I. ESCOLAS DE
INTERPRETAÇÃO
Existem
três escolas distintas de interpretação a respeito do arrebatamento da Igreja.
Elas abrem espaço para entendermos como e quando ocorrerá esse grandioso
evento.
1.
Pós-tribulacionista. Essa
escola interpreta que a Igreja remida por Cristo passará pela Grande
Tribulação.
2.
Midi-tríbulacionista. Ensina que
a Igreja entrará no período da Grande Tribulação até a sua metade. Seus
intérpretes se baseiam numa interpretação isolada de Dn 9.27, cujo texto fala
que depois do opressor firmar um concerto com Israel por uma semana, “na metade
da semana, fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares”.
3.
Pré-tribulacionista. Podemos
começar entendendo essa escola de interpretação com as palavras de Paulo aos
tessalonicenses, quando escreveu: “Porque Deus não nos destinou para a ira, mas
para a aquisição da salvação, por nosso Senhor Jesus Cristo”, 1Ts 5.9. Ensina
que o arrebatamento da Igreja ocorrerá antes que se inicie o período da Grande
Tribulação. É uma interpretação que honra as Sagradas Escrituras e ajusta-se
devidamente à esperança cristã da volta do Senhor nos ares.
II. DUAS PALAVRAS GREGAS RELATIVAS AO ARREBATAMENTO
Encontramos
várias palavras no grego do Novo Testamento relativas ao arrebatamento que
podem aclarar nosso entendimento acerca do arrebatamento. Destacaremos duas
palavras principais:
1. Parousia. Literalmente quer dizer “presença”, “chegada
rápida”, “visita”. É a palavra mais freqüentemente usada nas Escrituras para
descrever o retorno de Cristo, pois ocorre 24 vezes. Seu sentido é abrangente
porque não define apenas a volta de Cristo até ou sobre as nuvens, mas em
outras vezes se refere à Sua volta pessoal à Terra (1Co 15.23; 1Ts 2.19; 1Ts
4.15; 5.23; 2Ts 2.1; Tg 5.7,8; 2 Pe 3.4). Portanto, o sentido é geral e não
específico. A ênfase maior é dada à vinda corporal e visível de Cristo.
2. Epiphanéia. Literalmente significa “manifestação”, “vir à
luz”, “resplandecer” ou “brilhar”. O sentido é mais específico, porque se
refere especialmente à vinda sobre as nuvens. É a volta pessoal de Cristo à
Terra que acontecerá com uma manifestação visível e gloriosa (2Ts 2.8; 1Tm
6.14; 2Tm 4.6-8). Parousia é abrangente e pode referir-se tanto à vinda
de Cristo para a Igreja como para o mundo. Entretanto, epiphanéia é um termo que especifica a volta de Cristo à
Terra de modo mais direto, porque diz respeito à Sua manifestação pessoal ao
mundo.
3. A
diferença entre as duas etapas. Referente
ao arrebatamento, Cristo virá até ou sobre as nuvens (1Ts 4.17). Será de modo invisível
para a Terra, porque virá para os Seus santos nos ares. Em relação à
manifestação pessoal de Cristo na Terra, Ele virá sobre as nuvens, de modo
visível e com os seus santos (Cl 3.4).
No
primeiro evento, Cristo, pelo poder da Sua Palavra e com voz de arcanjo,
arrebatará, num abrir e fechar de olhos, a Igreja remida pelo Seu sangue (1Co
15.52). Esse arrebatamento acontecerá antes que venha o Anticristo e instale o
seu domínio sobre a terra por sete anos.
O segundo
evento da volta de Cristo acontecerá no final dos sete anos da Grande
Tribulação, quando Ele irá destruir o domínio do Anticristo e instalar seu
reino de mil anos (Ap 19.11; 20.1-60).
III. PARTICIPANTES DO ARREBATAMENTO DA IGREJA
1. O
próprio Senhor Jesus Cristo. Diz a
Escritura: “Porque o mesmo Senhor... descerá do céu” (1Ts 4.16). O apóstolo
Paulo dá ênfase ao senhorio de Jesus conquistado no Calvário quando diz : “o
mesmo Senhor”. Os vivos em Cristo e os mortos salvos receberão a ordem de
comando do próprio Senhor Jesus Cristo.
2. O
arcanjo. A tradução
do texto diverge na forma, mas não anula o fato, conforme está escrito: “à voz
do arcanjo” ou “com voz de arcanjo” (1Ts 4.16). O texto de Daniel indica que o
arcanjo Miguel participará do evento da segunda vinda de Cristo (Dn 12.1), mui
especialmente da epiphanéia, quando
Cristo, rodeado de exércitos celestiais, descerá sobre a Terra, no monte das
Oliveiras (Zc 14.3,4; Ap 1.6,7). Porém, no evento do arrebatamento da Igreja, a
participação do arcanjo será efetuada pela voz de comando e chamamento, a qual
será ouvida apenas pelos remidos.
3. Os
mortos em Cristo. Naquele
dia, os mortos e os vivos em Cristo ouvirão a voz de chamamento da trombeta do
Senhor pelo arcanjo, e “num abrir e fechar de olhos” (1Co 15.51,52), estarão na
presença do Senhor nos ares, com corpos glorificados. A palavra “mortos” diz
respeito aos santos que ressuscitarão com corpos transformados em corpo
espiritual (soma pneumatikon), enquanto que, os corpos dos ímpios
permanecerão em suas sepulturas até o dia do Juízo Final (Ap 20.12). Assim como
Cristo ressuscitou corporalmente, também, os crentes salvos ressuscitarão
corporalmente (Lc 24.39; At 7.55,56). Na lição referente à ressurreição
tratamos sobre a natureza dos corpos ressurretos.
4. Os
vivos preparados. O mesmo
poder transformador operado nos corpos dos que morreram no Senhor atuará nos
corpos dos crentes vivos naquele dia. Aos tessalonicenses, Paulo declarou:
“depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados” (1Ts 4.17); e aos
coríntios, também, disse: “nem todos dormiremos, mas todos seremos
transformados” (1Co 15.51). Quase que simultaneamente à ressurreição dos mortos
em Cristo naquele momento, os vivos em Cristo também ouvirão a voz do arcanjo,
e num tempo incontável, serão transformados e arrebatados ao encontro do Senhor
nos ares. Os corpos mortais serão revestidos de imortalidade, porque nada
terreno ou mortal poderá entrar na presença de Deus. Será o poder do espírito
sobre a matéria, do incorruptível sobre o corruptível (1Co 15.53,54). O
arrebatamento dos vivos implica livrá-los do período terrível da Grande
Tribulação.
IV. ELEMENTOS ESPECIAIS DO ARREBATAMENTO
Alguns
elementos especiais e misteriosos indicam a natureza e procedimento do
arrebatamento da Igreja na vinda do Senhor.
1.
Surpresa. Esse
elemento é rejeitado por alguns grupos que entendem que não haverá dois eventos
distintos: o arrebatamento da Igreja e a vinda pessoal de Cristo. Ora, o que a
Bíblia nos ensina é que, a Igreja, constituída pelos mortos e vivos em Cristo,
se encontrará nas nuvens com o Senhor. Se por alguns a idéia da surpresa é
rejeitada, uma grande maioria cristã prefere o que declara as Escrituras que
destacam o elemento surpresa (Tt 2.13; Mt 24.35,36,42-44; 25.13). Esse elemento
é fundamental porque a Igreja vive na esperança da vinda do Senhor.
2.
Invisibilidade (1Ts 4.17). Por que
será um evento invisível e para quem? Será invisível para o mundo material
porque os arrebatados serão constituídos somente dos transformados. A
transformação será tão rápida, que nenhum instrumento cronológico terá condição
de perceber ou marcar o tempo. Quando o crente conquistar esse corpo imaterial,
a matéria perderá totalmente sua força (1Co 15.43,44,49,51,53).
3.
Imaterialidade (1Co 15.42, 52,53). Na
verdade, a transformação que ocorrerá na vinda do Senhor será extraordinária e
gloriosa, pois o que é material se revestirá do imaterial, o corruptível do
incorruptível. Todas as limitações da matéria em nossos corpos serão anuladas
completamente, pois, literalmente, nossos corpos serão revestidos de
espiritualidade.
4.
Velocidade (1Co 15.52). Para
tentar explicar a velocidade do evento, Paulo usou o termo grego átomos, que
aparece no texto sagrado pela expressão “num momento”, cujo sentido literal é
indivisível (quanto ao tempo, aqui). A palavra átomos era usada para denotar “algo impossível de ser
cortado ou dividido”. Também encontramos outras expressões bíblicas para
denotar velocidade, tais como “abrir e fechar de olhos”, ou “o piscar de
olhos”. Mesmo em época avançada e de velocidade da cibernética e da tecnologia,
nada poderá contar e detectar o momento do milagre do arrebatamento da Igreja.
CONCLUSÃO
Estudar e
meditar sobre o arrebatamento da Igreja promove nos remidos a fé e a esperança
na vinda do Senhor. Não nos preocupemos demasiadamente com as várias teorias de
interpretação sobre o arrebatamento (se ocorrerá antes, no meio ou depois da
Grande Tribulação), permaneçamos, sim, atentos ao fato de que Jesus virá.
Devemos estar preparados para encontrar com o Senhor.
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