns nomes a fim de obter a simetria de três conjuntos de quatorze gerações.
Também é muito provável que Lucas estivesse traçando os ancestrais humanos de
Jesus através de José, enquanto Mateus estava preocupado com os nomes legais e
reais para enfatizar a sucessão ao trono de Davi e a chegada de Jesus como o
prometido Rei. Mateus insistia na história israelita enquanto a genealogia mais
longa de Lucas traça seus ancestrais através de Natã, filho de Davi, e não através de Salomão,
como fez Mateus. Mateus também incluiu os nomes de quatro mulheres, ao
contrário de Lucas.
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