Embora as palavras “comunicar” e
“comunicação” não sejam usadas nas Escrituras para descrever a oração, a idéia
é inerente. A oração pressupõe alguma forma de comunicação, seja esta
unilateral ou recíproca.
Por
um lado, a oração é uma transmissão de informações, públicas ou privadas, dos
seres humanos para Deus. Nesta acepção, é praticamente um monólogo, cuja
iniciativa é nitidamente humana.
Note, por exemplo, o trecho de Daniel
9-3-6:
E
eu dirigi o meu rosto ao Senhor Deus, para o buscar com oração, e rogos, e jejum,
e saco, e cinza. E orei ao Senhor, meu Deus, e confessei, e disse: Ah! Senhor!
Deus grande e tremendo, que guardas o concerto e a misericórdia para com os que
te amam e guardam os teus mandamentos; pecamos e cometemos iniquidade, e
procedemos impiamente, e fomos rebeldes, apartando-nos dos teus mandamentos e
dos teus juízos; e não demos ouvidos aos teus servos, os profetas, que em teu
nome falaram aos nossos reis, nossos príncipes e nossos pais, como também a
todo o povo da terra.
De
outra perspectiva, a oração é uma troca de informações e idéias entre Deus e
seu povo. Não importa a iniciativa, pois há reciprocidade, diálogo. Veja o
conteúdo de Atos 9-10-16:
E
havia em Damasco um certo discípulo chamado Ananias. E disse-lhe o Senhor em
visão: Ananias! E ele respondeu: Eis-me aqui, Senhor. E disse-lhe o Senhor:
Levanta-te e vai à rua chamada Direita, e pergunta em casa de Judas por um
homem chamado Saulo; pois eis que ele está orando; e numa visão ele viu que entrava
um homem chamado Ananias e punha sobre ele a mão, para que tornasse a ver. E
respondeu Ananias: Senhor, de muitos ouvi acerca deste homem, quantos males tem
feito aos teus santos em Jerusalém; e aqui tem poder dos principais dos
sacerdotes para prender a todos os que invocam o teu nome. Disse-lhe, porém, o Senhor:
Vai, porque este é para mim um vaso escolhido para levar o meu nome diante dos
gentios, e dos reis, e dos filhos de Israel.
E eu lhe mostrarei quanto deve padecer
pelo meu nome.
Uma
terceira possibilidade é a oração resultar da iniciativa divina. A mais antiga
comunicação bidirecional (diálogo, conversa) registrada na Bíblia entre o
Criador e a criatura humana, a coroa da criação, partiu de Deus. Vemos sua
descrição no terceiro capítulo de Génesis, quando Adão e Eva tentam evitar a
Deus, a quem haviam desobedecido. Deus, então, tomou a iniciativa:
E
ouviram a voz do Senhor Deus, que passeava no jardim pela viração do dia; e
escondeu-se Adão e sua mulher da presença do Senhor Deus, entre as árvores do
jardim. E chamou o Senhor Deus a Adão e disse-lhe: Onde estás? E ele disse:
Ouvi a tua voz soar no jardim, e temi, porque estava nu, e escondi-me (Gn
3-8-10).
Portanto,
neste estudo, as palavras “comunicar” e “comunicação” serão usadas para
descrever a oração em qualquer um destes três sentidos: 1) pessoas falando com
Deus; 2) pessoas e Deus em diálogo; e 3) Deus falando com pessoas em
circunstâncias que assim exijam, principalmente quando elas se inclinam por
ouvir a sua voz.
Retirado
do livro: Teologia Bíblica da Oração. O Espirito nos ajuda
a orar.
Robert L. Brandt e
Zenas J. Bicket
Todos os direitos reservados. Copyright © 2007 para a língua
portuguesa da Casa
Publicadora das Assembléias de Deus. Aprovado pelo Conselho de
Doutrina.
Título do original em inglês: The Spirit Help Us
Pray
Logion Press, Springfield, Missouri
Primeira edição em inglês: 1993
Tradução: João Marques Bentes
Revisão: Gleyce Duque
Editoração: Flamir Ambrósio
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