Jesus e Nicodemos
Retirado do livro -
Joao-O-Evangelho-Do-Filho-de-Deus:
Myer-Pearlman.
"E havia entre os fariseus um homem, chamado Nicodemos, príncipe dos judeus."
1. Um líder religioso. Nicodemos era
um fariseu,
membro da fraternidade religiosa organizada sob juramento solene para
observar escrupulosamente a lei e as tradições dos antigos. Era membro do "partido ortodoxo" entre os judeus. Era um "principal", um membro do
Sinédrio, da curte eclesiástica do mundo judaico. Foi esta corte
que condenou Jesus à morte, e da qual Saulo de Tarso era. mui
provavelmente, membro.
2. Um inquiridor secreto. "Este
foi ter de noite com Jesus". Fala-se da covardia de Nicodemos cm vir à noite. Devemos, no entanto, dar valor ao fato de ele
ter procurado a Jesus, mesmo daquele modo. Mais
tarde, foi ele quem tomou sobre si a defesa de Jesus perante o
Sinédrio (Jo 7.50,51) e ajudou a enterrar o seu corpo (Jo 19.39). Em ambos os trechos, João volta a se referir ao fato de Nicodemos ter vindo a Jesus, da primeira vez, à noite . Mostra, assim, que Nicodemos estava ficando mais firme
na fé, chegando a demonstrar mais devoção do que os próprios
discípulos que fugiram, quando veio ajudar a sepultar o corpo de Cristo.
3. Um inquiridor
representativo. "Rabi, bem sabemos que és Mestre, vindo de Deus; porque ninguém pode fazer esses sinais que tu fazes, se Deus não for com ele". O plural "sabemos" permite- nos imaginar que talvez vários líderes religiosos, impressionados com os ensinamentos de Jesus e querendo saber mais acerca dEle sem, no entanto , criar uma sensação pública nem tomar partido publicamente, tivessem
nomeado Nicodemos
para ser uma "comissão de inquérito" de um só membro, de modo sigilos o (cf. Jo 1 2.4 2).
4. U m a alma necessitada . As palavra s iniciais de Nicodemos revelam várias emoções lutando no seu íntimo, e a declaração repentina de Jesus (v. 3), longe de ser uma mudança de assunto,
foi uma resposta - não às palavras, mas sim ao coração de Nicodemos. Tais palavras revelam:
1) Fome espiritual: canseira com os cultos da sinagoga , se m vida espiritual, aos quais frequentava
sem achar satisfação para a sua fome. Sente que a glória se afastou de Israel; que há falta de visão; que o povo perece e que, por menos que
Nicodemos saiba sobre Jesus, se os ensinos lhe penetraram o coração, e ele acha que os milagres de Jesus comprovam ser Ele
Mestre vindo da parte de Deus. 2) Falta de profunda de convicção.
II
- Explicação: o Novo Nascimento (Jo 3.3- 1O)
l. O fato do novo
nascimento. '"Jesus respondeu, e disse - lhe : Na verdade, na
verdade te digo que aquele que
não nascer d e novo, não pode v e r o reino de Deus". J e s u s explica que Nicodemos não
pode filiar se ao grupo dEle assim como uma pessoa filia - s e a uma organização qualquer. Ser discípulo de Jesus depende do tipo de
vida que se leva. A causa de Cristo é a do Reino de Deus, onde não se pode
entrar s e m passar por uma transformação espiritual. O Reino
de Deus era bem diferente daquilo que Nicodemos imaginava, e o modo de estabelece - lo e de chamar pessoas a serem seus cidadãos também.
2. Os meios do novo
nascimento. “Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele
que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus.” Nascer
da água significa passar por uma profunda experiência de purificação (cf. Ef
5.26). Nascer do Espírito significa passar por uma profunda experiência de
receber a vida divina.
A alma humana precisa ser lavada de
toda impureza e vivificada pela vida celestial, antes de estar pronta para o
Céu. Deus nos salvou: 1) pela “lavagem da regeneração c 2) da renovação do
Espírito Santo” (Tt 3.5).
3. A razão do novo
nascimento. Jesus não procurou explicar o como do novo
nascimento; explicou o porquê: “O que c nascido da carne c carne, e o que
é nascido do Espírito é espírito.” A carne e o Espírito pertencem a campos
diferentes, e um não pode produzir o outro. A natureza humana pode gerar mais
natureza humana, mas é somente o Espírito Santo que pode produzir uma natureza
espiritual.
4. O mistério do novo
nascimento. Embora o como do novo nascimento esteja além
do alcance do raciocínio humano, este mistério não precisa ser motivo de tropeço para Nicodemos: "O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito." Noutras palavras, o movimento do vento é algo muito real para nós , mas é misterioso e além de nosso controle; assim também é a atuação do Espírito sobre a natureza humana.
Confirmação: a Base do Novo Nascimento (Jo 3.11-15)
Duas perguntas devem ter naturalmente
ocorrido a Nicodemos: Como Jesus sabe destas coisas? O que Ele faz para levar
as pessoas a experimentarem o novo nascimento?
1. A experiência espiritual de Cristo. “Na
verdade, na verdade te digo que nós dizemos o que sabemos e testificamos o que
vimos; e não aceitais o nosso testemunho” (o plural “nós” talvez indique a
presença de alguns discípulos). Jesus, concebido mediante o Espírito Santo,
batizado no Espírito, cheio do poder do Espírito, continuamente movido pelo
Espírito, podia falar com autoridade cm matéria de Espírito. Que pena que
tantos que professam ser seus seguidores tenham dogmatizado o assunto sem
desfrutar das operações do Espírito cm seu íntimo!
“Se vos falei de coisas terrestres, c
não crestes, como crereis, se vos falar das celestiais?” Jesus explica a
Nicodemos que, se ele se preocupa apenas com a forma e a matéria do novo
nascimento, só poderia conversar sobre coisas terrestres porque, embora o
nascimento espiritual venha de cima, ocorre na terra e faz parte dos fatos da
vida. A explicação do “como” deste assunto tem a ver com os eternos propósitos
de Deus (coisas celestiais), e Nicodemos não está pronto para tais ensinos,
porque ainda não aceitou o fato da necessidade do novo nascimento (coisas
terrenas).
2. A origem celestial de Cristo. “Ora
ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do homem, que está no
céu”. Cristo tinha estado no Céu antes de sua missão na terra, podendo,
portanto, falar acerca de coisas celestiais a partir de uma experiência
pessoal.
Embora “o Filho do homem, que está no céu”,
estivesse na terra, seu lar real sempre foi o Céu, e são celestiais sua origem
e natureza.
3. A obra expiatória de
Cristo. Jesus já tratara de um erro fundamental de Nicodemos c dos seus
companheiros: imaginavam que, pela sua conexão natural com o povo
escolhido, teriam de se filiar ao Reino de Deus; o Senhor Jesus, no entanto, declarou
que devem entrar no Reino mediante o novo nascimento. Agora dissipa o segundo
erro: Nicodemos acreditava que o Messias, na sua vinda, seria
“levantado” ou exaltado num trono, para salvar Israel da total derrota
política. Jesus, no entanto, ensinou que, em primeiro lugar, o Messias teria
que ser levantado de modo bem diferente: “E, como Moisés levantou a serpente no
deserto, assim importa que o filho do homem seja levantado; para que todo
aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” O Messias teria de ser
levantado numa cruz para salvar a nação do perecimento espiritual.
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