“Nossa
ansiedade não esvazia os sofrimentos do amanhã, mas apenas esvazia as forças de
hoje.”
—
Charles H. Spurgeon
A
ansiedade, esse estado emocional que atinge milhões de pessoas ao redor do
mundo, já foi denominada de “a emoção oficial da nossa época”, o “mal do
século”, “o fenômeno mais penetrante do nosso tempo”, dentre outros. O fato é
que qualquer pessoa pode padecer de ansiedade.
Os
estudos sobre isso são abundantes. Mas o que pode ser considerado ansiedade? O
conceito mais admitido na atualidade é de autoria do psiquiatra australiano
Aubrey Lewis, que, em 1967, aduziu a ansiedade como “um estado emocional com a
qualidade do medo, desagradável, dirigido para o futuro, desproporcional e com
desconforto subjetivo”.
O
século XXI, inequivocamente, pode ser considerado como a era da ansiedade. Os
homens fazem a antecipação do futuro, de maneira irracional, cheios de medos,
mesmo não existindo um fato contundente objetivo iminente que arrime tal
receio.
Esse
medo irracional, essa preocupação exacerbada, marca notadamente as pessoas que
não têm intimidade com Deus, pois está escrito que “no amor não há medo, mas o
perfeito amor lança fora o medo [...]” (1 Jo 4.18, TB10). Assim, conhecendo a
Deus, que é Amor, a pessoa excluirá o medo, e não haverá espaço para brotar a
ansiedade.
O
sentimento de medo é uma das armas poderosas que Satanás utiliza para
desestabilizar e destruir as pessoas. C. S. Lewis, com perspicácia contumaz,
expõe os conselhos de um velho demônio (Fitafuso) ao seu 1 REVISTA SUPERINTERESSANTE.
Sobre a Ansiedade. Disponível em: <http://super.abnl. com.br/ciencia/sobre-a-ansiedade
>. Acesso em: 9/8/2016.
sobrinho
(Vermebile), desnudando a estratégia do inferno, o qual arrazoa que “nada é
mais eficaz que o suspense e a ansiedade para proteger a mente de um ser humano
contra o Inimigo (neste caso, Deus). [...] nossa tarefa (a dos demônios) é
fazê-los pensar constantemente sobre o que lhes poderá acontecer”. Mais
adiante, Fitafuso conclui a abordagem dizendo que “é fácil manipular o medo
quando os pensamentos do paciente são desviados da causa do seu medo para o
medo em si [,..]”.Que coisa interessante! C. S. Lewis compreendeu que os
demônios sugerem que as pessoas vivam em contínuo medo, como se isso fosse um
estado de espírito, ou a própria cruz que cada um tem de carregar, e
dessa forma o indivíduo não lutará contra tal sentimento, tornando-se
prisioneiro na masmorra da emoção.
Esse
é o ponto perigoso. O medo, como um estado de espírito, funcionará como uma
arma autodestrutiva, que se tornará mais relevante que o amor e a fé. Um
impedimento ao crescimento espiritual. Um obstáculo às mudanças vindas de Deus.
Por isso, o medo como estado de espírito pode arruinar todos os sonhos,
destronar todos os ideais, apequenar a alma.
Morrie
Schwartz, no final da vida, demonstrou que entendeu corretamente como se
relacionar com o medo, esse inconveniente “visitante” que recorrentemente
retorna, mas que nunca pode ser levado em consideração, nem jamais deve assumir
o controle da situação. Ele disse:
“Se
deixarmos o medo lá dentro, se o vestirmos como quem veste uma camisa, podemos
dizer: ‘Muito bem, é só medo, não vou deixar que ele me domine. É só medo e
nada mais’”.3 Assim, o professor Morrie Schwartz descreveu corretamente o modo
como enfrentar os temores diários. “É só medo e nada mais”. Vida que segue.
Ademais, como dizia Charles Spurgeon, “nossa ansiedade não esvazia os
sofrimentos de amanhã, mas apenas esvazia as forças de hoje”.
Por
isso, a ansiedade, esse deplorável “estado emocional” caracterizado, sobretudo,
pela presença do medo quanto ao futuro, não é compatível com quem está cheio do
Espírito Santo. Jesus, por exemplo, sempre enfrentou os maiores obstáculos
corajosamente, sem temer, pois confiava em Deus, que expulsa todo o medo. Ele
disse aos discípulos: “Eu afirmo a vocês, meus amigos: não tenham medo daqueles
que matam o corpo, mas depois não podem fazer mais nada” (Lc 12.4, NTLH).
Dessa
forma, o Senhor estava blindando seus seguidores da ansiedade, pois ela só
sobrevive na ambiência do medo. A situação é tão séria, que a Bíblia diz que os
“medrosos” não entrarão no Reino de Deus.
Nesse"sentido,
o Senhor ainda contou a parábola em que um homem, por medo, enterrou os
talentos emprestados pelo seu patrão (Mt 25.24,25), sendo por tal razão
severamente punido. Assim, Jesus estava outorgando aos discípulos a visão
correta... Nutrindo-os da ousadia do Espírito Santo para enfrentar os desafios
da vida cristã. Ele estava incutindo-lhes esperança e fé. Uma linguagem própria
do Espírito Santo.
Nunca
desanime, pois sempre haverá um final feliz para quem confia em Deus! Não
temas. Dias melhores virão.
I. 0
Drama da Ansiedade
Um
discurso sobre a ansiedade
A
ansiedade é, sem dúvida, o mais irracional dos sentimentos. Ela torna a pessoa
inquieta, antecipando a dor de uma “esperança demorada”, tornando fraco o
coração (Pv 12.25; 13.12;), sem saber, sequer, se o episódio receado
acontecerá. O pastor Claudionor Andrade assim define ansiedade: “[Do lat.
ansietatem, aflição, inquietação, preocupação] Estado de angústia que induz os
seres humanos a projetar — no futuro — perigos irreais, nascidos, via de regra,
das interrogações do dia a dia”.
Esse
sentimento de antecipação dos fatos da vida está presente em muitas pessoas,
trazendo sérios efeitos colaterais, por não gerenciarem eficazmente seus
pensamentos, permitindo que o medo conquiste todo o território emocional,
somando sensações muito desagradáveis. O psicanalista Augusto Cury corrobora
que “há muitas pessoas que sofrem por antecipação. Imaginam problemas que não
aconteceram e sofrem como se já tivessem acontecido. Não sabem gerenciar sua
ansiedade e pensamentos antecipatórios”.
Entretanto,
para quem vive intimamente com Deus, a ansiedade não tem vez. Observe-se o
exemplo de um grande homem de Deus chamado George Müller, o qual realizou uma
obra extraordinária na Inglaterra no século XIX, cuidando de milhares de órfãos
sem nunca pedir nenhum recurso financeiro a qualquer pessoa. Confiava todas as
suas necessidades pessoais e do orfanato tão somente a Deus, buscando-o
constantemente em oração. Nos últimos dias de sua vida de fé, Müller pregou um
sermão em março de 1896, baseado no Salmo 77, abordando a crise de
incredulidade do salmista. Nessa pregação expositiva, trouxe à tona o tema
“ansiedade”, mencionando que ela fez o salmista perder o sono, não lhe permitindo
ter “repouso do coração”. Por fim, o salmista, no clímax da angústia, disse
Müller, observou que o problema estava nele e não em Deus, daí porque
reconheceu: “Esta é a minha enfermidade”.
George
Müller, ao longo da vida, nunca permitiu que essa doença da alma denominada
ansiedade lhe roubasse o “repouso do coração”.
Sempre
navegou pelas águas das incertezas da vida terrenal com uma sólida fé em Deus.
Sua alma não se angustiou por antecipação, mas vivia um dia de cada vez,
durante mais de sessenta anos em que manteve, pela fé, um orfanato que chegou a
ter mais de duas mil crianças.
Sem
dúvida, é preciso cada ser humano travar uma árdua batalha em sua própria alma,
cotidianamente, para conseguir viver acima das circunstâncias, descansando nos
braços eternos do Altíssimo.
Causas
Jesus
identificou que a causa primacial da ansiedade é a falta de confiança em Deus,
ao mencionar (Mt 6) que é preciso confiar em Deus como fazem os pássaros e os
lírios do campo, e abandonar o hábito, como fazem os que não conhecem a Deus,
de querer “antecipar o tempo” — ansiedade. Assim, a partir da falta de uma fé
sólida, a ansiedade pode ser o ponto alto das emoções, e isso será terrível. Um
grande mal a tirar o “repouso do coração”.
Nesse
sentido, R. N. Champlin concorda, ao afirmar que a ansiedade “pode ser evitada
pela fé” e que ela “não se coaduna com a vida cristã, porque nega
essencialmente o poder da providência divina”.7 Dessa forma, a ansiedade tem
origem numa espiritualidade rasa. A partir daí, ou seja, partindo dessa
realidade, a psicologia poderá elencar as causas dessa terrível enfermidade da
alma.
O
pastor Wagner Gaby concorda que a falta de fé abre as portas para a ansiedade e
que, para ninguém sofrê-la, basta somente confiar decisivamente em Deus, nos
moldes de Mateus 6.33. Ele apresenta, ainda, como causas para a ansiedade “os
acontecimentos veementes e pavorosos” que ocorrem em toda a parte, as
necessidades financeiras, o medo de enfermidades, medo de rejeição, medo de
desemprego, falta de autoestima,
dentre
outras.8 Sem dúvida, as causas detectáveis são abundantes e podem variar de
pessoa para pessoa. Uma coisa, porém, é certa: quem confia e espera em Deus,
não busca viver uma antecipação do tempo, mas vive um dia de cada vez,
experimentando o maravilhoso cuidado do Salvador.
Consequências
São
inúmeras as consequências da ansiedade, as quais variam em cada indivíduo, de
acordo com a intensidade do drama emocional.
Podem
ser elencadas: estresse, estafa, fraqueza, desânimo, perda do apetite, gula,
insônia, ataque de nervos, palpitações cardíacas, náuseas, sudorese, perda de
memória... É possível também identificar como sintomas atrelados à ansiedade
condutas como roer unhas, bater os pés, mexer as mãos constantemente e,
inclusive, o aparecimento do excesso de peso, pois quando uma pessoa está
ansiosa costuma comer constantemente, mesmo sem sentir fome. Além do mais, a
ansiedade pode gerar, em longo prazo, até problemas físicos, as doenças psicossomáticas,
que são “curadas” à proporção que a ansiedade desaparece!
Os
danos causados pela ansiedade, portanto, podem ter consequências bastante
amplas e graves.
Os
estudiosos dividem a ansiedade em várias categorias: normal e neurótica,
moderada e intensa, aguda e crônica. Ainda são considerados como tipos de
ansiedade o Transtorno de Estresse Pós-Traumático e a Síndrome do Pânico, essa
última, segundo estudos recentes, recebe a influência de aspectos psicológicos
e também biológicos. Entretanto, aqui, não será abordada cada segmentação, com
conceitos e individualizações, dessa “síndrome da antecipação do tempo” — a
ansiedade. O foco será conhecê-la de uma forma geral, saber do que se trata e
levar o leitor a encher-se de fé, a fim de que não reproduza o padrão de
pensamento do mundo, que tanto danifica o funcionamento da “máquina humana”, o
templo do Espírito Santo.
II. Um
Jeito de Ver a Vida
A
filosofia do mundo
A
ansiedade é a filosofia do mundo. Por meio, dela as pessoas declaram, ainda que
inconscientemente, que Deus não é o Sumo Bem.
Com
a ansiedade, os momentos de oração rareiam, a leitura da Bíblia torna-se menos
atrativa e até a frequência aos cultos pode diminuir.
Tudo
isso são efeitos colaterais desse grande mal.
Não
é à toa que Matthew Henry argumenta:
Dificilmente
há um pecado contra o qual o nosso Senhor Jesus advirta mais ampla e
intensamente os seus discípulos, ou contra o qual Ele os arme com maior
variedade de argumentos, do que o pecado de cuidados que perturbam, distraem e
trazem a desconfiança em relação às coisas da vida. Esta ansiedade é um mau
sinal, que indica que o tesouro e o coração de uma pessoa estão na terra
[,..]”.9
Assim,
a ansiedade, a filosofia do mundo, apresenta-se completamente antagônica aos
postulados da Bíblia, os quais ensinam que o Senhor cuida do seu povo e, por
tal razão, centenas de vezes o Altíssimo disse aos seus filhos: “não temas”,
porque é o Senhor quem provê até os mínimos detalhes da vida de cada pessoa que
lhe serve. Nesse diapasão, C.S. Lewis diz que “quando ensinamos uma criança a
escrever, seguramos-lhe a mão, ajudando-a a desenhar as letras. Ou seja, ela só
pode formar as letras porque nós as formamos. Nós amamos e raciocinamos porque Deus
ama e raciocina e, enquanto isso, segura a nossa mão”.10 11
Assim,
seguindo o entendimento do excelente professor irlandês, Deus interage com os
homens, segurando-os, ensinando-os, amando-os; todavia, a ansiedade surge a
partir de ideias distintas, decorrentes de atribuir a Deus, supostamente, falta
de interesse pela vida dos seres humanos. Dessa forma, ao utilizar esses
raciocínios típicos do mundo, o povo de Israel fez um bezerro de ouro (Êx
32.1), Saul sacrificou precipitadamente (1 Sm 13.8-10), os amigos de Davi
queriam apedrejá-lo (1 Sm 30.6) e Marta reclamou com Jesus (Lc 10.40,41).
O
Príncipe da Paz, ao palmilhar por este mundo, preveniu fortemente seus
discípulos contra essa sensação interna de apreensão, mencionando o termo
“estar inquieto/preocupado” por seis vezes em dez versículos (Mt 6.25-34),
descrevendo que homens que não conhecem ao Eterno sofrem ansiedade sobre a
fome, sede e a falta de roupas (vv. 25,31,32).
A
Bíblia, porém, orienta que ninguém esteja ansioso por coisa alguma (Fp 4.6) e
que a ansiedade, como um manto velho, deve ser lançada aos cuidados de Deus (1
Pe 5.7) — o verbo usado significa literalmente lançar, jogar fora, no mesmo
sentido das palavras do SI 55.22). Deus sempre tranquiliza seus filhos dizendo:
“não te deixarei, nem te desampararei” (Dt 31.8; Js 1.5; Hb 13.5).
A
filosofia dos passarinhos
Diferentemente
do jeito de pensar daqueles que não conhecem ao Senhor, os pássaros, conforme
disse Jesus em Mateus 6.26, ainda que não
possuam qualquer garantia de sobrevivência no futuro, não encaram a vida “se
preocupando com provisões, como as pessoas se preocupam”.
Ninguém
precisa lhes explicar que “Deus os sustenta”.11 Eles não têm a menor dúvida
quanto a isso!
É
maravilhoso observar que os passarinhos utilizam a filosofia do Reino de Deus
para viver. Como bem disse Martin Luther King, “mesmo as noites totalmente sem
estrelas podem anunciar a aurora de uma grande realização”; e os pássaros
parecem entender isso. Talvez, por tal razão, eles voem e cantem livremente, a
qualquer tempo, pois nunca estão desmotivados em seguir adiante, visto que não
possuem nenhum obstáculo psicológico que os deixe aprisionados no cárcere das
emoções negativas. Voam e cantam porque não receiam os fatos do amanhã, nem
buscam antecipá-los. Vivem um dia de cada vez. Eles têm paz.
Ao
que tudo indica, Jesus estava utilizando a filosofia mencionada por Jó: “[...]
pergunta agora às alimárias, e cada uma delas to ensinará; e às aves dos céus,
e elas to farão saber” (Jó 12.7). Assim, o Senhor mandou seus discípulos
analisarem como os pássaros vivem, explicando que as aves não plantam, não
colhem e nem estocam, porém nunca se ouviu falar que sequer uma delas, em seu
habitat, tenha morrido de fome! Os pássaros livres na natureza morrem por causa
de predadores, doenças, idade avançada, mas não por falta de comida. Está escrito
que o Senhor “dá aos animais o seu sustento e aos filhos dos corvos, quando
clamam” (SI 147.9). É possível, por isso, parafrasear o rei Davi (SI 37.25), ao
dizer “sou velho, já fui moço, mas nunca vi um pássaro desamparado, nem seus
filhotes morrerem por falta de pão”.
Os
pássaros cumprem o propósito para o qual o Criador os fez e sabem que, com
isso, terão provisões diárias. Simples assim. E qual é o papel deles? Talvez,
secundariamente, equilibrar o ecossistema evitando a proliferação de parasitas
e ampliar a disseminação de espécies da flora, mas a função primordial, sem
dúvida, é louvar a Deus! Não existe algo mais nobre. Eles são os cantores do
Reino, não obstante todos os seres também louvem ao Senhor (SI 150.6).
Embora
os pássaros sejam exímios cantores, não é deles que Deus extrai o perfeito
louvor, mas dos homens que, como criança, aproximam-se do Todo-Poderoso (Mt
21.16). Assim, os pássaros, e consequentemente o louvor que eles entoam, não
são tão importantes quanto os servos de Deus e os louvores que eles cantam.
Diante disso Jesus questionou: “Vocês não valem muito mais que pássaros?”. Que
argumento poderoso!
O
Senhor estava dizendo: “Comparem, reflitam... Vale a pena confiar em mim, como
fazem os passarinhos”.
A
filosofia dos lírios do campo
Jesus
determinou que os discípulos meditassem também sobre os lírios do campo, porque
a filosofia de vida deles era extraordinária e tinha muito a ensinar. Eles,
diferentemente dos pássaros, viviam poucas horas e não ofereciam nenhum louvor
audível, sequer trabalhavam, porém Deus lhes concedia crescimento exuberante
para embelezar os campos e exalar fragrância agradável. Uma vida curta, porém
com propósito impressionante. Nessa rápida existência, Deus os vestia com uma
roupa tão especial que nem mesmo o rei Salomão igualava-se a eles em nobreza
(Mt 6.28-30).
Matthew
Henry, ao se referir à filosofia dos lírios do campo, assim se pronuncia:
Considere
como os lírios são frágeis; eles são a erva do campo. [...] são livres de
preocupação; eles trabalham não como os homens, para conseguir a roupa, mas
como servos, para ganharem a sua aparência característica. [...] São belos e
finos; como eles crescem... Confie naquele que veste os lírios, para lhe prover
o que você vestirá. [...] Se Ele veste a erva que vive tão pouco tempo, muito
mais vestirá você que foi criado para a imortalidade.
Os
lírios do campo, mesmo frágeis, fininhos e sem proteção, não ficam atormentados
quanto ao futuro, pois eles são alimentados por Deus através do maravilhoso
processo da fotossíntese. Ademais, o Senhor provê para eles uma roupa especial,
que os mantém com uma dignidade e elegância tais nos prados como nenhum
governante humano jamais conseguiu ostentar. Deus escolhe as coisas fracas do
mundo para confundir as fortes! Ele capricha nos mínimos detalhes na vida
animal e vegetal para ensinar aos homens uma faceta do seu maravilhoso caráter:
é
um Pai cuidadoso que sustenta todas suas criaturas. Não importa o tempo de vida
do projeto, Deus o fará crescer, e Ele mesmo cuidará dos detalhes (Mt 6.30),
providenciando o que há de melhor. Quem anda com Deus, portanto, não tem
motivos para cometer o pecado da ansiedade.
III. A
Terapia de Deus
Dependência
de Deus
O
Salmo 23 apresenta a terapia de Deus para combater a ansiedade. Começa dizendo
que “o Senhor é meu pastor, nada me faltará. Deitar- -me faz [...]” (SI
23.1,2). Com esse pensamento, o medo do futuro cai por terra e é possível
descansar em Deus, que se torna a suficiência da alma sedenta. O salmista, ao
cantar esse louvor, lançava fora “toda a ansiedade, porque Ele tem cuidado
[...]” (1 Pe 5.7).
Com
isso, exercita-se na dependência do Senhor, como fazem as aves e os lírios do
campo, que é a primeira atitude exigida nessa terapia divina.
Por
essa estrada caminharam todos os grandes heróis da fé mencionados na Bíblia, os
quais viveram dependentemente do cuidado divino.
Enfrentando
os medos
Após
estar envolvido pelo terno amor do Salvador, cujo cuidado é perene, o segundo
passo é enfrentar os seus medos. “Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da
morte, não temeria [...]” (SI 23.4). O vale da sombra da morte é um lugar comum
para todos os viajantes cristãos. É lá onde os receios são enfrentados e
vencidos, porque o Senhor caminha junto ao crente. Isso fica claro quando o
salmista diz que o medo não pode prevalecer, porque “Tu estás comigo”. Na
ambiência do amor, o medo não prevalece (1 Jo 1.4).
Observe-se
que aqueles que estão aprimorados em amor e fé, ao serem confrontados com seus
medos, criam novas forças, porém os que vivem uma crença superficial fogem.
Prova disso é o episódio de Israel contra os midianitas, na época de Gideão (Jz
6—7). Deus disse
que
os covardes e medrosos (Jz 7.3) não fossem à batalha. Ao serem confrontados com
o maior medo deles — o exército midianita —, 22 mil israelitas desistiram de
lutar. Depois, 9.700 outros homens foram dispensados e só permaneceram
trezentos fiéis com Gideão — homens de fé, os quais, diante do grave perigo,
perderam o medo... Encurralados pelas circunstâncias, permaneceram firmes. Era
desses que o Senhor precisava, pois sabia que eles dariam o melhor de suas
forças naquela conquista. Interessante que, antes de serem confrontados, os
trezentos, durante anos, nada fizeram contra os midianitas que os oprimiam.
Mas, agora, livres do medo, tornaram-se campeões de Jeová!
Surpresas
de Deus
No
contexto do Salmo 23, por fim, encerrando a terapia, o Senhor assegura que o
futuro dos seus filhos será muito feliz, pois eles terão “bondade e
misericórdia” na Casa de Deus por longos dias. Não há, pois, o que temer. O
próprio Deus estará com eles constantemente (Mt 28.20). Na presença do
Altíssimo, dias melhores virão.
Corrie
Ten Boom, uma cristã holandesa que ficou prisioneira em campo de concentração
alemão durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), afirmava: “Não tenha medo
de confiar um futuro desconhecido a um Deus conhecido!” Com essa fé, ela
sobreviveu ao Holocausto e, encerrada a guerra, pregou em mais de sessenta
países falando sobre a experiência de enfrentar o horror da morte pelos
nazistas e ser surpreendida, cotidianamente, com a forte presença de Deus ao
seu lado. Ela descansou no Senhor estando no mais profundo poço de sofrimento e
foi salva da morte iminente na década de 1940, sendo recolhida ao celeiro
celestial somente em 1983, aos 91 anos.
Fonte: LIVRO TEMPO PARA TODAS AS COISAS
Aproveitando as
Oportunidades que Deus nos dá
REYNALDO ODILO
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