A Cura de uma Mulher Encurvada no Sábado- Lucas (13.10-17).

 Este milagre coloca Jesus, mais uma vez, em conflito com os líderes religiosos. Ocorre enquanto Ele está ensinando numa sinagoga no sábado (esta é a última ocasião em Lucas onde Jesus está numa sinagoga). Enquanto está ensinando, “eis que estava ali uma mulher que tinha um espírito de enfermidade havia já dezoito anos; e andava curvada e não podia de modo algum endireitar-se” (v. 11). A menção do espírito é significativa, porque a deformidade da mulher não é devido ao processo de envelhecimento ou a uma doença, mas a um espírito maligno. O controle do demônio tinha ocasionado um efeito que a incapacitava, tornando-a impossível de se endireitar. A duração de tempo em que ela tinha vivido com esta condição mostra sua severidade.
É provável que a mulher tenha vindo à sinagoga para adorar. Ela não se aproxima de Jesus, nem pede que Ele a cure. Nada é dito sobre ela crer nEle. Os olhos de Jesus a encontram e Ele tem compaixão dela. Imediatamente Ele toma a iniciativa de chamá-la, põe-lhe as mãos e a pronuncia curada. O tempo perfeito enfatiza que a cura é permanente. Ela agora está ereta na frente de todos, livre do poder de Satanás que causou sua debilidade. Seu coração está cheio de gratidão, e ela começa a louvar Deus por suas obras poderosas. Ela conecta o poder de Deus com o que Jesus fez por ela.
A cura desta mulher mostra que Deus livra seu povo do poder de Satanás pela graça divina. Demonstra a presença do Reino. Mas o milagre também revela a hipocrisia dos líderes judeus e a crescente oposição contra Jesus. O príncipe da sinagoga fica indignado porque Jesus curou a mulher no sábado. Na sua opinião, Jesus violou o quarto mandamento. Na tradição judaica, tais ações de misericórdia eram permitidas no sábado somente se a vida da pessoa estivesse em sério perigo. Considerando que já fazia dezoito anos que a mulher precisava de ajuda, obviamente sua condição não era uma emergência.
Mas o príncipe da sinagoga evita atacar Jesus face a face. Ao invés disso, ele fala às pessoas e se queixa com elas: “Seis dias há em que é mister trabalhar; nestes, pois, vinde para serdes curados, e não no dia de sábado”. Ele aprecia o que acabara de ver. Tudo em que ele pode pensar é a profanação do sábado, ignorando que a mulher foi livre de sua dor. Ele desconsidera o poder curativo de Deus manifestado por Jesus e não mostra compaixão ou alegria com o milagre. Mas não ousando atacar Jesus diretamente, ele repreende o povo por vir no sábado para curar. Eles podem receber cura nos outros seis dias da semana.

Na verdade, o príncipe da sinagoga dirigiu sua repreensão a Jesus. O Salvador ungido pelo Espírito enfrenta este ataque indireto com uma resposta direta, chamando a ele e a todos os seus colegas de “hipócritas”. Como repreensão mordaz, Jesus faz duas perguntas. Ele pergunta se é permitida a pessoa cuidar de seus animais no sábado. Nos seus ensinos, os rabinos expressam grande preocupação com o cuidado com os animais. Até no sábado eles podiam ser cuidados. Água podia ser- tirada para o gado e derramada num cocho sem transgredir o sábado. A segunda pergunta de Jesus chega ao ponto desejado: Se animais podem ser cuidados no sábado, por que uma mulher deficiente tem de esperar outro dia para ser curada? Ela é “filha de Abraão”, membro do povo de Deus. Claro que ela é mais importante aos olhos de Deus que animais e deve ser liberta de Satanás. A frase “convinha soltar” significa literalmente “era necessário (edei) ser solta”. Esta expressão indica uma necessidade muito mais importante que dar água a um boi ou jumento. Jesus insiste que há uma obrigação moral de fazer o bem no sábado. Com efeito, esta mulher deve ser liberta; que dia poderia ser mais apropriado que o sábado? Satanás não para de trabalhar no sábado, e curando-a no sábado, Jesus revelou a impotência de Satanás. Deus dera a Israel o sábado como dispensa da escravidão do trabalho e como sinal de liberação(cf.Dt5.15;Mc 2.27). Nenhum dia poderia ser mais adequado para homens e mulheres serem libertos do governo de Satanás e ficarem sob o governo gracioso de Deus. Por suas obras de misericórdia, Jesus está consagrando o dia.   O príncipe da sinagoga tentou dificultar a resposta das pessoas à ação poderosa de Jesus. A resposta de Jesus deixa seus oponentes envergonhados. Ele lhes expôs a hipocrisia, e eles foram desacreditados aos olhos das pessoas na sinagoga. Em contraste, as pessoas estão emocionadas com as poderosas obras de Jesus. Elas se regozijam por causa de todas as ações gloriosas feitas por Jesus.

Fonte: Comentário Bíblico Petencostal, Aprovado pelo Conselho de Doutrina.

Nenhum comentário: