Nos
evangelhos, há menção de sete Marias.1 Neste estudo, veremos a pessoa de Maria,
irmã de Lázaro. Era um nome bem comum. Deriva do nome Miriã, no hebraico, que
era a irmã de Moisés e de Arão, e compunha a liderança do povo de Israel na
saída do Egito em direção a Canaã.
Maria, irmã de Lázaro, ou Maria de
Betânia, era uma mulher humilde e, ao mesmo tempo, cheia de energia e ousadia.
Tendo Jesus hospedado-se em sua casa, quando ia para Jerusalém, Maria preferiu
ficar ouvindo a palavra do Mestre enquanto sua irmã envolvia-se nas tarefas
domésticas (Lc 10.39). Ela foi reprovada por Marta, mas recebeu enorme elogio
de Jesus por ter escolhido “a boa parte” (10.41,42). Na mesma semana daquele
acontecimento, vemos os fatos em que Maria, irmã de Lázaro, aparece
protagonizando um dos momentos mais interessantes e polêmicos do ministério de
Jesus.
O
fato ocorreu na última semana de Jesus antes de sua morte na cruz do Calvário.
Era um período muito tenso em Jerusalém, pois aproximava-se a Páscoa, a maior
festa judaica, e milhares de pessoas invadiam a cidade para as comemorações
pascais (Jo 11.55).
Maior motivo para as tensões era a determinação dos principais dos sacerdotes
de materem Jesus (v. 57), por inveja, por motivo político em relação a César,
ainda que todo o desenrolar dos acontecimentos estivessem sob o controle de
Deus, em cumprimento à sua palavra, às profecias e também seu plano para a
salvação da humanidade.
Naquelas circunstâncias, o
evangelista João narra o que aconteceu em Betânia num jantar que foi oferecido
a Jesus. Quem aparece em primeiro plano é Marta, que ajudou a organizar o
evento — como sempre muito solícita e cuidadosa na demonstração de
hospitalidade para com Jesus. Mas quem toma a cena, de forma bem dramática, é
Maria. Ela aparece inesperadamente e faz algo que deixou os presentes atônitos.
“Então, Maria, tomando uma libra de unguento de nardo puro, de muito preço,
ungiu os pés de Jesus e enxugou-lhe os pés com os seus cabelos; e encheu-se a
casa do cheiro do unguento” (Jo 12.3).
Ela demonstrou ser ousada,
cheia de iniciativa, decidida e generosa. Primeiramente, porque não era comum
uma mulher entrar num ambiente repleto de homens. Ao que tudo indica, ali não era
a sua casa. Depois, porque o valor do perfume derramado sobre os pés de Jesus
era caríssimo. O dispêndio na aquisição daquele unguento era em torno de 300
denários, o valor dos salários de um trabalhador durante quase um ano inteiro.
E ainda, porque ela passou por cima de todas as convenções e costumes do seu
tempo ao abaixar-se e enxugar os pés de Jesus com os próprios cabelos, que eram
crescidos e abundantes sem dúvida. E todo o ambiente ficou impregnado com o
cheiro agradável e forte daquele unguento.
Além do episódio
protagonizado por Maria, que ficou conhecido como “a unção em Betânia”, e é
narrado por João, que dá respaldo a este capítulo em seu livro no capítulo 12,
do versículo 1 a 8, Mateus faz referência a episódio semelhante no capítulo 26,
do versículo 6 a 13, e Marcos no capítulo 14, do versículo 3 a 9, com
narrativas diferentes em alguns aspectos. Há discordâncias se são eventos
únicos ou episódios distintos. No texto em apreço, veremos algumas explicações,
a nosso ver, consistentes.
I - O EXEMPLO
DE MARIA DE BETÂNIA
I.
Maria “escolheu a boa parte”
Não se sabe como Jesus travou
conhecimento com a família dos três irmãos Lázaro, Maria e Marta, que viviam em
Betânia, e deles tornou-se bastante amigo, provando bem de perto de sua amizade
fraternal. Sempre que ia a Jerusalém, o Mestre costumava pousar na casa dessa
família. Era uma família amada por Jesus (Jo
II.
5,32). Certa vez, acompanhado de seus discípulos, Jesus entrou em Betânia. Ali,
Ele foi recebido na casa de Lázaro por sua irmã, Marta. Na ocasião, sua outra
irmã, Maria, percebendo a rica oopor- tunidade de ter Jesus em sua própria
casa, deu prioridade ao estar na presença de Jesus, ouvindo suas sábias
mensagens. Aquela não era uma ocasião comum. Jesus só passava por aquela aldeia
chamada Betânia quando ia para Jerusalém. Maria teve a percepção de que aquele
era um momento que deveria ser aproveitado plenamente por várias razões.
1)
Jesus entrou na aldeia. Maria tinha conhecimento de quem era Jesus desde que
suas mensagens ecoaram pela Palestina. Mateus diz que Jesus andava por todas as
cidades e aldeias levando sua mensagem, fazendo suas jornadas a pé com seus
discípulos. Certamente, Ele não podia privilegiar uma cidade em detrimento de
outra, visitando-a várias vezes. Estar em Betânia era uma ocasião especial. “E
percorria Jesus todas as cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas deles, e
pregando o evangelho do Reino, e curando todas as enfermidades e moléstias
entre o povo” (Mt 9.35). Lucas diz que o Mestre passava por todos os lugares,
mas seu foco era Jerusalém: “E percorria as cidades e as aldeias, ensinando e
caminhando para Jerusalém” (Lc 13.22). Pouquíssimas cidades tiveram a honra de
ter Jesus em suas ruas, em suas praças, e também de tê-lo hospedado em alguma
de suas residências. Como Betânia ficava próxima de Jerusalém, Jesus, em lugar
de pousar na capital, preferia repousar na tranquilidade da aldeia, algumas
vezes na casa da família de Lázaro, seu amigo (Jo 11.11).
2) Jesus na casa de Maria.
O texto de Lucas 10 diz que Marta, irmã de Maria, recebeu Jesus em sua casa
(10.38). Havia muitas casas em Betânia, mas receber Jesus e seus discípulos no
lar era motivo de muita alegria e orgulho para uma família piedosa. Certamente,
a casa não era pequena, pois lá tinha lugar para Jesus e seus discípulos.
Cremos que, ao receber Jesus e seus discípulos em sua caminhada, Ele não chegou
a casa e começou logo a pregar. Tudo indica que Jesus foi acomodado nas
dependências que a família destinou a Ele e a seus seguidores, comeu de suas
refeições e foi acolhido com muita hospitalidade, como era comum e altamente
valorizado em Israel (Hb 13.2).
3) Maria prefere ficar aos
pés de Jesus. Num momento apropriado, Jesus aproveitou para ministrar sua
palavra naquele lar. O texto em apreço é muito curto, porém encerra lições
preciosas para quem sabe valorizar a presença de Jesus no seu lar. Lucas diz
que Marta recebeu Jesus e que Maria assentou-se aos pés dEle e ouvia a sua
palavra: “E tinha esta uma irmã, chamada Maria, a qual, assentando-se também
aos pés de Jesus, ouvia a sua palavra” (10.39). Lucas não faz menção do teor da
palavra de Jesus; por isso, não podemos especular a respeito, mas podemos
imaginar que eram lições preciosas, de grande valor e relevância para aquela
família e também para todos os que ali se encontravam, incluindo os discípulos
e o próprio Lázaro. Enquanto Maria ouvia Jesus, Marta, sua irmã, estava mais
preocupada com as atividades domésticas e, talvez, em como agradar a Jesus,
oferecendo-lhe a cortesia do seu lar. De início, não podemos julgá-la por isso.
No entanto, ela demonstrou não saber aproveitar aquele momento e ainda criticou
a irmã, julgando que a mesma não estava agindo bem, ficando aos pés de Jesus:
“Marta, porém, andava distraída em muitos serviços e, aproximando-se, disse:
Senhor, não te importas que minha irmã me deixe servir só? Dize-lhe, pois, que
me ajude” (10.40). Além de não priorizar aquele momento de estar ouvindo Jesus,
Marta ainda fez uma insinuação crítica de que Jesus não tinha sensibilidade
para com ela e, diante de todos os presentes, numa atitude descortez, cobrou de
Jesus que dissesse a Maria que fosse ajudá-la.
2.
Maria Deu Prioridade a Jesus
Maria é um exemplo de serva de Deus que
soube avaliar as prioridades no relacionamento com Jesus. Ela tinha tarefas
domésticas a realizar assim como Marta, sua irmã, porém entendia também que, se
Jesus estava ali, naquela ocasião, a prioridade era ouvir sua palavra, e não
ficar “distraída em muitos serviços” como Marta ficou. Ao ser questionado por
Marta, que cobrava de Jesus que determinasse que Maria se levantasse de sua
presença e fosse ajudá-la, Jesus respondeu de forma amorosa, porém cheia de
ensino precioso: “[...] Marta, Marta, estás ansiosa e afadigada com muitas
coisas, mas uma só é necessária; e Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe
será tirada” (w. 41,42). A “boa parte” que Maria escolheu foi ouvir Jesus,
ficar a seus pés em atitude de reverência e adoração e procurar não perder uma
só palavra proferida por Ele — uma grande lição para nós, nos tempos presentes,
quando a agitação da vida pós-moderna faz grande parte dos crentes perder a
noção do que é essencial e do que é secundário no seu dia a dia.
3.
Mais Martas do que Marias
Podemos
afirmar que, no mundo atual, há muito mais “Martas” do que “Marias”. Hoje em
dia, mulheres e homens cristãos têm muito mais coisas para se distraírem,
afadigarem-se e ficarem ansiosos do que tinham no tempo de Maria. A vida
moderna exige que a mulher deixe de ser apenas dona de casa, esposa e mãe, e
assuma posições na vida dos estudos e na profissão. Não há nada de errado nessa
realidade. Mas o tempo para Deus, o tempo para estar aos pés de Jesus, ouvindo
atenciosamente a sua Palavra é muito mais escasso do que na época de Marta e
Maria. Além dos excessos de atividades em casa, na escola e na igreja, homens e
mulheres estão sendo dominados e até escravizados por redes sociais, por causa
do uso excessivo das tecnologias da informação e da imagem, a ponto de não
haver mais tempo para a maior parte das famílias estar nos cultos de oração,
nos cultos de doutrina e na Escola Bíblica Dominical. As “Martas” são o tipo de crente que, além de se
deixarem assoberbar de tarefas, ainda criticam aqueles que buscam mais as
coisas de Deus, as “coisas que são de cima” — as “Marias” (Cl 3.1).
Se, por parte da família,
não houver uma decisão sábia e firme de dar prioridade às coisas de Deus, em
poucos anos, ocorrerá o que aconteceu na Europa. O Diabo incutirá de vez o
materia- lismo nas escolas, e os filhos serão dominados pelo ateísmo. As famílias,
especialmente os filhos, perderão o interesse de estar aos pés do Senhor, e a
tragédia espiritual será inevitável. É tempo de seguir o conselho registrado em
Eclesiastes: “Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o
propósito debaixo do céu” (Ec 3.1). Notemos que há tempo “para todo o
propósito” debaixo do céu; não diz que há “tempo para tudo”. Se quisermos agir
como Maria, escolhendo “a boa parte” — a de estar aos pés do Senhor —
precisaremos ter no coração o propósito de dar prioridade à vida devocional, de
ler a Bíblia, de orar, de ir à igreja, de envolvermo-nos no serviço da Obra do
Senhor. O culto doméstico é a forma mais eficaz de reunir a família para
adoração a Deus no lar. Bastam 20 a 30 minutos, no máximo, para a família
louvar a Deus, ler a Bíblia, pedir orações e orár juntos. Essa simples reunião
informal tem sido usada por Deus para fortalecer a família cristã, livrando-a
da desgraça espiritual e moral que tem destruído grande parte dos lares
cristãos.
|| - MARIA, A MULHER QUE UNGIU O SENHOR
Maria, irmã de Lázaro — ou Maria de
Betânia — era uma mulher cujo caráter tinha a marca da sensibilidade, da
afetividade intensa. Ela amava tanto Jesus como amigo e benfeitor da família
que, na última semana, antes da morte do Senhor, ela ungiu-o duas vezes. Jesus
estava ameaçado de prisão e morte pelos chefes dos sacerdotes, e Maria resolveu
fazer o que achou de melhor para demonstrar seu amor pelo seu Mestre.
1.
Maria Ungiu os Pés de Jesus
De acordo com a cronologia dos fatos
que antecederam a morte de Cristo, conforme diz a Bíblia, Jesus dirigiu-se a
Betânia, onde Lázaro encontrava-se: “Foi, pois, Jesus seis dias antes da Páscoa
a Betânia, onde estava Lázaro, o que falecera e a quem ressuscitara dos mortos”
(Jo 12.1). Jesus tinha enorme apreço por Lázaro e sua família. Ele,
milagrosamente, por seu eterno Poder, ressuscitou o líder da família quando já
não havia mais a mínima esperança. Esse acontecimento teve um impacto
extraordinário sobre toda a sociedade de sua época. Para o ministério de Jesus,
aquela família tinha significância muito especial. Sempre que ia a Jerusalém ou
a seus arredores, Ele hospedava-se na casa de Lázaro e suas irmãs. Betânia
estava situada aproximadamente a 3 quilômetros de Jerusalém, na estrada que
leva a Jericó.
1) Uma ceia para Jesus. Embora o texto
não diga que a ceia foi na casa de Lázaro, Marta certamente foi a organizadora
da ceia a ser oferecida a Cristo. Mais uma vez, ela tinha especial cuidado com
a hospitalidade e com a recepção ao ilustre visitante: “Fize- ram-lhe, pois,
ali uma ceia, e Marta servia, e Lázaro era um dos que estavam à mesa com ele”
(Jo 12.2). Sem dúvida alguma, ela fez o melhor que sabia para atender bem ao
grande amigo da família.
2)
Maria unge os pés de Jesus. Tudo indica que, após a ceia cuidadosamente
preparada por Marta, Maria surpreendeu a todos, pois, “[...] tomando uma libra
de unguento de nardo puro, de muito preço, ungiu os pés de Jesus e enxugou-lhe
os pés com os seus cabelos; e encheu-se a casa do cheiro do unguento” (12.3). O
gesto de Maria considerado extravagante provocou grande rebuliço entre os
presentes, principalmente em Judas Iscariotes, o tesoureiro do grupo de
discípulos. Diz o texto: “Então, um dos seus discípulos, Judas Iscariotes,
filho de Simão, o que havia de traí-lo, disse: Por que não se vendeu este
unguento por trezentos dinheiros, e não se deu aos pobres? Ora, ele disse isso
não pelo cuidado que tivesse dos pobres, mas porque era ladrão, e tinha a
bolsa, e tirava o que ali se lançava” (w. 4-6). Uma libra de “nardo puro”
equivalia a cerca de “trezentos denários”, como acentuou Judas, ou seja, quase o salário de um
trabalhador durante um ano inteiro. Judas, além de traidor, era mentiroso e
hipócrita. Seu cuidado não era com os pobres e nem com a assistência social,
mas, sim, com sua ambição desenfreada por dinheiro.
3) Jesus aprova o gesto de
Maria. O traidor reprovou a generosidade de Maria, mas Jesus reconheceu a
grandeza das intenções do seu coração agradecido. “Disse, pois, Jesus:
Deixai-a; para o dia da minha sepultura guardou isto” (12.7). Pela fé, de forma
profética, Maria ungiu antecipadamente o corpo de Jesus para seu sepultamento.
Sua visão era mais ampla e mais profunda. Marta via em Jesus o amigo e
visitante ilustre; já Maria via Ele como o seu Salvador, que havería de morrer
em seu lugar e que não tinha familiares que pudessem ungir seu corpo na sua
morte. Ante o argumento falacioso de Judas, pretensamente em defesa dos pobres,
Jesus acrescentou: “Porque os pobres, sempre os tendes convosco, mas a mim nem
sempre me tendes” (v. 8). Maria sabia discernir o tempo e a prioridade das
coisas, e Jesus reforçou essa compreensão. Naquele momento, para ela, o mais
importante era demonstrar sua gratidão e amor a Cristo. Os pobres poderíam ser
atendidos em qualquer tempo. A multidão de judeus acorreu à casa de Lázaro, por
saber que Jesus ali estava, querendo também ver de perto aquele que fora
ressuscitado depois de quatro dias. A repercussão foi tão grande que os
principais dos sacerdotes deliberaram matar a Jesus e também a Lázaro. Um bom
número de judeus creu em Jesus por causa do milagre da ressurreição de Lázaro
(12.9-11).
2. Maria Ungiu a Cabeça de Jesus
Na
mesma semana que antecedeu à morte de Jesus, Maria, mais uma vez, foi movida de
profundo sentimento de ternura e valorização do seu Mestre. Mateus diz que
Jesus, após o seu sermão profético proferido em Jerusalém, concluiu seus
discursos e disse aos discípulos: “Bem sabeis que, daqui a dois dias, éa Páscoa,
e o Filho do Homem será entregue para ser crucificado” (Mt 26.2 - grifo nosso).
Dali, Ele dirigiu-se a Betânia, onde, na
casa de “Simão, o leproso”, ofereceram outro jantar a Ele. Ali, diz o texto, que “uma mulher” ungiu os seus pés. O evangelista Mateus
registra esse fato, dizendo: “E, estando Jesus em Betânia, em casa de Simão, o
leproso, aproximou-se dele uma mulher com um vaso de alabastro, com unguento de
grande valor, e derramou-lho sobre a cabeça, quando ele estava assentado à
mesa” (v. 6,7). Marcos também diz que esse fato ocorreu “dois dias antes da
páscoa” (Mc 14.1,3-9). Há indagações sobre se a “mulher” deste texto é mesmo
Maria, irmã de Lázaro. Mas o texto de João, que registra a ressurreição de
Lázaro, diz: “Estava, então, enfermo um certo Lázaro, de Betânia, aldeia de
Maria e de sua irmã Marta. E Maria era aquela que tinha ungido o Senhor com
unguento e lhe tinha enxugado os pés com os seus cabelos, cujo irmão, Lázaro,
estava enfermo” (Jo 11.1,2).
Os estudiosos do Novo
Testamento não são unânimes em definir se, naquela ocasião, a mulher que ungiu
a cabeça de Jesus era a mesma Maria que ungiu os seus pés (cf. Jo 12.3). Mas
Michaels2 diz sobre esse fato, que “O narrador já fez alusão a esse incidente
ao apresentar Lázaro (11.2); todavia, reconta-o agora com pormenores e na
sequência apropriada. Trata-se reconhecidamente da mesma unção que deve ter
ocorrido em Betânia, na casa de um leproso chamado Simão, de acordo com Marcos
14.3-9 e Mateus 26.6-13”. A Bíblia de Estudo Cronológica - Aplicação Pessoal,
em nota sobre Mateus 26.7, confirma esse entendimento: “Esta mulher era Maria,
a irmã de Marta e Lázaro, que vivia em Betânia (Jo 12.1-3)”.3 De igual modo,
essa Bíblia diz, em nota sobre Marcos 14.3, que “A mulher que ungiu os pés de
Jesus foi Maria, a irmã de Lázaro e Marta”.4
Mais uma vez, a devoção
extremada de Maria por Jesus, com seu gesto de intensa generosidade, provocou
grande indignação e, dessa feita, não só por parte de Judas, mas também dos
discípulos, que consideraram aquele ato um “desperdício”. Assim como Judas,
eles viram apenas o valor monetário do precioso unguento, que podería ser
vendido “por grande preço” e dado aos pobres. Jesus, porém, percebendo a
inquietação dos discípulos, ficou ao lado da mulher, indagando e dizendo:
“[...] Por que afligis esta mulher? Pois praticou uma boa ação para comigo.
Porquanto sempre tendes convosco os pobres, mas a mim não me haveis de ter
sempre. Ora, derramando ela este unguento sobre o meu corpo, fê-lo
preparando-me para o meu sepultamento. Em verdade vos digo que, onde quer que
este evangelho for pregado, em todo o mundo, também será referido o que ela fez
para memória sua” (Mt 26.10-13).
3.
Devemos Oferecer o Melhor a Jesus
O exemplo de Maria
ensina-nos que devemos oferecer a Jesus aquilo que temos de melhor em nossa
vida. Na ocasião extrema, sendo iminente a morte de Jesus, Maria quis
demonstrar seu amor e sua gratidão oferecendo algo que tivesse valor elevado, e
não qualquer coisa por mera formalidade ou religiosidade. Ela podería ter
oferecido um unguento de menor preço, mas ungiu Jesus “com unguento de grande
valor, e derramou-lho sobre a cabeça”. O gesto torna-se mais impressionante, e
até extravagante, pois, além do valor do bálsamo, ela derramou-o sobre a cabeça
de Jesus, fazendo com que a maior parte do perfume caísse ao chão do local, o
que provocou a indignação dos circunstantes. O mais importante na adoração a
Jesus é saber se Ele aceita nosso louvor. E Jesus declarou sua aprovação ao
gesto de Maria, dizendo: “Em verdade vos digo que, onde quer que este evangelho
for pregado, em todo o mundo, também será referido o que ela fez para memória
sua” (Mt 26.13; Mc 14.9). A adoração a Deus deve ter um caráter de sacrifício,
de algo que tenha valor. O salmista disse: “Oferece a Deus sacrifício de louvor
e paga ao Altíssimo os teus votos” (Sl 50.14, 23). Chama-nos a atenção o que
acontece nos dias presentes. Em igrejas, cantores e grupos musicais só se
apresentam se receberem elevados “cachês” — às
vezes, quantias exageradas —, dizendo ainda que são “levitas”, que
oferecem sacrifício a Deus. O sacrifício não é o que se cobra dos outros, e sim
o que se oferece a Deus.
III - O CARÁTER HUMILDE DE MARIADE BETÂNIA
Com base nos textos citados, podemos
concluir que Maria, irmã de Lázaro, era uma mulher humilde, mesmo sendo
possuidora de ótima condição financeira, a ponto de poder oferecer a Jesus
valiosa oferta como verdadeiro sacrifício de louvor e adoração. No episódio em
que ela ficou assentada aos pés de Jesus (cf. Lc 10.39), revelou um profundo
senso de valor diante do Mestre, considerando prioridade maior ouvir seus
valiosos ensinos. Na ocasião, mesmo ouvindo sua irmã Marta reclamar diante de
todos que ela deveria sair da presença de Jesus para ajudá-la nas tarefas
domésticas, Maria não revidou, criticando a atitude da irmã, mas ficou em
silêncio, sendo compensada por Jesus, que a defendeu dizendo que ela escolhera
“a boa parte, a qual não lhe será tirada” (Lc 10.42). Da mesma forma, quando
foi criticada por Judas e, em outra ocasião, pelos discípulos, pelo seu gesto
generoso e extravagante de amor e adoração a Jesus, ela soube ficar calada.
Cristo, porém, falou por ela, não aprovando a atitude dos discípulos e dizendo
que ela fizera aquele ato, talvez até inconscientemente, preparando Jesus para
o seu sepultamento (Mt 26.12).
CONCLUSÃO
Maria
de Betânia, irmã de Lázaro, deixou um exemplo de como o cristão deve dar
prioridade a Cristo em sua devoção sincera. O cristão deve saber aproveitar os
momentos especiais, de oração, de meditação e de aprender as santas Escrituras.
Uma serva de Deus não deve negligenciar os afazeres domésticos sob sua
responsabilidade, mas precisa saber administrar o tempo e as oportunidades para
não se deixar ficar tão assoberbada, a ponto de não ter tempo para Jesus,
sendo, assim, um exemplo para os crentes em todos os tempos e lugares.
Fonte :
Livro o Caráterdo Cristão
Moldado pela Palavra de Deus e provado como ouro
Elinaldo Renovato de Lima
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