Eliézer

A influência espiritual de Abraão refletiu-se na vida de seu servo de confiança, Eliézer. Os pais de Eliézer, que deviam ser naturais de Damasco, evidentemente eram servos de Abraão quando nasceu o menino: “Então, disse Abrão: Senhor Jeová, que me hás de dar? Pois ando sem filhos, e o mordomo da minha casa é o damasceno Eliézer. Disse mais Abrão: Eis que não me tens dado semente, e eis que um nascido na minha casa será o meu herdeiro” (Gn 15-2,3).

          Na infância de Eliézer, a fé e a vida de oração de Abraão exerceram sobre ele forte influência. Quem quer que tenha escolhido seu nome — que significa “Deus ajuda” — deu evidência de uma fé e de uma crença fortes em Deus. Ao que tudo indica, a oração de Abraão não se restringia a um encontro particular com Deus, mas incluía também uma prática doméstica que envolvia seus servos. A verdade inerente à relação entre Abraão e Eliézer fala por si mesma. “E consideremo-nos uns aos outros, para nos estimularmos à caridade e às boas obras” (Hb 10.24), através do nosso exemplo e da nossa prática de vida.

         Assim, anos mais tarde, quando o servo de Abraão (o mais velho da casa, muito provavelmente Eliézer) foi comissionado a encontrar uma noiva para Isaque, ele clamou pela orientação e assistência divinas, tal como lhe ensinara Abraão: “E disse: Ó Senhor, Deus de meu senhor Abraão, dá-me, hoje, bom encontro e faze beneficência ao meu senhor Abraão!” (Gn 24.12) Deus certamente deseja estar envolvido nas nossas ocupações corriqueiras, alegrando-se em participar quando reconhecemos nossa dependência dEle e buscamos sua intervenção.

         Embora a cultura ocidental não suporte esse tipo de seleção de noivas usado por Abraão com relação ao seu filho Isaque, o princípio de orar pelo envolvimento divino no processo está longe de ser ultrapassado. O retorno ao rogo intenso e à dependência de Deus na seleção de cônjuges bem poderia reverter a detestável taxa de divórcios que em muitos países solapa o lar e a família tais quais ordenados por Deus.

         O meio de orientação seguido por Eliézer merece redobrada aten­ção, pois muitos crentes, hoje, usam-no (algumas vezes até com abuso) para descobrir a vontade e a orientação divina quanto a outras decisões.     

         Eis que eu estou em pé junto à fonte de água, e as filhas dos varões desta cidade saem para tirar água; seja,     pois, que a donzela a quem eu disser: abaixa agora o teu cântaro para que eu beba; e ela disser: Bebe, e    também darei de beber aos teus camelos, esta seja a quem designaste ao teu servo Isaque; e que eu conheça nisso que fizeste beneficência a meu senhor (Gn 24.13,14)

         Certamente é possível que Deus nos guie, hoje em dia, através das circunstâncias que alguém dite (como se deu na experiência de Eliézer); entretanto, devemos ter consciência das normas que parecem mais apropriadas e aplicáveis à era do Novo Testamento. (Essas normas serão discutidas em capítulos posteriores. Note-se, especialmente, os capítulos 11 e 16.)


         Mas, a despeito de quaisquer dúvidas que tenhamos sobre quão apropriado seja seguir o exemplo deixado por Eliézer na prática da oração, não devemos esquecer de que Deus lhe honrava a fé e as orações, e assim Rebeca sentiu-se impelida a agir em exata harmonia com a petição daquele viajante. Eliézer não ficou encabulado ou duvidoso, mas reconheceu imediatamente a intervenção e a orienta­ção divinas: “Então, inclinou-se aquele varão, e adorou ao Senhor. E disse: Bendito seja o Senhor, Deus de meu senhor Abraão, que não retirou a sua beneficência e a sua verdade de meu senhor; quanto a mim, o Senhor me guiou no caminho à casa dos irmãos de meu senhor” (Gn 24.26,27).


Extraído do livro Teologia bíblica da oração.

Robert L. Brandt e Zenas J. Bicket
Todos os direitos reservados. Copyright © 2007 para a língua portuguesa da Casa
Publicadora das Assembléias de Deus. Aprovado pelo Conselho de Doutrina.
Título do original em inglês: The Spirit Help Us Pray
Logion Press, Springfield, Missouri
Primeira edição em inglês: 1993
Tradução: João Marques Bentes
Revisão: Gleyce Duque
Editoração: Flamir Ambrósio

Nenhum comentário: