À
semelhança de Eliézer, Isaque trazia consigo a impressão da piedosa influência
de seu pai. Isaque também foi construtor de altares e uma pessoa dedicada à
oração: “E apareceu-lhe o Senhor naquela mesma noite e disse: Eu sou o Deus de
Abraão, teu pai. Não temas, porque eu
sou contigo, e abençoar-te-ei, e multiplicarei a tua semente por amor de
Abraão, meu servo. Então edificou ali um altar, e invocou o nome do Senhor, e
armou ali a sua tenda; e os servos de Isaque cavaram ali um poço” (Gn
26.24,25).
Muito
pouco há escrito acerca das orações de Isaque, mas não paira dúvida sobre sua
íntima relação com Deus. Ele de fato conhecia o Deus de Abraão: ouvira-lhe a
voz, obedecera-lhe e experimentara suas bênçãos. Na realidade, presenciara
pessoalmente a intervenção divina no altar de seu pai, quando ele próprio era o
sacrifício. Isso, sem dúvida, o marcou para sempre. Nada
justificava nele alguma dúvida acerca da realidade de Deus. Que alicerce para a
oração eficaz! Afinal, “é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia
que ele existe e que é galardoador dos que o buscam” (Hb 11.6).
O
registro bíblico das orações de Isaque limita-se a uma única petição, mas isso não indica que lhe
faltasse experiência consistente de oração: “E Isaque orou
instantemente ao Senhor por sua
mulher, porquanto era estéril; e o Senhor ouviu
as suas orações, e Rebeca, sua mulher, concebeu” (Gn 25.21). A forma como
ele orou sugere mais do que uma petição casual. O vocábulo hebraico ‘atar, empregado nessa passagem com o
sentido de orar, em seu uso mais antigo está relacionado
a sacrifício. A oração de
Isaque não foi apenas um
pedido polido, ocasional — não! Ele aplicou-se intensamente nessa intercessão a favor de
Rebeca. O original hebraico também
indica rogos contínuos e repetidos,
feitos durante os vinte anos de
seu casamento até o nascimento dos gémeos. Em nenhum instante, no decorrer de todos aqueles anos, consta que ele desistiu.
A infertilidade de Rebeca
não era uma preocupação sem
importância para Isaque e muito menos
para ela, sobre quem tal condição impunha uma carga especialmente pesada. Naqueles dias, muita gente considerava a
esterilidade uma indicação do desagrado
divino. No mínimo, sua infertilidade a privava da maior ambição
de toda mulher hebréia — dar à luz um filho. E, para Isaque,
significava ser privado de um
herdeiro. A preocupação de Isaque era deveras semelhante à de seu pai, Abraão, quando este quase foi
ao desespero: “A mim não me concedeste
descendência, e um servo nascido na minha casa será
o meu herdeiro” (Gn 15.3
- ARA). Quando nos defrontamos
com
a paixão consumidora de Isaque, aprendemos uma lição muito significativa sobre como enfrentar os maiores problemas da
vida: a oração que recebe uma resposta divina é pessoal e intensa. Um interessante entendimento paralelo acha-se na frase “orou
instantemente ao Senhor
por sua mulher”. O sentido
literal dessas palavras é “diretamente na frente
dela”. Fica implícito que Isaque se
aliou a Rebeca, na súplica por um problema que lhes era comum. Isso introduz um princípio
de grande significado na oração: a concordância
de mais de uma pessoa (eram
só dois), em oração, aumenta grandemente a eficácia desta.
Pois, “também vos digo que, se dois
de vós concordarem na terra acerca de
qualquer coisa que pedirem,
isso lhes será feito por meu Pai, que está nos céus” (Mt 18.19).
Embora as Escrituras só façam
referência direta a uma oração de Isaque, no registro do Génesis há uma
declaração que sugere a prática da oração: “E Isaque saíra a orar no campo,
sobre a tarde” (Gn 24.63). Essa é a mais antiga referência à prática da
meditação nas Escrituras. (Nota.- Na versão inglesa usada pelo autor, bem como
em nossa versão atualizada - ARA - , em vez de “orar”, consta a palavra
“meditar”.)
Em várias passagens do Antigo
Testamento, o vocábulo “meditar” significa refletir sobre as obras e as
palavras de Deus. A meditação é um apoio substancial às nossas orações, pois
aguça a percepção do problema ou da necessidade, ao mesmo tempo que fixa a atenção em Deus e na
sua capacidade de intervir. Davi empreendeu esforço semelhante com a
meditação quando, diante de grande oposição, “se esforçou
no Senhor, seu
Deus” (1 Sm 30.6).
Extraído
do livro Teologia bíblica da oração.
Robert L. Brandt
e Zenas J. Bicket
Todos os
direitos reservados. Copyright © 2007 para a língua portuguesa da Casa Publicadora
das Assembléias de Deus. Aprovado pelo Conselho de Doutrina.
Título do original em inglês: The Spirit
Help Us Pray
Logion Press, Springfield, Missouri
Primeira
edição em inglês: 1993
Tradução:
João Marques Bentes
Revisão:
Gleyce Duque
Editoração:
Flamir Ambrósio
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