Embora Maria seja a última a ser introduzida à cena, o seu
ato de devoção amorosa é o tema central de todo o relato.202 Ela tomou uma
libra — uma libra romana de cerca de doze onças (453 g) — de ungüento de
nardo puro, de muito preço,203 ungiu os pés de Jesus e enxugou-lhe os pés com
os seus cabelos (3). A despeito do que os outros membros da casa de Betânia
pudessem ter pensado de Jesus, uma palavra descreve o sentimento de Maria —
amor.
Aqui é visto “o dom do amor”: 1. Em exorbitante
extravagância, ungüento... de muito preço; 2. Na humildade, ela ungiu
os pés do Senhor; 3. No completo desprendimento, enxugou-lhe os pés com
os seus cabelos. Existe uma qualidade universal em um amor como esse. João
escreveu em linguagem poética — e encheu-se a casa do cheiro do ungüento (3)—
ou melhor, “da fragrância do perfume”.
Judas Iscariotes, que também estava na ceia, levantou
uma objeção ao ato de Maria, dizendo: Por que não se vendeu este ungüento
por trezentos dinheiros [denários], e não se deu aos pobres? (5)
João é rápido em acrescentar seus comentários. Ele questionou os motivos de
Judas. Não pelo cuidado que tivesse dos pobres
(6). Então ele declara o problema. Judas era ladrão (6). Como
o tesoureiro do grupo dos discípulos (“Ele tinha a caixa do dinheiro”, NASB. Ou
ainda, como em algumas traduções, “Ele tomava conta da bolsa de dinheiro”,
NTLH), era a sua prática “tirar o que ali se lançava” (6, tradução literal). Já
se perguntou por que Judas tinha sido escolhido para essa função, uma vez que
ela lhe causaria tentações incomuns. Westcott responde: “A tentação normalmente
nos sobrevêm através de áreas de nossa vida em que já apresentamos alguma
tendência a pecar”.
Maria e Judas estão em um vívido contraste. “Maria, na sua
devoção, inconscientemente provê a honra dos mortos. Judas, no seu egoísmo,
inconscientemente traz a própria morte”
Jesus veio rapidamente em defesa de Maria. Deixai-a; Ele
disse: para o dia da minha sepultura guardou isto (7) — literalmente, “para
que ela possa guardar isto para o dia do meu sepultamento” (NASB). A linguagem
neste ponto é difícil, mas parece indicar, segundo Hoskyns, que “Maria
conscientemente admitiu a necessidade da morte de Jesus, e também, reconhecendo
que a hora era chegada, antecipou o seu sepultamento com um ato de devoção
inteligente”.
O pedido de Judas pelos pobres não escapou da resposta de
Jesus. Os pobres, sempre os tendes convosco, mas a mim nem sempre me tendes (8;
cf. Dt 15.11). O agudo senso de oportunidade de Maria não podia passar
despercebido. “Há algumas coisas que podemos fazer a qualquer momento, e existem
algumas coisas que nunca faremos, a menos que agarremos a oportunidade de
fazê-las no momento certo”.
Extraído do Livro Comentário
Bíblico Beacon .
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