EFÉSIOS. 2 . 5-10.
Deus também agiu em favor da humanidade pelo seu muito
amor com que nos amou. Aqui é utilizada a palavra grega para amor, agape. Ela significa o amor
desinteressado que busca o melhor para os outros. Embora Deus pudesse
simplesmente ter destruído a rodos, por causa dos seus pecados, Ele, ao
contrário, escolheu mostrar misericórdia e amor. Estando n6s ainda mortos em
nossas ofensas e pecados (2.1), Deus nos vivificou juntamente com
Cristo. O faro de que nos vivificou significa que estamos
"salvos" (esta frase é repetida e elaborada em 2.8). Quando Cristo
ressuscitou dos mortos, assim também fizeram todos os membros do seu corpo, em
virtude de Deus tê-los unido a Cristo. A única maneira pela qual aqueles que
estão espiritualmente mortos podem se relacionar com Deus é sendo vivificados.
E Deus é a única pessoa que pode realizar isso, o que Ele fez através de seu
Filho, Jesus Cristo. Cristo derrotou o pecado e a morte através da sua morte e
ressurreição, oferecendo assim vida espiritual aos que estavam mortos no pecado.
A forma verbal "sois salvos" refere-se a um evento no passado (realizado por Cristo, por causa da graça
de Deus) com resultados contínuos no presente. Os crentes já passaram da
morte para a vida. A salvação não é algo pelo qual se deva esperar, mas algo
que já foi entregue.
2.6 Além de serem vivificados (2.5), os crentes também são ressuscitados
dos mortos. Cristo ressuscitou e deixou o túmulo - um ato realizado somente
pelo poder de Deus. Os crentes também foram "ressuscitados". Além da
garantia da ressurreição física e da glorificação no final dos tempos, os
crentes participam de uma nova vida "pós ressurreição", a partir do
momento que crêem (veja Cl 2.12).
Finalmente, os
crentes são assentados nos lugares celestiais, em Cristo Jesus. Cristo
tomou seu lugar à direita do Pai, indicando a consumação da sua obra e a sua
vitória sobre o pecado. Cristo foi exaltado pelo grande poder de Deus (1.20).
Os cristãos tendem a ver este assentar com Cristo como um evento futuro,
baseados nas palavras de Jesus em Mateus 19.28 e Lucas
22.30, bem como em ourros versículos que apontam para o nosso futuro reinado
com Cristo (tais como 2 Tm 2.12; Ap 20.4; 22.5). No entanto, esta passagem em
Efésios nos ensina que estamos assentados com Cristo agora. Nós compartilhamos a vitória de Cristo agora. Esta visão da nossa situação atual
deve nos ajudar a enfrentar a nossa tarefa e provações com maior esperança! Os
crentes, como herdeiros do
reino juntamente com Cristo, são espiritualmente exaltados a partir do momento
da salvação. Nós temos uma nova cidadania - nos céus, não mais apenas na terra:
o poder que ressuscitou e exaltou a Cristo também ressuscitou e exaltou o seu
povo, porque nós somos um com ele. Este mesmo poder atua diariamente em
nós, os crentes, ajudando-nos a viver e trabalhar para Deus durante o nosso
tempo no mundo.
2.7 Aqui está a razão final e definitiva para a ação de Deus
em favor da humanidade, sua razão para nos vivificar, nos ressuscitar e nos
assentar junto com seu Filho nos lugares celestiais. Deus
simplesmente quer mostrar as abundantes riquezas da sua graça, pela sua
benignidade para conosco. A palavra grega para "mostrar" vem da
terminologia legal. Deus encerra o caso, apresentando a espantosa evidência da
sua igreja, o seu povo. A igreja só podia existir pelo amor de Deus; o fato de
ela existir e o fato de que a salvação foi oferecida às pessoas revela a
abundância da graça e benignidade de Deus (veja também 1.7; 2.4). Novamente,
isto foi realizado apenas através de Cristo Jesus. Sem o sacrifício de
Cristo, não haveria a esperança de um relacionamento com Deus.
2.8 Nossa salvação vem somente da graça de Deus. Ela
foi reservada para esse fim por meio da fé de cada um de nós.
Entretanto, para que ninguém pense que crer seja uma obra necessária a fim de
receber a salvação, Paulo acrescentou que as pessoas não podem receber o
crédito por crerem, porque isto também é um dom de Deus. Paulo é
incisivo ao afirmar que absolutamente nada é de nossa autoria - nem a salvação,
nem a graça, nem mesmo a fé exercida para receber a salvação. Pelo contrário,
tudo é um presente de Deus. A salvação não vem da nossa autoconfiança ou
individualismo, mas da iniciativa de Deus. É um presente para ser aceito com
gratidão (veja Rm 3.24-28; 1 Co 1.29-31; Gl 2.16).
2.9 Não podemos receber o crédito pela nossa salvação (2.8), e
ela não é uma recompensa pelas obras ou boas coisas que fizemos. Em
outras palavras, as pessoas nada podem fazer para ganhar a salvação, e a
própria fé de uma pessoa não deve ser considerada uma "obrà' ou base sobre
a qual alguém deva se gloriar.
As pessoas acham difícil
aceitar alguma coisa tão desprendida, dada de tão boa vontade, tão ao alcance
de qualquer um. Nós queremos nos sentir como se tivéssemos algum mérito, que,
de alguma forma, conquistamos a nossa salvação pelos nossos méritos. Era assim
que aqueles que seguiam o judaísmo (falsos mestres que diziam que os cristãos
tinham que obedecer a todas as leis judaicas) consideravam as suas leis, e por
isso tentavam impô-las aos gentios - tinha que haver um certo grau de
observância à lei e de bondade por parte das pessoas para que elas recebessem a
salvação. Mas as palavras de Paulo são inconfundíveis - se a
salvação é pela graça de Deus e é aceita através da fé, então "não é uma recompensa'.
Se a salvação pudesse ser conseguida através de boas obras, então as pessoas,
por natureza, "se gloriariam" quanto às suas boas obras, comparariam
a boa qualidade das suas obras com as dos outros, e só fariam o bem para se
vangloriarem sobre ele. Então, o que seria "bom o suficiente" para a
salvação? Mas ninguém poderia jamais ser bom o suficiente para agradar a um
Deus santo. Ele coloca de lado todo o esforço e o orgulho humano ao oferecer
gratuitamente a salvação a todos, pela simples aceitação desta. A salvação é
dada às pessoas com base somente na graça de Deus.
2.10 Mas
espere, há mais. Nós somos obra prima de Deus, feitura sua. A
salvação é algo que somente Deus pode realizar - é a sua poderosa e criativa
obra em nós. As pessoas são recriadas como novas pessoas, e essas novas pessoas
formam uma nova criação - a igreja.
O verbo "criar" é
utilizado somente para Deus - pois somente Deus pode verdadeiramente criar.
Assim como Ele criou o universo a partir do nada, Ele cria novos seres
viventes, mais espirituais, a partir das antigas criaturas mortas e pecaminosas
que éramos (2 Co 5.17). Então, Deus dá aos crentes a forma de um corpo
unificado, a sua igreja (veja 2.15; 4.24; Cl 3.10). A expressão "em
Cristo Jesus" enfatiza a fonte dessa criação, como em 2.6,7 - Cristo a
proveu.
As pessoas tornam-se cristãs através do
imerecido favor (graça) de Deus, não como o resultado de qualquer esforço,
habilidade, escolha inteligente, características pessoais, ou serviços
prestados. A partir da gratidão por este presente, os crentes buscarão realizar
boas obras - ajudar e servir a outros com bondade, amor e gentileza.
Embora nenhuma ação ou obra que façamos possa nos ajudar a obter a salvação, a
intenção de Deus é que a nossa salvação resulte em prestação de serviço. Nós
somos salvos não apenas para nosso próprio beneficio, mas para servir a Cristo
e edificar a igreja (4.12). Isto resolve o assim chamado conflito entre a fé e
as obras. As obras não produzem a salvação, mas são as evidências da salvação
(veja Tg 1.22; 2.14-26).
A palavra grega traduzida como "fazer"
significa entrar", "caminhar em''. Nós entramos ou prosseguimos
nesta vida de graça fazendo as boas obras que Deus preparou há muito
tempo para nós. A nova vida que Deus dá não pode deixar de se expressar em boas
obras. Isto não quer necessariamente dizer que Deus tenha definido
especificamente as boas obras que cada pessoa realizará- embora não haja nenhum
motivo para argumentar contra a possibilidade de o nosso Deus onisciente estar
fazendo exatamente isso. Assim como Deus planejou a salvação em Jesus Cristo
ames da criação do mundo, Ele planejou que os crentes deveriam fazer o bem aos
outros (veja 1 Tm 6.18; Tt 2.7; 1 Pe 2.12).
RETIRADO DO LIVRO COMENTÁRIO BÍBLICO
NOVO TESTAMENTO APLICAÇÃO PESSOAL.
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