I. OS CRISTÃOS POBRES DE JERUSALÉM
1. O papel da Igreja na sociedade. O objetivo principal da Igreja é glorificar a
Deus: “Quer comais, quer bebais ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para
a glória de Deus” (1Co 10.31). Alguém pode perguntar: “A tarefa principal da
Igreja não é a evangelização?”. A resposta é afirmativa. Isso, porém, é
consequência do glorificar a Deus. A atividade da Igreja se direciona em dois
sentidos: vertical — adoração, atividades espirituais; horizontal — servir ao
próximo, atividades filantrópicas e sociais. Por isso Deus estabeleceu ministérios
na Igreja.
2. O reconhecimento dos gentios
(v.27). Os gentios deviam se sentir
endividados espiritualmente com os judeus; afinal Jerusalém era a igreja-mãe.
Como nós, no Brasil, reconhecemos os nossos pioneiros suecos, e temos uma
admiração profunda pela Suécia, a nossa mãe, que nos enviou os primeiros
missionários. Assim também, os gentios tinham um apreço especial pelos irmãos
judeus de Jerusalém.
3. Jerusalém e suas necessidades. Agora, a igreja de Jerusalém padecia
necessidades. O apóstolo Paulo era um homem muito cuidadoso. Tudo o que fazia,
o fazia com dedicação e empenho (Ec 9.10). Seu cuidado com as igrejas não se
restringia apenas ao plano espiritual. Paulo, sabendo dessa necessidade,
levantou ofertas na Macedônia, na Acaia (v.26; 2Co 8.1), em Corinto e na
Galácia (1Co 16.1-3; 2Co 8.6-11; 9.1-5), para suprir as necessidades dos irmãos
pobres de Jerusalém.
4. Objetivo de Paulo. O apóstolo Paulo via a necessidade de unir as
igrejas gentias com a de Jerusalém. Os gentios ainda eram vistos com suspeitas
por causa dos costumes judaicos. Essa oferta era um gesto espontâneo baseado no
amor fraternal, e com isso levava os gentios a reconhecerem sua dívida
espiritual com Jerusalém. Não era uma inovação, pois, cerca de 11 anos antes,
juntamente com Barnabé, Paulo levou uma oferta para os necessitados de
Jerusalém (At 11.30).
II. A NECESSIDADE ATUAL
1. “Ministrar aos santos” (v.25). Essa expressão diz respeito ao serviço social
prestado pelo apóstolo aos irmãos pobres de Jerusalém. Ministério significa
serviço. Deus incluiu entre os ministérios dados à Igreja, o serviço social:
“Ou o que exorta, use esse dom em exortar; o que reparte, faça-o com
liberalidade; o que preside, com cuidado; o que exercita misericórdia, com
alegria” (Rm 12.8). “...depois, dons de curar, socorros, governos, variedades
de línguas” (1Co 12.28).
2. Mazelas sociais. Jesus disse: “Porque sempre tendes os pobres
convosco, e podeis fazer-lhes bem, quando quiserdes” (Mc 14.7). Hoje se fala
dos meninos e meninas de ruas juntamente com os idosos abandonados, da
prostituição infantil, das frequentes invasões de terra, do desemprego e de
outras mazelas. O que a Igreja tem feito para aliviar o sofrimento dessa gente?
É bom lembrar que desde o princípio do mundo que os trabalhos filantrópicos estiveram
sempre ligados à religião (Tg 1.27).
3. Pão para quem tem fome. Não podemos ficar alheios ao sofrimento do
próximo (1Jo 3.17). Convém lembrar que uma cesta básica não resolve o problema
do pobre. O problema é resolvido à medida que essas pessoas forem absorvidas no
mercado de trabalho, ganhando seu pão com o suor do seu rosto. A cesta básica é
um paliativo até que essas pessoas consigam emprego. O que não se deve é
despedir sem nada o necessitado. Tiago chama esse procedimento de fé morta (Tg
2.14-17).
III. A FILANTROPIA NA BÍBLIA
1. A filantropia. A palavra significa “humanitário, amigo da
humanidade”, e vem do grego filos, “amigo” e anthropos, “homem”. Ora, se os que não têm esperança estão
sempre dispostos a ajudar a seu próximo, por que não nós, que somos filhos da
luz? O cristão tem inclinação para ajudar os pobres e necessitados, porque ele
é “participante da natureza divina” (2Pe 1.4).
2. Desde Moisés. O assunto da filantropia vem desde Moisés e
perpassa toda a Bíblia. Jesus deu o exemplo de filantropia numa época em que
não havia infraestrutura e nem organização estatal. Quando falamos de trabalhos
sociais e filantrópicos queremos mostrar as várias maneiras pelas quais a
Igreja procura socorrer os pobres nas suas necessidades. Como o pecado é a
causa primária dessa miséria, enquanto o mundo subsistir, estas coisas estarão
presentes.
3. No Cristianismo. Não demorou muito para que os serviços
sociais surgissem na Igreja. Os apóstolos delegaram esses trabalhos aos irmãos
vocacionados, de boa reputação, cheio do Espírito Santo e de sabedoria. Os
apóstolos deram, assim importância a essa atividade, não ficando alheios aos
problemas dos necessitados. Isso está muito claro em Atos 6.1-6, quando houve a
separação de crentes para o diaconato, a fim de servirem nesse ministério.
IV. AS BÊNÇÃOS DE DEUS
1. Comunicar e comunicação. O apóstolo Paulo costuma usar o verbo
“comunicar” ou o substantivo “comunicação” com referência ao ato de o cristão
compartilhar o que tem com os demais (2Co 8.4; Fp 4.15). A Versão
Almeida Atualizada usa o verbo “associar”. Isso diz respeito à ajuda
aos necessitados (Hb 13.16) e também à ofertas ou ao sustento missionário (Fp
4.15).
2. Deus promete retribuir. Quem ajuda ao necessitado, Deus o abençoa
(2Co 9.8-12). Temos a promessa de Deus de uma boa colheita — salário abençoado.
Por isso, Jesus disse que é melhor dar do que receber (At 20.35). Jesus
garantiu que quem assim faz, de maneira nenhuma perderá o seu galardão (Mt
10.42).
3. A omissão dessa responsabilidade é
pecado. Deus abençoa, tanto no sentido
espiritual como no material aos que ajudam os necessitados. Ele aumenta os bens
materiais para que também aumente as condições de ajuda aos necessitados. Quem
dá ao pobre empresta a Deus (Pv 19.17). Qualquer omissão diante desta
responsabilidade espiritual, que pesa sobre a Igreja, pode resultar em graves
consequências. A Bíblia diz que o “que retém o trigo, o povo o amaldiçoa” (Pv
11.26).
4. A caridade fraternal. Infelizmente ainda há igrejas que continuam
insensíveis às necessidades do pobre e aos serviços sociais. Dão muita ênfase à
guerra espiritual, ao mundo invisível, mas não se importam com o mundo visível.
Não devemos nos esquecer da hospitalidade, dos presos e dos maltratados (Hb
13.1-3).
CONCLUSÃO
A generosidade cristã não deve se
restringir apenas aos trabalhos filantrópicos. Deve ser extensivo ao trabalho
de Deus, nos dízimos e nas ofertas, para a expansão do reino de Deus. O ex
primeiro ministro de Israel, Ben Gurion, disse certa vez que Israel vive dos missim e nissim, jogo de palavras hebraicas que
significa: “impostos e milagres”. A obra de Deus se faz com recursos
financeiros — dízimos e ofertas —, e com os milagres. A igreja de Filipos tinha
essa visão e não se esqueceu do apóstolo Paulo. O apóstolo ficou deveras
agradecido aos filipenses pela lembrança e pela ajuda (Fp 4.14-19).
Fonte: Lições Bíblicas CPAD 1998 2º Trimestre —
Jovens e Adultos
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