(SUBSÍDIO TEOLÓGICO) CAPÍTULO 12 - O MUNDO VINDOURO

              
O mundo vindouro é parte da escatologia bíblica, uma doutrina da teologia sistemática. O presente estudo trata do que acontecerá após a vinda do Senhor Jesus em glória, que é a segunda fase da segunda vinda de Cristo, conforme estudado no capítulo anterior. Os eventos que se seguirão a esse retorno de Cristo à terra são o Milênio, a ressurreição dos mortos, o Juízo Final e o destino dos injustos, a Nova Jerusalém e o destino dos justos.

O MILÊNIO
         A palavra “milênio” não aparece no Novo Testamento. O termo vem do latim mille, “mil”, e annus, “ano”, portanto “mil anos”; é uma referência aos mil anos mencionados em Apocalipse 20.1-7. Esse período tem ralação direta com Isaías 11 e Miqueias 4. O período se inicia com a vinda de Cristo em glória, ocasião em que um anjo vai amarrar e prender a Satanás por mil anos (Ap 20.1).
         Essa prisão impedirá que ele engane as nações (v. 2). É o período da paz universal, o governo de justiça e paz anunciado pelos profetas (Is 2.3-5; 9.7; 11.1-10; 65.20-25; Mq 4.1-5). A sede desse governo é Jerusalém: “E virão muitos povos e dirão: Vinde, subamos ao monte do SENHOR, à casa do Deus de Jacó, para que nos ensine o que concerne aos seus caminhos, e andemos nas suas veredas; porque de Sião sairá a lei, e de Jerusalém, a palavra do SENHOR” (Is 2.3). O poder daquele que causa todos os males e as desgraças estará neutralizado nesse período. É a restauração do reino de Davi em Jerusalém (Am 9.11; Zc 8.20-22).
         Sob o governo de Jesus Cristo, haverá saúde nas nações: “E morador nenhum dirá: Enfermo estou; porque o povo que habitar nela será absolvido da sua iniquidade” (Is 33.24). Os cegos, surdos, mudos e paralíticos serão curados (Is 35.5, 6). A morte terá seu efeito reduzido ao máximo (Is 65.20), e a longevidade humana voltará à terra (Is 65.22). A segurança será perfeita, sem assalto, roubo, furto ou violência (Is 65.21-23); as indústrias bélicas serão transformadas em fábricas de instrumentos agrícolas (Is 2.4), e a produção do campo será uma bênção (Am 9.13). Até mesmo entre os animais ferozes e perigosos haverá harmonia (Is 11.6-9; 65.25). Trata-se de um período em que “a terra se encherá do conhecimento do SENHOR, como as águas cobrem o mar” (Is 11.9), e as orações de seus moradores serão atendidas antes mesmos de concluídas com o “amém” (Is 65.24).
         Mas ainda não será a consumação dos séculos; será, na verdade, um período probatório até que o plano de Deus seja totalmente concluído, quando o Senhor Jesus, depois de ter o domínio sobre todas as coisas, entregará o Reino ao Pai (1 Co 15.24-28).
         A terra virá a ser um paraíso sob o governo de Cristo, e os seus santos reinarão com ele: “E vi tronos; e assentaram-se sobre eles aqueles a quem foi dado o poder de julgar. E vi as almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus e pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta nem a sua imagem, e não receberam o sinal na testa nem na mão; e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos” (Ap 20.4). Aqui estão incluídos os santos do Antigo Testamento e todos os crentes provenientes da era da Igreja, os quais serão investidos de poder para governar a terra (Ap 2.26, 27; 3.21). Os doze apóstolos governarão sobre as doze tribos de Israel (Mt 19.28; Lc 22.30) juntamente com os santos do Antigo Testamento (Lc 13.28, 29). Integrarão o grupo dos súditos de Cristo os mártires da Grande Tribulação (Ap 6.911).
“Julgar” ou “julgamento” aparece na Bíblia com o sentido de governar ou governo (1 Sm 4.18; 2 Rs 23.22; 2 Cr 1.11). Esse parece ser o significado aqui.

O DESTINO DOS INJUSTOS
         É sensato imaginar que tudo na vida tem seu lado positivo e seu lado negativo. Assim, como há o bem, há também o mal; como há galardão, há castigo; como há amigos, há inimigos; como há bênção, há maldição; como há verdadeiro, há mentiroso; como há justo, há injusto; como há vida, há morte; assim também, como há céu, há inferno. Como pode um Deus benigno e tão cheio de amor condenar alguém? Os nossos sentimentos ou pensamentos nada têm que ver com os de Deus. Quem contesta o inferno tem opinião contrária à de Deus. A doutrina do inferno, conforme ensina a Bíblia e conforme nós cremos, não neutraliza o amor de Deus, porque não pode haver amor sem justiça (Na 1.3). Deus não tem prazer em condenar ninguém, por isso “quer que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade” (1 Tm 2.4). O profeta Ezequiel diz que Deus não tem prazer na morte do ímpio (Ez 18.23). A prova do amor de Deus está no Calvário: Ele deu o seu Filho Unigênito para que pudéssemos ser salvos (Jo 3.16) e franqueou a todas as pessoas a sua salvação: “Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens” (Tt 2.11); “Mas Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, e em todo o lugar, que se arrependam” (At 17.30).
         Cada pessoa será responsável por seus atos diante de Deus. Trata-se de uma realidade baseada nos princípios básicos da moral. O castigo eterno dos ímpios é uma vindicação da lei e a manifestação da santidade de Deus, pois o pecado não significa apenas um só ato, mas diz respeito a uma condição da alma, a um estado impuro.
         O castigo divino é escalonado; cada um recebe de acordo com a sua obra: “E o servo que soube a vontade do seu senhor e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos açoites. Mas o que a não soube e fez coisas dignas de açoites com poucos açoites será castigado. E a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe pedirá” (Lc 12.47, 48). Jesus disse que haverá menos rigor para Sodoma do que para Cafarnaum (Mt 11.24). O apóstolo Paulo afirma que cada um receberá o castigo conforme a sua obra (Rm 2.5, 6; 2 Tm 4.14).
         O destino dos injustos é o inferno ardente, um lugar de suplício eterno dos ímpios. Esse lugar aparece nas Escrituras Sagradas com diversos nomes, tais como: abismo, literalmente “lugar sem fundo, insondável, profundeza”, a tradução da palavra grega ábyssos (Lc 8.31; Ap 9.2-4); fornalha de fogo, lugar onde “haverá pranto e ranger de dentes” (Mt 13.50); trevas exteriores, outra expressão para designar o inferno como lugar de maldição eterna, e “ali, haverá pranto e ranger de dentes” (Mt 22.13); fogo eterno (Mt 25.41); tormento eterno (Mt 25.46) ou “suplício eterno” (TB); vergonha e desprezo eterno (Dn 12.2).
         A palavra “inferno” vem do latim infernus, que significa “lugar inferior”. Foi usada por Jerônimo, na Vulgata Latina, para traduzir do hebraico a palavra she’ôl, no Antigo Testamento que significa, “o mundo invisível” (Sl 89.48) e o seu equivalente grego na Septuaginta e no Novo Testamento é a palavra hades. O “Hades é a região dos mortos” (Lc 1623-, 24). Jerônimo translitera os termos geenna (Mt 5.22, 29, 30) e tártaro (2 Pe 2.4). Geena é o inferno, o lago de fogo apocalíptico (Ap 19.20; 20.10, 14, 15). Tártaro significa “lançar ao inferno; prender no inferno”.

A RESSURREIÇÃO DOS MORTOS
         A morte é uma das consequências primárias do pecado, sua punição e castigo. Por essa razão, o mundo inteiro tem de experimentar esse terrível golpe: “Aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo, depois disso, o juízo” (Hb 9.27). Esse é o resultado do pecado original de Adão (Rm 5.12, 17). A morte é inevitável, mas temos promessas de Deus, desde o Antigo Testamento, da nossa libertação desse veredicto: “Deus remirá a minha alma do poder da sepultura, pois me receberá” (Sl 49.15).
         A ressurreição de Jesus é a garantia de que seremos ressuscitados. O nosso Salvador é vivo. Jesus disse: “Porque eu vivo, e vós vivereis” (Jo 14.19). O apóstolo Paulo ensina que: “Se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem Deus os tornará a trazer com ele” (1 Ts 4.14), e isso vincula a nossa ressurreição à de Cristo.
O verbo grego mais usado para “ressuscitar”, no Novo Testamento, é egeiro, “despertar, levantar” e o segundo, anístemi, “levantar, levantar-se, ressuscitar”. O substantivo é anástasis, “ressurreição”; de aná, “acima”, e hístemi, “pôr em pé”. Ressuscitar, portanto, significa “levantar dentre os mortos”, isso é voltar a viver no mesmo corpo, em uma ressurreição corporal: “Aquele que dos mortos ressuscitou a Cristo também vivificará o vosso corpo mortal, pelo seu Espírito que em vós habita” (Rm 8.11).
         A Bíblia fala em duas ressureições – a dos justos e dos injustos: “E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna e outros para vergonha e desprezo eterno” (Dn 12.2); “Não vos maravilheis disso, porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal, para a ressurreição da condenação” (Jo 5.28, 29); “Há de haver ressurreição de mortos, tanto dos justos como dos injustos” (At 24.15). A ressurreição dos justos se dará por ocasião do arrebatamento da Igreja: “Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor” (1 Ts 4.16, 17). A ressurreição dos santos é também conhecida como primeira ressurreição (Ap 20.5, 6). Ela inclui ainda a ressurreição do salvos que foram mortos por causa do testemunho que deram de Jesus no período da Grande Tribulação (Ap 20.4). Na linguagem do profeta Daniel e até mesmo na do Senhor Jesus Cristo e do apóstolo Paulo, parece ser simultânea a ressurreição dos justos e injustos. Mas o contexto mostra que se trata de duas ressurreições num intervalo de mais de mil anos entre elas. Isso só vai acontecer depois do Milênio: “Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil anos se acabaram” (Ap 20.5). Essa ressurreição é para o Juízo Final e inclui todos os incrédulos desde o princípio do mundo (Ap 20.12, 13).

O JUÍZO FINAL
         O Juízo Final é conhecido também como o Juízo do Grande Trono Branco e aparece no Novo Testamento como “o dia do juízo” (Mt 11.22, 24; 12.36; 2 Pe 3.7) ou, simplesmente, “o juízo” (Hb 9.27). O Juiz é o Senhor Jesus Cristo: “O Pai a ninguém julga, mas deu ao Filho todo o juízo” (Jo 5.22). Assim, Deus executará esse juízo por meio de Jesus Cristo (At 10.42; 2 Tm 4.1).
          E vi um grande trono branco e o que estava assentado sobre ele, de cuja presença fugiu a terra e o céu, e não se achou lugar para eles. 12 E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante do trono, e abriram-se os livros. E abriu-se outro livro, que é o da vida. E os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras. 13 E deu o mar os mortos que nele havia; e a morte e o inferno deram os mortos que neles havia; e foram julgados cada um segundo as suas obras. 14 E a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte. 15 E aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo (Ap 20.11-15).
         Esse julgamento não é o mesmo mencionado pelo Senhor Jesus em Mateus 25.31-46, pois Ele estava falando a respeito do julgamento das nações, no vale de Josafá, em Jerusalém, no final da Grande Tribulação (Is 3.13; Jo 3.12). O juízo aqui não é em Jerusalém: “de cuja presença fugiu a terra e o céu, e não se achou lugar para eles” (v. 11), não será na terra; e se trata de pessoas individuais (vv. 12, 13), não de nações; não há presença de vivos, mas somente mortos; nem há menção de salvos, só de condenados (v. 15). Não é o que ocorre no julgamento das nações.
         Os “grandes e pequenos” (v. 12) não se referem a adultos e crianças, mas aos poderosos da terra e aos cidadãos comuns. A “morte e o Hades” (v. 13 – TB) são termos sinônimos aqui. Já foi mostrado que Sheol e Hades aparecem com o sentido de morte.
         Assim, o Hades devolverá todos os mortos incrédulos para o julgamento segundo as obras de cada um deles. O destino final dos injustos é o lago de fogo, e não o Hades, por isso os mortos precisam se apresentar diante de Deus para ser julgados. Tudo o que alguém faz na vida é escrito nesses livros, por isso cada um é julgado segundo as coisas que estão escritas neles. O livro da vida está presente nesse julgamento para mostrar que o nome desses réus não consta ali.
         A própria morte será lançada no lago de fogo (v. 14). É a derrota da morte; ela terá fim um dia, e o dia é esse. É cumprimento da promessa divina (Os 13.14; 1 Co 15.54, 55). O lago de fogo é a Geena, cuja definição foi dada anteriormente. Ele é descrito como “lago de fogo e enxofre”, no qual serão lançados vivos a besta e o falso profeta (Ap 19.20) e, mil anos depois, o diabo será também lançado nesse mesmo lugar (Ap 20.10). É, de fato, como o Senhor Jesus disse, “o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos” (Mt 25.41). E para esse mesmo lugar irão os perdidos da terra (v. 15).
         A expressão “segunda morte”, ho thanatos ho deuteros, em grego, significa a condenação eterna. A palavra grega, aqui, para “morte” é thanatos, que traz a ideia de “separação”, e não “extinção”. Na morte física, a alma e espírito separam-se do corpo. Essa é a primeira morte. Aqui, é a pessoa que será separada de Deus, banida da sua glória para todo o sempre, para nunca mais ver a luz. E essa separação é chamada de “segunda morte” (2 Ts 1.9), em que “de dia e de noite serão atormentados para todo o sempre” (Ap 20.10).

O DESTINO DOS JUSTOS
         Depois do Juízo Final, Deus cumprirá a sua promessa de criar um novo céu e uma nova terra desde o Antigo Testamento:
“Porque eis que eu crio céus novos e nova terra; e não haverá lembrança das coisas passadas, nem mais se recordarão” (Is 65.17). A partícula “mas”, no versículo seguinte (18), uma enfática conjunção adversativa hebraica ki-im, “mas antes, contudo”, mostra que a promessa divina de criar os novos céus e a nova terra não anula o seu compromisso com Jerusalém sobre as bênçãos para o Milênio. A promessa de novos céus e nova terra é reiterada mais adiante: “Porque, como os céus novos e a terra nova que hei de fazer estarão diante da minha face, diz o SENHOR” (Is 66.22). Jesus também ensinou sobre o assunto quando disse: “O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar” (Mt 24.35). A declaração bíblica de que a terra durará para sempre (Ec 1.4) é a garantia divina de que sempre haverá uma terra, mas isso não significa necessariamente a mesma terra.
         Tudo isso aqui já está extremamente contaminado pelo pecado, e o universo físico não suportará o esplendor da santidade, da pureza da glória de Deus. O céu e a terra desaparecerão da presença daquele que está assentado sobre o Grande Trono Branco (Ap 21.11). “E vi um novo céu e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe” (Ap 21.1). Na visão do apóstolo João, os céus e a terra de hoje serão substituídos. O universo físico que vemos hoje não será transformado; Deus vai criar tudo novo. A frase “o mar já não existe” mostra uma nova ordem, pois “os oceanos são necessários à oxigenação da atmosfera na terra. A falta de mares, portanto, sugere que toda a economia da nova terra será
diferente” (HORTON, 1995, p. 304).
         Que o céu e a terra que conhecemos vão desaparecer, isso é anunciado desde o Antigo Testamento (Sl 102.25, 26; Is 51.6). A profecia do Salmo 102 é citada no Novo Testamento (Hb 1.10-12). Essa terra e esse céu estão reservados para o fogo: “Mas o Dia do Senhor virá como o ladrão de noite, no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se desfarão, e a terra e as obras que nela há se queimarão. Havendo, pois, de perecer todas estas coisas, que pessoas vos convém ser em santo trato e piedade, aguardando e apressando-vos para a vinda do Dia de Deus, em que os céus, em fogo, se desfarão, e os elementos, ardendo, se fundirão?” (2 Pe 3.10-12). Os sistemas teológicos, em geral, dão pouca importância aos temas escatológicos ou espiritualizam demais essas profecias forçando a exegese, principalmente os que criticam o sistema dispensacionalista. Não há exagero algum na interpretação literal e futurista desses fatos.

A NOVA JERUSALÉM
         Depois da visão do novo céu e da nova terra, João viu a nova Jerusalém: “E eu, João, vi a Santa Cidade, a nova Jerusalém, que de Deus descia do céu, adereçada como uma esposa ataviada para o seu marido” (Ap 21.2). Ela é a nossa pátria, como disse o apóstolo Paulo: “Mas a nossa cidade está nos céus, donde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (Fp 3.20).
         Há diversas descrições da nova Jerusalém na literatura apocalíptica do período interbíblico e nos pseudoepígrafos (como o Testamento de Dã 5.12; 2 Baruque 32.2-4; 2 Esdras 7.26; 10.49). É bom lembrar que o evento aqui é o pós-milênio. A Jerusalém do Milênio é em Israel, portanto, na terra (Is 2.2-3; 65.18-20), mas a nova Jerusalém, o apóstolo a viu descendo do céu; ela é celestial, e seu arquiteto e construtor é Deus (Hb 11.10). Não é ela a mesma do Milênio. Não é essa a primeira vez que ela é mencionada no Novo Testamento: “Mas a Jerusalém que é de cima é livre, a qual é mãe de todos nós” (Gl 4.26); “Mas chegastes ao monte Sião, e à cidade do Deus vivo, à Jerusalém celestial, e aos muitos milhares de anjos” (Hb 12.22). É a cidade que esperamos (Hb 13.14), a cidade de Deus (Ap 3.12).
         A descrição da cidade é incompatível com a do Milênio, e as características são completamente fora de qualquer realidade terrena. Deus habitará com o seu povo: “Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles e será o seu Deus” (Ap 21.3). O tabernáculo foi construído no deserto porque é a vontade de Deus habitar no meio do seu povo: “E me farão um santuário, e habitarei no meio dele” (Êx 25.8). Era a presença de Deus no meio dos filhos de Israel (Lv 26.11; Ez 37.27). Em Cristo, “o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1.14). O verbo grego para “habitar” aqui é skênoô, que significa “habitar em tenda” ou “em tabernáculo”; isso fala de habitação temporária, mas o substantivo para “tabernáculo” é skênê. Do verbo skênoô. A presença de Deus é contínua na Igreja, a sua habitação (1 Co 3.16; Ef 2.22). Mas, na nova Jerusalém, o “mesmo Deus”, ou seja, o próprio Deus estará com os salvos, homens e mulheres, de forma literal (1 Jo 3.2). Trata-se da eterna morada dos santos.
         As palavras “E Deus limpará de seus olhos toda lágrima, e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor, porque já as primeiras coisas são passadas” (Ap 21.4), mostram que os benefícios aqui transcendem a qualquer período da história e até mesmo do Milênio. Trata-se de uma nova ordem de coisas, por isso a profecia diz que o sofrimento é coisa do passado, pois Satanás e a morte já estão definitivamente fora de ação, vencidos e para sempre no lago de fogo e enxofre.
         Depois da descrição externa da nova Jerusalém, do formato e dimensão, dos muros e portões, e do material de construção (Ap 21.9-21), temos a informação de que a cidade não necessita de sol e nem de lua, pois a glória de Deus a alumia e o Senhor Jesus é a sua lâmpada (Ap 21.23). Essa declaração mostra que aqui já estamos na eternidade. A presença de nações e “reis da terra” fora da Jerusalém celestial depois do Juízo Final (vv. 24-26) tem levado muita gente a confundir o mundo vindouro dos santos com o Milênio. Na verdade, há certo paralelismo entre os benefícios e as bênçãos do Milênio com o lar eterno e definitivo dos santos do Senhor. Mas isso são prenúncios da bênção vindoura e não significam dois períodos.

EXTRAÍDO DO LIVRO CUJA INFORMAÇÕES ABAIXO.

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