I. O QUE É
RESSURREIÇÃO
1. Sentido
original. Duas
palavras gregas (anastasis e egeiró) definem
o termo ressurreição. Elas claramente indicam “tornar à vida”, “levantar-se”,
“erguer-se”, “despertar”, “acordar”.
2. Sentido
doutrinário. Ressurreição
é a outorga da vida ao que havia se extinguido fisicamente. E o ato do
levantamento daquilo que havia estado no sepulcro. Várias vezes nos deparamos
com a expressão “ressurreição dos mortos“ (1Co 15.12,13,21,42), que se refere a
uma ressurreição geral, de justos e ímpios. Porém, quando se refere aos justos,
a expressão no original é restritiva e se traduz por “ressurreição de entre os
mortos”. A expressão “de entre os mortos” quer dizer os mortos tirados do meio
de outros mortos.
II. CARÁTER GERAL DA RESSURREIÇÃO
1. No
Antigo Testamento. Vários
personagens importantes da história do Antigo Testamento demonstraram sua
confiança e crença na ressurreição. Abraão cria na ressurreição (Gn 22.5, Hb
11.17-19); (Jó 19.25-27); um dos filhos de Coré, cantor, salmodiava sobre a
ressurreição (Sl 49.15); o profeta Isaías cria e profetizava sobre a ressurreição
(Is 26.19); Daniel, profeta e estadista, declarou sua crença na ressurreição
(Dn 12.2,3); e Oséias, um profeta destacado em Israel, fez o mesmo (Os 13.14).
2. No Novo
Testamento. A doutrina
da ressurreição foi declarada e ensinada por Jesus em seu ministério terrestre
(Jo 5.28,29; 6.39,40,44,54; Lc 14.13,14; 20.35,36). Ensinada e reafirmada pelos
apóstolos e os pais da Igreja primitiva (At 4.2). Em Atenas, na Grécia, Paulo
pregou a Jesus Cristo e Sua ressurreição (At 17.18). Repetiu isso, também, para
os filipenses (Fp 3.11), aos coríntios (1Co 15.20), aos tessalonicenses (1Ts
4.14-16), perante o governador Felix (At 24.15). O apóstolo João, não só
relatou o ensino de Cristo sobre a ressurreição, mas ele mesmo ensinou sobre o
assunto (Ap 20.4-6).
3. Alguns
exemplos bíblicos de ressurreições literais.
a) No
Antigo Testamento. A história
dramática da ressurreição do filho da mulher sunamita através da oração do
profeta Eliseu (2 Rs 4.32-37). Há um caso posterior mais impressionante. O
profeta Eliseu já havia morrido e sido sepultado, e um grupo de moabitas, para
fugir de uma perseguição inimiga, lançou o seu morto na cova onde estavam os
restos mortais de Eliseu. Ao tocar os ossos do profeta o morto reviveu e se
levantou sobre seus pés (2 Rs 13.20,21).
b) No Novo
Testamento. Os
exemplos são numerosos, começando pelo ministério pessoal de Jesus Cristo: a
filha de Jairo (Mt 9.24,25); o filho de uma viúva de Naim (Lc 7.13-15); seu
amigo Lázaro, em Betânia, irmão de Maria e Marta (Jo 11.43,44). Ele mesmo
venceu a morte depois de três dias no sepulcro (Lc 24.6) e, para confirmar Sua
vitória sobre a morte, alguns corpos de santos mortos anteriormente,
ressuscitaram e foram vistos em Jerusalém (Mt 27.52,53). Mais tarde, entre os
apóstolos, Pedro orou ao Senhor e fez reviver a Dorcas (At 9.37,40,41).
III. TIPOS DE RESSURREIÇÃO
1.
Nacional. É, em
linguagem metafórica, a restauração e renovação do povo de Israel em termos
políticos, materiais e espirituais (Dt 4.23-30; 28.62-64; Lv 26.14-25; Ez
11.17; 36.24; 37.21; Jr 24.6; Ez 36.24,28). O cumprimento cabal da profecia
relativa à ressurreição nacional acontecerá na vinda pessoal do Messias, o
Senhor Jesus Cristo (Zc 14.1-5).
2.
Espiritual. Refere-se
também metaforicamente a um renascimento espiritual dos que, tendo estado
mortos em delitos e pecados (Ef 2.1) foram vivificados espiritualmente (Rm
6.4). Há, no entanto, um sentido literal dessa ressurreição, no que tange à
ressurreição corporal. Porém, o aspecto físico da ressurreição diz respeito aos
corpos levantados das sepulturas, os quais sofrerão uma metamorfose. Isto é:
uma transformação do físico para o espiritual (1Co 15.52; 1Ts 4.13-17).
3. Física. Precisamos distinguir esse tipo de ressurreição
sob dois ângulos: o temporal e o escatológico. No sentido temporal, temos o
exemplo de pessoas que morreram, foram sepultadas, e pelo poder de Deus
ressuscitaram; posteriormente, voltaram a morrer (2 Rs 4.32-37; Mt 9.24,25). No
sentido escatológico, tanto os justos quanto os ímpios vão ressuscitar
fisicamente. Os justos levantar-se-ão dos seus sepulcros na vinda do Senhor
(1Co 15.44,52; Jo 5.29). Os ímpios se levantarão, não com os santos, mas no fim
de todas as coisas, no Juízo Final (Ap 20.11-15).
IV. EXPLICANDO A RESSURREIÇÃO DOS JUSTOS E A DOS ÍMPIOS
1. A
primeira ressurreição.
a) O
tempo. Divide-se
em três fases distintas. A primeira fase refere-se à ressurreição de Cristo e
de muitos santos do Antigo Testamento, identificados como as “primícias dos
mortos” (1Co 15.20; Mt 27.52,53); Jesus e aqueles santos ressurretos são o
primeiro molho de trigo colhido (Lv 23.10-12; 1Co 15.23). Jesus foi o grão de
trigo que caiu na terra, morreu, e produziu muito fruto (Jo 12.24). Isto é:
aquele grupo de pessoas de Mt 27.52,53 foi a primícia, o primeiro molho. A
segunda fase refere-se à ressurreição dos mortos em Cristo na era
neotestamentária, a qual se efetuará no chamamento especial por ocasião da
volta do Senhor Jesus sobre as nuvens (1Co 15.51,52; 1Ts 4.14-17). A terceira
fase da primeira ressurreição refere-se àqueles mortos no período da Grande
Tribulação, os quais são chamados de “mártires da Grande Tribulação”. Refere-se
ao restolho da ceifa, isto é, as respigas da colheita (Ap 6.9-11; 7.9-17;
14.1-5; 20.4,5).
b) A
natureza dos corpos ressurretos. Não
importa como os corpos foram sepultados, se em covas na terra, ou no fundo dos
mares e rios, ou queimados. Na realidade, os mesmos corpos mortos serão
ressuscitados. No caso dos mortos em Cristo, seus corpos serão transformados
(1Co 15.35-38), iguais ao corpo ressurreto de Cristo (Fp 3.21).
2. A
segunda ressurreição.
a) O
tempo. Já sabemos
que Jesus distinguiu duas ressurreições: a dos justos e a dos ímpios (Jo
5.28,29). Alguns intérpretes entendem a ressurreição dos mortos como um só
evento, num mesmo tempo. Declaram que a única distinção é que “uns ressuscitam
para a vida” e outros “para a perdição”. Entretanto, essa teoria é largamente
refutada. Na verdade, o tempo da segunda ressurreição acontecerá no fim de
todas as coisas, após o período do Milênio na Terra, quando haverá o Juízo
Final diante do Grande Trono Branco (Hb 4.13).
b) A
natureza dos corpos ressuscitados dos ímpios. Quanto à ressurreição o processo será o mesmo
que o dos justos. Seus corpos terão todas as partículas físicas reunidas e
transformadas em corpos espirituais, mas sem qualquer glória. À semelhança dos
justos no Hades, as almas
e espíritos se unirão aos seus corpos sepultados para serem julgados por suas
obras (Ap 20.12; Dn 12.2). Nenhuma glória, nenhuma beleza, mas totalmente
inglório, para que sejam prestadas as contas perante o Supremo Juiz (Hb 4.13;
Rm 2.5,6; Hb 9.27).
c) O
estado final dos ímpios. Na
verdade, os ímpios ressuscitarão para uma “segunda morte”, Ap 21.8. Essa
“segunda morte” não significa aniquilamento, mas banimento da presença de Deus
(2Ts 1.9). Esse banimento implica que todos os ímpios serão lançados no Geena,
chamado “Lago de Fogo” (Mt 25.41,46), que arde continuamente com fogo
inapagável — o tormento eterno (Ap 14.10,11).
CONCLUSÃO
A
esperança da Igreja está baseada na ressurreição de Cristo. Sua morte e
ressurreição são a garantia total de que Ele voltará. Sua vitória sobre a morte
foi com glória, triunfo e poder.
Fonte: Lições Bíblicas CPAD 1998 3º Trimestre — Jovens e Adultos
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