Como a Bíblia é praticamente silenciosa
acerca de qualquer oração feita por Adão e Eva, sugere-se que por um período de
tempo, seguindo-se à sua queda e expulsão do Éden, tenha cessado a invocação a
Deus: “A Sete mesmo também nasceu um filho; e chamou o seu nome Enos; então, se
começou a invocar o nome do Senhor” (Gn 4.26).
Parece ter havido alguma conexão entre o
nome dado por Sete a seu filho e o fato de as pessoas terem começado a invocar
o nome do Senhor, porquanto “Enos” significa “homem” ou “povo”, enfatizando que
as pessoas são mortais e limitadas. Tomara-se óbvio que a morte era o destino
comum da humanidade. As pessoas daquela geração já haviam tomado consciência de
suas limitações e da fragilidade da natureza humana. E talvez também já
tivessem se conscientizado de que havia empecilhos em seu relacionamento com
Deus. Essa conscientização é frequentemente a precursora tanto da busca como da
renovação espiritual. Foi exatamente este o caso de Sete, quando os homens
começaram a “invocar o nome do Senhor”. Temos aqui um princípio básico da
oração: o reconhecimento da necessidade que nos rodeia é o pré-requisito para
uma invocação significativa de Deus.
O original hebraico para o termo “invocar” significa não somente
buscar uma bênção no nome do Senhor, mas chamar-se a si próprio pelo nome do
Senhor. Coletivamente, isso implica cm reconhecer o propósito bom de Deus para
todos e tomar lugar com o seu povo.
Particularmente notório no fato de as pessoas começarem a
invocar “o nome do Senhor” é que o “Senhor”, neste caso, é Yahweh, o
nome pessoal de Deus, representativo do Pacto, que chama a atenção para sua
presença conosco. As consequências da oração estão diretamente relacionadas
àquEle a quem nossas orações são dirigidas. Compare-se, por exemplo, a oração
dos profetas de Baal com a oração de Elias:
E invocaram o nome de Baal, desde a manhã até ao meio-dia,
dizendo: Ah! Baal, responde-nos! Porém, nem havia uma voz, nem quem
respondesse; e saltavam sobre o altar que se tinha feito (1 Rs 18.26).
Sucedeu, pois, que, oferecendo-se a oferta
de manjares, o profeta Elias se chegou e disse: Ó Senhor, Deus de Abraão, de
Isaque e de Israel, manifeste-se hoje que tu és Deus em Israel, e que eu sou
teu servo, e que conforme a tua palavra fiz todas estas coisas. Responde-me,
Senhor, responde-me, para que este povo conhe ça que tu, Senhor, és Deus, e
que tu fizeste tornar o seu coração para trás. Então, caiu fogo do Senhor... (1
Rs 18.36-38)
Os profetas de Baal dirigiam suas orações
a uma invencionice humana, sem vida e sem poder — Baal. Mas Elias orou ao
Senhor Jeová ( Yahweh), o Deus auto-existente, eterno, aquEle que guarda
o Pacto e que fizera as promessas a Abraão, Isaque e Israel, bem como a todas
as famílias da Terra (Gn 12.3). A prática de invocar o nome do Senhor, que
começara com Sete, foi zelosamente levada
adiante por seu filho, Enos. E continuava
eficaz nos dias de Elias.
Extraído do
livro Teologia bíblica da oração.
Robert L. Brandt e Zenas
J. Bicket
Todos os direitos
reservados. Copyright © 2007 para a língua portuguesa da Casa
Publicadora das
Assembléias de Deus. Aprovado pelo Conselho de Doutrina.
Título do original em inglês: The Spirit Help Us
Pray
Logion Press, Springfield, Missouri
Primeira edição em
inglês: 1993
Tradução: João
Marques Bentes
Revisão: Gleyce
Duque
Editoração: Flamir
Ambrósio
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