I. CONCEITOS
IMPORTANTES
1. Origem
da expressão. Bem-aventurança
significa “grande felicidade, a glória, a felicidade perfeita”. A palavra vem
do grego makarismós, com o
sentido de “felicidade”.
2.
Bem-aventurado. Vem do
grego, makários,
identificando um indivíduo feliz, bem-aventurado, “livre de sofrimentos e
preocupações”. Para os judeus, uma pessoa bem-aventurada deveria ser próspera
materialmente. Para o cristão, o conceito de bem-aventurança extrapola a ideia
dos gregos e dos judeus. O crente em Jesus pode ser feliz, alegre ou triste,
sorrindo ou chorando, desde que suas lutas sejam decorrentes da fidelidade ao
Senhor, e como pertencente ao Reino de Deus.
II. OS POBRES, OS QUE CHORAM E
OS MANSOS
1. Os
pobres de espírito (v.3). São
bem-aventurados os humildes de espírito, que se sentem sempre dependentes de
Deus. A eles pertence o Reino dos céus. Não se deve confundir com alguém que
seja fraco de espírito. No Sermão da Montanha, quer dizer uma pessoa que,
espiritualmente, é totalmente dependente de Deus, para a solução de seus
problemas. O pobre de espírito não é um alienado, que abdica de sua
personalidade, nem precisa viver como um monge. Tem o mesmo sentido do que
disse Davi: “Clamou este pobre e o Senhor o ouviu...” (Sl 34.6). Essas pessoas
são espiritualmente riquíssimas!
2. Os que
choram (v.4). Em
contraste com a visão do homem do mundo, que gasta milhões para rir, buscando a
felicidade, Jesus afirma que são muito felizes os que choram. São os que choram
por causas dos pecados e se arrependem; são os que choram, sentindo pelos
outros; esse choro traz alegria, paz e conforto; eles serão consolados (Ap
7.17).
3. Os
mansos (v.5). Neste
mundo, a ideia dominante é a de que uma pessoa mansa é fraca, por não agredir,
não revidar as ofensas. Na visão de Cristo, é diferente. O manso é uma pessoa
forte. É capaz de suportar com equilíbrio as afrontas, as calúnias, as
injúrias. Um fraco não suporta. É uma pessoa muito feliz. Aos mansos é
prometido que herdarão a terra, sem precisar invadir propriedades alheias.
III. OS FAMINTOS E SEDENTOS DE
JUSTIÇA, OS MISERICORDIOSOS E OS LIMPOS DE CORAÇÃO
1. Os
famintos e sedentos de justiça (v.6). Certo irmão pensava que esse versículo se
referia a pessoas que têm fome e sede de vingança. Mas não é isso que Jesus
ensinou. Quanto à vingança, a Bíblia diz que pertence a Deus (Rm 12.19). O que
Ele ensinou é que são felizes os que desejam a justiça de Deus; sua retidão.
Primeiro, para suas vidas (Rm 5.1). Depois, que os outros sejam abençoados pela
graça e pela justiça de Deus em suas vidas. A promessa é de que serão fartos.
2. Os
misericordiosos (v.7). No sentido
popular, misericórdia significa “compaixão suscitada pela miséria alheia”. No
Novo Testamento, o sentido tem a ver com alguém capaz de se colocar no lugar do
outro, sentindo sua dor, seu sofrimento. Os misericordiosos têm a promessa de
que alcançarão misericórdia. É preciso ter cuidado, pois o juízo será severo
contra quem não usa de misericórdia (Tg 2.13).
3. Os
limpos de coração (v.8). São muito felizes
os que têm o coração limpo e puro, ante o “Raio-X” de Deus, que é a sua
Palavra. Na Palavra de Deus, limpo de coração é aquele “que não entrega a sua
alma à vaidade, nem jura enganosamente” (Sl 24.4). Esses têm a promessa de que
verão a Deus.
IV. OS PACIFICADORES, OS
PERSEGUIDOS E OS INJURIADOS
1. Os
pacificadores (v.9). Estes são
os que promovem a paz. No grego paz é eirene e em hebraico, shalom. Na
Bíblia, a paz de Deus não significa apenas ausência de guerra, de problemas,
mas se refere a um estado de bem-estar pleno. A bem-aventurança dos
pacificadores contraria o espírito agressivo que domina o mundo presente. Em
muitas igrejas, há pessoas em guerra contra outras. Em muitos lares, há um
campo de batalha. Por quê? Simplesmente porque não dão lugar ao fruto do
Espírito Santo, que lhes dá paz (Gl 5.22). O pacificador é alguém que, antes de
tudo, tem paz em si mesmo. E é capaz de dar de comer e de beber ao inimigo (Rm
12.20). Esses serão chamados filhos de Deus.
2. Os
perseguidos (v.10). Como pode
ser muito feliz uma pessoa perseguida? Esta pergunta pode ser feita pela lógica
do homem natural. Notemos que a bem-aventurança é para os perseguidos “por
causa da justiça”. Hoje, fica difícil entender esse conceito ensinado por
Jesus. Os cristãos primitivos o entenderam muito bem. Foram crucificados,
entregues às feras, queimados vivos, amarrados aos postes, untados com óleo,
para servirem de “lâmpadas” no palácio de Nero. Os crentes, no início da
evangelização do Brasil, foram perseguidos por causa da justiça de Deus. Ainda
hoje, há quem sofra perseguição por causa do evangelho. A esses o Senhor
promete que “deles é o reino dos céus”. É preciso seguir o ensino de Jesus
sobre o que o mundo pode fazer conosco (Jo 15.18-20; ver 1 Pe 2.18-25).
3. Os
injuriados (v.11). Os
injuriados, no texto, são os perseguidos por algum tipo de agressão verbal,
acusados injustamente pelo fato de serem servos do Reino de Deus. Contra eles,
dizem todo o mal por causa de Jesus. Nos primórdios do evangelho pentecostal,
crentes eram acusados por padres de serem “comedores de crianças”, filhos do
Diabo, etc. Hoje, há quem sofra injúria e perseguição por ser crente em
repartições, em empresas, e, infelizmente, até algumas igrejas, por não
compartilharem das injustiças que o mundo perpetra contra a Igreja do Senhor.
Mas aos que permanecerem fiéis ao Rei Jesus, é prometido que o seu galardão é
grande nos céus.
CONCLUSÃO
As
bem-aventuranças, proclamadas por Jesus, se constituem uma das mais belas
páginas das Escrituras Sagradas. Nelas, vemos um elevadíssimo padrão
ético-espiritual, o qual, em conjunto com os demais ensinos do Sermão da
Montanha, ainda não foi alcançado por muitos que se dizem cristãos. É fácil
buscar felicidade no hedonismo ou no liberalismo. Difícil é ser feliz por ser
humilde, por chorar, ser manso, sedento de justiça, misericordioso, limpo de
coração, pacificador, perseguido e injuriado. Mas para cada um desses, há
promessas gloriosas, que só os vencedores por Cristo alcançarão.
Fonte Lições Bíblicas CPAD Ano 2000 2º Trimestre - Jovens e Adultos
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