Mateus 10.1-15
10.1 Jesus
tinha muitos discípulos (aprendizes), mas Ele indicou doze a quem
deu autoridade e treinamento especial. Estes homens eram o seu círculo mais
íntimo de amigos, e receberam o treinamento mais intenso. Podemos ver o impacto
destes homens por rodo o restante do Novo Testamento. Eles iniciaram a igreja
cristã. Os Evangelhos chamam estes homens de "discípulos" ou os
"Doze"; o Livro de Aros os chama de "apóstolos".
A escolha de doze homens é altamente
simbólica. O número 12 corresponde às doze tribos de Israel (19.28), e mostra a
continuidade entre o antigo sistema religioso e o novo, baseado na mensagem de
Jesus. Estes homens eram os justos remanescentes (os crentes fiéis do Antigo
Testamento que nunca abandonaram a Deus nem à sua lei) que realizariam o
trabalho que as doze tribos tinham sido escolhidas para realizar-construir a
comunidade de Deus. O número era tão importante que, quando Judas Iscariotes se
suicidou, os discípulos escolheram outro homem para substituí-lo (veja At
1.15-26).
Aqui está registrada a primeira vez em
que Jesus enviou estes discípulos sozinhos. Estes doze homens tinham o poder
de Jesus sobre as forças malignas. Jesus capacitou os seus discípulos para expulsarem
os espíritos imundos. Jesus também deu aos seus discípulos o poder para curar
toda enfermidade e todo mal. Era importante que eles tivessem tais poderes,
porque Jesus estava estendendo a sua missão por meio deles. Jesus confronta
diretamente os demônios e as doenças. Os discípulos deram prosseguimento ao
propósito de Jesus, e também à expressão do Seu poder.
10.2-4 No
versículo 1, estes homens são chamados de "discípulos"; aqui, a
palavra apóstolos é usada para ressaltar o seu papel de mensageiros -
"os enviados".
O primeiro nome registrado foi Simão,
a quem Jesus deu o nome de Pedro (veja João 1.42). Pedro tinha sido
um pescador (4.18). Ele se tornou um dos três no círculo mais íntimo de Jesus
entre os discípulos. Ele também admitiu que Jesus era o Messias (16.16). Embora
mais tarde Pedro tenha chegado a negar ter conhecido Jesus, no final ele se
tornaria um líder na igreja de Jerusalém, escreveria duas cartas que constam na
Bíblia (1 e 2 Pedro) e seria crucificado pela sua fé.
André era
irmão de Pedro e também um pescador (4.18). Ele tinha sido um discípulo de João
Batista, e tinha aceitado o testemunho de João de que Jesus era o
"cordeiro de Deus". Ele tinha deixado João para seguir a Jesus. André
e João foram os primeiros discípulos de Jesus Jo 1.35-40). André trouxe Pedro a
Jesus Jo 1.41,42).
Tiago e João também
tinham sido pescadores (4.21). Tiago se tornaria o primeiro apóstolo a ser
martirizado (At 12.2). João escreveria o Evangelho de João, as três cartas de
João e o livro do Apocalipse. Os irmãos podem ter sido parentes de Jesus
(primos distantes); em certa ocasião, sua mãe pediu lugares especiais para eles
no Reino de Cristo (20.20-28).
Filipe foi
o quarto a encontrar Jesus Jo 1.43).
Filipe então trouxe Bartolomeu (Jo 1.45). Filipe provavelmente conhecia
André e Pedroporque eles eram da mesma cidade, Betsaida (Jo 1.44). A opinião de
muitos estudiosos é que Bartolomeu e Natanael são a mesma pessoa. Bartolomeu
era um homem honesto (Jo 1.47).
Frequentemente nos lembramos de Tomé
como o "Tomé que duvida', porque ele duvidou da ressurreição de Jesus
(Jo 20.24,25). Mas ele também amava ao Senhor, e era um homem de grande coragem
(Jo 11.16). Quando Tomé viu e tocou o Cristo vivo, o Tomé que duvidava
tornou-se o Tomé que acreditava.
Mateus, o
autor deste Evangelho, descreveu a si próprio mencionando a sua antiga
profissão, provavelmente para mostrar a diferença que Jesus fez na sua vida.
Também conhecido como Levi, ele tinha sido um publicano [ou coletor de
impostos] (9.9). Desta forma, ele tinha sido uma pessoa desprezada, mas tinha
abandonado esse corrupto (embora lucrativo) meio de vida, para seguir a Jesus.
Tiago é
designado como filho de Alfeu para diferenciá-lo do Tiago de 10.2.
Tadeu também
é chamado "Judas, filho de Tiago" (veja Lc 6.16; At 1.13).
Simão provavelmente
não era um membro do grupo dos zelotes, pois esse partido político não apareceu
até 68 d.C. É muito provável que a palavra zelote indique zelo pela honra a Deus, e não um nacionalismo
extremo. Este era um apelido afetuoso.
Judas Iscariotes. O
nome "Iscariotes" é provavelmente um nome composto, que significa
"o homem de Queriote". Assim, a pátria de Judas era Queriote, na
parte sul da Judéia (veja Js 15.25), fazendo dele o único dos Doze que não era
da Galiléia. Foi Judas, filho de Simão Iscariotes (Jo 6.71), que mais tarde traiu
Jesus entregando-o aos seus inimigos. Depois cometeu suicídio (27.3-5; Lc
22.47,48).
10.S,6 Jesus
deu instruções específicas, entretanto, com respeito ao foco do seu ministério:
Não ireis pelo caminho das gentes [ou gentios], nem entrareis em cidade de
samaritanos. Um "gentio" era qualquer pessoa que não fosse um
judeu. Os "samaritanos" eram uma raça que resultou de casamentos
entre judeus e gentios depois do cativeiro no Antigo Testamento (veja 2 Rs
17.24). Isto não queria dizer que Jesus se opusesse à evangelização de gentios
ou samaritanos; na verdade, Mateus já descreveu um encontro positivo entre
Jesus e gentios (8.28-34) e João 4 narra a sua conversa com uma mulher
samaritana. A ordem de Jesus de ir, antes, às ovelhas perdidas da casa de
Israel significa que os discípulos deveriam passar o seu tempo entre os
judeus (veja também 15.24). Estas palavras restringiam a missão "de curto
prazo" dos discípulos. Jesus veio não somente para os judeus, mas
"primeiro" para os judeus (Rm 1.16). Deus os escolheu para contar ao
resto do mundo sobre Ele. Mais tarde, estes discípulos receberiam a comissão de
fazer discípulos de todas as nações (28.19). Os discípulos e apóstolos judeus
pregaram o Evangelho do Cristo ressuscitado por todo o império romano e em
breve os gentios estavam afluindo à igreja. A Bíblia ensina claramente que a
mensagem de salvação de Deus é para todos os povos, independentemente de raça,
sexo ou nacionalidade (Gn 12.3; Is 25.6; 56.3-7; MI 1.11; At 10.34,35; Rm
3.29,30;Gl 3.28).
10.7,8 Jesus
enviou os seus discípulos para pregar dizendo que o Reino dos céus estava
próximo. Jesus estava falando de um reino espiritual. O reino ainda está
"próximo" (versão RA). Jesus, o Messias, já começou o seu Reino na
terra, nos corações dos seus seguidores. Um dia o Reino estará plenamente
aparente.
Os discípulos também deveriam usar a
autoridade e o poder que Jesus lhes tinha dado (10.1). Ele deu aos discípulos
um princípio para guiar os seus atos quando ministrassem a outros: de graça
recebestes, de graça dai. Os discípulos tinham recebido a salvação e o
Reino sem nenhum custo; eles deveriam dedicar o seu tempo segundo o mesmo
princípio. Uma vez que Deus derramou suas bênçãos sobre nós, nós devemos dar generosamente aos outros o nosso tempo, onosso
amor e as nossas posses.
10.9,10 Estas instruções
parecem, a princípio, serem contrárias a planos de viagem normais, mas elas
simplesmente revelam a urgência da tarefa e a sua natureza temporária. Jesus
enviou os discípulos em pares (Me 6.7), esperando que eles retornassem com um
relatório completo. Esta era uma missão de treinamento; eles deveriam partir
imediatamente e não levar bagagem, levando somente o mm1mo necessário. Eles
deveriam depender de Deus e do povo ao qual ministrassem (10.11). Os discípulos
deveriam partir imediatamente, sem grandes preparativos, confiando no cuidado
de Deus e não nos seus próprios recursos. Jesus disse digno é o operário do
seu alimento, querendo dizer que aqueles que mm1stram devem receber
sustento daqueles a quem estão ministrando (veja Lc 10.17; 1 Tm 5.18). As instruções de Jesus estão
relacionadas somente com esta missão em particular. Diferentes épocas e
ocasiões pediriam medidas diferentes, mas os obreiros cristãos ainda podem
revelar a simplicidade de Cristo quando cumprem o ministério sem excessivas
complicações mundanas.
10.11
Cada
par de discípulos deveria entrar em
uma cidade ou aldeia e hospedar-se na casa de quem fosse digno (isto é, a casa de um crente que os tivesse
convidado para se hospedarem ali durante o seu ministério). A instrução de permanecer ali até deixar
a cidade os aconselhava a não ofender o seu anfitrião
procurando uma acomodação "melhor" numa casa mais confortável
ou socialmente importante. A permanência em uma casa não seria um
peso para o seu proprietário, porque a estadia dos discípulos em cada comunidade seria breve. Os "dignos" eram aqueles que reagiriam positivamente à mensagem do Evangelho, crendo nela.
10.12
,13 Quando os discípulos entrassem nalguma
casa, eles deveriam saudá-la, ou seja, abençoá-la. Naquela época, as
pessoas acreditavam que as bênçãos poderiam ser dadas e igualmente retiradas. Se
a casa for digna (isto é, aceitando a eles e à sua mensagem), que a bênção da paz desça sobre ela. Mas
se a casa não aceitasse a sua mensagem, então os discípulos deveriam tomar
de volta a paz. A paz retirada daquela casa também indicava o julgamento
futuro (1O.15). Aqueles que recebessem os discípulos também receberiam o
Messias. Aqueles que cuidassem dos emissários de Deus receberiam bênçãos em retribuição (10.40).
10.14
Os discípulos também
iriam passar por rejeição, tal como Jesus tinha enfrentado em Decápolis (8.34).
Desta maneira, Jesus também os instruiu que se em uma cidade ninguém os recebesse (isto é, os hospedasse), e até
mesmo se recusassem a ouvi-los, então eles deveriam sacudir o pó dos pés ao sair dali.
Sacudir o pó que estava acumulado nas
sandálias mostrava extremo desprezo por uma região e seu povo, e também a
determinação de não mais se envolver
com eles. Sacudir o pó dos pés era um gesto de completo repúdio. Sacudir o pó
de um lugar, disse Jesus, seria um testemunho contra o povo. As suas implicações eram claras e
tinham consequências eternas. Jesus estava deixando claro que os ouvintes eram
responsáveis pelo que faziam com o Evangelho. Enquanto os discípulos tivessem
apresentado a mensagem cuidadosamente e fielmente, eles não seriam culpados
quando os outros a rejeitassem. Da mesma maneira, nós não somos responsáveis
quando outros rejeitam a mensagem de Cristo, mas temos a responsabilidade de
transmitir o Evangelho claramente e fielmente.
10.15
Deus tinha
destruído o país de Sodoma e Gomorra com o fogo do céu por causa das
suas iniquidades. Para os judeus, o julgamento destas cidades foi uma lição não
somente de punição de um grande mal, mas também com a finalidade de um
julgamento divino. Aqueles que rejeitarem o Evangelho estarão, no Dia do
Juízo, em uma situação muito pior do que as pessoas pecadoras daquelas
cidades destruídas, que nunca chegaram a ouvir
o Evangelho.
RETIRADO DO LIVRO COMENTÁRIO BÍBLICO
NOVO TESTAMENTO APLICAÇÃO PESSOAL.
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