JOÃO 14.1-7
EXTRAÍDO DO COMENTÁRIO BEACON.
Na casa de meu Pai há muitas moradas (recintos)
(2). Westcott observa que a palavra
“moradas” vem da Vulgata, mansiones, “que eram lugares de descanso, e
especialmente as ‘estalagens’ em uma grande estrada onde os viajantes
encontravam repouso”, sugerindo a idéia tanto de repouso como de
progresso. Bernard diz que estes são
“lugares de habitação”, não estalagens meramente temporárias em uma
jornada. No entanto, o fato de ser a
casa do Pai já diz o suficiente. “O lar de Deus (Mt 5.34; 6.1), o antítipo
eterno do Templo transitório em Jerusalém e da habitação do Pai e do Filho no
crente (14.23; 17.21), é espaçoso e tem muitos cômodos”. Com base na evidência de um excelente
manuscrito, a versão RSV em inglês —juntamente com Strachan, Bauer, Bernard e
Moffatt — traduz a parte restante do versículo 2 como uma pergunta: “Se não
fosse assim, eu vo-lo teria dito, vou prepararvos lugar?” A objeção a isto é
que “em nenhuma passagem no Evangelho Jesus disse que Ele irá ‘preparar
lugar”’.4
A promessa
aos seus discípulos foi: virei outra vez
(3; lit., “estarei vindo novamente”). A
principal referência é à segunda vinda. Mas ela também sugere um outro
pensamento: “Cristo está, desde o momento de sua ressurreição, vindo para o
mundo, para a igreja e para os homens como o Senhor ressurreto”. Pedro tinha
feito a pergunta: Senhor, para onde
vais? (13.36) A resposta de Jesus descreveu a fraqueza de Pedro (13.36) e a
sua negação (13.38), e também incluiu algumas promessas grandes e gloriosas
(14.1-3). Agora, em uma declaração conclusiva dirigida a todos os discípulos, o
Senhor responde categoricamente: Mesmo
vós sabeis para onde vou e conheceis o caminho (4).
(2) A
Pergunta de Tomé (14.5-7). A última declaração de Jesus dirigida à pergunta de
Pedro apenas levantou uma outra na mente de Tomé, que é descrito como “o tipo
daqueles que exigem ‘provas tangíveis e definições precisas”’. Ele perguntou: Senhor, nós não sabemos para onde vais e
como podemos saber o caminho?
(5)
Certamente, esta pergunta retirou de Jesus uma das declarações mais completas e
profundas que Ele já pronunciou com respeito a sua própria natureza: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida
(6). O Eu sou (ego eimi) é aqui
usado como uma metáfora, simultaneamente identificando Jesus com a divindade e
como a satisfação para as necessidades básicas do homem. Pode o homem perdido
achar um caminho? Cristo é o Caminho, o único Caminho, para Deus (cf. Hb
10.19-22).
“A estrada para Deus é o conhecimento da
verdade, e a regeneração, a iluminação e a posse da Vida. A Verdade e a Vida
não são abstrações ideais. Elas estão presentes de forma concreta no Filho
encarnado de Deus, que é tanto a Verdade
como a Vida”. Há uma espécie de exclusividade gloriosa sobre Cristo, o Caminho.
Ninguém vem ao Pai senão por mim (6). A
glória aqui não está na exclusão de qualquer outra. Antes, por ser quem Ele é,
e pelo que fez, o Caminho é um caminho universal. “Quem quiser tome de graça da
água da vida” (Ap 22.17; cf. Jo 3.16). Thomas à Kempis escreveu em adoradora
meditação: Sem o Caminho, não há como ir; sem a Verdade, não há o que saber;
sem a Vida, não há o que viver. Eu sou o Caminho que deveis seguir; a Verdade
que deveis crer; a Vida pela qual deveis ter esperança. Eu sou o Caminho
inviolável, a Verdade infalível, a Vida sem fim. Eu sou o Caminho que é o mais
reto, a Verdade que é a mais elevada, a Vida que é verdadeira, a Vida
abençoada, a Vida não criada. Se permanecerdes no meu Caminho, conhecereis a
Verdade, e a Verdade vos libertará, e tomareis posse da vida eterna. Embora
amassem a Jesus, Tomé e os outros não o tinham realmente “conhecido”. Com uma
reprovação gentil, Jesus disse: “Se tivésseis me conhecido, teriam tido um
conhecimento certo e seguro do Pai” (7, tradução literal).
E já desde agora marca “o momento da Paixão... A Revelação do
Pai não estaria completa até que Jesus tivesse removido a sua presença visível.
Somente depois disto é que os discípulos começaram a entender quanto Ele havia
revelado da natureza e do propósito de Deus”.
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