1. O dom da
filiação. “Mas, a
todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos dc Deus; a
saber: aos que crêem no seu nome”. Estes vieram a ser filhos de Deus, não por
serem descendentes de Abraão (“não nasceram do sangue”), nem por geração
natural (“nem da vontade da carne”), nem pelos seus próprios esforços (“nem da
vontade do varão”). Sua adoção na família divina foi um dom gratuito c
sobrenatural da parte de Deus, mediante uma nova vida implantada neles pelo
Espírito Santo, como será explicado adiante na entrevista de Jesus com
Nicodemos, no capítulo 3.
2. A visão
da glória. “E o
Verbo se fez carne, e habitou entre nós”. Literalmente: “E o Verbo foi feito
carne, e tabernáculo
entre nós”. O Filho de Deus habitou num tabernáculo (“tenda”) entre nós, o
tabernáculo sendo seu próprio corpo (cf. Jo 2.19; 2 Co 5.1,4; 2 Pe 1.13,14).
Assim como a glória de Deus habitava no Tabernáculo antigo, assim também,
quando Cristo nasceu neste mundo, sua divina natureza habitava no seu corpo
como num templo.
“E vimos a sua
glória” (caráter divino), não meramente a glória externa revelada na
transfiguração (2Pc 1.16,17), mas, também, o esplendor do seu divino caráter.
Não era uma glória refletida, como a glória de um santo, e sim a “glória do
unigenito do Pai”. Um filho participa da mesma natureza do pai; Cristo, como
Filho de Deus, tem a própria natureza de Deus. Este divino caráter estava
“cheio de graça e de verdade”. A graça é o favor divino, o amor inabalável de
Deus, a misericórdia divina, c a verdade não somente é a fala leal, sincera c
veraz, como também a conduta à altura.
Por qual ato,
ou meio, o Filho dc Deus veio a ser Filho do homem? Qual milagre poderia trazer
ao mundo “o segundo homem”, que é o Senhor do Céu (1 Co 15.47)? A resposta é
que o Filho de Deus entrou no mundo, como Filho do homem, por meio da concepção
no ventre de Maria mediante o Espírito Santo, independentemente de pai humano.
No fato do nascimento virginal baseia-se a doutrina da encarnação (Jo
1.14).