I. O DILEMA
EXISTENCIAL HUMANO
Toda
criatura humana enfrenta esse dilema. Não foi sua escolha vir ao mundo, mas não
consegue fugir à realidade do fim de sua existência. O dilema existencial
resulta da realidade da morte que tem que ser enfrentada. Em Eclesiastes, o
pregador diz: “Todos vão para um lugar; todos são pó e todos ao pó voltarão”,
Ec 3.20,21. São palavras da Bíblia e não de nenhum materialista contemporâneo.
Quanto à realidade da vida e da morte, o homem é, dentro da criação, o único
que sabe que vai morrer. Analisemos alguns sistemas filosóficos os quais
discutem esse assunto.
1.
Existencialismo. Seu
interesse é, essencialmente, com as questões inevitáveis de vida e morte.
Preocupa-se com a vida, mas reconhecem a presença da morte constante na
existência humana. Os seus filósofos vêem a morte como o fim de uma viagem ou
como um perpétuo acompanhante do ser humano desde o berço até a sepultura. Para
eles, a morte é um elemento natural da vida.
Ora, essas
idéias são refutadas pela Bíblia Sagrada. A morte nada tem de natural. É algo
inatural, impróprio e hostil à natureza humana. Deus não criou o ser humano
para a morte, mas ela foi manifestada como juízo divino contra o pecado (Rm
1.32). Foi introduzida no mundo como castigo positivo de Deus contra o pecado
(Gn 2.17; 3.19; Rm 5.12,17; Rm 6.23; 1Co 15.21; Tg 1.15).
2.
Materialismo. Não admite
as coisas espirituais. Do ponto de vista dos materialistas, tudo é matéria.
Entendem que a matéria é incriada e indestrutível substância da qual todas as
coisas se compõem e à qual todas se reduzem. Afirmam ainda que, a geração e a
corrupção das coisas obedecem a uma necessidade natural, não sobrenatural, nem
ao destino, mas às leis físicas. Portanto, o sentido espiritual da morte não é
aceita pelos materialistas.
O cristão
verdadeiro não foge à realidade da morte, mas a enfrenta com confiança no fato
de que Cristo conquistou para Ele a vida após a morte — a vida eterna (Jo
11.25).
3.
Estoicismo. Os
estóicos seguem a idéia fatalista que ensina que a morte é algo natural e
devemos admiti-la sem temê-la, uma vez que o homem não consegue fugir do seu
destino.
4.
Platonismo. O filósofo
grego Platão ensinava que a matéria é má e desprezível, só o espírito é que
importa. Porém, não é assim que a Bíblia ensina. O corpo do cristão, a despeito
de ser uma casa material, temporária e provisória, é templo do Espírito Santo
(1Co 3.16,17). Somos ensinados a proteger o corpo para a manifestação do
Espírito de Deus.
II. DEFINIÇÃO BÍBLICA PARA A MORTE
1. O
sentido literal e metafórico da palavra morte.
a) Separação. No grego a palavra morte é thanatos que quer dizer separação. A morte separa as
partes materiais e imateriais do ser humano. A matéria volta ao pó e a parte
imaterial separa-se e vai ao mundo dos mortos, o Sheol-Hades, onde jaz
no estado intermediário entre a morte e a ressurreição (Mt 10.28; Lc 12.4; Ec
12.7; Gn 2.7).
b) Saída
ou partida. A morte
física é como a saída de um lugar para outro (Lc 9.31; 2Pe 1.14-16).
c)
Cessação. Cessa a
existência da vida animal, física (Mt 2.20).
d)
Rompimento. Ela rompe
as relações naturais da vida material. Não há como relacionar-se com as pessoas
depois que morrem. A idéia de comunicação com pessoas que já morreram é uma
fraude diabólica.
e)
Distinção. Ela
distingue o temporal do eterno na vida humana. Toda criatura humana não pode
fugir do seu destino eterno: salvação ou perdição (Mt 10.28).
2. O
sentido bíblico e doutrinário da morte.
a) A morte
como o salário do pecado (Rm 6.23). O pecado, no contexto desse versículo, é
representado pela figura de um cruel feitor de escravos que dá a morte como
pagamento. O salário requerido pelo pecado é merecidamente a morte. Como
pagamento, a morte não aniquila o pecador. A verdade que a Bíblia nos comunica
é que a morte não é a simples cessação da existência física, mas é uma
conseqüência dolorosa pela prática do pecado, seu pagamento, a sua justa
retribuição. Quando morre, o pecador está ceifando na forma de corrupção aquilo
que plantou na forma de pecado (Gl 6.7,8; 2Co 5.10). Portanto, a morte física é
o primeiro efeito externo e visível da ação do pecado (Gn 2.17; 1Co 15.21; Tg
1.15).
b) A morte
é sinal e fruto do pecado. O homem
vive inevitavelmente dentro da esfera da morte e não pode fugir da condenação.
Somente quem tem a Cristo e o aceitou está fora dessa esfera. Só em Cristo o
homem consegue salvar-se do poder da morte eterna. Tiago mostra-nos uma relação
entre o pecado e a morte, quando diz: “Mas cada um é tentado, quando atraído e
engodado pela sua própria concupiscência. Depois, havendo a concupiscência
concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte”, Tg
1.14,15. O pecado, portanto, frutifica e gera a morte.
c) A morte
foi vencida por Cristo no Calvário. A resposta única, clara, evidente e
independente de quaisquer idéias filosóficas a respeito da morte é a Palavra de
Deus revelada e pronunciada através de Cristo Jesus no Calvário (Hb 1.1).
Cristo é a última palavra e a única solução para o problema do pecado e a
crueldade da morte (Rm 5.17).
III. TIPOS DISTINTOS DE MORTE
A Bíblia
fala de três tipos distintos de mortes: física, espiritual e eterna.
1. Morte
física. O texto
que melhor elucida esta morte é 2Sm 14.14, que diz: “Porque certamente
morreremos e seremos como águas derramadas na terra, que não se ajuntam mais”.
O que acontece com o corpo morto quando é sepultado? Depois de alguns dias,
terá se desfeito e esvaído como águas derramadas na terra. E isso que a morte
física acarreta literalmente.
2. Morte
espiritual. Este tipo
tem dois sentidos na perspectiva bíblica: negativo e positivo. No sentido
negativo, a morte pode ser identificada pela expressão bíblica “morte no
pecado”. E um estado de separação da comunhão com Deus. Significa estar debaixo
do pecado, sob o seu domínio (Ef 2.1,5). O seu efeito é presente e futuro. No
presente, refere-se a uma condição temporal de quem está separado da vida de
Deus (Ef 4.18). No futuro, refere-se ao estado de eterna separação de Deus, o
que acontecerá no Juízo Final (Mt 25.46).
No sentido
positivo é a morte espiritual experimentada pelo crente em relação ao mundo.
Isto é: a sua pena do pecado foi cancelada e, agora vive livre do domínio do
pecado (Rm 6.14). Quanto ao futuro, o cristão autêntico terá a vida eterna. Ou
seja: a redenção do corpo do pecado (Ap 21.27; 22.15).
3. Morte
eterna. É chamada
a segunda morte, porque a primeira é física (Ap 2.11). Identificada como
punição do pecado (Rm 6.23). Também denominada castigo eterno. E a eterna
separação da presença de Deus — a impossibilidade de arrependimento e perdão
(Mt 25.46). Os ímpios, depois de julgados, receberão a punição da rejeição que
fizeram à graça de Deus e, serão lançados no Geena (Lago de Fogo) (Ap 20.14,15; Mt 5.22,29,30;
23.14,15,33). Restringe-se apenas aos ímpios (At 24.15). Esse tipo de morte tem
sido alvo de falsas teorias que rejeitam o ensino real da Bíblia.
CONCLUSÃO
A morte é
a prova máxima da fé cristã, que produz nos crentes uma consciência de vitória
(1Pe 4.12,13). Os sofrimentos e aflições dessa vida são temporais, e
aperfeiçoam nossa esperança para enfrentar a morte física, que se constitui num
trampolim para a vida eterna. Ela se torna a porta que se abre para o céu de
glória. Quando um cristão morre, ele descansa, dorme (2Ts 1.7). Ao invés de
derrota, a morte significa vitória, ganho (Fp 1.21). A Bíblia consola o cristão
acerca dos mortos em Cristo quando declara que a morte do crente “é agradável
aos olhos do Senhor”, Sl 116.15. Diz também, que morrer em Cristo é estar
“presente com o Senhor”, 2Co 5.8.
Fonte: Lições Bíblicas CPAD 1998 3º Trimestre — Jovens e Adultos
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