Escatologia
é a doutrina das últimas coisas. O termo vem de dois vocábulos gregos:
éskhatos, “último”, e logos, “palavra, tratado, estudo”. A segunda vinda de
Cristo é parte da escatologia, uma doutrina da teologia de fundamental
importância na vida cristã porque envolve a esperança dos crentes em Jesus. O
assunto envolve os sinais que precederão a vinda de Cristo, o próprio evento em
si, a ressurreição dos mortos, o juízo divino sobre as nações incrédulas, o
destino glorioso dos crentes e a recompensa dos infiéis.
Todas as profecias do Antigo Testamento
concernentes à vida do Messias se cumpriram cabalmente em Jesus (Lc 24.44). Os
profetas anunciaram também de antemão o destino de Israel e dos grandes impérios
da Antiguidade, como Assíria, Babilônia, Grécia, Roma; tais oráculos se
cumpriram no passado, e outros se cumprem na atualidade. A história é
testemunha disso. Os fatos estão aí à disposição de todos. Os eventos do porvir
elencados na doutrina escatológica são a consumação da história humana. O livro
de Apocalipse é a revelação do epílogo da história da humanidade. O cumprimento
das profecias bíblicas na Antiguidade e ao longo da história é igualmente a
garantia do cumprimento das coisas futuras.
SINAIS
QUE PRECEDERÃO A SEGUNDA VINDA DE CRISTO
Nenhum dos seres humanos nem mesmo os
anjos têm conhecimento da data da vinda de Cristo. Mas o Senhor Jesus deixou
sinais claros e evidentes, positivos e negativos que nos mostram que esse
evento está próximo. O Senhor Jesus chama nossa atenção para a Israel na
parábola da figueira: “Olhai para a figueira e para todas as árvores. Quando já
começam a brotar, vós sabeis por vós mesmos, vendo-as, que perto está já o
verão.
Assim também vós, quando virdes acontecer
essas coisas, sabei que o Reino de Deus está perto” (Lc 21.29-31). A “figueira”
é Israel (Jr 8.13; Os 9.10; Jl 1.7) e as outras “árvores” são uma referência às
outras nações. A restauração da nação de Israel dar-se-á em duas etapas,
conforme as profecias bíblicas. A restauração nacional de Israel como nação
autônoma já aconteceu desde 29 de novembro de 1947, quando a primeira
assembleia geral das Nações Unidas aprovou a criação de um estado judeu em
Éretz Israel. Muitas profecias bíblicas se cumpriram, entre elas Amós 9.14-15 e
Ezequiel 36.24; 37.21. O renascimento do Estado de Israel é um sinal evidente
de que vinda de Jesus está próxima.
Os sinais positivos são diversos, entre
eles a agitação mundial e o avanço da ciência (Dn 12.4), e a efusão do Espírito
Santo como nunca depois do dia de Pentecostes. Os pentecostais juntamente com
os neopentecostais já são o segundo maior grupo cristão. A palavra profética
anuncia esse acontecimento para os últimos dias (Jo 2.28-32; At 2.16-21). A
obra da evangelização mundial é um fenômeno cada vez mais crescente na
atualidade. Nunca houve na história da igreja um despertamento como vem
acontecendo nestes últimos dias (Mt 24.14). É bom lembrar que, com os recursos
dos meios de comunicação da atualidade, principalmente a Internet, é possível
se evangelizar o mundo em questão de horas. Portanto, ninguém deve dormir nem
se acomodar, pois o arrebatamento da igreja pode ocorrer a qualquer momento.
Os sinais negativos são ainda mais
visíveis, como o aparecimento de falsos cristos e falsos profetas (Mt 24.5,
11). É verdade que muitos falsos cristos se já levantaram ao longo da história
do cristianismo. À medida que a vinda de Cristo se aproxima, o número deles vai
aumentando. A quantidade é alarmante. É praticamente impossível apresentar uma
lista completa deles. Alguns servirão de exemplos: David Koresh, da Califórnia,
sobre o qual a imprensa internacional noticiou recentemente, dizia ser o Cristo
e fez vários adeptos. O reverendo Moon também declarou-se ser o Cristo e teve
muitos adeptos. Em Curitiba, Inri Cristo declara ser o Cristo. Muitos outros
têm declarado ser o Messias. Isso aponta para o sinal dos tempos.
Jesus
advertiu-nos de antemão sobre estas coisas. O crescimento da apostasia nos
últimos anos tem alcançado proporções estarrecedoras. O apóstolo Paulo afirma
que a apostasia generalizada é coisa para os últimos tempos (1 Tm 4.1-3; 2 Tm
3.1-5). A crescente violência nas principais capitais do mundo, assim como a
expansão do terrorismo e do narcotráfico acontecem nos dias atuais, porque a
iniquidade está se multiplicando (Mt 24.12). Estamos vivendo na época do
princípio de dores.
Outros sinais negativos visíveis:
“Levantará nação contra nação, reino contra reino, e haverá fomes, e pestes, e
terremotos, em vários lugares” (Mt 24.6, 7). O v. 5 refere-se aos distúrbios
mundiais e a uma crise na política internacional. As guerras no Oriente Médio
parecem não ter fim. Testemunhamos a fome generalizada em muitos países, e o
avanço de doenças como a aids e o ebola, entre outras. Trata-se de uma crise de
caráter mundial, e não apenas local. É verdade que desde os tempos de Jesus
sempre houve guerras, pestilências, fomes, imoralidades etc. Mas o ensino de
Jesus consiste no fato de essas coisas irem aumentando e se intensificando dia
após dia, à medida que a vinda de Cristo se aproxima, até chegar a um ponto
insuportável.
Os dias que estamos vivendo, à luz das
palavras de Jesus, caracterizam o princípio das dores (Mt 24.8).
O
cenário mundial já está pronto para que o apocalipse se cumpra. A palavra “fim”
(Mt 24.14) é ambígua e há muitas controvérsias sobre o assunto entre os
expositores da Bíblia. Ninguém pode garantir que isso seja o arrebatamento da
igreja ou a vinda de Cristo em glória; ela pode aplicar-se aos dois eventos. Há
quem afirme que Isaías 66.18, 19 está no contexto de Mateus 24.14. Se isto
puder ser confirmado, é possível que a pregação continue durante a Grande
Tribulação, pelos 144 mil remanescentes de Israel (Ap 7.1-8), e assim a
profecia tenha o seu completo cumprimento.
CRISTO
VOLTARÁ
Há diversas interpretações
escatológicas, principalmente sobre a segunda vinda de Cristo. Mas todas elas
têm um ponto em comum: Ele virá! Isso é tão certo quanto a sucessão dos dias e
das noites (Os 6.3). É algo que não se discute. É uma esperança cristalina nas
Escrituras que desde os primeiros pais da Igreja é ensinada e aparece ainda nos
credos ecumênicos. A diferença está no modus operandi, em como essa promessa
divina vai se cumprir. Stanley M. Horton, em sua obra intitulada Nosso destino,
publicação da CPAD de 1998, apresenta um estudo criterioso e esclarecedor das
diversas interpretações sobre o fim dos tempos.
O Antigo Testamento fala sobre a vinda
do Messias como homem, na encarnação no Verbo, como servo sofredor, mas revela
também a sua vinda em glória. Mas Justino, o Mártir precisou explicar isso aos
judeus no século 2 (Diálogo, 80.5; 81.14), uma vez que não era do conhecimento
de Israel nem de suas autoridades religiosas. Da mesma maneira, a segunda vinda
de Cristo em duas fases é uma doutrina genuinamente bíblica; no entanto, isso
só veio à tona a partir de 1830, na Escócia. Seus principais expoentes no século
19 foram John Darby e Scofield, na sua Bíblia Anotada.
Há passagens nas Escrituras que mostram
a repentina vinda de Jesus, rápida e invisível aos olhos humanos; por outro
lado, elas também anunciam vinda de Jesus visível a todos os moradores da
terra. Isso mostra com clareza meridiana que se trata de dois acontecimentos
distintos. O Senhor Jesus Cristo virá em duas etapas distintas. Na primeira,
levará os santos ao céu, que é o arrebatamento da Igreja (1 Co 15.51-53; 1 Ts
4.14-17). Esse acontecimento será em fração de segundos, simultâneo no mundo
inteiro e invisível aos olhos dos moradores da terra. Essa é a expectativa e a
esperança da Igreja. Jesus prometeu nos buscar (Jo 14.3). Com o arrebatamento
da Igreja será estabelecido o império do anticristo, identificado no livro de
Apocalipse, capítulo 13, como a besta. Ele é chamado também de “o homem do
pecado, o filho da perdição... o iníquo” (2 Ts 2.3, 8).
O
termo “anticristo” só aparece nas epístolas de João (1 Jo 2.18, 22; 4.3; 2 Jo
7). Essa personagem fará um concerto com Israel depois que a Igreja for raptada
da terra. Os detalhes desse período estão em Apocalipse dos capítulos 6 a 19.
Esse
período se chama a Grande Tribulação. Terá a duração de sete anos, ou uma
semana de anos, e na metade da semana os judeus descobrirão que fizeram acordo
com o anticristo. O concerto será rompido na metade da semana (Dn 9.27). Só a
partir daí começa o período da angústia de Jacó (Jr 30.7). A cidade de
Jerusalém será ainda tomada, por pouco tempo, pois, no final da Grande
Tribulação, o Senhor Jesus descerá para livrar seu povo (Zc 14.2-4). Por isso
que a metade da Grande Tribulação terá a duração de três anos e meio, ou,
usando a linguagem bíblica, “um tempo, de tempos e metade de um tempo” (Dn
12.7), que em Apocalipse aparece descrito como “tempos e metade de um tempo”
(Ap 12.14) ou ainda “mil duzentos e sessenta dias” (Ap 12.6) e “quarenta e dois
meses” (Ap 13.5).
O falso profeta é o porta-voz da besta
e ambas as personagens serão lançadas no lago de fogo (Ap 19.20). A Grande
Tribulação é o período de transição entre a Dispensação da Igreja e o Milênio.
É um período de angústias e sofrimentos sem precedentes na história e será
universal. Há quatro passagens clássicas sobre a Grande Tribulação nas
Escrituras (Jr 30.7; Dn 12.1; Jl 2.2; Mt 24.21) e a passagem paralela em Marcos
13.19. Este período foi determinado por Deus para fazer justiça contra a
rebelião dos moradores da terra e para preparar a nação de Israel para o
encontro com o seu Messias (Am 4.12). Mas haverá pregação do evangelho nesse
período. Esses pregadores são os 144 mil judeus que se converterão ao Senhor
Jesus no período da Grande Tribulação, que não se contaminarão com as falsas
doutrinas (Ap 14.1-5) e que substituirão a igreja na pregação do evangelho:
“... primeiro do judeu e também do grego” (Rm 1.16).
Enquanto o cálice da ira de Deus está
sendo derramado sobre os moradores da terra, a Igreja é recepcionada pelo
Senhor Jesus no céu. Após o arrebatamento da Igreja, os salvos se apresentarão
diante do tribunal de Cristo (2 Co 5.10). Esse julgamento é para que cada um
receba o seu galardão conforme a obra realizada na terra pela causa do
evangelho (1 Co 3.12-15).
Haverá
outro evento glorioso no céu enquanto a Grande Tribulação acontece na terra: as
Bodas do Cordeiro (Ap 19.7). Esta celebração é a festa de recepção da Igreja
pelo Senhor Jesus.
Depois
disso, o Senhor Jesus virá em glória com a sua Igreja glorificada, os salvos
raptados da terra por ocasião do arrebatamento da Igreja (1 Ts 3.13; Jd 14), e
todo o olho verá (Mt 24.30; Ap 1.7). Ele voltará da mesma maneira que subiu ao
céu na presença dos seus discípulos (At 1.9-11). Essa é a segunda fase da
segunda vinda de Cristo para destruir o império do anticristo.
A batalha do Armagedom (Ap 16.16)12 é o
símbolo de todas as batalhas nas quais Deus manifesta o seu poder, quando o seu
povo, em condições de inferioridade em efetivo e em equipamento bélico, se vê
diante de seus inimigos. É a Batalha Final, a última batalha da história da
humanidade do Senhor Jesus Cristo contra Satanás e o seu império representado
pelo do anticristo (Ap 19.20). Nesse contexto, está a libertação de Israel (Zc
12.10; 14.8, 9), o conflito decisivo com a interferência direta do Senhor Jesus
em favor de seu povo.
Nessa ocasião, o Senhor Jesus julgará
as nações (Mt 25.31, 32).
Não
se deve confundir esse julgamento com o do Juízo Final mencionado em
Apocalipse. Aqui o juízo é sobre todas as nações (Jl 3.12), e não sobre todas
as pessoas. As bem-aventuranças citadas aqui são recompensas pelas boas obras;
no entanto, ninguém é salvo pelas obras, mas pela graça mediante a fé (Gl 2.16;
Ef 2.8). Os irmãos aqui de Jesus são os judeus e, agora, as nações vão receber
a recompensa pelo tratamento dado a eles ao longo da história. O Reino
preparado desde a fundação do mundo (Mt 25.34) não é o céu, mas o Milênio.
Nessa vinda de Jesus em glória se
cumprirá também a promessa de Deus que o anjo Gabriel anunciou a Maria: “E o
Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai, e reinará para sempre na casa de
Jacó, e o seu reino não terá fim” (Lc 1.32, 33).
E,
assim, será estabelecido o Milênio, com o lançamento no lago de fogo da besta e
do falso profeta (Ap 19.20).
O
termo “Armagedom” significa literalmente “monde de Megido”, duas palavras hebraicas:
har, “monte”, e magidó, “Megido”. O vale de Megido está no norte de Israel e
foi palco de grandes batalhas nos tempos do Antigo Testamento (Jz 5.19), lá
morreu o rei Josias na batalha contra Faraó-Neco, rei do Egito (2 Rs 23.29,
30). É nesse local que será realizada a Batalha do Armagedom, a batalha da
história de Cristo contra o anticristo e seus seguidores.
Extraído do livro de apoio:👇
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