Neste capítulo, estudaremos um pouco do que a Bíblia
revela sobre a vida de José de Nazaré, esposo de Maria, mãe de Jesus. Seu lado
humano mostra-nos um homem humilde, trabalhador, que exercia o ofício de
carpinteiro. José era homem dotado de caráter justo, temperante e amoroso. No
lado espiritual, ele tinha experiências com Deus. Ao saber que a noiva ficara
grávida, mesmo sabendo dela que era algo sobrenatural, José não a quis infamar
e resolveu deixá-la secretamente. Ele correu grande risco. Se a sociedade
soubesse que ele era noivo de Maria e a tinha abandonado, provavelmente tal
fato seria motivo para suporem que ele teria cometido adultério ou fornicação e
fugira para não ser apanhado em flagrante e ser apedrejado com a noiva.
Deus,
porém, ao escolher a mulher em cujo ventre Jesus iria nascer, também escolheu
aquele que havería de dar apoio e proteção a ela e a seu filho primogênito.
Dessa forma, Jesus passou a ser partícipe do plano salvífico de Deus: “mas,
vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido
sob a lei, para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a
adoção de filhos” (G1 4.4,5). A encarnação de Jesus é prova de que Deus
valoriza a família. Para Ele, uma família tem que ser formada a partir de um
homem, que se une pelo matrimônio a uma mulher, que tenham filho ou filhos,
para juntos servirem a Deus. Jesus nasceu no seio de uma família, que, além dEle,
viu nascer mais quatro filhos e, pelo menos, duas filhas (Mt 13.55).
Deus concedeu a José uma missão por demais elevada. Ele
tornou-se o pai adotivo de Jesus, para cuidar de sua vida espiritual, moral e
física ao lado de Maria. Pouco se tem na Bíblia sobre a infância de Jesus, mas
os rápidos registros indicam que sua formação e educação foram bastante sólidas
e com base na Palavra de Deus: “E o menino crescia e se fortalecia em espírito,
cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre ele” (Lc 2.40). Maria e José
eram muito zelosos quanto à educação de Jesus. O texto mostra que seu
crescimento era equilibrado e integral. Ele crescia espiritualmente,
intelectualmente e cheio da graça de Deus.
Desde o nascimento de Jesus, José foi um pai presente em
todas as etapas de sua vida, especialmente na infância e na adolescência. Não
se sabe se José morreu antes ou depois de Jesus iniciar o seu ministério
público, mas o pouco que se sabe sobre seu papel de pai terreno faz-nos crer
que ele dedicou-se com muito amor à criação do menino, com base nos princípios
da Lei de Deus. José é um exemplo para os dias presentes, em que muitos pais
cristãos estão completamente descuidados da educação cristã de seus filhos.
Muitas crianças e adolescentes estão sendo educadas pela “babá eletrônica”, a
televisão secular e pela “mestra virtual”, que é a Internet. Muitos pais já não
seguem mais o conselho de Deus: “Instrui o menino no caminho em que deve andar,
e, até quando envelhecer, não se desviará dele” (Pv 22.6).
Ao lado de Maria, a mãe de Jesus, José cumpriu a sua missão,
pois participou da educação do menino-Deus até Ele ter consciência de que era o
Filho de Deus, enviado ao mundo para salvar o homem perdido. Quando Jesus teve
consciência de sua natureza divina e que Ele era a “semente da mulher” prevista
por Deus depois da Queda, tornou-se independente para iniciar, desenvolver e
cumprir seu ministério terreno até à consumação do plano salvífico de Deus na
cruz do calvário. José não estava junto à cruz, mas Maria testemunhou o supremo
sacrifício do “Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29).
I - JOSÉ, O PAI DE JESUS
1. Quem Era ele?
José, marido de Maria, era um homem de
caráter exemplar. Pouco se sabe sobre sua vida, e mesmo assim, o que se sabe é
aquilo que está relacionado aos fatos acerca do nascimento de Jesus, como um
personagem coadjuvante, porém de grande valor, na bela história de encarnação
do Verbo (Jo 1.1). Era um nome também muito comum em seu tempo. Ele também é
chamado de José de Nazaré, na Galiléia, pois a Bíblia registra os nomes de outros
“Josés”.1 Assim como a esposa, José era uma pessoa simples, humilde, talvez
mais conhecido que ela por causa de sua profissão. Ele exercia o ofício de
carpinteiro. Há quem creia que ele era o único carpinteiro do lugar. Não era um
homem rico, mas tinha sua profissão que, depois, haveria de ensinar a Jesus (Mc
6.3).
Ele entrou na genealogia de Jesus
contribuindo para o cumprimento das profecias, que indicavam que o Messias
faria parte da descendência de Davi (2 Sm 7.12,16). Quanto à sua idade, a
Bíblia não faz menção. Tradições cristãs dizem que José era bem mais velho que
Maria. Gardner diz que “Não há como saber a idade de José, comparando-se com a
de Maria, ou as circunstâncias específicas em que se conheceram e ficaram
noivos. A ausência de seu nome em Mt 13.35 e Jo 2.1, passagens onde se
esperaria que estivesse presente se estivesse vivo, implica que ele era bem
mais velho do que ela e já havia falecido quando Jesus iniciou o seu ministério
público (ou, logo depois, em Lc 3.23)”.1
2. Pai Terreno de Jesus
José não era o pai biológico de Jesus,
mas o seu pai adotivo, visto que Jesus foi gerado pela ação sobrenatural do
Espírito Santo, no ventre de Maria (Lc 1.35). É também chamado de
“pai-guardião” de Jesus. Esse fato é de grande importância, pois ele era “da
casa e família de Davi” (Lc 2.4). Perante a lei, José era o pai de Jesus,
incluindo-o na ascendência de sua família e também na ascendência de Maria,
conforme o registro de Lucas (3.23-38). Dessa forma, ele garantiu a confirmação
de Jesus na descendência real de Davi e da tribo de Judá. Mateus registra a
árvore genealógica de Jesus a partir da descendência de Davi, por meio de Natã,
seu filho (Lc 3.31), visto que o último rei da casa de Davi, em Judá,
Jeoiaquim, sofreu terrível maldição de que nenhum descendente dele se
assentaria no trono de Davi (ver Jr 22.28-30).
3. José, um Sonhador Obediente
José
de Nazaré era homem de profunda comunhão com Deus e teve experiências notáveis
na área espiritual que marcaram toda a sua vida de um piedoso servo de Deus.
Como noivo de Maria, ao saber da gravidez dela, pensou em deixá-la secretamente
para não infamá-la. Mas Deus, que tem o controle dos fatos e das pessoas
envolvidas em seus divinos propósitos, entrou em ação e deu a José um sonho
tranquilizador para que não saísse do seu lugar: “E, projetando ele isso, eis
que, em sonho, lhe apareceu um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi,
não temas receber a Maria, tua mulher, porque o que nela está gerado é do
Espírito Santo. E ela dará à luz um filho, e lhe porás o nome de JESUS, porque
ele salvará o seu povo dos seus pecados” (Mt 1.20,21). Deus não deixou que ele
concretizasse seu desejo de fugir às escondidas para não sofrer as
consequências da gravidez inesperada de sua noiva.
Deus
tem muitas maneiras de revelar-se aos que o temem e andam conforme a sua
direção: “E disse: Ouvi agora as minhas palavras; se entre vós houver profeta,
eu, o Senhor, em visão a ele me farei conhecer ou em sonhos falarei com ele”
(Nm 12.6).
José do Egito, filho de
Jacó, era um jovem sonhador que recebia sonhos da parte de Deus (Gn 37.7-10).
Ele tornou-se famoso após interpretar sonhos de dois colegas de prisão (Gn
40.1-23) e, depois, os sonhos preocupantes do rei do Egito (Gn 41.1-37). Daniel
era entendido em sonhos (Dn 1.17); os magos foram avisados por sonho para não
retornar a Herodes, que desejava matar Jesus (Mt 2.12). Dentre as maneiras de
revelar sua vontade, Deus usa “visão” e “sonhos”. A José, noivo de Maria , ele
revelou que sua noiva não havia fornicado, mas que iria ser mãe pela
intervenção sobrenatural do Espírito Santo (Mt 1.20,21). Tempos depois, após a
visita dos magos do Oriente a Jesus, Deus falou com José em sonhos, orientando
que ele se levantasse e fugisse com Maria e o bebê para o Egito, pois Herodes
queria matá-lo (Mt 2.13,14).
II - O CARÁTER
EXEMPLAR DE JOSÉ
1. Era um Homem Justo
O caráter de um homem torna-se mais
visível nos momentos difíceis, em meio às adversidades. Mateus diz que, ao
saber que Maria estava grávida, mesmo tendo sido informado de que se tratava de
uma operação realizada pelo Espírito Santo, José preferiu fugir para não causar
embaraço e constrangimento à sua jovem noiva. O texto diz: “Então, José, seu
marido, como era justo e a não queria infamar, intentou deixá-la secretamente”
(Mt 1.19). Sem dúvida, José viveu o momento mais perturbador de sua vida. Ele
ainda não estava casado com Maria. A gravidez dela transtornou seus
pensamentos. O casamento em Israel tinha três etapas: primeiro, os jovens
assumiam o compromisso de amarem um ao outro visando o matrimônio; a segunda
fase era a do noivado, quando já eram considerados casados de direito, mas não
de fato. Essa fase era tão séria que, se houvesse o rompimento do noivado,
tinha que haver o processo de divórcio. O terceiro passo era o do casamento propriamente
dito.3 Foi na fase de
noivado que José, por meio de Maria, tomou conhecimento de sua experiência com
o mensageiro celestial.
Nessas circunstâncias dramáticas, José mostrou a grandeza de
seu caráter justo. Fugindo da constrangedora situação e desaparecendo para bem
longe, José poderia recomeçar a vida anonimamente. Em termos humanos, ele tinha
razão. Não era fácil para um homem do seu tempo ser acusado de adultério. Ele
poderia provar que não fora o causador da gravidez, e Maria seria apedrejada
sem misericórdia. Mas seu caráter impediu-o de agir de forma precipitada. Ele
preferia sair de cena a prejudicar a reputação da noiva. Como Deus tinha
incluído José em seus planos, entrou em ação e tranquilizou seu coração de
forma especial, falando-lhe através de um sonho que mudou todo o pensamento e
decisão de José.
2. Um Homem Obediente
A obediência era um dos
traços mais marcantes do caráter de José. Ao ter a revelação acerca da natureza
da gravidez santa de Maria e receber a ordem de Deus para desistir de sua fuga
para não fazer Maria sofrer, José submeteu-se à vontade divina: “E José,
despertando do sonho, fez como o anjo do Senhor lhe ordenara, e recebeu a sua
mulher” (Mt 1.24). Notemos que José não viu o anjo. Tão somente recebeu a
revelação por meio de um sonho. Ele poderia ter despertado e dado tempo para
verificar se não teria tido apenas um sonho resultante de muitas ocupações (Ec
5.3), mas ele teve o discernimento espiritual de que se tratava de um sonho de
origem divina. E obedeceu prontamente e tão logo despertou de seu merecido
sono. Com amor e compreensão, abraçou Maria e contou a ela acerca da
experiência que Deus lhe proporcionara sobre a gravidez da noiva.
Certamente, podemos conjecturar: Maria
segurou sua mão, deu-lhe um abraço afetuoso e disse-lhe que era isso o que ela
esperara dele e ficou muito grata por seu gesto de amor e obediência a Deus. Ao
receber Maria como sua esposa, José contribuiu para que Jesus nascesse no seio
de uma família, a sagrada família. Ele cumpriu o papel de pai de forma bastante zelosa.
Maria cumpriu o papel da mãe extremada, amorosa e santa, ainda que fosse, como
se entende, uma adolescente. Depois da manjedoura, Jesus foi levado para a casa
de seus pais em Belém. Ali, receberam a visita dos magos do Oriente. “E,
entrando na casa, acharam o menino com Maria, sua mãe, e, prostrando-se, o
adoraram; e, abrindo os seus tesouros, lhe ofertaram dádivas: ouro, incenso e
mirra” (Mt 2.11).
Depois da visita dos magos — que irritaram Herodes por não terem
retornado para dizer onde se encontrava o menino jesus — o monarca romano
decidiu matar todas as crianças de Belém de dois anos para baixo, visando pôr a
mão em Jesus para matá-lo. E mais uma vez, Deus revelou-se a José através de um
sonho, ordenando que o mesmo fugisse para o Egito com a família sagrada: “E,
tendo-se eles retirado, eis que o anjo do Senhor apareceu a José em sonhos,
dizendo: Levanta-te, e toma o menino e sua mãe, e foge para o Egito, e
demora-te lá até que eu te diga, porque Herodes há de procurar o menino para o
matar. E, levantando-se ele, tomou o menino e sua mãe, de noite, e foi para o
Egito” (w. 13,14). José permaneceu no Egito com Maria e o menino Jesus até que
Deus determinasse seu retorno a Israel em segurança — o que, de fato, aconteceu
depois da morte de Herodes (w. 15,21). Ele não ficou em Belém ou Jerusalém;
antes, sabendo que Arquelau, o filho de Herodes, assumira o poder em Jerusalém,
foi para a Galileia, “por divina revelação”, passando a residir em Nazaré (w.
21-23).
3. Um Homem
Temperante
Mesmo tendo mais idade que Maria, José
não era um ancião abatido pelos anos de vida. Nem mesmo era um homem de
meia-idade, pelo que se depreende do que a Bíblia revela sobre ele. Ele deveria
ser um homem dotado de energia física suficiente para, depois do nascimento
virginal de Jesus, ter coabitado com Maria e tido seis filhos biológicos, sendo
quatro filhos e, pelo menos, duas filhas com ela (cf. Mc 6.3). No período em
que era noivo (desposado) com Maria, ele não teve relações sexuais com
ela. Primeiro, porque
era um grave pecado, em que os envolvidos, quando apanhados na prática ilícita,
eram apedrejados (Dt 22.24). Em segundo lugar, porque era homem de bem e
obediente a Deus, homem “justo” (Mt 1.19). “e não a conheceu até que deu à luz
seu filho, o primogênito; e pôs-lhe o nome de JESUS” (v. 25). Na Bíblia, há
vários casos de homens de Deus que não resistiram à tentação do sexo e caíram
de modo escandaloso, seja no pecado de adultério ou de fornicação, como Davi,
que acabou manchando o bom nome do povo de Deus. Se há um ponto em comum entre
José do Egito e José de Nazaré, esse ponto é o fato de ambos serem sonhadores;
outro ponto em que eles fizeram diferença foi na pureza moral. Ambos foram
fortes o suficiente para serem fiéis a Deus nessa área em que muitos não
resistem nem à primeira investida do maligno.
III - A NOBRE MISSÃO
DE JOSÉ
1. Assegurar a
Ascendência Real de Jesus
Como visto no item 1.2, José, perante a
lei, era o pai de Jesus, incluindo-o na ascendência de sua família e também na
ascendência de Maria, conforme o registro de Lucas (3.23-38). Dessa forma, ele
garantiu a confirmação de Jesus na descendência real de Davi, pela tribo de
Judá: “E Davi era filho de um homem, efrateu, de Belém de Judá, cujo nome era
Jessé [...]” (1 Sm 17.12). Jesus é descrito no livro de Apocalipse como “o Leão
da tribo de Judá, a Raiz de Davi”, o único capaz de abrir o livro selado com
sete selos (Ap 5.5). Mateus registra a árvore genealógica de Jesus a partir da
descendência de Davi, por meio de Natã, seu terceiro filho (Lc 3.31; 2 Sm
5.14), visto que o penúltimo rei da casa de Davi, em Judá, Joaquim (ou
Jeconias), sofreu terrível maldição: nenhum descendente dele se assentaria no
trono de Davi por causa da pecaminosidade em seu reinado (ver Jr 22.28-30)”.
Esses fatos negativos provocaram um rompimento da linhagem davídica, mas Jesus
foi adotado por José, que era da tribo de Judá. Quando uma criança era adotada
como primogênito passava a pertencer à tribo do pai adotivo.
2. Proteger Jesus em seus primeiros Anos
A sociedade judaica era eminentemente
patriarcal. Ela requeria que uma família tivesse o pai como líder espiritual e
humano da família, ao lado de sua esposa. Jamais se imaginaria uma mulher dizer
que tivera um filho, sem que a presença do pai fosse notória. Mesmo em se
tratando da concepção virginal de Jesus, pelo Espírito Santo, Maria não teria
condições de criá-lo humanamente sem o apoio da figura paterna. A contribuição
de José à formação espiritual, moral e social de Jesus ao lado de Maria foi
inestimável. Ele prestou um serviço de alta relevância perante Deus, como pai
adotivo e guardião de Jesus em sua infância e adolescência. Alguns fatos sobre
a vida de Jesus comprovam o amor e o zelo de José pelo menino que não era seu
filho, e sim filho de Maria pela intervenção divina.
1) No nascimento de Jesus. Ao chegar a
Belém para o alistamento determinado pelo governo, José e Maria, com o menino
em seu ventre, não tiveram lugar para se hospedar e tiveram que aceitar recolher-se,
no meio da noite, numa estrebaria. Ali, as dores do parto foram intensas e, em
meio ao silêncio noturno, Maria deu à luz a Jesus, na companhia de José:
“E subiu da Galiléia também José, da
cidade de Nazaré, à Judéia, à cidade de Davi chamada Belém (porque era da casa e família de Davi), a fim de
alistar-se com Maria, sua mulher, que estava grávida. E aconteceu que, estando eles ali, se cumpriram os dias em
que ela havia de dar à luz. E deu à luz o seu filho primogênito, e envolveu-o em panos, e deitou-o numa manjedoura,
porque não havia lugar para eles na estalagem”
(Lc 2.4-7).
Maria, na sua condição social,
não tinha uma serva a seu serviço. Naquela situação, sem dúvida, José
participou dos procedimentos no parto de Jesus, ajudando Maria em todos os
detalhes, amparando o bebê na saída do útero materno, no corte do cordão
umbilical, em sua limpeza pós-parto, no envolvimento em panos e na colocação da
criança na manjedoura.
2) Nas cerimônias exigidas pela Lei. Na circuncisão de Jesus
ao oitavo dia de nascido e também na apresentação no templo, José estava ao
lado de Maria: “E, quando os oito dias foram cumpridos para circuncidar o
menino, foi-lhe dado o nome de Jesus, que pelo anjo lhe fora posto antes de ser
concebido. E, cumprindo-se os dias da purificação, segundo a lei de Moisés, o
levaram a Jerusalém, para o apresentarem ao Senhor” (Lc 2.21,22).
3) Na fuga para o Egito. Diante da ameaça de Herodes de
matar o menino Jesus, Deus determinou que José tomasse Maria e o menino e todos
fugissem para o Egito, até que o rei homicida tivesse morrido. Quase 500
quilômetros de viagem, em meio a estradas desertas, com risco de assaltos e
intempéries, José conduziu a esposa e seu filho para um lugar seguro e só
voltou de lá por revelação de Deus, quando Herodes havia morrido. E os três
foram morar em Nazaré (Mt 2.13-23).
3. Zelar pela
Formação Espiritual de Jesus
Como criança normal,
saudável, inteligente e de família judaica, Jesus foi criado conforme os
ditames da Lei de Moisés. Certamente, seus pais cumpriam o que fora determinado
quanto à educação dos filhos, com o ensino sistemático e diário das palavras de
Deus (cf. Dt 11.18-21). Fazia parte de sua educação conhecer e participar das
festas anuais de Israel, das quais a Páscoa era a mais impactante por seu
significado histórico e espiritual. José e Maria levavam o menino a Jerusalém
para essa festividade nacional: “Ora, todos os anos, iam seus pais a Jerusalém,
à Festa da Páscoa. E, tendo ele já doze anos, subiram a Jerusalém, segundo o
costume do dia da festa” (Lc 2.41,42).
Embora os relatos sobre a vida desse
personagem bíblico sejam escassas, o que se conhece dele é suficiente para se
demonstrar que se trata de um servo de Deus, que cumpriu uma missão
importantíssima no projeto de Deus para a redenção da humanidade. Seu papel
coadjuvante não deve ser menosprezado nem diminuído. Maria foi a escolhida para
acolher a encarnação de Jesus, o Verbo que “se fez carne, e habitou entre nós”
(Jo 1.14). José, porém, foi escolhido por Deus para ser parte integrante da sagrada família,
cuidando de Maria, como esposo humilde e amoroso, e de Jesus, como pai terreno,
zelando pela integridade física, emocional e espiritual de Jesus, notadamente
nos anos da infância e da adolescência. Um exemplo eloquente de um verdadeiro
pai, que se faz presente na vida do filho, e não apenas um genitor, que, gera e
descuida-se da vida do filho.
A igreja católica criou uma imagem de José repleta de
piedade e devoção e que ultrapassa a verdade esposada na Bíblia acerca desse
servo de Deus. Durante os primeiros 500 anos do cristianismo, José nunca foi
venerado ou exaltado, muito menos cultuado. “Mas, somente no século XV d.C. é
que começaram a aparecer na Europa as primeiras missas e ofícios em honra a São
José. Em 1479, Pio IV introduziu a festa a São José, em Roma. Pio IX, em 1870,
declarou que José era o patrono da Igreja Universal”.4 Assim como foi feito com
Maria, exaltada à condição de mãe de Deus, “Rainha do Céu”, mediadora entre
Jesus e os homens, José também recebeu honras e veneração que ele próprio
jamais aceitaria por causa de seu caráter santo e humilde. Devemos ficar com o
que a Palavra de Deus diz sobre os personagens da história sagrada.
CONCLUSÃO
José, o pai terreno de Jesus, foi
escolhido por Deus para uma missão muito elevada no plano da redenção. Ele foi
o homem que, na presciência de Deus, amparou Maria em sua missão de conceber
Jesus como Filho do Homem, como Deus encarnado. Não só a ela, mas também ao
próprio Jesus, em seu nascimento biológico, em sua infância, nas ameaças que
sofreu, ao cuidar de sua educação esmerada ao lado de Maria. Como profissional da
carpintaria, José ensinou o ofício a Jesus, a ponto de ele ser conhecido como
“o carpinteiro, filho de Maria [...]” (Mc 6.3). Ele foi um homem santo, assim
como todos os que se dedicaram ao chamado de Deus em suas vidas. Mas, assim
como Maria, ele nunca reivindicou para si honras e louvores, que só pertencem a
Deus.
Fonte :
Livro o Caráterdo Cristão
Moldado pela Palavra de Deus e provado como ouro
Elinaldo Renovato de Lima
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