"Você
não tem uma alma... Você é uma alma. Você tem um corpo.
—
Walter M. Miller Jr.
“A
cultura que temos não contribui para que as pessoas se sintam felizes com elas
mesmas. [...] E preciso ser forte para dizer que, se a cultura não serve, não
interessa ficar com ela. ”
—
Morrie Schwartz
I.
Hedonismo, A Cultura do Prazer
Conceito
O
hedonismo pode ser definido, de maneira direta, como a “doutrina filosófica, da
época pós-socrática, segundo a qual o prazer individual e imediato é o supremo
bem da vida”.1 Outros teóricos acrescentam que, além de buscar o prazer, o
hedonismo tem como objetivo, simultaneamente, evitar a dor e o sofrimento.
Destarte,
diante desse grau exacerbadamente egoísta, que coloca o bem-estar pessoal como
a coisa mais importante da existência, o hedonismo se constitui numa das
cosmovisões mais perniciosas deste mundo, uma vez que contamina o jeito das
pessoas pensarem. O hedonismo justifica, por exemplo, às condutas que ferem a
integridade e os compromissos morais, desde que sejam prazerosas pessoalmente,
e pode até autorizar o estabelecimento de políticas públicas extremante cruéis
com o próprio ser humano, como o aborto e a descriminalização do uso de drogas.
Tudo em homenagem à satisfação pessoal, no mais elevado patamar.
Ao
divinizar o prazer, o hedonismo faz dele um fim em si mesmo... O bem supremo,
transformando-o em um deus ou, quem sabe, em um demônio, que fará de tudo para
conseguir seu objetivo.
C. S.
Lewis abordou isso da seguinte maneira:
Mas
Eros, quando honrado sem reservas e obedecido incondicionalmente, torna-se um
demônio. E é exatamente assim que ele exige ser louvado e obedecido.
Divinamente indiferente aos nossos interesses pessoais, ele é também
diabolicamente rebelde a todas as exigências de Deus ou do Homem que lhe forem
contrárias. Como diz o poeta:
Os
amantes são imunes à bondade. E a oposição os faz sentir-se mártires.
“Mártires” é a palavra exata.
Como
visto, o desejo sexual, como aduz C. S. Lewis, pode se transformar, caso não
seja controlado, em um demônio. De fato, esse desejo pode se tornar em algo tão
forte e irracional que lutará contra tudo e todos, independentemente das
consequências e trará graves danos. Lewis, em outro livro clássico, arremata
que o prazer em si mesmo é uma coisa salutar, porém o equívoco fatal consiste
em buscá-lo excessivamente, a qualquer custo, pelos métodos errados.
Dizer
que o hedonismo coloca o prazer como um deus, o qual deve ser adorado, não é um
exagero, mas uma triste realidade. Walter Schubart afirma isso, quando
engrandece o prazer sexual como um ato de redenção, e coloca “Eros” na condição
de uma divindade por meio do qual virá à salvação da humanidade. Vejamos:
O
processo sexual mais rudimentar já é, pois, misteriosamente ligado à entrega em
si, criação e redenção [...]. Desde que é tomado pelo amor redentor, o homem é
aflorado pelo absoluto. [...] O amor libertador visa a conversão do homem. Sua
natureza e seus efeitos são idênticos, quer o Absoluto irrompa na alma sob a
forma do sentimento divino, quer sob a forma do amor sexual.
Sem
dúvida, a adoração pela satisfação do corpo não é algo que deva ser buscado. O
excesso do hedonismo pode ser plenamente percebido.
E
óbvio que Deus não veta o prazer aos seus servos, mas isso deve vir como
consequência natural por se viver a vida adequadamente, servindo ao Senhor. É
preciso entender as palavras de Walter M. Miller Jr.:
“Você
não tem uma alma... Você é uma alma. Você tem um corpo”.
Isso
significa que ninguém deve ser dominado por aquilo que possui, seja o corpo ou
as coisas do mundo. A Bíblia afirma que “necessidade padecerá quem ama os
prazeres...” (Pv 21.17). Dessa forma, pela Palavra, podemos dizer: Quem ama o
prazer, penúria passará. Ceder aos impulsos impensadamente, na busca dos
prazeres, não é a coisa mais sabia a ser realizada, como bem arremata um adágio
popular: “Quando a cabeça não pensa, o corpo padece”.
Origens
A
palavra hedonismo deriva do termo grego hedone, que significa prazer, deleite,
aprazimento. Assim, objetivando que a felicidade assumisse o sentido de
“obtenção do prazer”, surgiu na Grécia, organizado como pensamento filosófico,
o hedonismo, tendo como maior arauto Aristipo de Cirene (435-335 a.C.). Ao
longo da história, porém, muitos se levantaram para defender o prazer como o
valor mais precioso da existência.
Thomas
More (1478-1535), por exemplo, ensinava um epicurismo utópico, onde os prazeres
poderiam ser satisfeitos amplamente, ao mesmo
tempo em que todo o sofrimento poderia ser evitado. Já os utilitaristas Jeremy
Benthan (1782-1875) e John Stuart Mill (1806-1873) ensinavam que o objetivo
maior da existência humana é beneficiar e dar prazer para o maior número de
pessoas, pelo tempo mais longo possível, dentre muitos outros. Também na seara
da psicologia, a escola de pensamento chamada behaviorismo, igualmente,
palmilhou pela teoria hedonista, defendendo que o homem deveria anelar as coisas
que visam o auto interesse, de acordo com o princípio do prazer, evitando toda
espécie de dor.
É
importante dizer, também, que o Senhor nunca chancelou a tese que coloca o
prazer ou a felicidade própria como a prioridade na vida.
Ao
contrário, elegendo o prazer como o bem supremo da existência (a mesma coisa
que faz o avarento, em relação ao dinheiro — Cl 3.5), o hedonista torna-se um
idólatra. O primeiro lugar em cada coração deve, sempre, pertencer a Deus (Mt
6.33; Rm 11.36).
Consequências
A vida
do hedonista é vazia de significado, porque “não somos seres humanos vivendo
uma experiência espiritual, mas seres espirituais vivendo uma experiência
humana”, como dizia Teilhard de Chardin (1881-1955).
Assim,
a autossatisfação sensorial não pode preencher todo o interesse do homem, um
ser triúno. Em um primeiro instante, é possível que os prazeres da carne (Rm
8.8) alcancem um patamar valorativo importante, porém os momentos de angústia
posteriores, pelo vazio existencial, e pela separação de Deus, serão
abundantes, significativos e determinantes.
O rei
Salomão, por exemplo, depois de prometer a si mesmo “gozar o prazer” (Ec 2.1),
satisfazer a concupiscência dos olhos e realizar seus desejos mais secretos (Ec
2.10), olhou para as obras de suas mãos e disse: “Eis que tudo era vaidade e
aflição de espírito e que proveito nenhum havia debaixo do sol” (Ec 2.11). Ele
abandonou a sabedoria, tornando-se idólatra de deuses estranhos pela influência
de mulheres que supostamente lhe davam prazer (1 Rs 11.1-8)!
II.
Hedonismo e as Obras da Carne
Ideologia
de Gênero
A
Bíblia diz que haverá juízo para quem chamar o mal de bem e o bem de mal (Is
5.20), assim como para aqueles que fazem leis injustas (Is 10.1). A ideologia
de gênero é uma dessas inversões de valores, pois viola imutáveis leis da
natureza. Se um bebê nasce com identificação genética masculina (XY) não
poderá, por inclinação sexual, ser considerado um indivíduo com a configuração
cromossômica (XX) que representa e sexo feminino e vice-versa. O que se
vislumbra é que essas reivindicações pós-modernas chancelam algumas obras da
carne, tais como, neste caso, “prostituição, impureza e lascívia...” (G15.19).
O fundamento de tudo isso, portanto, são paixões sensuais que atentam contra a
própria existência da humanidade, e agridem a santidade de Deus (Rm 1.26-28).
Recentemente,
uma famosa atriz brasileira contou em entrevista que “até os 14 anos, qtferia
ser homem”.7 Isso chocou muitas pessoas que nunca suspeitaram que ela
enfrentara tal questionamento íntimo. Se na época de sua adolescência a
ideologia de gênero estivesse em alta, talvez a talentosa atriz tivesse seguido
outro caminho na vida. Esse comportamento demonstra que crises existenciais,
inclusive sobre identidade sexual, podem não ser para sempre e não significam
que a pessoa deva assumir outra personalidade.
Aborto
Os que
defendem o aborto dizem que o corpo feminino pertence à mulher e, por isso, ela
pode dispor dele como quiser. Falam assim, porque acreditam ser a gestante a
proprietária da vida gerada, e que o feto é tão somente um apêndice do corpo
feminino; por tal motivo, arrazoam que a gravidez pode ser interrompida. Ledo
engano.
O
aborto é uma obra da carne chamada homicídio (G1 5.21). Não há meias palavras.
No salmo 139, Davi, sob inspiração divina, mencionou como Senhor se relaciona
proativamente com a vida que ainda não tem contornos humanos. Ainda que seja
uma pequena “semente” no ventre materno, Deus já a trata com o cuidado de um
filho ou filha. Há, nesse sentido, abundantes e irrefutáveis estudos médicos, e
bioéticos que demonstram que a vida começa com a fecundação.
Sendo
assim, qualquer agressão que se desenvolve contra a vida gerada, atentará
contra o mandamento de Deus (Ex 20.13), violará a cláusula pétrea (que não pode
ser mudada) da Constituição Federal do Brasil de 1988, que diz ser inviolável o
direito à vida (art. 5o, caput) e transgredirá o art. 2o do Código Civil
Brasileiro, que anui que a lei “... põe a salvo, desde a concepção, os direitos
do nascituro.”
A
obrigação do cristão, independentemente da lei do país, deve ser proteger e até
dar a vida pelos irmãos (Gn 4.9; 1 Jo 3.16) e não tolher precocemente o direito
de nascer. Essa é a missão primacial de todo que tem sua existência
transformada por Cristo — um pequeno vislumbre dessa maravilhosa cosmovisão
transformadora chamada cristianismo.
Descriminalização
das drogas
Recentemente,
inúmeras publicações mencionaram o reconhecimento da Holanda de que a liberação
da maconha no país foi um erro. Sem dúvida, a chancela estatal do uso de drogas
que alteram a capacidade de raciocinar não pode nem poderia dar certo. Os
jovens, sem esperança e Deus no mundo, sempre buscarão novas sensações
incansavelmente e, em seguida, experimentarão todas as substâncias
psicotrópicas que lhes forem apresentadas, num círculo vicioso interminável.
Essa estrada só possui um destino: a morte precoce.
A obra
da carne denominada “bebedice” (G1 5.21; Is 5.11) também tem sua motivação no
hedonismo. É a busca pelo prazer que faz uma pessoa “gastar o seu dinheiro
naquilo que não é pão” (Is 55.2). Está escrito: “não estejas entre os beberrões
de vinho... porque o beberrão...” cairá “em pobreza”(Pv 23.20,21). O uso de
substância embriagante tira o homem do senso comum, confere-lhe um novo status
e provoca novas sensações prazerosas. Esse é o processo das drogas ilícitas
modernas:
maconha,
crack, cocaína, LSD, êxtase, etc. Consumi-las, portanto, é uma obra da carne e,
por isso, devem ser evitadas e combatidas.
lil. A
Cosmovisão Judaico-Cristã
O
cristianismo traz consigo a verdade absoluta, inquebrável, inegociável, transformadora,
o que gera, em regra, conflito no cerne da sociedade, pelo confronto de valores
entre a Lei de Deus e os paradigmas humanos. Isso não tem como ser resolvido
consensualmente, pois a chegada do cristianismo sempre imporá um novo padrão,
que afetará a vida das pessoas. Esse conjunto de ideias, oriundas da Bíblia,
convencionou-se denominar majoritariamente de cosmovisão judaico-cristã.
Os
apologistas Charles Colson e Nancy Pearcey expressam com clareza o assunto, ao
afirmarem:
O
termo “visão de mundo” (cosmovisão) pode parecer abstrato ou filosófico [...].
Mas, na verdade, a visão de mundo de uma pessoa é intensamente prática. Ela é a
soma total das nossas crenças sobre o mundo, o “quadro geral” que dirige as
nossas decisões e ações diárias.
E
assim, entender as visões de mundo é extremamente importante para a maneira
como vivemos — saber como avaliar todas as coisas [...]. A base da visão de
mundo cristã, naturalmente, é a revelação de Deus nas Escrituras. [...]
O
cristianismo genuíno é mais do que o relacionamento com Jesus que é expresso
por meio da devoção pessoal, da presença na igreja, do estudo bíblico e das
obras de caridade. É mais do que um discipulado, mais do que crer em um sistema
de doutrinas a respeito de Deus. O cristianismo genuíno é uma maneira de ver e
de compreender toda a realidade. É uma visão de mundo.
Entender
o cristianismo como um completo sistema de vida é absolutamente essencial, por
duas razões. Primeiro, isso permite que o mundo em que vivemos faça sentido
para nós e, portanto, ordenemos a nossa vida mais racionalmente. Segundo, isso
permite que entendamos as forças hostis à nossa fé, nos preparando para evangelizar
e defender a verdade cristã como instrumentos de Deus para transformar a
cultura.
Assim,
a visão de mundo esposada pela igreja de Cristo confronta os padrões hedonistas
da sociedade, não admitindo, como citado, a existência de leis que justifiquem
e estimem as obras da carne e permita que o corpo seja um instrumento do
pecado.
0
corpo como sacrifício vivo
Enquanto
o hedonismo segue transtornando o mundo, ao levar mais jovens à sensualidade,
libertinagem, prostituição e drogas, e a todo o tipo de vícios, Deus oferece um
jeito diferente de enxergar os valores da vida: com pureza de coração. Roberts
Daniels, ao abordar a questão do desejo sexual, assim arremata:
Deus
fixou padrões para uma vida santa e correta levando em consideração a conduta e
o pensamento sexual. Violar esses padrões irá
afundar
nossa fé. O inimigo vence outra batalha sempre que afunda um cristão antes
mesmo de ele entrar na luta.
Esse
pensamento sobre a sexualidade é repelido fortemente pelo mundo, que deseja que
a libertinagem seja o ponto alto da civilização ocidental. Na proporção que o
mundo, com sua sensualidade, leva os jovens à morte, o Senhor conduz seus
filhos pela estrada da vida, ensinando-os a levarem a cruz de cada dia. Isso
significa, em poucas palavras, oferecer o corpo em sacrifício vivo, santo é
agradável a Deus; o culto racional (Rm 12.1).
A
mente transformada (Rm 12.2)
Outro
aspecto da cosmovisão judaico-cristã é a necessidade de se ter uma “mudança de
mente”, do grego metánoia (Rm 12.2). Novos pensamentos que visem à glória de
Deus, para que se compreenda toda a sua vontade.
A
mentalidade a sociedade atual inclina-se totalmente ao hedonismo, nos seus mais
variados aspectos. O sentimento de ter prazer pessoal com as coisas da vida, e
nada padecer, suplanta todo o sentimento de amor ao próximo. Assim, por
exemplo, contribuir com a obra missionária de povos não alcançados pelo
Evangelho, ajudar na melhoria da saúde de crianças pobres e desnutridas, trazer
algum consolo aos órfãos, viúvas, presos e doentes, como ensinou Jesus, são ideias
impensáveis para um hedonista, o qual não sai da sua “zona de conforto” para
cumprir o segundo Mandamento. O interesse é tão somente de crescer, brilhar e desfrutar
dos prazeres do mundo. Phil Callaway, com perspicácia, traz à tona o que está
acontecendo nos dias atuais:
Nossa
televisão nos promete que um carro mais novo, uma bebida mais gelada ou uma
esposa mais bonita são a chave para chegar lá.
Os
cartazes de rua garantem-nos que um degrau a mais na escada, um voo para algum
lugar exótico ou uma viagem despreocupada até a aposentadoria vão tornar a vida
mais rica. Mas, lá no fundo, sabemos que é tudo mentira. Apesar disso, milhões
que nós gastamos a vida inteira atrás do que não têm... e acabam se esquecendo
do que realmente precisam. [...]
Esta é
a nossa cidade — um lugar onde as pessoas gastam dinheiro, que não suaram para
ganhar, para comprar coisas de que não precisam, para impressionar gente de
quem não gostam.
O
brilhante Charles Colson (1931-2012) também visualizou o mesmo problema no
mundo atual. Ele disse:
Toda
vez que ligamos a televisão, ou abrimos uma revista, ou um jornal, somos
bombardeados com as boas novas do comercialismo:
para
cada necessidade, cada insegurança, cada preocupação, existe um produto à venda
que pode satisfazer as nossas necessidades, levantar a nossa autoestima e
acalmar a nossa preocupação. [...] elaboram imagens sedutoras e frases
apropriadas para nos prender, levando-nos a pensar que adquirindo os produtos
anunciados satisfaremos aquelas necessidades fundamentais."
Assim,
como visto, a cultura deste mundo hedonista não deve ser paradigma para aqueles
que pretendem andar com Deus. Mas como fazer para não ser influenciado por um
modo de pensar tão amplo e atraente? Para responder essa pergunta, fazemo-nos
valer, mais uma vez, da afirmação do professor Morrie Schwartz: “A cultura que
temos não contribui para que as pessoas se sintam felizes com elas mesmas. É
preciso ser forte para dizer que, se a cultura não serve, não interessa ficar
com ela”.
A
mentalidade deste tempo, portanto, representa bem o que o escritor de
Eclesiastes pontificou: “Vaidade de vaidades. Tudo é vaidade” (1.2).
O
cristianismo, por outro lado, traz ao mundo a única visão capaz de solucionar
todos os problemas da sociedade moderna: a cosmovisão judaico-cristão. Se o
homem deste século a absorvesse, o mundo seria um lugar bem melhor para se
viver.
A
contracultura do Reino
A
cultura deste mundo produz, diariamente, uma grande quantidade de lixo
cibernético hedonista. Calcula-se que, ao dia, cerca de 1 bilhão de novos
arquivos são postados na Internet. A presente geração é, de fato, viciada em
novas informações, como acontecia, em menor grau, com os habitantes da Atenas,
os quais “[...] de nenhuma outra coisa se ocupavam, senão de dizer e ouvir
alguma novidade” (At 17.21). Se em Atenas as pessoas eram ávidas em
compartilhar “alguma novidade”, a sociedade contemporânea já compilou grande
conhecimento, em multiformes áreas, por milênios, entretanto, a ânsia por uma
nova sensação, a busca desenfreada por um novo prazer, sem nenhum sofrimento,
ainda não chegou ao fim. E nunca chegará, pois essa é a essência do hedonismo.
Neste
mercado do prazer, sempre haverá espaço para uma nova droga, um pecado mais
atual, uma experiência prazerosa mais intensa.
A
busca licenciosa pelo prazer contaminou, de maneira decisiva, a terra com o
pecado. Haveria necessidade de os pais da raça humana experimentarem novas
sensações, além daquelas propiciadas por Deus no Éden? Claro que não! Eles
tinham tudo para ser felizes. A Queda de Adão e Eva, portanto, foi o resultado
de um impulso hedonista primário, como explica Tiago (Tg 1.14,15). A cultura do
prazer, de fato, é uma coisa muito antiga.
Diante
disso, os cristãos devem viver uma contracultura, uma confrontação com os
paradigmas sociais, que desafie a mentalidade dominante no mundo decaído, como
faz o filósofo Roger Scruton, o qual se insurge contra alguns valores
estabelecidos socialmente, criticando, por exemplo, a denominada arte erótica,
ao compará-la à pornografia, e asseverando que tais condutas estão em oposição
aos interesses da humanidade:
[...]
a pornografia não pertence à esfera da arte, porque ela é incapaz da beleza em
si e porque dessacraliza a beleza das pessoas que retrata.
A
imagem pornográfica é como uma varinha mágica que transforma sujeitos em
objetos e pessoas em coisas; assim, acaba por tirar-lhes o encanto e destruir a
fonte de sua beleza. [...]
A
comparação entre a pornografia e a arte erótica revela-nos que o gosto está
enraizado em nossas preferências mais amplas e que essas preferências expressam
e estimulam certos aspectos de nosso caráter moral. O ataque à pornografia é o
ataque ao interesse que ela serve — o interesse em ver as pessoas reduzidas a
seus corpos, objetificadas como animais, reificadas e obscenizadas. Trata-se de
um interesse que muitos têm, mas está em oposição à nossa humanidade.
Roger
Scruton, com isso, defende uma contracultura que afronta o prazer a qualquer
custo. Ele critica a utilização da arte com temas eróticos ao afirmar que isso
não é arte, e sim uma forma de pornografia. Que ideia! Essa concepção do
filósofo conservador inglês traz em seu bojo a contracultura do Reino, calcada
nos paradigmas da Palavra de Deus.
O mais
importante disso tudo é saber que cada cristão, dentro da sua área de atuação,
deve rechaçar a mentalidade dominante no mundo, seja com açóes concretas ou
defendendo um jeito de viver baseado na cosmovisão judaico-cristã. O certo é
que, por amor, a Igreja do Senhor não pode ficar calada, mas deve cumprir com
ousadia o mandato cultural recebido de Deus de transformar o mundo, porquanto
“feliz é a nação cujo Deus é o Senhor”.
Extraído do livro:
TEMPO PARA
TODAS
AS COISAS
Aproveitando
as Oportunidades que Deus nos dá .
REYNALDO ODILO.
ISBN: 978-85-263-1464-1
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