RETIRADO DA LBM DIGITAL CPAD.
O
tema desta semana traz um assunto que podemos considerar um exemplo das implicações
éticas para questões mais tensas da vida. Doar órgãos traz implicações éticas
inimagináveis. Por causa dos dogmas religiosos, ou da moral pré-estabelecida no
inconsciente do indivíduo, pessoas doarão sangue ou órgãos, ou não, e admitirão
que uma vida tenha a chance de salvar-se, ou não.
A partir
de um exemplo extremo poderíamos confabular o seguinte: se num mar você visse
uma pessoa se afogando, o que faria? Se você soubesse nadar, espera-se que
resgatasse a pessoa segundo sua capacidade de salvá-la; se você não soubesse
nadar, por certo buscaria a ajuda dos salva-vidas. Inadmissível seria vir a
pessoa afogando-se e não se fi zesse nada para salvá-la. A questão da doação de
órgãos é um imperativo ético. Nas desumanas fi las de esperas, encontram-se
inúmeras pessoas que não perderam a esperança de que o seu “salva-vidas”
apareça. Só quem passou sabe a dimensão da dor e do desespero desse drama. É
uma situação dramática!
Caro
professor, prezada professora, que tal abrir a aula desta semana com um
belíssimo texto do pastor Claudionor de Andrade, atual Consultor Teológico da
CPAD, uma “experiência viva” do assunto que estamos estudando? “No dia 24 de
maio de 2009, fui submetido a um transplante de fígado. Terminada a cirurgia, e
já na UTI, busquei saber quem era o meu doador. Vendo-me a ansiedade, o chefe
da equipe cirúrgica explicou-me que faz parte do protocolo não revelar ao receptor a identidade do doador. Pelo
menos, foi o que entendi. Naquele momento, restava-me agradecer a Deus.
Faltando-me palavra, orei pela família que, anônima e abnegada, permitiu que os
órgãos de seu ente querido viessem a salvar não apenas a mim, mas também outras
pessoas igualmente graves e crônicas. Sua decisão não deve ter sido fácil, mas
desabrochou amorosa e cristã. Até hoje, desconheço quem foi a pessoa, cuja
morte trouxe-me uma segunda chance de vida. Negra? Branca? Não importa. O amor
transcende etnias, línguas e fronteiras. Somos todos filhos de Adão e Eva. E,
nessa condição, não devemos ignorar nossos laços e dependências. Todos
precisamos uns dos outros. Ninguém consegue viver ilhado. O coração do negro
bate no peito do branco. E, no peito árabe, pulsa um coração judeu. O
transplante de órgãos é capaz de operar semelhantes milagres” (As Novas Fronteiras da Ética
Cristã, CPAD, pp.121,22).
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