Este milagre coloca Jesus, mais uma vez, em
conflito com os líderes religiosos. Ocorre enquanto Ele está ensinando numa
sinagoga no sábado (esta é a última ocasião em Lucas onde Jesus está numa
sinagoga). Enquanto está ensinando, “eis que estava ali uma mulher que tinha um
espírito de enfermidade havia já dezoito anos; e andava curvada e não podia de
modo algum endireitar-se” (v. 11). A menção do espírito é significativa, porque
a deformidade da mulher não é devido ao processo de envelhecimento ou a uma
doença, mas a um espírito maligno. O controle do demônio tinha ocasionado um
efeito que a incapacitava, tornando-a impossível de se endireitar. A duração de
tempo em que ela tinha vivido com esta condição mostra sua severidade.
É provável que a mulher tenha
vindo à sinagoga para adorar. Ela não se aproxima de Jesus, nem pede que Ele a
cure. Nada é dito sobre ela crer nEle. Os olhos de Jesus a encontram e Ele tem
compaixão dela. Imediatamente Ele toma a iniciativa de chamá-la, põe-lhe as
mãos e a pronuncia curada. O tempo perfeito enfatiza que a cura é permanente.
Ela agora está ereta na frente de todos, livre do poder de Satanás que causou
sua debilidade. Seu coração está cheio de gratidão, e ela começa a louvar Deus
por suas obras poderosas. Ela conecta o poder de Deus com o que Jesus fez por
ela.
A cura desta mulher mostra que
Deus livra seu povo do poder de Satanás pela graça divina. Demonstra a presença
do Reino. Mas o milagre também revela a hipocrisia dos líderes judeus e a
crescente oposição contra Jesus. O príncipe da sinagoga fica indignado porque
Jesus curou a mulher no sábado. Na sua opinião, Jesus violou o quarto
mandamento. Na tradição judaica, tais ações de misericórdia eram permitidas no
sábado somente se a vida da pessoa estivesse em sério perigo. Considerando que
já fazia dezoito anos que a mulher precisava de ajuda, obviamente sua condição
não era uma emergência.
Mas o príncipe da sinagoga
evita atacar Jesus face a face. Ao invés disso, ele fala às pessoas e se queixa
com elas: “Seis dias há em que é mister trabalhar; nestes, pois, vinde para
serdes curados, e não no dia de sábado”. Ele aprecia o que acabara de ver. Tudo
em que ele pode pensar é a profanação do sábado, ignorando que a mulher foi livre
de sua dor. Ele desconsidera o poder curativo de Deus manifestado por Jesus e
não mostra compaixão ou alegria com o milagre. Mas não ousando atacar Jesus
diretamente, ele repreende o povo por vir no sábado para curar. Eles podem
receber cura nos outros seis dias da semana.
Na verdade, o príncipe da
sinagoga dirigiu sua repreensão a Jesus. O Salvador ungido pelo Espírito
enfrenta este ataque indireto com uma resposta direta, chamando a ele e a todos
os seus colegas de “hipócritas”. Como repreensão mordaz, Jesus faz duas
perguntas. Ele pergunta se é permitida a pessoa cuidar de seus animais no
sábado. Nos seus ensinos, os rabinos expressam grande preocupação com o cuidado
com os animais. Até no sábado eles podiam ser cuidados. Água podia ser- tirada
para o gado e derramada num cocho sem transgredir o sábado. A segunda pergunta
de Jesus chega ao ponto desejado: Se animais podem ser cuidados no sábado, por
que uma mulher deficiente tem de esperar outro dia para ser curada? Ela é
“filha de Abraão”, membro do povo de Deus. Claro que ela é mais importante aos
olhos de Deus que animais e deve ser liberta de Satanás. A frase “convinha
soltar” significa literalmente “era necessário (edei) ser solta”. Esta
expressão indica uma necessidade muito mais importante que dar água a um boi ou
jumento. Jesus insiste que há uma obrigação moral de fazer o bem no sábado. Com
efeito, esta mulher deve ser liberta; que dia poderia ser mais apropriado que o
sábado? Satanás não para de trabalhar no sábado, e curando-a no sábado, Jesus
revelou a impotência de Satanás. Deus dera a Israel o sábado como dispensa da escravidão
do trabalho e como sinal de liberação(cf.Dt5.15;Mc 2.27). Nenhum dia poderia
ser mais adequado para homens e mulheres serem libertos do governo de Satanás e
ficarem sob o governo gracioso de Deus. Por suas obras de misericórdia, Jesus
está consagrando o dia. O príncipe da
sinagoga tentou dificultar a resposta das pessoas à ação poderosa de Jesus. A
resposta de Jesus deixa seus oponentes envergonhados. Ele lhes expôs a
hipocrisia, e eles foram desacreditados aos olhos das pessoas na sinagoga. Em
contraste, as pessoas estão emocionadas com as poderosas obras de Jesus. Elas
se regozijam por causa de todas as ações gloriosas feitas por Jesus.
Fonte: Comentário Bíblico Petencostal, Aprovado pelo Conselho de Doutrina.
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