Gênesis 14. Abraão ficou
tão comovido com a derrota dos habitantes de Sodoma, que eram seus vizinhos e
amigos, e com o cativeiro de Ló, seu sobrinho, que resolveu ajudá-los. Sem
retardar um só momento, seguiu os assírios e alcançou-os no quinto dia, perto
de Dã, uma das nascentes do Jordão. Surpreendeu-os à noite vencidos pelo vinho
e pelo sono e matou grande parte deles. Pôs os restantes em fuga e perseguiu-os
todo o dia seguinte até Soba de Damasco. Esse grande feito fez ver que a
vitória não depende do grande número, mas da coragem dos combatentes, pois
Abraão tinha com ele apenas trezentos e dezoito homens e três de seus amigos quando
derrotou aquele grande exército. Os poucos assírios que restaram fugiram para o
seu país cobertos de vergonha e de confusão. Assim, Abraão libertou Ló e todos
os outros prisioneiros e voltou plenamente vitorioso.
27.
O rei de Sodoma veio até ele no lugar a que chamam Campo Real, onde o rei de
Salém, que agora é Jerusalém, o recebeu com grandes demonstrações de estima e
de amizade. Esse príncipe chamava-se Melquisedeque, isto é, "rei
justo". E ele era verdadeiramente justo, pois a sua virtude era tal que,
por consentimento unânime, havia sido feito sacerdote do Deus Todo-poderoso.
Ele não se contentou em receber penas a Abraão, mas também a todos os seus.
Deu-lhes, no meio dos banquetes que realizou, os louvores
devidos à sua coragem e virtude e prestou a Deus públicas ações de graças por
tão gloriosa vitória. Abraão, por sua vez, ofereceu a Melquisedeque a décima
parte dos despojos que tomara dos inimigos, e este aceitou, já o rei de Sodoma,
ao qual Abraão ofereceu também parte dos despojos, teve dificuldade em receber
a oferta, contentando-se com a parte de seus súditos. Mas Abraão o obrigou a
receber tudo, reservando-se somente alguns víveres para os seus homens e uma
parte dos despojos para os seus três amigos, Escol, Aner e Manre, que o haviam
acompanhado.
28.
Gênesis 15. Esse
ato generoso de Abraão foi tão agradável aos olhos de Deus que Ele afirmou que
não o deixaria sem recompensa, pelo que Abraão respondeu: "E como, Senhor,
os vossos benefícios me poderiam dar alegria, pois que não deixarei a ninguém
depois de mim que deles possa gozar e possuí-los?"
Ele
ainda não tinha filhos. Então Deus prometeu que lhe daria um filho e que a sua
posteridade seria tão grande que igualaria o número das estrelas. Ordenou-lhe em
seguida que oferecesse um sacrifício, e eis a ordem que ele observou: tomou uma
novilha de três anos, uma cabra e um carneiro da mesma idade, que cortou em
pedaços, e uma rola e uma pomba, que ofereceu inteiras, sem partir. Antes de
erguer o altar, quando as aves adejavam em torno das vítimas, para se alimentar
de seu sangue, ele ouviu uma voz do céu vaticinando que os seus descendentes
sofreriam durante quatrocentos anos grande perseguição no Egito, mas que
triunfariam enfim sobre os seus inimigos, venceriam os cananeus
e se tornariam senhores de seu país.
29.
Gênesis 16. Abraão
morava naquele tempo num lugar chamado Carvalho de Manre, muito próximo da
cidade de Hebrom. Como vivia sempre aflito, por ver que sua mulher era estéril,
não deixava de rogar a Deus que lhe desse um filho. E Deus não somente
confirmou a promessa que lhe fizera, como lhe garantiu ainda todas as outras
coisas que lhe havia prometido quando ele fora obrigado a deixar a Mesopotâmia.
30.
Sara, então, deu a Abraão uma de suas escravas, de nome Agar, egípcia, a fim de
que esta lhe desse um filho. Quando a escrava se sentiu grávida, desprezou a
sua senhora e vangloriou-se de que os seus filhos seriam um dia os herdeiros de
Abraão. Esse homem justo ficou horrorizado com aquela ingratidão e deixou Sara
à vontade para castigar a escrava como bem entendesse. Agar, cheia de dor e de
sofrimento, fugiu para o deserto e rogou a Deus que tivesse compaixão de sua
miséria. Estava ainda nesse estado quando um
anjo ordenou-lhe que voltasse à sua senhora, asseverando-lhe que esta a perdoaria,
contanto que Agar reconhecesse a sua falta e aceitasse o castigo que devia
receber como justa punição por sua ingratidão e por seu orgulho.
Acrescentou
que, se em vez de obedecer a Deus, ela se afastasse mais, pereceria miseravelmente.
Todavia, se se submetesse de boa vontade, seria mãe de um filho que um dia
haveria de reinar naquela província. Ela obedeceu, pediu perdão à sua senhora,
e o obteve, e pouco tempo depois deu à luz um filho, que foi chamado Ismael,
isto é, "atendido", para mostrar que Deus atendera às orações de sua
mãe.
31.
Gênesis 17. Abraão
tinha oitenta e seis anos quando nasceu Ismael e noventa e nove anos quando
Deus lhe apareceu e disse que Sara teria um filho, o qual se chamaria Isaque,
cuja posteridade seria muito grande e da qual nasceriam dois reis, que
submeteriam pelas armas toda a terra de Canaã, desde Sidom até o Egito. E, a
fim de distinguir a sua raça de outras nações, mandou circuncidar todas as
crianças do sexo masculino, oito dias após o nascimento,
de que darei ainda outra razão. E, sobre o que Abraão pediu a Deus, se Ismael
viveria, Ele respondeu-lhe que viveria muito tempo e que a sua posteridade
também seria muito grande. Abraão deu graças a Deus por esses favores e logo
fez-se circuncidar com toda a sua família, tendo já Ismael a idade de treze
anos.
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