1.1
A. O Criador em Ação,
1.1—2.3
Pela
brevidade e beleza da composição e do estilo, esta vinheta sobre a criação é
inigualável. O Deus-Criador domina a cena. Ele fala e imediatamente se forma a
ordem, proporcionando um belo lugar de habitação e de abundantes suprimentos
para a criação mais sublime de todas: o homem. Majestade e poder marcam cada
sentença.
1. O Ato Inicial (1.1,2)
Em
resposta à pergunta “Quem fez todas as coisas?”, a Bíblia declara ousadamente:
Deus... criou (1). Em resposta à pergunta “Quem é anterior e maior que todas as
coisas?”,
com
igual ousadia a Bíblia anuncia: No princípio... Deus.1 O céu e a terra não são
Deus nem deuses; nem é Deus igual à natureza. Deus é o Criador e a natureza é
seu trabalho manual.
Embora
feita por Deus, a terra não estava pronta para o homem. Ainda estava em
desordem, sem forma e vazia (2), e não havia luz. Contudo, havia atividade. O
Espírito de Deus se movia continuamente sobre a face das águas.
2. 0 Dia da Luz e das Trevas
(1.3-5)
Energia
é necessidade vital para o hábitat do homem, e luz é energia. Por conseguinte,
a primeira ordem de Deus foi: Haja luz (3). A ênfase na palavra falada de Deus
é tão grande que cada dia criativo começa com uma ordem ou expressão da vontade
divina.2 Em seguida, ocorre a execução da ordem e a declaração culminante: Era
bom ou equivalente (e.g., 4,10,18).
3. O Dia das Águas Divididas
(1.6-8)
As
águas foram separadas, e acima da terra havia uma expansão (6). A palavra
expansão ou firmamento transmite a idéia de solidez.3 Contudo, a ênfase na palavra
hebraica original raqia não está no material em si, mas no ato de expandir-se
ou na condição de estar expandido. Por isso, a palavra “expansão” é muito
apropriada.
Em
diversos lugares do Antigo Testamento, o ato de estender os céus é proeminente
(ver Jó 9.8; 26.7; SI 104:2; Is 45.12; 51.13; Jr 51.15; Zc 12.1). A evidência
de que Deus é o Criador acha-se no ato de estender e não no caráter do que foi
formado.4 Ao longo do Antigo Testamento, o interesse se centraliza nas relações
de Deus com a natureza e o homem. Deus é o Criador, e a partir desta declaração
o Antigo Testamento passa a mostrar que a natureza é uma criatura e uma
ferramenta. Do mesmo modo, Deus julga, livra e cuida do homem.
4.
O Dia da Terra e do Mar (1.9-13)
O terceiro ato de
Deus dizia respeito à formação de um futuro hábitat para o homem, que é
criatura da terra. O alimento para o homem, a vegetação, cresce na terra. Sob a
ordem de Deus, terra e mar se separaram, e forma, vida e beleza enfeitaram a
terra. O texto não descreve como estas separações ocorreram, nem há uma lista
das forças dinâmicas e naturais envolvidas. Ao invés disso, a relação de um
Criador poderoso com uma criatura obediente e flexível é o tempo todo, e
claramente, mantida diante do leitor.
Dramaticamente, Deus
se voltou para a terra agora visível e deu-lhe ordens. Apareça a
porção seca (11)
não era admissão de que as substâncias inorgânicas possuíam o poder inerente de
produzir vida.5 Muito pelo contrário, a vida em si acha-se, no final das
contas, na palavra criativa de Deus e imediatamente surge em resposta à sua
ordem.
Seguindo um padrão de
pares — luz e trevas, águas que estavam sobre e águas que estavam debaixo,
terra e mares —, agora ocorre uma série de grupos de três. Erva, erva
dando semente... e árvore frutífera (12) são agrupamentos muito
generalizados e não devem ser considerados classificações botânicas no sentido
moderno.
A frase conforme
a sua espécie indica limites aos poderes de reprodução.
Mas não fornece um projeto que esboça linhas limítrofes. O destaque está na
segurança observável da natureza: trevo produz trevo, trigo produz trigo, etc. E
assim foi (11) — e ainda é.
"Pela fé, entendemos que os
mundos, pela palavra de Deus, foram criados; de maneira que aquilo que se vê
não foi feito do que é aparente" (Hb 11.3).
Está inferido aqui o
princípio epistemológico de que a fé é uma forma de alcançar conhecimento.
Muito do nosso conhecimento vem pela fé em uma pessoa ou fonte autorizada de
informação, em vez de por uma presença e prova pessoal. Estamos certos da
criação divina, mas não estávamos lá para vê-la. Ainda mais ligado à defesa da
fé do autor está o fato metafísico expresso não somente de que o “universo foi
formado pela palavra de Deus” (NVI), mas que neste ato criativo o “o visível
foi feito a partir do invisível” (NEB). Portanto, o mundo real, o sentido
máximo de realidade, não está na ordem dos fenômenos, mas na ordem invisível. O
que parece real para o nosso sentido físico é, na verdade, somente um produto
daquilo que parece irreal em nossos sentidos. A fé, portanto, não é um
pensamento ilusório em um mundo imaginário, mas exatamente o oposto; ela
penetra através do mundo superficial da aparência para apoderar-se da realidade
fundamental e eterna por trás das aparências. A fé, portanto, não é um
assentimento da religião no nível de jardim de infância, mas é um integrante da
religião madura e está no coração de uma filosofia saudável.
Comentário
extraído do livro BEACOM.
Nenhum comentário:
Postar um comentário