Extraído do Livro: (Comentário Bíblico
de Matthew Henry)
João 17
Versículos
1-5: A oração de Cristo por si mesmo; 6-1O: A oração pelos discípulos; 11-26. A
sua oração.
Vv. 1-5. O Senhor orou como homem e como Mediador de seu
povo, ainda que tenha falado com majestade e autoridade, como sendo um com o Pai e igual a Ele em poder. A vida eterna
não poderia ser dada aos crentes se Cristo, que é o seu fiador, não
glorificasse ao Pai e fosse glorificado por Ele. Este é o caminho do pecador à vida eterna. E
quando este conhecimento for aperfeiçoado,
a santidade e a felicidade serão
plenamente desfrutados. A santidade e a felicidade dos redimidos são, de modo especial, a glória de Cristo e de seu Pai, que foi o gozo posto
diante dEle, pelo qual suportou a cruz e desprezou
a vergonha; esta glória era o final do pesar
de sua alma, e ao alcançá-la,
se satisfez completamente. Assim somos ensinados que é necessário
glorificar a Deus como prova de
nosso interesse por Cristo, por quem a vida eterna é
a livre dádiva de Deus.
Vv.
6-10. Cristo ora por
aqueles que são seus, para que sejam cuidados, como um paciente que é levado ao
médico para que seja curado; como crianças a um tutor, para que sejam
ensinados. Deste modo, Ele cuidará daqueles que são seus. É para nós uma grande
satisfação, em nossa confiança em Cristo, que Ele seja de Deus, bem como tudo o
que Ele é e tudo o que possui, e tudo aquilo que disse e que fez, bem como tudo
o que está fazendo e o que ainda fará. Cristo ofereceu esta oração a favor de
seu povo como um povo crente, e não pelo mundo de modo geral. Quem deseja ir ao
Pai e se achar indigno de ir em seu próprio nome, observe a declaração do
Salvador, porque Ele é capaz e está disposto a salvar todos aqueles que forem a
Deus por intermédio dEle. As convicções e os desejos fervorosos são um sinal
promissor de uma boa obra já efetuada no homem; começam a demonstrar que foi
escolhido para a salvação através da santificação do Espírito e da crença na
verdade. Nós somos de Cristo, e também de Deus. Este fato mostra que o Pai e o
Filho são um. Tudo que é do Pai é do Filho. O Filho não considera como seu,
alguém que não seja dedicado ao serviço do Pai.
Vv. 11-16. Cristo não ora para que eles sejam ricos e grandes no
mundo, mas para que sejam guardados do pecado, fortalecidos para cumprirem o
seu dever, e que sejam levados ao céu a salvo. A prosperidade da alma é a melhor prosperidade possível.
Rogou ao seu santo Pai que cuidasse
deles por seu poder e para a sua glória, para que eles se unissem em afeto e
trabalho, conforme a união que existe entre o Pai e o Filho.
Não orou para que os seus discípulos fossem tirados do
mundo, mas para que pudessem escapar da ira dos homens, porque tinham uma
grande obra a fazer para a glória de Deus e para benefício da humanidade. Ele
orou para que o Pai os guardasse do mal, de serem corrompidos pelo mundo, dos
remanescentes do pecado em seus corações, e do poder e da astúcia de Satanás.
Assim, pois, eles passariam pelo mundo como alguém que cruza um território
inimigo, como Ele havia feito. Eles não são deixados aqui para que procurem
alcançar os mesmos objetivos que os outros homens que os rodeiam almejam
alcançar, mas para glorificarem a Deus e servirem à sua geração. O Espírito de Deus nos verdadeiros cristãos
opõe-se ao espírito do mundo.
Vv. 17-19. Cristo orou em seguida a favor dos discípulos, para que
não somente fossem guardados do mal, mas para que se tornassem bons. A oração
de Jesus por todos os seus é que sejam santificados. Até os discípulos devem
orar pedindo a graça santificadora.
O meio de conceder
esta graça é "na verdade; a tua palavra é a verdade". Santifica-os,
aparta-os para ti mesmo e para te servirem. Recebe-os na obra; que a tua mão
esteja com eles.
Jesus consagrou-se
completamente à sua tarefa e a todas as partes dela, especialmente ao
oferecer-se a Deus sem nenhuma mácula, pelo Espírito eterno. A verdadeira
santidade de todos os verdadeiros cristãos é fruto da morte e ressurreição de
Cristo, pela qual o dom do Espírito Santo foi adquirido. Ele ofereceu-se a si
mesmo por sua Igreja para santificá-la. Se os nossos pontos de vista não têm
este efeito em nós, não correspondem à verdade divina, ou não os recebemos por meio de uma fé
ativa e viva, mas como simples noções.
Vv. 20-23. O nosso Senhor orou de modo especial para que todos os
crentes fossem como um corpo sob uma só cabeça, animado por uma única alma, por
sua união a Cristo e ao Pai que está nEle, por meio do Espírito Santo que
habita neles. Quanto mais discutirem sobre
assuntos de menor importância, mais dúvidas terão a
respeito do cristianismo. Proponhamo-nos a manter a
unidade do Espírito no vínculo da paz, rogando que todos os crentes se unam mais e mais em um só
propósito e critério. Assim poderíamos convencer o mundo da verdade e da excelência de nossa religião, e encontraríamos uma
comunhão mais doce com Deus e com aqueles que são santificados por Ele.
Vv. 24-26. Cristo, sendo um com o Pai, ora a favor de todos aqueles
que lhe haviam sido dados e que, em seu devido momento creriam nEle, para que
sejam levados ao céu. E que toda a companhia dos remidos possa contemplar a sua
glória como Amigo e Irmão amado, e nisto encontrar a felicidade. Havia
declarado, e declararia mais tarde o nome e o caráter de Deus, por sua doutrina
e por seu Espírito. E que sendo um com Ele, também possa permanecer com eles o
amor que o Pai tem por Ele. Assim, estando unidos com o Senhor por um Espírito,
sejam cheios da plenitude de Deus, e desfrutem da bênção da qual não podemos sequer formar uma ideia correta
em nosso estado atual.
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