Jovens Lição 7 - O Perigo da Falsa Religiosidade

A Impureza Cerimonial (15.1-9)
Mais uma vez Jesus entrou em conflito com os fariseus. Dessa vez eles tinham o apoio dos escribas, ou doutores da Lei, de Jerusalém (1), que ficava a uma distância de cerca de cento e sessenta quilômetros (veja o mapa). É bem possível que eles fizessem parte de uma representação oficial do Sinédrio, enviada para questionar Jesus (cf. João 1.19).
Esses escribas queriam saber por que os seus discípulos haviam desobedecido à tradição dos anciãos (2). A importância dessa expressão é explicada por M'Neile: "Os 'anciãos' eram os grandes mestres do passado e do presente...; a 'tradição' representava a lei oral, transmitida por eles, embora incompleta, e que mais tarde foi codificada no Mishna".
A transgressão  dos fariseus,  que foi especificamente citada,  era  a  seguinte: Não lavam as mãos quando comem pão.  Isto não significa que os discípulos comessem com as mãos sujas, mas que eles não faziam o elaborado cerimonial de lavagem prescrito na  tradição  dos anciãos. Marcos explicou esse costume aos seus leitores romanos (Me 7.2-4). Mateus assumiu que os seus leitores judeus o compreenderiam com facilidade.
O Senhor Jesus respondeu aos fariseus fazendo a seguinte pergunta: Por que transgredis vós também o mandamento de Deus pela vossa tradição? (3) Depois, Ele explicou o que queria dizer fazendo o contraste entre o que Deus ordenou (4) e o que eles diziam (5). O quinto mandamento diz: Honra a teu pai e a tua mãe (cf. Êx 20.12). Também havia uma advertência para qualquer um que amaldiçoasse- a palavra grega significa literalmente "falar mal de" - seu pai ou sua mãe; tal pessoa deveria ser condenada à morte (Êx 21.17).
Os fariseus haviam se esquivado desse mandamento divino por meio da sua tradição humana. Eles diziam que os filhos, que eram obrigados a cuidar de seus pais - um ponto extremamente importante para os orientais - podiam declarar que o dinheiro necessário para o sustento deles seria dado como uma oferta (5), isto é, poderia ser dedica­ do a Deus. Dessa forma eles ficavam isentos de cumprir sua obrigação legal (6) e "tornavam nulo", "invalidavam" o mandamento de Deus através da tradição deles.
As implicações antiéticas e irreligiosas desse costume dos rabinos foram descritas por Carr: "Os escribas afirmavam que essas palavras, mesmo quando pronunciadas em uma situação de ira e de desrespeito para com os pais que precisavam de socorro, isentavam os filhos de seu dever natural; na verdade, deixava-os livres para não oferecê-lo. Por outro lado, elas também não o obrigavam realmente a dedicar a soma ao serviço de Deus ou do Templo"1.8  M'Neile concorda com essa análise. Ele diz: "A verdadeira contribuição deles não era realmente contemplada, a soma era dedicada (isto é, ficava indisponível) apenas em relação aos pais, ou a outra pessoa, que esperasse recebê-la".19
Não é de admirar que Jesus chamasse os escribas de hipócritas (7). Para descrevê­los Ele citou (8-9) Isaías 29.13 (uma citação que se baseia mais na Septuaginta do que no texto hebraico).

A Impureza Moral (15.10-20)
À multidão (10) Jesus explicou que não era o que entra pela boca que contamina, mas o que dela sai (11). O verbo vem de koinos, "comum", portanto, ele significa literal­ mente "tornar comum". Mas como o adjetivo adquiriu o significado de "cerimonialmente impuro" (cf. Atos 10.14), o verbo passou a ter o significado de "contaminar" (no sentido cerimonial). Cristo declarou: "Não é o que você come que contamina a sua vida, mas o que você diz". Montefiore, um escritor judeu, expressou bem a lógica do que Jesus queria dizer. "Coisas não podem ser religiosamente puras ou impuras; somente as pessoas o podem ser. E as pessoas não podem ser contaminadas pelas coisas, mas somente por si mesmas quando agem de forma ímpia."
Essa era uma escandalosa negação do judaísmo farisaico, que colocava sua maior ênfase na pureza cerimonial. Não é de admirar que os discípulos tenham informado o Mestre (12) de que os fariseus se escandalizaram. Sua resposta deixava implícito que esses críticos não haviam sido plantados por Deus; portanto, seriam arrancados (13). Ele os chamou de condutores cegos de outros cegos (14).
Em seguida, Pedro (15) pediu uma explicação dessa parábola- referindo-se, evi­ dentemente, ao versículo 11. Uma parábola (parábola) foi usada aqui no estrito sentido de uma afirmação semelhante a uma parábola, isto é, fazendo uma comparação.
O Mestre expressou sua surpresa, e sem dúvida o seu desapontamento, porque nem os discípulos conseguiam ainda entendê-lo (16). Ele tentou tornar o assunto do versículo 11 um pouco mais claro, procurando aperfeiçoá-lo. O alimento tem um efeito apenas físico, e não espiritual (17). Mas o que vem do coração contamina uma pessoa (18). Embora o Senhor tenha mencionado a palavra boca pela quarta vez (cf. 11, 17), os versículos 19 e 20 deixam claro que Ele não está se referindo apenas às palavras de uma pessoa, mas também aos seus atos.

Extraído do Livro Comentário Bíblico Beacon.



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