O comentário
abaixo foi extraído do livro comentário bíblico pentecostal.
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este da editora CPAD, poderá comprar no site www.cpad.com.br.
Sinal: Os Discípulos São Cheios com o Espírito Santo (2.1-4). No Dia de
Pentecostes, os discípulos estão orando e esperando, prontos para serem
batizados com o Espírito. Uma de suas características surpreendentes é a
unidade. Lucas já descreveu que eles estão unidos em oração, sugerindo que eles
têm uma mente e propósito (At 1.14). O Dia de Pentecostes começa com eles
“todos reunidos no mesmo lugar” (At 2.1) — muito provavelmente no templo onde
eles se reuniam diariamente (Lc 24.53; At 2.46; 5.42; cf. At 6.13,14). Devido ao contexto, eles não
estão meramente no mesmo lugar, mas estão em comunhão uns com os outros. Seu
verdadeiro senso de comunidade centraliza-se no conhecimento pessoal que eles
têm do Cristo ressurreto e da devoção para com Ele.
Quando
o Dia de Pentecostes desponta, o tempo de orar e esperar terminou para estes
cento e vinte discípulos. A princípio, há um som sobrenatural vindo do céu,
como um vento violento. A medida que o som enche a casa (o templo) onde eles
estão sentados, línguas como fogo pousam sobre os presentes. Sinais milagrosos
introduzem o Dia de Pentecostes como no monte Sinai (Êx 19.18,19), em Belém (Mt
1.18—2.12; Lc 2.8-20) e no Calvário (Mt 27.51-53; Lc 23.44). O vento e o fogo
enfatizam a grandeza da ocasião e são evidências audíveis e visíveis da
presença do Espírito — o som do vento poderoso significa que o Espírito Santo
está com os discípulos, e as chamas de fogo em forma de língua que posam em
cada um deles são manifestação da glória de Deus, acrescentando esplendor à
ocasião.
Os
relatos posteriores de enchimento com o Espírito em Atos não sugerem que o som
do vento e as línguas de fogo ocorrem de novo. Estes sinais são introdutórios,
somente para aquela ocasião. O sinal constante e recorrente da plenitude do
Espírito em Atos é falar em outras línguas (At 10.46; 19-6). No Dia de
Pentecostes, Pedro declara que Cristo derramou o que as pessoas vêem e ouvem
(At 2.33). Falar em línguas (ou glossolalia)—um sinal externo, visível e
audível —
marca a dotação dos discípulos com poder sobrenatural, isto é, o fato de eles
serem cheios com o Espírito.
O
verbo traduzido por encher (pimplemi), usado em Atos 2.4, está estreitamente
ligado como Espírito(Lc 1.41,67; At4.8,31; 9.17; 13-9). Este verbo é usado por
Lucas para indicar o processo de ser ungido com o poder do Espírito para o
serviço divino. Ser cheio com o Espírito significa o mesmo que ser batizado com
o Espírito ou receber o dom do Espírito (cf. At 1.5; 2.4,38).
O
Espírito Santo habilita os discípulos a “falar em outras línguas”. Falar em
línguas não é meramente questão de vontade humana, pois é o Espírito que inicia
a manifestação. Em plena submissão ao Espírito (“o Espírito Santo lhes
concedia”), eles falam e agem conforme o Espírito os conduz. Tais expressões
vocais não são fala estática ou mera algaravia; mas, como o termo “falar”
(apophthengomai) sugere, elas são poderosas e capacitadoras (cf. At 2.14;
26.25). Este verbo se refere no Antigo Testamento grego à atividade de videntes
e profetas que reivindicam inspiração divina (Ez 13.9,19; Mq 5.11; Zc 10.2) e
indica uma proclamação divinamente inspirada.
As
línguas no Dia de Pentecostes podem ser corretamente descritas como proféticas
e confirmam o padrão de Atos 2.17,18: “Os vossos filhos e as vossas filhas
profetizarão”. No batismo com o Espírito, declarações inspiradas originam- se
com o Espírito Santo. Os crentes são porta-vozes do Espírito, embora permaneçam
em pleno controle de suas faculdades. O Espírito respeita a liberdade e busca a
cooperação deles. Ele fala por meio deles, mas eles estão falando ativamente em
línguas e podem parar à vontade. Por exemplo, Pedro fala em línguas, mas pára
quando se dirige à multidão. Assim a manifestação de línguas pode ser entendida
como resposta e obediência ativas ao Espírito Santo.
A
experiência dos discípulos no Dia de Pentecostes tem um significado quádruplo.
1) A
principal característica do batismo com o Espírito é primariamente vocacional
em termos de propósito e resultado. Como nos tempos do Antigo Testamento, a
unção com o Espírito é primariamente vocacional, em vez de ser salvadora (i.e.,
que leva à vida eterna). O batismo com o Espírito não salva ou faz da pessoa um
membro da família de Deus; antes, é uma unção subsequente, um enchimento que
equipa com poder para servir. No Dia de Pentecostes, os discípulos se tornam
membros de uma comunidade carismática, herdeiros de um ministério anterior de
Jesus. Eles são iniciados num serviço capacitado pelo Espírito e dirigido pelo
Espírito para o Senhor.
2)
Falar em línguas é o sinal inicial do batismo com o Espírito. Serve como
manifestação externa do Espírito e acompanha o batismo ou imersão no Espírito.
Para Pedro, o sinal milagroso demonstra a plenitude do Espírito. Ele aceita
línguas como a evidência de que os cento e vinte foram cheios com o Espírito.
Como sinal inicial, as línguas transformam uma profunda experiência espiritual
num acontecimento reconhecível, audível e visível. Os crentes recebem a certeza
de que eles foram batizados com o Espírito. O próprio Jesus não falou em
línguas, nem mesmo no rio Jordão. Sua unção especial foi normativa para seu
ministério, mas o derramamento do Espírito em Atos 2 é normativo para os
crentes. A distinção entre Jesus e os crentes é que Ele inicia a nova era como
Senhor.
3)
As línguas proporcionam aos discípulos os meios pelos quais eles louvam e
adoram a Deus. Estes discípulos falam em línguas que nunca aprenderam, mas ao
celebrarem os trabalhos poderosos de Deus elas são completamente inteligíveis
aos circunstantes (v. 11). Todos os que testemunham o que está acontecendo
reconhecem que os discípulos estão louvando a Deus. Em vários idiomas, eles
magnificam e agradecem a Deus pelas grandiosas coisas que Ele fez.
4)
Falar em línguas é sinal para os ouvintes descrentes (cf. 1 Co 14.22). As
palavras de louvor nos lábios dos discípulos servem como sinal de julgamento
para os incrédulos. Com base na manifestação milagrosa, Pedro declara: “Saiba,
pois, com certeza, toda a casa de Israel que a esse Jesus, a quem vós
crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo” (At 2.36). Falar em línguas é o meio
pelo qual o Espírito Santo condena os judeus por terem crucificado Jesus e por
serem incrédulos. Tanto quanto a evidência inicial do batismo com o Espírito,
as línguas podem ser sinal do desgosto de Deus.
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