A
Trindade é a união de três Pessoas – o Pai, o Filho e o Espírito Santo – em uma
só Divindade, sendo iguais, eternas e da mesma substância, embora distintas,
sendo Deus cada uma dessas Pessoas. Essa doutrina é um mistério porque vai além
da razão, mas não contra a razão, como disse acertadamente Norman Geisler: “É
conhecida apenas pela revelação divina, portanto não é assunto da teologia
natural, mas da revelação” (GEISLER, 2001, p. 834). A Bíblia declara
textualmente que existe um só Deus verdadeiro e, ao mesmo tempo, afirma com a
mesma clareza e de maneira direta que Jesus é Deus, mostrando nele todos os
títulos divinos, com seus atributos, funções e obras de Deus. E, com o Espírito
Santo não é diferente; a Bíblia revela a sua divindade plena. Houve no passado
quem defendesse o triteísmo, mas a Igreja nunca reconheceu tal ensino; antes,
refutou e combateu essa ideia. O mistério consiste também no fato de o Deus dos
cristãos revelado nas Escrituras ser trino e uno sem comprometer o monoteísmo
judaico-cristão.
AS
DECLARAÇÕES ESCRITURÍSTICAS
A
Trindade é uma doutrina com sólidos fundamentos bíblicos e, mesmo sem conhecer
essa terminologia, os cristãos do período apostólico reconheciam essa verdade.
Essa doutrina está implícita no Antigo Testamento, pois há declarações que
indicam claramente a pluralidade na unidade de Deus (Gn 1.26; 3.22; 11.6, 7; Is
6.8). Apesar da ênfase da doutrina monoteísta como o shemá: “Ouve, Israel, o
SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR” (Dt 6.4) reafirmada pelo Senhor Jesus (Mc
12.29), o Antigo Testamento mostra que a unidade de Deus não é absoluta.
O Novo
Testamento revela que essa pluralidade se restringe ao Pai, ao Filho e ao
Espírito Santo (Mt 28.19; 1 Co 12.4-6; 2 Co 13.13; Ef 4.4-6; 1 Pe 1.2).
Há ainda
várias passagens tripartidas no Novo Testamento que revelam a Trindade (Lc
24.49; Rm 1.1-4; 5.1-5; 14.17, 18; 15.16, 30; 1 Co 6.11; 2 Co 1.20, 21; Gl
3.11-14; Ef 1.17; 2.18-22; 3.3-7, 14-17; 1 Ts 5.18). Além das declarações
bíblicas apresentadas aqui, há outras evidências contundentes que fundamentam
essa doutrina. Cada uma dessas Pessoas é chamada individualmente de Deus e
Senhor. O Deus do cristianismo é um (Gl 3.20), mas as Escrituras ensinam também
que o Pai é Deus, o Filho é Deus e o Espírito Santo é Deus. A Bíblia aplica o
nome “Deus” ao Pai sozinho (Fp 2.11), da mesma forma ao Filho (Jo 1.1) e ao
Espírito Santo (At 5.3, 4); e, na maioria das vezes, com referência à Trindade
(Dt 6.4). Isso também ocorre com o Tetragrama (as quatro consoantes do nome
divino YHWH), que se aplica ao Pai sozinho (Sl 110.1), ao Filho (Is 40.3; Mt
3.3) e ao Espírito Santo (Ez 8.1,3). No entanto, aplica-se também à Trindade
(Sl 83.18). Salta à vista de qualquer leitor da Bíblia a divindade plena e
absoluta de cada uma dessas Pessoas. Foi assim que o Espírito revelou a unidade
na Trindade.
As
palavras de Jesus sobre a sua própria identidade e as suas ações revelam a sua
deidade absoluta. O mesmo pode ser dito sobre as obras e as declarações a
respeito do Espírito Santo. O Deus revelado nos evangelhos é trino e uno. A
maneira como essa verdade é revelada em Mateus, Marcos, Lucas e João era
perfeitamente compreendida pela geração apostólica. Por essa razão, não havia
questionamento sobre a triunidade de Deus.
Quando o
Senhor Jesus apaziguou a tempestade, seus discípulos questionaram: “Quem é este
que até o vento e o mar lhe obedecem?” (Mc 4.41). Eles sabiam que somente Deus
possui esse poder (Sl 65.7; 89.9).
O ensino
do Senhor Jesus e de seus apóstolos expressava a fé em um só Deus, mas ao mesmo
tempo eles ensinavam a deidade absoluta do Pai, do Filho e do Espírito Santo. A
Bíblia revela a triunidade de Deus sem necessitar de definições teológicas, e o
destinatário imediato de cada texto bíblico compreendia com clareza meridiana a
unidade na Trindade e a Trindade na unidade.
Não havia
ainda necessidade na época de uma confissão de fé elaborada, pois essa
linguagem era suficiente para a compreensão dos primeiros cristãos. Até mesmo
os opositores da fé cristã, às vezes, entendiam esse discurso. Jesus disse
certa vez:
“Meu Pai
trabalha até agora, e eu trabalho também” (Jo 5.17). Os judeus incrédulos
entenderam essa mensagem e por essa razão procuraram matar a Jesus, porque
“dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus” (Jo 5.18). Esse modo
de pensar dos apóstolos era compreensível aos primeiros cristãos e não havia
necessidade de explicações adicionais. Não há evidência no Novo Testamento de
alguém questionando essa verdade.
A
expansão do cristianismo no vasto império romano era geográfica e intelectual
(Rm 15.19; Cl 1.6). A pregação do evangelho passou a se defrontar com as
diversas tradições gregas e romanas (At 16.21; 17.18-22). Mas a maneira de
pensar desses movimentos culturais e intelectuais exigia formulações teológicas
precisas e racionais na comunicação da verdade cristã, somando-se a isso o
surgimento de seitas e heresias como ebionitas, gnósticos, monarquianistas e
arianistas, entre outros. E a simples repetição de passagens bíblicas já não
era mais suficiente. Isso exigia da liderança da Igreja definições teológicas
racionais.
OS
APOLOGISTAS
No que
diz respeito à Trindade, os pais da Igreja nos séculos 2 e 3 não tinham uma
ideia clara sobre a doutrina, exceto Tertuliano.
O
conceito trinitariano de Orígenes mostrou-se insatisfatório. Havia muitos
conceitos diversificados sobre o Logos,3 e a doutrina do Espírito Santo nem
sequer entrou nos debates antes de Niceia.
Os
primeiros pais da Igreja que antecederam o Concílio de Niceia sabiam pelos
escritos do Novo Testamento e pela experiência das igrejas, a maioria fundada
pelos apóstolos ou por alguém vinculado a eles ou mesmo seus sucessores, que os
primeiros cristãos cultuavam a Jesus e reconheciam o senhorio de Cristo e do
Espírito Santo. Suas explicações não eram muito claras, pois os primeiros
escritores cristãos após o período apostólico não tinham uma compreensão mais
avançada sobre a essência divina.
Os
apologistas e os escritores do século II não discutem a Trindade em seus
escritos, embora a fórmula Pai, Filho e Espírito Santo, de forma vaga e
imprecisa, apareça com frequência.
Justino,
o Mártir (100-165), diz que o ministro de culto “louva e glorifica ao Pai do
universo através do nome de seu Filho e do Espírito Santo, e pronuncia uma
longa ação de graças” (I Apologia 65.3). Atenágoras de Atenas, numa apologia em
favor dos cristãos acusados de ateísmo, dirigida ao imperador Marco Aurélio em
177, apresenta as primeiras articulações teológicas da Trindade: “Quem não se
surpreenderá ao ouvir chamar de ateus indivíduos que admitem um Deus Pai, um
Deus Filho e um Espírito Santo, que mostram seu poder na unidade e sua
distinção na ordem?” (Petição em Favor dos Cristãos, I.10).
Irineu de
Lião, falecido no ano 202, foi discípulo de Policarpo de Ismirna, por sua vez
discípulo do apóstolo João. A regula fidei, “regra de fé”, o credo usado na
Igreja de Lião (uma cidade na atual França) no tempo de Irineu, diz o seguinte:
“Com efeito, a Igreja espalhada pelo mundo inteiro até os confins da terra
recebeu dos apóstolos e seus discípulos a fé em um só Deus, Pai onipotente, que
fez o céu e a terra, o mar e tudo quanto nele existe; em um só Jesus Cristo,
Filho de Deus, encarnado para a nossa salvação; e no Espírito Santo” (Contra as
heresias, livro I 10.1). Mais adiante, ele declara: “Sua Palavra e sua
Sabedoria, seu Filho e seu Espírito, estão sempre junto dele... Sua Sabedoria,
isto é, o Espírito, estava com ele antes que o mundo fosse feito”
(Contra
as heresias, livro IV 20.1, 3). Irineu diz ainda em outra obra: “Sem o Espírito
Santo é impossível ver o Verbo de Deus e sem o Filho ninguém pode aproximar-se
do Pai, porque o Filho é o conhecimento do Pai e o conhecimento do Filho se
obtém pormeio do Espírito Santo. Mas o Filho, segundo a vontade do Pai,
ministra e dispensa o Espírito a quem quer, conforme, como o Pai quer”
(Demonstración de la Predicación Apostólica, 7).
Justino,
o Mártir, e Irineu de Lião evitam afirmar de maneira explícita que o Espírito
Santo é Deus, mas reconhecem a sua divindade, como se vê nos exemplos citados.
Nenhum deles escreveu sobre o Espírito Santo, mas este é mencionado com
frequência ao lado do Pai e do Filho. Nessas construções trinitárias, o
Espírito Santo aparece no mesmo nível do Pai e do Filho e com qualificações
divinas plenas, sem, contudo, afirmar de maneira direta que ele é Deus. O que é
comum a todos os pais da Igreja, nesse período, é a crença na triunidade de
Deus. Todos eles defendiam uma fé trinitariana, ainda que o conceito desse
trinitarianismo não seja satisfatório.
TERTULIANO
DE CARTAGO
Tertuliano
de Cartago, uma cidade do norte da África (155-224), advogado romano de
formação intelectual estoica convertido ao cristianismo, tornou-se conhecido
como o “Pai do cristianismo latino”. Ele refutou os monarquianistas modalistas,
um grupo que não negava a divindade do Filho nem a do Espírito Santo, mas, sim,
a distinção destas Pessoas, de modo diametralmente contrário ao ensino das
igrejas desde os dias apostólicos. Seus principais representantes foram Noeto,
Práxeas e Sabélio.
Noeto era
natural de Esmirna e ensinava que “Cristo era o próprio Pai, e o próprio Pai
nasceu, sofreu e morreu”. Cipriano (200-258 d.C.), bispo de Cartago, chamou a
heresia de Noeto, num tom jocoso, de “patripassionismo” (Epístola 73), do latim
Pater, “Pai”, e passus, de patrior, “sofrer”. Práxeas foi discípulo de Noeto, e
a sua doutrina reacendeu no norte da África em 213, através de um dos
discípulos de Práxeas, quando Tertuliano começou a sua refutação em Contra
Práxeas, texto contendo capítulos. Tertuliano polemizou com esses
monarquianistas, dizendo: “Práxeas fez duas obras do diabo em Roma: expulsou a
profecia e introduziu a heresia; afugentou o Paracleto
e crucificou o Pai” (Contra Práxeas, I). O bispo Sabélio foi o principal
expoente do modalismo; ele ensinava que o Pai, o Filho e o Espírito Santo não
eram três Pessoas distintas, mas apenas três aspectos do Deus único. Nos tempos
do Antigo Testamento, o Pai se manifestou como Legislador. Nos tempos do Novo
Testamento, este Pai era o mesmo Filho encarnado e também fazia o papel de
Espírito Santo como inspirador dos profetas.
Foi no
combate ao sabelianismo que Tertuliano trouxe uma formulação trinitária melhor
e mais compreensível. É dele o termo “Trindade”, trinitas em latim. Ele “foi
responsável pela criação de 509 novos substantivos, 284 novos adjetivos e 161
verbos na língua latina” (McGRATH, 2005, p. 375). Sua explicação sobre o Pai, o
Filho e o Espírito Santo em uma só divindade preserva o monoteísmo sem
comprometer a deidade absoluta das três Pessoas da Trindade. É a unidade na
Trindade e a Trindade na unidade.
Todos são
de um, por unidade de substância, embora ainda esteja oculto o mistério da
dispensação que distribui a unidade numa Trindade, colocando em sua ordem os
três, Pai, Filho e Espírito Santo; três contudo, não em essência, mas em grau;
não em substância, mas em forma, não em poder, mas em aparência, pois eles são
de uma só substância e de uma só essência e de um poder só, já que é de um só
Deus que esses graus e formas e aspectos são reconhecidos com o nome de Pai,
Filho e Espírito Santo (Contra Práxeas, II – Grifo é nosso).
Tres
autem non statu sed gradu, nec substantia sed forma, nec potestate sed specie,
unius autem substabtiae et unius status et unius potestatis, quia unus Deus ex
quo et gradus isti et formae et species in nomine Patris et Filii et Spiritus
Sancti deputantur (Adversus Praxean, II).
Tertuliano
apresenta aqui uma breve interpretação da natureza divina conforme revelada nas
Escrituras e no testemunho das igrejas desde a era apostólica. É a primeira
fórmula, trinitária que atravessou os séculos. O que ele escreveu aqui vale
ainda hoje, apesar das diversas pontas soltas que precisaram ser amarradas
posteriormente, mas a sua estrutura da Trindade na unidade e da unidade na
Trindade é mantida em Orígenes, Atanásio, nos pais capadócios, em Hilário de
Poitiers e em Agostinho de Hipona, entre outros.
O termo
mostra o esforço de Tertuliano para provar que a tríplice manifestação revelada
na história salvífica é compatível com a unidade substancial de Deus. O Pai, o
Filho e o Espírito Santo são da mesma substância, mas essa essência divina é
uma só; a diferença está nas formas, graus e aspectos. Ele emprega o termo
latino, unus, ou o seu derivado, unicus, para o verdadeiro Deus do
cristianismo. Faz isso na tentativa de afastar a ideia de triteísmo, acusação
feita por seus opositores monarquianistas. Ele usa ainda outra palavra, unitas,
derivado do verbo unire, que “significa a unidade interna e orgânica da
natureza divina… Unitas, portanto, é o abstrato do termo unus, ou seja, ‘um por
natureza’, ‘uniforme’, ‘unificado’, sem necessidade de ser reduzido à unidade
aritmética” (MORESCHINI, 2008, pp. 205, 206). Assim, a unidade na Trindade e a
Trindade na unidade são uma defesa do monoteísmo judaico-cristão. Essa primeira
formulação trinitária foi muito útil, e as igrejas do Ocidente se valeram dela
por muito tempo sem alteração do texto, apesar de suas limitações. É inegável a
contribuição de Tertuliano para a época, mas muitas perguntas que ficaram sem
respostas foram solucionadas no Oriente a partir de Atanásio e dos pais
capadócios.
Tertuliano
escreveu em latim. A substância, substantia em latim, significa em si
“substância, ser, realidade de uma coisa, essência”. Isso quer dizer “coisa
subjacente, material ou espiritual, de coisas, aquilo que existe” (MULLER,
1993, p. 290). O seu equivalente grego é hipóstase ou ousía. Hipóstase é a
“forma de existir”; o termo vem de duas palavras gregas: hypo, “sob”, e
istathai, “ficar”. E ousía significa “essência, ser”. A essência é a “qualidade
do ser, o qual faz o ser precisamente o que ele é. Exemplo: a essência de
Pedro, Paulo e João é sua humanidade; a essência de Deus é deidade ou
divindade” (MULLER, 1993, pp. 105, 106). Mas a palavra latina usada para
“essência” nessa declaração de Tertuliano é status, “condição, qualidade”.
Todos esses termos filosóficos aparecem nas controvérsias cristológicas,
trinitárias e pneumatológicas, e a grande dificuldade de compreensão está na
falta de precisão na definição dessas palavras. O que Tertuliano chama aqui de
“graus, formas e aspectos”, ele passa a chamar de persona, “Pessoa”, ou
personae, no plural, mais adiante (Contra Práxeas, XII), ao mostrar a unidade
na Trindade no relato da Criação (Gn 1.26, 3.22).
Tertuliano
foi o primeiro a usar o termo “Pessoa” para os membros da Trindade. Uma
substância e três Pessoas. O vocábulo “Pessoa” é inadequado para aplicar às
três identidades distintas da Trindade. Os pais capadócios evitaram usar esse
termo para identificar o Pai, o Filho e o Espírito Santo na Trindade. Em vez de
falar em três Pessoas da Trindade, eles as identificavam como três hipóstases.
ORÍGENES
Orígenes
é o principal representante no Oriente, antes de Niceia. Por que não dizer que
ele foi o fundador da teologia oriental? Orígenes nasceu em 185, em Alexandria,
Egito, e morreu em Tiro, onde foi torturado até a morte em 254, por causa de
sua fé em Jesus. Alexandria já era um grande centro cultural mesmo antes do
surgimento da Igreja. O cristianismo prosperou nessa cidade, que veio a ser um
dos importantes centros cristãos da Antiguidade. A escola de Alexandria foi
fortemente influenciada pelo neoplatonismo, escola filosófica fundada por
Amônio Saccas (175-242), de quem Orígenes foi discípulo.
Orígenes
foi um grande defensor da fé cristã, mas o seu pensamento teológico, sobretudo
sobre a Trindade, apresenta forte afinidade com a filosofia neoplatônica
defendida por Plotino, principal expoente do neoplatonismo, discípulo de Saccas
e colega de classe de Orígenes. O próprio Orígenes admite essa influência
quando afirma que a ideia da existência de um Pai e de um Filho de Deus era
comum também a muitos pagãos, sendo que o Espírito Santo é exclusividade dos
cristãos (Tratado sobre os Princípios, livro I 3.1). O que Tertuliano veio
chamar de personae da Trindade, Orígenes chamava de hipóstase. Esse termo foi
consagrado posteriormente pelos pais capadócios para identificar o Pai, o Filho
e o Espírito Santo individualmente. Como Tertuliano, Orígenes também discordava
dos modalistas no fato de confundir as três Pessoas da Trindade.
O que é
mais grave no trinitarianismo de Orígenes é a ideia da condição de
inferioridade do Filho em relação ao Pai. Ele afirma que “o Filho e o Espírito
Santo também são divinos” (Patrologia grega 2.3.20), mas diz em outro lugar que
essa divindade é “secundária” (Contra Celso 5.39) e considera o Espírito Santo
criatura do Logos: “o mais honorável de todos os seres trazidos à existência
pela Palavra, o principal em ordem de importância, dentre todos os seres que
tiveram origem no Pai por meio de Cristo” (In Johan 2.10.75 apud KELLY, 2009,
p. 95). Segundo os críticos de Orígenes, ele ensinava que “o poder do Pai é maior
do que o do Filho e do Espírito Santo, e o poder do Filho é maior do que o do
Espírito Santo”. Isto está numa carta endereçada a Mena, patriarca de
Constantinopla (536-552). Essa informação aparece numa epístola de Jerônimo a
Avito. Orígenes exerceu grande influência no Oriente por mais de 100 anos.
Observe-se que o historiador da Igreja, Eusébio de Cesareia foi influenciado
pelo pensamento de Orígenes. Ele mesmo fundou uma escola teológica nessa cidade
de Cesareia e permaneceu lá durante 20 anos. Eusébio assimilou também essa
doutrina subordinacionista de Orígenes, pois escreveu: “Como os oráculos dos
hebreus classificam o Espírito Santo em terceiro lugar depois do Pai e do
Logos” (Preparatio Evangelica, XI.21.1).
ATANÁSIO
É comum
ouvir representantes das seitas antitrinitarianas dizerem que a doutrina da
Trindade é de origem pagã e foi imposta por um imperador pagão no Concílio de
Niceia em 325.c Esses argumentos das organizações contrárias à fé trinitária
são falsos. O Concílio de Niceia não tratou da Trindade; a controvérsia foi em
torno da identidade Jesus de Nazaré.
Os credos
anteriores ao século IV eram de caráter local e estavam relacionados ao batismo
na preparação catequética; sua autoridade procedia da igreja local de onde o
documento se originou. São os chamados credos sinodais. O Credo Niceno é a
primeira fórmula publicada por um concílio ecumênico e a primeira a possuir
status de valor universal em sentido legal. O documento é resultado da chamada
controvérsia ariana, que começou no ano 318 em Alexandria, no Egito. O
confronto girava em torno da identidade do Senhor Jesus Cristo e a questão era
sobre a sua deidade e igualdade com o Pai.
O
documento aprovado em Niceia tornou-se ponto de partida, ao invés de ponto de
chegada. A controvérsia prosseguiu por duas razões principais: a volta do
arianismo e a indefinição sobre a identidade do Espírito Santo. O Concílio de
Constantinopla em 381 reconheceu e ampliou o texto da fórmula teológica
aprovada em Niceia em 325. O tema do Concílio de Niceia será analisado no
capítulo
seguinte.
Atanásio
(300-373) foi um dos principais defensores da fé nicena nos anos que se
seguiram ao Concílio de Niceia. Ele polemizou com os arianos em defesa da
divindade do Filho; sua discussão era cristológica em sua obra Contra os
arianos; e ele refutou também os tropicianos4 e os pneumatomacianos,5 em defesa
da divindade do Espírito Santo, em Epístolas a Serapião sobre o Espírito Santo.
A cristologia de Atanásio estava enraizada no homoousianismo, termo grego
derivado de homooúsios, que significa ser da “mesma substância”, da “mesma
essência”, usado no Credo Niceno ao declarar que o Filho “é consubstancial com
o Pai” ou “da mesma substância do Pai”, homooúsion tō patrí, em grego. Na época
de Atanásio, o pensamento neoplatônico e origenista estava bem sedimentado no
Oriente, de modo que essas ideias aparecem na teologia atanasiana, mas o seu
conceito de Trindade era nos termos de consubstancialidade e sem o
subordinacionismo de Orígenes (Epístola a Serapião, livro I 14.4, 28.1).
Atanásio
foi claro e direto ao afirmar que o Espírito Santo é consubstancial com o Pai e
com o Filho. Cirilo de Jerusalém (315- 386), contemporâneo de Atanásio,
refutava as heresias de sua geração em favor da Trindade (Catequese, XVI.3).
OS PAIS
CAPADÓCIOS
A
Capadócia aparece no Novo Testamento (1 Pe 1.1). Os pais capadócios deram
continuidade à defesa da ortodoxia nicena.
Eles,
como Atanásio, escreveram em grego. São eles Basílio de Cesareia, Gregório de
Nissa e Gregório de Nazianzo. Eles contribuíram de maneira especial na
formulação definitiva da Trindade. E precisaram definir os termos flutuantes
ousía e hipóstases na linguagem trinitária. Empregavam o mesmo termo
“hipóstase” empregado por Orígenes para designar as Pessoas da Trindade. Em vez
de usar “substância divina única”, falavam em “uma ousía em três hipóstases”. A
essência da doutrina deles “é que a única Divindade existe simultaneamente em
três modos de ser ou hipóstases” (KELLY, 2009, p. 199). Como Atanásio, eles
defendiam o homooúsios do Filho e do Espírito Santo. Neles está o clímax do
desenvolvimento da doutrina da Trindade.
Basílio
de Cesareia (330-379), cidade da Capadócia, hoje na Turquia, combateu os
antigos arianos, os neoarianos, os semiarianos e os pneumatomacianos. Escreveu
no ano 373 uma refutação aos argumentos do maior expoente do arianismo radical,
o arianista anomoeano de nome Eunômio: Contra Eunômio; escreveu também Sobre o
Espírito Santo, uma defesa a doxologia: “Glória seja ao Pai, com o Filho,
juntamente com o Espírito Santo”. Como Atanásio, Basílio também colocava o
Espírito Santo no mesmo nível do Pai e do Filho na fórmula batismal de Mateus
28.19. Evitando termos filosóficos, procurava usar uma linguagem próxima da
linguagem bíblica. Ele não emprega o termo homooúsios, mas defende a Trindade
em outras palavras: “Como o Pai é um e um é o Filho, assim também é um o
Espírito Santo” (Tratado sobre o Espírito Santo, 18.45).
Gregório
de Nissa (335-394) era o irmão mais moço de Basílio.
Ele
escreveu Sobre a Trindade, continuação da obra Contra Eunômio, de autoria de
seu irmão. Gregório de Nissa refutou a doutrina triteísta do heresiarca Ablábio
na obra Sobre Não Três Deuses. Ablábio considerava o Pai, o Filho e o Espírito
Santo três Deuses. Gregório de Nissa, como os seus companheiros, defendia a
ideia de “que a unidade da ousía, ou Divindade, procede da unidade da ação
divina desvendada na revelação” (KELLY, 2009, p.201). Do rico epistolário de
Basílio, contendo 366 epístolas, na de número 189, Gregório de Nissa, seu
irmão, escreve: “Uma atividade individual do Pai, do Filho e do Espírito Santo,
em nenhum aspecto diferente para qualquer que seja a Pessoa, somos obrigados a
inferir uma unidade de natureza a partir da identidade de atividade; pois o
Pai, o Filho e o Espírito Santo cooperam na santificação, na vivificação, na
consolação, e assim por diante”.
Gregório
de Nazianzo (329-389) combateu os mesmos opositores de seus companheiros
Basílio e seu irmão Gregório de Nissa: Eunômio e os pneumatomacianos. Escreveu
com elegância e clareza sobre a Trindade e, especialmente, sobre o Espírito
Santo, por meio de epístolas, poemas e sermões. As Orações Teológicas ou
Discursos Teológicos são numerados de 27 a 31, que correspondem respectivamente
da primeira à quinta Oração. Para ele, a divindade existe indivisa em Pessoas
divididas (Discurso 31.14). Gregório de Nazianzo dizia que o Pai se distingue
por não ter sido gerado, agennēsía, “ingênito, nãogerado”; o Filho, por ter
sido gerado, e o Espírito Santo por ser enviado, procedente (Discursos, 31.8).
Ele defende a doutrina da Trindade com muita propriedade e vigor e ao mesmo
tempo responde aos sabelianistas e aos triteístas (Discurso 31.9).
Gregório
de Nazianzo defendia a ideia de que as Escrituras aplicavam todos os títulos e
atributos pertencentes a Deus Filho e ao Espírito Santo. E não somente isso,
mas também chamou a atenção para o fato de que a palavra “santo” aplicada ao
Espírito não era resultado de nenhuma fonte externa, mas era algo próprio de
sua natureza. Segundo Paul Tillich, foi Gregório de Nazianzo quem criou a
fórmula definitiva da doutrina da Trindade (TILLICH, 2004, p. 92). Mas esses
teólogos capadócios deixaram ainda uma ponta solta, a questão da filioque, a
dupla processão do Espírito Santo.
AGOSTINHO
DE HIPONA
Agostinho
(354-432) é reconhecido como um dos maiores gênios teológicos de todos os
tempos. Hipona era uma cidade do norte da África. J. D. N. Kelly disse que
Agostinho “deu à tradição ocidental sua expressão madura final” (KELLY, 2009,
p. 205). Ele escreveu entre 399 e 419 De Trinitate, “Sobre a Trindade”, obra
contendo 15 capítulos produzidos em 16 anos, 209 sobre o tema no qual meditou a
vida inteira. Agostinho respondia às indagações sobre o assunto que as pessoas
lhes traziam. No livro I, capítulo 7, de A
Trindade, citando alguns exemplos, ele explica o significado das palavras de
Jesus: “o Pai é maior do que eu” (Jo 14.28), e no capítulo seguinte, ele
esclarece as palavras do apóstolo Paulo sobre a sujeição do Filho ao Pai (1 Co
15.28).
O bispo
de Hipona resgata a fórmula básica de Tertuliano sobre a unidade na Trindade e
a Trindade na unidade. Nos livros I-IV, ele defende a sua consubstancialidade
com base nas Escrituras. A doutrina das relações das Pessoas da Trindade, umas
das características peculiaridade de Agostinho aparece nos livros VVIII.
Em
seguida, nos livros IX-XIV, ele argumenta que se pode conhecer algo da natureza
divina pela compreensão da verdade e pelo conhecimento do sumo bem pelo amor à
justiça. O livro XV é a conclusão de seu pensamento.
Agostinho
preserva a consubstancialidade do Filho e do Espírito Santo com o Pai e a
unidade nas três hipóstases: “O Pai, o Filho e o Espírito Santo perfazem uma
unidade divina pela inseparável igualdade de uma única e mesma substância”
(Trindade, livro I 4.7). A
expressão grega usual nos pais capadócios é mían ousían, treis hypostáseis,6
“uma ousía, três hipóstases”, mas Agostinho não via diferença entre ousía e
hipóstase. Assim preferia o uso de uma substância, três Pessoas, mesmo
reconhecendo a limitação da linguagem humana para descrever a revelação
(Trindade, livro V 9.10b).
Na
doutrina de Agostinho o subordinacionismo fica descartado e a unidade da
santíssima Trindade em três Pessoas distintas é mantida: “Não são, portanto,
três deuses, mas um só Deus, embora o Pai tenha gerado o Filho, e assim, o
Filho não é o que é o Pai. O Filho foi gerado pelo Pai, e assim, o Pai não é o
que o Filho é. E o Espírito Santo não é o Pai nem o Filho, mas somente o Espírito
do Pai e do Filho e pertence à unidade da Trindade” (Trindade, livro I 4.7b).
Isso foi estruturado em forma de credo posteriormente, no chamado Credo de
Atanásio. Esse credo é agostiniano “de ponta a ponta” (KELLY, 2009, p. 206).
Isso se evidencia ainda mais em sua obra (A Doutrina Cristã, I.5).
O
trinitatismo de Agostinho apresenta algumas dificuldades como tem acontecido
também nos demais pais da Igreja que escreveram antes dele. Alguns desses
pontos são comentados por um intelectual russo da igreja Ortodoxa, que analisa
também as principais ideias trinitárias e pneumatológicas da patrística. Seu
nome é Sergui Bulgákov.7 Ele analisa também o trinitariasmo de Agostinho. O
Oriente e o Ocidente sempre tiveram as suas diferenças: “A teologia do
Ocidente, no século IV, segue seu próprio caminho, paralelo ao Oriente, ainda
que independente deste. Por outro lado, suas relações, a causa de uns conhecimentos
linguísticos insuficientes e de razões históricas gerais, foram remotas. Por
essa razão não é de estranhar que seus caminhos divirjam justamente a partir do
século IV” (BULGÁKOV, 2014, p. 85).
As
críticas a Agostinho são várias, entre elas o fato de o bispo de Hipona não
proceder a partir da Trindade das hipóstases como os capadócios, senão da
unidade da ousía, ou essência. Paul Tillich diz que Agostinho “interessou-se
muito mais pela unidade de Deus do que pelas diferentes hipostáseis, pelas três
personae, em Deus. Ele é um desses responsáveis pela inclinação contemporânea
para aplicar o termo persona a Deus, em vez de aplicá-lo individualmente ao
Pai, ao Filho e ao Espírito Santo” (TILLICH, 2004, p. 129). Bulgákov afirma que
“a unidade da Santíssima Trindade nas três hipóstases está garantida justamente
por essa unidade de substância” (2014, p. 85).
A outra
crítica é ao fato de Agostinho considerar a Trindade como o amor; trata-se de
uma análise que ele faz entre a Trindade e a vida pessoal humana: “Estão as
três realidades (amans, quod amatur et amor), ‘aquele que ama, o que é amado e
amor’” (Trindade, livro VIII 10.14). Bulgákov diz que essa ideia original de
Agostinho é completamente estranha à teologia
oriental: “Esta imagem trinitária do amor, aplicada à Santíssima Trindade, a
complica mais introduzindo nela o elemento mente, pois em Agostinho a Trindade
é análoga à memória, inteligência e vontade” (2014, p. 88). Ele “emprega o conceito
da Trindade para descrever Deus analogicamente como Pessoa. Sendo Pessoa,
portanto, unidade, todos os atos de Deus para fora (ad extra) são sempre atos
da Trindade toda, até mesmo a encarnação” (TILLICH, 2004, p. 129). Essa talvez
seja a contribuição mais original de Agostinho.
Sobre o
sujeito das teofanias registradas no Antigo Testamento, segundo Agostinho, elas
podem ser atribuídas às vezes ao Pai, ora ao Filho e também ao Espírito Santo,
ou ainda aos três (Trindade, livro II caps. 14-34). Bulgákov (2014) argumenta
que teólogos orientais como Gregório de Nazianzo se negam a aceitar nessas
teofanias hipóstases separadas, mas como manifestações do único Deus que está
na santíssima Trindade.
Agostinho
diz que as diferenças não estão em seu ser, mas nas relações que se expressam
nos nomes de cada Pessoa. Bulgákov apresenta nas suas observações a questão da
filioque, a qual Agostinho parece ser favorável. O termo vem do latim e
significa “e do Filho”, com respeito à processão do Espírito Santo. As igrejas
orientais sustentam que esse termo, que aparece no Credo Niceno-Constantinopolitano
e no Credo de Atanásio, não é autêntico, mas uma glosa inserida posteriormente
no texto que resultou no primeiro Cisma da Igreja, ruptura do Oriente com o
Ocidente em 1054.
O CREDO
DE ATANÁSIO OU ATANASIANO
O Credo
de Atanásio contém 44 artigos de fé, e a sua data é cerca do ano 500. É também
conhecido como Quicunque, “quem quer que seja, todo aquele”, expressão latina
com a qual o Cedo começa: Quincunque vult salvus esse, “Todo aquele que quer
ser salvo”. Os antigos manuscritos e fragmentos que vão do século 7 ao 9, dos
quais Kelly enumera 14 (KELLY, 1964, p. 16), apresentam títulos variados e entre
eles: Fides sancti Athanasii episcopi Alexandriae, “A fé do santo Atanásio
bispo de Alexandria”. O texto foi redigido por um autor anônimo no sul da
França por volta do ano 500. O nome de Atanásio está vinculado à obra porque
ela expressa o pensamento que Atanásio manifestou durante a sua vida em defesa
da fé nicena. Citamos aqui apenas os seis primeiros artigos.
1 Todo
aquele que quer ser salvo, antes de tudo, deve professar a fé cristã.8 2 A qual
é preciso que cada um guarde perfeita e inviolada ou terá com certeza de
perecer para sempre. 3 A fé cristã é esta: que adoremos um Deus em trindade, e
trindade em unidade. 4 Não confundimos as Pessoas, nem separamos a substância.
5 Pois existe uma única Pessoa do Pai, outra do Filho, e outra do Espírito Santo.
6 Mas a deidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo é toda uma só: glória é
igual e a majestade é coeterna.
Os credos
ecumênicos são trinitários na sua forma, estrutura e conteúdo, mas o Credo de
Atanásio emprega o termo Trindade de maneira direta: “que adoremos um Deus em
Trindade, e Trindade em unidade (artigo 3); “nessa Trindade, não existe
primeiro nem último” (artigo 25); “tanto a unidade na Trindade como a Trindade
na unidade deve ser adorada” (artigo 27); “quem quiser ser salvo, deve pensar assim
a respeito da Trindade” (artigo 28).
Esse
Credo é o mais longo de todos os credos ecumênicos. A estrutura do texto está
dividida em cinco partes: a) introdução (artigos 1, 2); b) definição e
exposição da doutrina da Trindade (artigos 3-27); c) afirmação de que todo
aquele que quiser ser salvo precisa aceitar a visão de um Deus trino e uno
conforme definição do Credo (artigos 28, 29); d) fala sobre a encarnação do
Verbo, enfatizando particularmente o ensino da Igreja sobre Jesus como
perfeitamente divino e perfeitamente humano (artigos 30-37); e) reafirmação do
ensino dos credos anteriores, como o Credo dos Apóstolos e o Credo
Niceno-Constantinopolitano dos apóstolos. Em resumo, retoma a linguagem do
Credo Niceno- Constantinopolitano sobre a esperança cristã (artigos 30-43) e
finaliza reafirmando a introdução: “Esta é a fé universal: a menos que um homem
creia fiel e firmemente, não pode ser salvo” (artigo 44).
Os
artigos 3-6 parecem uma contradição quando falam em não confundir as Pessoas e
ao mesmo tempo defendem essa ideia, concluindo que o Pai, o Filho e o Espírito
Santo possuem uma mesma deidade. Isso é uma resposta aos sabelianistas, que
confundem as Pessoas, e aos arianistas, que separam as Pessoas.
Na
atualidade, a resposta se dirige aos movimentos Voz da Verdade e Tabernáculo da
Fé, entre outros, que também confundem as Pessoas; e também às testemunhas de
Jeová, que separam a substância.
5 Os
pneumatomacianos surgiram depois dos tropicianos. O termo pneumatomachoi, de
pneuma, “espírito”, e machomai, “falar mal, contra”, eram os “opositores do
Espírito”. O nome foi dado por Atanásio ao grupo religioso liderado por
Eustáquio de Sebaste (300-380), que não aceitava a divindade do Espírito Santo.
6 Mi,an
ouvsi,an, trei/j u`posta,seij. 7 Sergui Bulgákov (1871-1944), cristão ortodoxo
reconhecido como um dos grandes teólogos russos do século 20, além de filósofo
e economista. Lecionou em Livny, Rússia, e em Paris e foi autor de diversos
livros. Em sua obra sobre o Espírito Santo, escrita originalmente em russo e
intitulada The Comforter, em inglês e El Paráclito em espanhol, ele apresenta
uma análise histórica da pneumatologia, envolvendo também a doutrina da
Trindade.
8 O termo
“cristã” em “fé cristã”, fides catholica, em latim (artigos 1, 3, 44) é a versão
dada aqui. O vocábulo grego kaqoliko,j (katholikós) “universal, geral”, de onde
vem a palavra latina catholica, significa literalmente, “de acordo com o todo”,
pois o substantivo é composto de katá e de (holos). A preposição grega, katá,
significa também, “conforme, de acordo, segundo”, e a palavra holos, “todo,
inteiro, completo”. Foi Inácio, bispo de Antioquia (70–110), que empregou o
termo para designar a Igreja com o sentido de “geral, universal”. Mas, o
sentido exato do termo perdeu-se com o tempo e hoje tem outro significado. A expressão,
fides catholica, não diz respeito à Igreja Católica Romana de hoje.
Almir
Batista
Fonte
: livro A razão de nossa fé: assim cremos,
assim vivemos / Esequias Soares.
Casa Publicadora das Assembleias de
Deus.
Nenhum comentário:
Postar um comentário