Estudar
analiticamente um texto bíblico do Novo Testamento é sempre um enorme desafio
por vários motivos. Em primeiro lugar, porque estamos cronologicamente
distantes quase 2 mil anos de seu momento autoral; por isso, o peso do
estranhamento das práticas culturais, litúrgicas e sociais torna-se mais
evidente ainda durante a leitura deste. Temos ainda que lidar com as
especificidades linguísticas — pois o NT foi todo escrito numa versão popular
de um idioma antigo, o grego — que desembocam também em enormes desafios
para a compreensão literária da obra.
Lembremo-nos
ainda que, no caso das epístolas aos tessalonicenses, não estamos diante de
apenas um texto, mas, sim, de duas composições diferentes — apesar de ambas as
correspondências serem, provavelmente, de um mesmo autor e para uma mesma
comunidade. Desse modo, seria absolutamente incoerente utilizar-se de um mesmo
conjunto de pressupostos teóricos para fundamentar a análise dessas duas obras
sem qualquer tipo de distinção entre as mesmas.
Deve-se
ainda levar em conta que os textos aos quais nos propomos a discutir nas
páginas a seguir são literatura do corpus paulinus. Para tanto,
faz-se necessário uma compreensão, mínima que seja, das particularidades do
pensamento do apóstolo dos gentios, de modo especial, no início de sua produção
epistolar. Pelo menos 1 Tessalonicenses, se é que não se pode dizer
o mesmo de 2 Tessalonicenses, é uma amostra histórico-literária de
uma genuína produção teológica paulina.
Sim,
esse é outro desafio no estudo das epístolas aos tessalonicenses: estas são
produções literárias antigas, sendo uma delas considerada o mais antigo texto
neotestamentário presente no cânon bíblico. O que isso implica na análise do
texto? Dentre as possibilidades concebíveis de serem apresentadas, estão, por
exemplo: a escrita paulina nas epístolas aos tessalonicenses — por ser a
manifestação de um pensamento teológico em construção — está desprovida de uma
série de conceitos-chave abundantemente presentes em outros textos do apóstolo,
tais como justificação, a humanidade de Cristo, a contraposição entre lei e
graça, etc.
Há,
por outro lado, temáticas centrais que, como demonstram os textos, já estão
presentes na gênese da teologia paulina: o Dia do Senhor, redenção,
santificação. Outras questões, como, por exemplo, a natureza kerigmática da
pregação e o debate sobre a kenosis do Senhor Jesus estão
presentes nessas epístolas, ainda que introdutoriamente se possa citar que, já
em 1 Tessalonicenses, Jesus é reconhecido como o Senhor, o kyrios da
Igreja.
Por
fim, outra questão extremamente importante de considerarmos é o fato de que a
produção epistolar é uma prática social bastante comum naquele contexto
histórico; tal informação deve levar-nos a reconhecer a qualidade do
relacionamento entre Paulo e aquela comunidade.
O
que lemos em 1 e 2 Tessalonicenses não é uma produção
literária que se propôs a ser canônica já na sua origem — até porque, como bem
sabemos, o processo de reconhecimento canônico dos textos contidos no Novo
Testamento deu-se num momento histórico posterior1 e segundo regras que
estavam alheias ao conhecimento de Paulo.2
Conforme afirma-nos Tenney:
O verdadeiro critério da canonicidade
é a inspiração. [...] (2 Tm 3.16,17). Por outras palavras, aquilo que foi dado
por inspiração de Deus era escriturístico, e o que não veio por inspiração de
Deus não era escriturístico, se “Escrituras” significarem o registro escrito da
Palavra de Deus revestida de autoridade.
Se este critério for adotado como
definitivo, há que responder a próxima pergunta: “Como se demonstra a
inspiração?” Os livros do novo testamento não começam todos com a afirmação:
1 O reconhecimento da
canonicidade dos textos do Novo Testamento foi um processo que ocorreu de forma
lenta, majoritariamente entre os sécu- los II e IV d.C, como uma forma de
preservar o cristianismo de uma série de perniciosas heresias que se
disseminavam no seio da Igreja. Assim, o reconhecimento canônico dos textos
ocorreu como uma consequência do caráter autoritativo que estes já possuíam
entre as comunidades cristãs. O cânone de Marcião de Sínope e o muratoriano são
exemplos de antigas listas que buscavam elencar a literatura cristã primitiva
que deveria ser reconhecida com valor de Escritura Sagrada. Já no século XVI,
durante o Concílio de Trento — como uma reação institucionalmente organizada da
Igreja Católica contra os efeitos da Reforma Protestante —, uma lista de livros
canônicos será oficialmente apresentada.
2 Para ser considerado canônico,
o texto teria de ser de autoria apostólica, estar compatível com os
ensinamentos apostólicos e ter autoridade apostólica. Percebe-se, assim, um
comprometimento com uma tradição apostólica, com o intuito óbvio de referendar comunitariamente
a veracidade de um determinado escrito.
de que foram inspirados por Deus.
Alguns relacionam-se com assuntos muito vulgares, outros contém enigmas
históricos, literários e teológicos que só com dificuldade podem ser
resolvidos. Será possível demonstrar a sua inspiração a contento de todos?
A resposta a este problema é tripla.
Primeiro, a inspiração destes documentos pode ser apoiada por seu conteúdo
intrínseco. Segundo, essa inspiração pode ser corroborada pelo seu efeito
moral. Finalmente, o testemunho histórico da Igreja Cristã mostrará o valor que
era dado a esses livros, se bem que a Igreja não fizesse com que eles fossem
inspirados ou canônicos. (TENNEY, 208, p. 428,429)
É
importante reconhecer que a autenticação do caráter canônico de um texto
constituiu-se na coletividade, por seu uso comunitário e popularidade entre os
cristãos; tais fatos são tão verdadeiros que, durante muito tempo, se discutiu
a canonicidade de textos como a Didaché, Apocalipse de
Enoque, Evangelho de Tomé. O contrário também deve ser
considerado, como, por exemplo, as fortes críticas apresentadas por Martinho
Lutero (1483–1546), em pleno século XVI, à presença da Carta de
Tiago no Corpus neotestamentário.
Sobre esse contexto, afirma-nos
Cullmann:
De uma maneira geral, o cânone do
Novo Testamento não se formou, como se poderia supor, por adição, mas por
eliminação. Ainda no início do século II, foram redigidos não somente
evangelhos apócrifos e atos dos apóstolos, mas também um grande número de
outros escritos cristãos (como os escritos dos Pais Apostólicos). Esses, mesmo
que não pretendessem remontar às origens, não tinham, em princípio, uma
autoridade inferior àquela dos escritos que hoje fazem parte do Novo
Testamento. (CULLMANN, 2015, p. 90)
Para
deixar claro que esses conflitos com relação à construção de um cânon não é um
problema exclusivo do cristianismo, pode-se citar o fato de que o conjunto de
livros do Antigo Testamento, como conhecemos hoje, só foi “canonizado” pela
comunidade judaica por volta do século III d.C (Moura, 2013).
Se 1 e 2
Tessalonicenses são textos sagrados, agora os compreendendo para além
da questão histórico-crítica da canonicidade e muito mais próximo de uma
concepção devocional das epístolas, isso se deve ao fato de que Paulo, ao
escrever àqueles irmãos, não fez isso de modo institucional ou religioso, mas,
sim, de maneira amorosa e fundamentalmente cristã. Não se tratava de um técnico
de assuntos religiosos transmitindo ordens a um grupo de iniciados, mas, sim,
de um líder, um amigo, um pastor, que pacientemente ensina um grupo de novos
convertidos a como proceder diante de dúvidas e questões que afligiam o
cotidiano daquela comunidade.
Características Gerais de Tessalônica
Fundada pelo general macedônio
Cassandro no século IV a.C, a partir da reunião de 26 províncias existentes, Tessalônica
foi assim denominada em homenagem à esposa deste monarca que se chamava
de Thessaloniki.3 A geografia da região fez com que
Tessalônica rapidamente se destacasse como cidade portuária, tornando-a
extremamente importante do ponto de vista comercial para a região da Macedônia.
Consequentemente, foram desenvolvidas diversas rotas comerciais e militares;
com destaque a Via Egnácia — estrada construída pelo Império Romano para a
interligação das províncias da Macedônia, do Ilírico e da Trácia. Ainda sobre
as informações geográficas de Tessalônica, informa-nos Claro:
A par desta privilegiada localização,
o mérito de Tessalônica era potenciado pela excelência de recursos naturais de
toda a província: solos férteis e suficientemente irrigados, que aliados a
épocas estivais quentes e invernias severas, favorecia o cultivo de grão e
frutos continentais, bem como proporcionava pastagens abundantes aptas à
atividade pastoril. Em volta da cidade, as montanhas ofereciam a madeira
necessária
3 É necessário registrar que
esta era filha de Filipe II (382 a.C.–336 a.C.), rei da macedônia, e meia-irmã
de Alexandre Magno (356 a.C.–323 a.C.) mais conhecido como Alexandre, o Grande.
à edificação de habitações e à construção
de embarcações. Não seria de estranhar que a atividade pesqueira tivesse larga
predominância dada a localização na orla costeira e a presença de rios e lagos
por toda a província. O subsolo oferecia a ex- ploração de minerais nobres como
o ouro, a prata e o cobre, bem como o ferro e o chumbo. (CLARO, 2017, 11 e 12.)
Na
tentativa de desvincular-se do poder de Roma, a província da Macedônia como um
todo se revoltou contra Roma em três episódios distintos (214–205 a.C; 200–197
a.C; e 171–168 a.C), sendo subjugada todas as vezes. Com as reformulações
implantadas para manutenção da política imperialista de Roma, Tessalônica
passou a ser a capital da província da Macedônia a partir de 146 a.C. A partir
de 42 d.C., Tessalônica torna-se sede de residência do procônsul romano,
ganhando, assim, status de cidade-livre sem nunca, todavia,
ser de fato.
Sobre
a população tessalonicense, Trimaille e Darrical defendem que:
A população de Tessalônica não era
homogênea, a colonização romana havia trazido famílias itálicas, juntaram-se
também os orientais, atraídos pela esperança de fazer fortuna (sírios, egípcios
e judeus). Paulo encontrou ali uma sinagoga, testemunho de uma melhor
implantação judaica em Tessalônica que em outros lugares. [...] Esse caráter
cosmopolita da população havia feito proliferar os cultos e as divindades.
Várias inscrições que se conservaram nos antigos monumentos demonstram que ali
se veneravam pelo menos vinte divindades. Convém recordar que [...] Dioniso era
especialmente honrado em Tessalônica, o qual tem sua importância para situar
certas exortações em 1 Ts, isto porque este culto cristalizava, mais que os
outros, as esperanças de uma vida futura (cf 5.1-11). (TRIMAILLE, 1982, p.3,4)
Atualmente,
Salônica, a moderna Tessalônica, é uma importante cidade grega, destacando-se
como forte centro universitário e industrial. Pensemos, então,
pormenorizadamente, a partir desse ponto, sobre os aspectos gerais de cada uma
das epístolas aos tessalonicenses, ressaltando as características em comum, mas
também as especificidades de cada um dos textos.
1 Tessalonicenses — Paulo e os
Tessalonicenses: uma Peculiar Relação
Neste momento introdutório, dentre as
várias análises possíveis de serem feitas com relação à 1
Tessalonicenses, optar-se-á por concentrar-se num aspecto referente à obra:
o relacionamento entre Paulo e aquela comunidade. Como se demonstrará ao longo
deste comentário, apesar de não ter vivido um longo período de tempo naquela
cidade — e, por isso, ter conseguido ampliar de maneira pormenorizada os laços
com os tessalonicenses — Paulo nutria uma enorme consideração por aqueles
irmãos.
Pode-se
fundamentar tal afirmação a partir do seguinte argumento: tendo o apóstolo já
realizado sua primeira viagem missionária — onde visitou, pregou e fundou pelo
menos seis comunidades cristãs, as quais foram fortalecidas ainda no retorno
antes do fim da viagem — e tendo anunciado o evangelho em outras cidades já na
segunda viagem missionária, é para Tessalônica que Paulo endereça sua primeira
carta.
Como
defende Trimaille (1982, p. 13), há, nesse momento do ministério paulino, uma
forte ênfase na necessidade de vida em coletividade. Só há cristianismo em
comunidade; daí, a necessidade de obter notícias daqueles irmãos e do andamento
da vida de fé dos mesmos. Durante a segunda viagem missionária de Paulo,
especial- mente durante sua estada na Macedônia, a qual se fez por meio de uma
inequívoca revelação divina, estabeleceu-se — pelo me- nos, é o que entendemos
por meio da narrativa de Lucas — uma lógica para a implantação de igrejas: a)
Anúncio do evangelho;
b) Fundação da igreja; c) Forte
perseguição dos judeus; d) Saída abrupta. Essa “lógica” por ser exemplificada
com os casos de Filipos, Tessalônica e Bereia.
Por
tudo o que aconteceu na fundação da igreja em Tessalônica — perseguição,
oposição, acusação —, o coração pastoral de Paulo preocupava-se enormemente com
a possibilidade do fracasso espiritual daquela comunidade; porém, qual não foi
a surpresa do apóstolo ao receber notícias de que aquela neófita
comunidade ia bem. Nada, nem mesmo os problemas sociais ou as recentes
heresias, conseguem calar a alegria de Paulo, a qual transborda em cada linha
desta amistosa carta.
Assume-se,
assim, uma chave hermenêutica para a leitura de 1 Tessalonicenses,
que advoga a experiência da fé mútua, da confiança em Deus, mas também uns nos
outros, como elemento central desta análise. Concordamos com Marques quando ele
afirma que:
Tendo em mente o profundo significado
que a Morte e Ressurreição e Parusia de Cristo adquirem no Evangelho de Paulo,
este estudo é uma leitura de 1Ts sob o viés da confiança mútua entre os
personagens por ela envolvidos. É pela con- fiança em Paulo, Silvano e Timóteo
que os tessalonicenses confiam primeiro no Deus vivo e Verdadeiro em quem eles
creem e a quem confiam suas existências. Neste Deus Vivo e Verdadeiro os
tessalonicenses passam a crer com convicção a ponto de abandonarem seus ídolos
(1Ts 1,9), e mais ainda, creem no Senhor Jesus, que em sua Parusia virá
libertá-los da ira futura do juízo final (1Ts 1,10). O comprometimento dos tessalonicenses
com o Deus Vivo e Verdadeiro não poderia acontecer antes que os tessalonicenses
tivessem conhecido Paulo e seus colaboradores, Silvano e Timóteo. Os
tessalonicenses observaram seus evangelizadores: eles eram modelos de uma
confiança inabalável em Deus. Por outro lado, Deus mesmo mostrava sua confiança
em Paulo e seus auxiliares, porque por meio deles Deus realizou uma obra que
homem algum realizara antes em favor dos tessalonicenses. Por fim, convertidos,
os tessalonicenses imitam seus evangelizadores e se tornam, também eles,
evangelizadores da Macedônia e da Acaia (1Ts 1,4-10). (MARQUES, 2009, p. 15,16)
1 Tessalonicenses não é um texto institucional,
burocrático-religioso; esta primeira Escritura é uma manifestação
histórico-cultural da simplicidade do evangelho que se vivia naquele contexto
de cristianismo primitivo. A espontaneidade com que Paulo dirige-se àquela
comunidade identifica com clareza a natureza desinstitucionalizada das relações
cristãs em Tessalônica. Para alguns, como defende Luckensmeyer (2009, p.1) e
Claro (2017), por exemplo, isso seria o resultado de uma forte influên- cia da
filosofia helenística em 1 Tessalonicenses, o que não é tão
evidente em outras epístolas paulinas que são posteriores, tanto pelo contexto
histórico como pelas evidências textuais. Segundo essa hipótese, a necessidade
de cuidado e proximidade de Paulo com aqueles irmãos justificou-se pela
necessidade de superar uma série de práticas idólatras que estavam diretamente
associadas a vivências do cotidiano da comunidade.
Um
exemplo clássico da relação entre o cuidado de Paulo com os tessalonicenses e a
questão da cultura helenística pode ser identificado na reticente abordagem da
questão da ressurreição. Diante da variedade de cultos a divindades, entre os
quais ao egípcio Osíris e ao grego Dioniso, a questão da ressurreição
necessitava ser apregoada a partir de uma perspectiva cristã — inclusive para
superar o materialismo estoico e o indiferentismo epicureu, que predominava
entre os atenienses ali bem próximo de Tessalônica.
Por isso, Claro defende que:
[...] na comunidade de Tessalônica, a
principal questão que suscitava interpelação e dúvida não era tanto como seriam
ressuscitados os cristãos, mas fundamentalmente, como os vivos e os mortos
tomariam parte no evento escatológico. Por sua vez, Paulo não pretende explicar
a transformação dos corpos dos cristãos operada por tal evento (cf. 1Cor 15,
51-52; Fl 3, 20-21), antes a sequência dos momentos escatológicos, de forma a
elucidar que os mortos ressuscitarão em primeiro lugar de maneira a tomarem
parte da parusia de Cristo. (CLARO, 2017, p. 83)
As
dúvidas dos tessalonicenses, segundo essa argumentação, não se concentravam no
conceito da ressurreição — diferente- mente daquilo que Paulo enfrentará em
Atenas —, mas na maneira como se dará o Dia do Senhor. Acreditar que mortos
reviveriam era algo presente no mundo religioso dos tessalonicenses, mas eles
não compreendiam como se daria o encontro de vivos e mortos no mesmo lugar.
Percebe-se, assim, que, por meio de uma estratégia de evangelização que partiu
de elementos próprios da cultura do povo, Paulo anuncia a genuína Boa-Nova aos
tessalonicenses.
2 Tessalonicenses — A Polêmica da
Autenticidade
Assim como se fez com relação à
primeira epístola, a título de apresentação de 2 Tessalonicenses,
eleger-se-á uma temática para aqui ser apresentada e debatida, a despeito de
várias outras poderem receber o mesmo trato. O debate sobre a suspeita de uma
condição deuteropaulina para este texto demonstra-se como uma questão de
destaque e relevância.
A
centralidade dos argumentos a favor da compreensão de 2
Tessalonicenses como um texto não paulino concentra-se especialmente
com relação ao trato da questão sobre as últimas coisas. Para esses
pesquisadores, existe uma discrepância insus- tentável entre a abordagem
escatológica de 1 e 2 Tessalonicenses. O contraste central com
relação à escatologia dessas duas epístolas dá-se em virtude de uma visão
da parusia como algo repentino e imediato em 1
Tessalonicenses, porém processual e distante em 2 Tessalonicenses.
Um
modo simples de propor uma solução para essas supostas divergências é analisar
a problemática escatológica a partir de dois prismas contextuais específicos:
enquanto em 1 Ts Paulo está envolvido num processo de
confirmação e fortalecimento à distância da fé dos tessalonicenses — algo que,
na primeira viagem missionária, foi feito no retorno às cidades quando da
volta, mas aqui não foi possível em virtude das inúmeras situações adversas —,
em 2 Ts, Paulo está fazendo uma conexão entre ética e escatologia,
mais propriamente uma apresentação daquilo que seria uma ética da
provisoriedade.
Ora,
o caráter provisório de nossa vida, em virtude da parusia de
Cristo, não pode prescindir de uma profunda fundamentação ética. Cristo vai
voltar, mas isso não deve ser pretexto para uma vida pessoal desorganizada; na
verdade, há uma série de acontecimentos que envolvem o retorno de Cristo; logo,
é necessário termos uma vida eticamente séria. Se assim compreendermos os dois
objetivos diferentes de Paulo ao falar sobre as últimas coisas, as supostas
contradições serão facilmente diluídas.
Sigamos,
então, nas páginas a seguir, em uma análise capítulo a capítulo destas duas
preciosas cartas paulinas.
RETIRADO DO LIVRO DE APOIO.
Bibliografia
CLARO,
Francisco Eloi Martinho Prior. Marcas
helenistas na Primeira Carta de São Paulo aos Tessalonicenses.
A inculturação no primeiro escrito bíblico cristão. Dissertação (Mestrado em
Teologia). Porto, 2017. 116f.
CULLMANN,
Oscar. A formação do Novo Testamento.
São Leopoldo: Sinodal e EST, 2015.
LUCKENSMEYER, David. The Eschatology of First Thessalonians.
Göttingen: Vandenhoeck&Ruprecht, 2009.
MARQUES,
V. Paulo em Tessalônica:
o relacionamento de con- fiança mútua na fundação da Igreja. Perspectiva
Teológica. Belo Horizonte, v. XLI, p. 09-37, 2009.
MOURA,
Valmir Nascimento de. Protoevangelho de
Tiago: um estudo sobre crenças “alternativas” nos primeiros séculos
da era cristã. Dissertação (Mestrado em Ciências da Religião). João Pessoa,
2013. 132f.
TENNEY,
Merrill C. O Novo Testamento sua origem
e análise. São Paulo: Shedd Publicações, 2008.
TRIMAILLE,
Michel. La primera carta a los
tessalonicenses. Estella: Edi- torial Verbo Divino,
1982.
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