Ec 12.6,7 [Lembra-te do
teu Criador] “antes que se quebre a cadeia de prata, e se despedace o copo de
ouro, e se despedace o cântaro junto à fonte, e se despedace a roda junto ao
poço, e o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu.”
De todas as
criaturas que Deus fez, o ser humano é incomparavelmente superior e também a
mais complexa. Por seu orgulho, no entanto, o ser humano comumente se esquece
de que Deus é o seu Criador, que ele é um ser criado, e que depende de Deus.
Este estudo examina a perspectiva bíblica da natureza humana.
A NATUREZA
HUMANA À IMAGEM DE DEUS. (1) A Bíblia ensina claramente que Deus, mediante
decisão especial criou a raça humana, à sua imagem e semelhança (Gn 1.26,27).
Portanto, nem
Adão nem Eva são produtos de evolução (Gn 1.27; Mt 19.4; Mc 10.6; ver o estudo A
CRIAÇÃO). Por terem sido criados à semelhança de Deus. Adão e Eva podiam
comunicar-se com Deus, ter comunhão com Ele e espelhar o seu amor, glória e
santidade (ver Gn 1.26 nota). (2) Note-se pelo menos três diferentes aspectos
da imagem de Deus na raça humana (ver Gn 1.26 nota): Adão e Eva tinham semelhança
moral com Deus, por serem justos e santos (cf. Ef 4.24), com um coração capaz
de amar e também determinado a fazer o que era bom. Tinham semelhança com Deus
na inteligência, pois foram criados com espírito, emoções e capacidade
de escolha (Gn 2.19,20; 3.6,7). Deus plasmou no ser humano a imagem em que Ele
mesmo lhe apareceria visivelmente no AT (Gn 18.1,2), e na forma que seu
Filho um dia tomaria (Lc 1.35; Fp 2.7). (3) Quando Adão e Eva pecaram, essa
imagem de Deus neles, foi seriamente danificada, mas não totalmente destruída.
(a) Inevitavelmente, a semelhança moral de Deus, no homem, ficou arruinada
quando Adão e Eva pecaram (cf. Gn 6.5); deixaram de ser perfeitos e santos e
passaram a ser propensos ao pecado; propensão esta, ou tendência que
transmitiram aos filhos (cf. Gn 4.; ver Rm 5.12 nota). O NT confirma o
estrago da imagem de Deus no homem, quando declara que o crente redimido deve
ser renovado segundo a semelhança moral de Deus (cf. Ef 4.22,24; Cl 3.10); e
(b) Apesar de o ser humano ser pecador como é, ainda retém uma porção elevada
da semelhança de Deus, na sua inteligência, e na capacidade de comunhão e
comunicação com Ele (cf. Gn 3.8-19; At 17.27,28).
COMPONENTES DA
NATUREZA HUMANA.
A Bíblia revela que a natureza humana, criada à imagem de Deus, é trina e una,
composta de três componentes, a saber: espírito, alma e corpo (1Ts 5.23; Hb
4.12). (1) Deus formou Adão do pó da terra (seu corpo) e soprou nas suas
narinas o fôlego da vida (seu espírito), e ele tornou-se um ser vivente (sua
alma: Gn 2.7). A intenção de Deus era que o ser humano, pelo comer da árvore da
vida e pela obediência à sua proibição de comer da árvore do conhecimento do
bem e do mal, nunca morresse, mas vivesse para sempre (cf. Gn 2.16,17;
3.22-24). Somente depois da morte entrar no mundo, como resultado do pecado
humano, é que passou a haver a separação da pessoa, em pó que volta à terra e
no espírito que volta a Deus (Gn 3.19; 35.18,19; Ec 12.7; Ap 6.9; ver o estudo A
MORTE). Noutras palavras, a separação entre o corpo, por um lado, e o
espírito e a alma, por outro, é resultado do juízo divino sobre a raça humana
por causa do pecado, e esse juízo somente será removido mediante a ressurreição
do corpo no último dia (ver o estudo A RESSURREIÇÃO DO CORPO). (2) A
alma (hb. nephesh; gr. psyche ), freqüentemente traduzida por “vida”,
pode ser definida, de modo resumido, como os aspectos imateriais da mente, das
emoções e da vontade, no ser humano, resultantes da união entre o espírito e o
corpo.
A alma, juntamente com o espírito humano, continuará a existir
após a morte física da pessoa. A alma está tão ligada à natureza imaterial do
ser humano, que, às vezes, o termo “alma” é usado como sinônimo de “pessoa”
(e.p. Lv 4.2; 7.20; Js 20.3). O corpo (hb. basar ; gr. soma ) pode ser
definido, em resumo, como o componente do ser humano que volta ao pó quando a
pessoa morre (às vezes, é chamado “carne”). O espírito (hb. ruach; gr.
pneuma) pode ser definido, em resumo, como o componente imaterial do ser
humano, em que reside nossa faculdade espiritual, inclusive a consciência. É
principalmente através desse componente que se tem comunhão com o Espírito de
Deus. (3) Desses três componentes, que constituem a completa natureza humana,
somente o espírito e a alma são indestrutíveis e sobrevivem à morte, para então
seguirem para o céu (Ap 6.9; 20.4) ou para o inferno (cf. Sl 16.10; Mt 16.26).
Quanto ao corpo, a Bíblia ensina repetidamente que enquanto o crente aqui
viver, deve cuidar bem do seu corpo, através da sua
conservação, isento de imoralidade e de iniqüidade (Rm 6.6,12,13;
1Co 6.13-20; 1Ts 4.3,4) e da sua dedicação ao serviço de Deus (Rm 6.13; 12.1;
ver o estudo PADRÕES DE MORALIDADE SEXUAL). O corpo dos salvos será
transformado no dia da ressurreição, quando então a sua redenção estará
completa; isto para os que estão em Cristo Jesus.
. Quando
Deus criou o ser humano, Ele lhe confiou várias responsabilidades. (1) Deus o
criou à sua própria imagem a fim de poder manter comunhão com ele, de modo
amoroso e pessoal por toda eternidade, e para que ele o glorificasse como
Senhor. Deus desejava de tal maneira que o ser humano o amasse, o glorificasse,
e vivesse em santidade e justiça diante dEle, que quando Satanás induziu Adão e
Eva à rebelião e desobediência a Deus, o Senhor prometeu que enviaria um
Salvador a fim de redimir o mundo (ver Gn 3.15 nota; ver o estudo A CRIAÇÃO).
(2) Era a vontade de Deus que o ser humano o amasse acima de tudo e amasse o
seu próximo como a si mesmo. Esse duplo mandamento do amor, resume a totalidade
da lei de Deus (Lv 19.18; Dt 6.4,5; Mt 22.37-40; Rm 13.9,10). (3) Também no
Jardim do Éden, Deus estabeleceu a instituição do casamento (Gn 2.21-24). O
propósito de Deus é que o casamento seja monogâmico e vitalício (cf. Mt 19.5-9;
Ef 5.22-33). Dentro dos limites do casamento, Deus ordenou que a raça humana
fosse frutífera e se multiplicasse (Gn 1.28; 9.7). O homem e a mulher deviam
gerar filhos tementes a Deus, no ambiente do lar. Deus vê a família cristã e a
criação de filhos, sob a convivência salutar doméstica, como uma alta
prioridade no mundo (ver Gn 1.28 nota). (4) Deus também ordenou que Adão e seus
descendentes sujeitassem a terra. Ele disse: “dominai sobre os peixes do mar, e
sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra” (Gn
1.28). Ainda no Jardim do Éden, a Adão foi confiada a responsabilidade de
cuidar do jardim e de dar nomes aos animais (Gn 2.15,19,20). (5) Note-se que
quando Adão e Eva pecaram por comerem do fruto proibido, eles perderam parte do
seu domínio sobre o mundo, a qual foi entregue a Satanás que, agora como “deus
deste século”, (2Co 4.4) controla este presente mundo mau (ver 1Jo 5.19 nota;
cf. Gl 1.4; Ef 6.12; ver o estudo A PROVIDÊNCIA DIVINA). Ainda assim,
Deus espera que os crentes cumpram o seu divino propósito quanto à terra, a
saber: cuidar devidamente dela; dedicar tudo dela a Deus e administrar sua
criação de modo a glorificar a Deus (cf. Sl 8.6-8; Hb 2.7,8). (6) Por causa da presença do pecado no mundo, Deus
enviou o seu Filho Jesus para redimir o mundo. A tarefa transcendente de
transmitir a mensagem do amor redentor de Deus foi confiada aos salvos, pois
foi a eles que Ele chamou para serem testemunhas de Cristo e da sua salvação,
até aos confins da terra (Mt 28.18-20; At 1.8) e para serem luz do mundo e sal
da terra (Mt 5.13-16).
Extraído da BEP.
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