UM ILUMINADO NÃO PODE ESTAR NAS TREVAS



- Tendo sido iluminado (particípio grego: photisthentas). Primeiramente, o autor de Hebreus mostra que o apóstata é alguém que anteriormente foi iluminado, mas renegou a sua nova vida em Cristo. O expositor Neil R. Lightfoot observa que essa iluminação é uma referência à conversão.  De fato, o autor novamente usa esse mesmo termo em Hebreus 10.32 para referir-se à experiência da conversão: "Lembrai-vos, porém, dos dias anteriores, em que, depois de iluminados, sustentastes grande luta e sofrimentos" (ARA). Aqui, o iluminado era alguém que se convertera e que, portanto, fazia parte da igreja. Por outro lado, o escritor Gerald F. Hawthorne busca na patrística, e não no contexto imediato de Hebreus, que "iluminados" seria uma referência ao sacramento do batismo, e não à conversão. Do mesmo modo, ele defende que a expressão "provaram o dom celestial" significaria que os crentes sobre os quais o autor de Hebreus refere-se teriam participado da ceia. A fraqueza dessa tese é que ela exporta para dentro do texto sentidos que são estranhos ao mesmo. O expositor Leon Morris destaca que, embora o termo "iluminado" seja usado neste sentido no segundo século, esse é, todavia, um uso tardio. Segundo Morris, o termo é mais bem interpretado "à luz do uso geral pelo qual aqueles admitidos à fé cristã são trazidos para aquela luz que é 'a luz do mundo' (Jo 8; 12; ver 2 Co 4.6, 2 Pe 1.19)". Assim como Morris, o Comentário Bíblico São Jerônimo destaca que o entendimento mais natural é ver "iluminados" como uma referência à iluminação dada pela fé em Cristo (2 Co.4.6) e "provaram o dom celestial" como uma metáfora de provar a salvação trazida por Jesus (Rm 5.15; 2 Co 9.15). Esse sentido é visto também pelo expositor William Lane, que destaca: "essas pessoas [Hb 6.4-6] haviam testemunhado 'o fato de que a salvação era a realidade inquestionável em suas vidas"'.

Extraído do livro: A supremacia  de  Cristo , Fé, esperança  e ânimo na carta aos Hebreus.
José Gonçalves.

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