I. O QUE É O
TRIBUNAL DE CRISTO
O apóstolo
Paulo descreve em 1Co 3.9-15, o cristão como um construtor que usa vários tipos
de materiais numa construção. Assim, no sentido espiritual, o valor do seu
trabalho vai depender dos materiais que usará para construir sua obra. Paulo
adverte: “cada um veja como edifica” (1Co 3.10). A construção do cristão
precisa ser feita sobre um fundamento eficaz e correto, e com materiais de
qualidade que dêem sustentação à sua vida espiritual.
Duas
palavras distintas na língua original do Novo Testamento esclarecem bem o
sentido da palavra tribunal: criterion, conforme
está em Tg 2.6 e 1Co 6.2,4; e bimá,
encontrada em 2Co 5.10, (também em Ne 8.4). O termo criterion significa “instrumento ou meio para provar ou
julgar qualquer coisa”. Ou seja: “a regra pela qual alguém julga”, ou “o lugar
onde se faz um juízo”, o tribunal de um juiz ou de juízes. O termo bimá comumente significa uma “plataforma ou um
banco de assento onde o juiz julga”. Havia naqueles tempos tribunais militares
e, também, o tribunal (bimá ou
assento) da recompensa, especialmente utilizado nos jogos gregos de Atenas. Os
atletas vencedores eram julgados perante o juiz da arena e galardoados por suas
vitórias.
II. ASPECTOS GERAIS DO TRIBUNAL DE CRISTO
1. O
tempo. É lógico
que o tribunal não pode acontecer logo após a morte de qualquer cristão. Ele se
dará por ocasião de um tempo especial e determinado depois do arrebatamento da
Igreja.
2. O
lugar. Não há
texto específico que declare o local, mas o contexto bíblico indica que, uma
vez a Igreja arrebatada até as nuvens, nos céus, a instalação do tribunal de
Cristo, inevitavelmente, terá de ser no céu, nas regiões celestiais.
3. Os
julgados. Quem será
julgado no tribunal? Quais são os sujeitos desse tribunal? Indubitavelmente, as
pessoas julgadas nesse tribunal são os santos remidos por Cristo. O texto de
2Co 5.1-10 fala daqueles que lutam nesta vida para alcançarem o privilégio de
serem revestidos de uma habitação espiritual no céu. Não haverá discriminação
nesse lugar. Só entrarão os salvos, os remidos. Não haverá lugar nesse tribunal
para julgamento condenatório.
4. O juiz. O apóstolo Paulo declara que o exame das obras
dos crentes será realizado perante o Filho de Deus (2Co 5.10). O próprio Jesus
falou que todo o juízo é colocado nas mãos do Filho de Deus. Faz parte da
exaltação de Cristo depois de Sua conquista no Calvário receber do Pai toda a
autoridade e poder para julgar.
III. COMO PROCEDERÁ O TRIBUNAL DE CRISTO
1. A forma
do exame. E claro
que não se trata de examinar quem será salvo ou não. A salvação do crente
implica no ato especial da misericórdia divina mediante a aceitação da obra
expiatória de Cristo e a sua manutenção enquanto ele estiver neste mundo. Todo
crente está livre do Juízo se permanecer fiel até o fim (Rm 8.1; Jo 5.24; 1 Jo
4.17). Então, o julgamento não tratará da questão do pecado, de condenação, uma
vez que o pecado já foi abolido na vida do crente e, por isso, ele estará no
céu.
2. Os
materiais da obra de cada crente (1Co 3.12). O apóstolo Paulo mencionou seis diferentes
materiais que, figurativamente, representam os elementos que empregamos na
construção de nossa vida cristã. Os materiais são indicados como ouro, prata,
pedras preciosas, madeira, feno e palha. Os três primeiros são resistentes ao
fogo do julgamento de Cristo. Os três últimos são frágeis e não resistem ao
juízo de fogo.
3. A obra
de cada um será provada (1Co 3.13-15). O tribunal de Cristo avaliará os materiais que
temos utilizado na construção do edifício da nossa vida cristã. As obras feitas
com madeira, feno e palha serão manifestas naquele dia, e o galardão será
consoante à avaliação divina. Os materiais de madeira, feno e palha são
inflamáveis e perecíveis, por isso, tudo o que for construído com eles não
subsistirá.
4. O juízo
que determinará a qualidade das obras feitas (2Co 5.10). As obras praticadas pelo crente serão
submetidas ao julgamento naquele dia para se determinar se são boas ou más. A
palavra “mal” na língua grega aparece como kakos ou poneros, e ambas
significam aquilo que é eticamente mal. Porém, a palavra poneros, além de
denotar maldade, tem o sentido de se estar praticando alguma coisa de total
inutilidade. Portanto, o que Paulo entendia como obras más era a prática de
coisas sem utilidade alguma, feitas com materiais espiritualmente imprestáveis.
IV. EXAME FINAL NO TRIBUNAL DE CRISTO
No texto
de 1Co 3.14,15 está declarado que haverá dois resultados finais do exame (a
prova do fogo) das obras manifestas: o recebimento e a perda da recompensa.
1. Perda da
recompensa. Esse fogo
nada tem a ver com o fogo do Geena. O fogo
do tribunal de Cristo é figura da luz que revela as impurezas, ou seja, a
purificação. Portanto, as obras feitas por impulso carnal e para a ostentação
da carne não suportarão o calor do fogo de Deus, por mais bonitas que sejam,
serão desaprovadas.
2.
Obtenção da recompensa. As obras
praticadas com materiais indestrutíveis na prova do fogo serão dignas da
recompensa final. O Novo Testamento apresenta várias recompensas, mas destaca
algumas relativas às atividades especiais. O próprio Senhor Jesus, Juiz desse
tribunal, é quem fará a entrega dos prêmios, galardões, recompensas (2Co 9.6).
Ele declara a João, na ilha de Patmos, dizendo: “O meu galardão está comigo
para dar a cada um segundo as suas obras” (Ap 22.12). O apóstolo Paulo declara,
também, que todo crente receberá o seu louvor (elogio) da parte de Deus (1Co
4.5).
3. Tipos
de recompensas. O Novo
Testamento usa uma linguagem especial dos tempos do primeiro século da era
cristã relativa ao tipo de galardão que os vencedores das olimpíadas gregas e
romanas recebiam como prêmio. Havia coroas de vários materiais representando o
tipo de vitória conquistada por aqueles vencedores (1Co 9.24,25).
a) A coroa
da vitória (1Co 9.25). A vida
cristã se constitui numa batalha espiritual contra três inimigos terríveis: a
carne, o mundo e o Diabo. Esta coroa é denominada, também, como coroa
incorruptível, porque se refere à conquista do domínio do crente sobre o velho
homem.
b) A coroa
de gozo (1Ts 2.19; Fp 4.1). A palavra
gozo significa prazer, alegria, satisfação. Uma das atividades cristãs que mais
satisfazem o coração do crente é o ganhar almas. Isto é, praticar o evangelismo
pessoal e ganhar pessoas para o reino de Deus. Na busca do gozo nesta vida,
nada é comparável ao de salvar almas para Cristo, livrando-as da perdição
eterna. Por isso, quem ganha almas, sábio é (Pv 11.30; Dn 12.3).
c) A coroa
da justiça (2Tm 4.7,8). É o prêmio
dos fiéis, dos batalhadores da fé, dos combatentes do Senhor, os quais vencendo
tudo, esperam a Sua vinda.
d) A coroa
da vida (Ap 2.10; Tg 1.12). Não se
trata da simples vida que temos aqui. Essa coroa é um prêmio especial porque
implica conquista de um tipo de vida superior à vida terrena, ou à simples vida
espiritual, como a tem os anjos. É a modalidade de vida conquistada mediante a
obra expiatória de Cristo Jesus — a vida eterna. E o galardão da fidelidade do
crente.
e) A coroa
de glória (1 Pe 5.2-4). Certos
eruditos na Bíblia entendem que esta coroa é o galardão dos ministros fiéis que
promoveram o reino de Deus na Terra, sem esperar recompensa material.
CONCLUSÃO
A lição
maior que aprendemos acerca do tribunal de Cristo consiste em atentarmos
diligentemente para a nossa responsabilidade individual como cristãos no que se
refere às ações tanto as de caráter social quanto as espirituais praticadas em
benefício do reino de Deus.
Fonte: Lições Bíblicas CPAD 1998 3º Trimestre — Jovens e Adultos
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