I. ELEMENTOS DO CULTO
1. “Rogo-vos” (v.1). No grego, o verbo é parakaleo, que vem de duas palavras: para, uma
preposição grega que significa “ao lado de”; e kaleo, o verbo “chamar”, traduzido no Novo
Testamento por “exortar, apelar, recomendar, solicitar”. Deus não está
exigindo, mas pedindo. Muitos expositores da Bíblia se surpreendem com essa
expressão. Disse um desses grandes expositores: “Surpreendente expressão vinda
de Deus! De um Deus contra o qual havíamos pecado, e sob cujo juízo estávamos”.
2. “Apresenteis o vosso corpo (v.1)”. O verbo “apresentar”, aqui, tem o sentido de
“oferecer”. É um ensino extraído dos sacrifícios que se ofereciam sobre o
altar, no culto levítico. O hebreu escolhia o melhor para sacrifício e uma vez
oferecido a Deus, tal oferenda era propriedade absoluta do Senhor.
3. Entrega total. É essa a analogia que o apóstolo faz no v.1,
com relação à nossa adoração a Deus. Deste modo o apóstolo exorta os crentes
para uma vida consagrada. O corpo é o invólucro da alma e do espírito, e é o
meio pelo qual revelamos o nosso interior (2Co 5.10). O mesmo corpo que no
passado era instrumento para o pecado, agora é o templo do Espírito Santo (1Co
3.16,17), para servir à justiça (Rm 6.13).
4. “Sacrifício vivo” (v.1). O culto bíblico apresenta pelo menos cinco
elementos: oração, cântico, leitura da Palavra de Deus, pregação com o
sobrenatural ou testemunho e ofertas (1Co 14.26; 16.1-3). A expressão
“sacrifício vivo” mostra o contraste com o serviço religioso externo de Israel
nos tempos do Antigo Testamento, pois era um ritual e praticado por força da
lei.
5. Culto. “Culto racional” é a adoração cristã, muito
diferente do culto do Antigo Testamento, onde se ofereciam criaturas
irracionais. A palavra “culto” é latreia, na língua grega do Novo Testamento e significa
“serviço sagrado, adoração”, de onde vem a palavra “liturgia”.
6. Racional. Do grego logikos, derivado do logos, “palavra, razão”, de onde vem a
nossa palavra “lógica”. Os principais dicionários de grego afirmam que logikos significa também espiritual. A Nova
Versão Internacional (NVI), no rodapé, coloca como opção a
tradução “culto espiritual”. Essa palavra só aparece mais uma vez no Novo
Testamento (1Pe 2.2), onde “leite racional” é traduzido por “leite espiritual”
na Versão Almeida Atualizada. Então, “racional”, aqui, não se
refere a racionalismo humanista, frio, sem vida e à parte de Deus, mas algo
espiritual. Isto é: culto espiritual, resultado da sabedoria e da inteligência
espiritual de Cl 1.9. Devemos oferecer a Deus um culto vivo e espiritual.
II. O MUNDO NÃO É PADRÃO PARA A IGREJA
1. O cristão e o mundo (v.2). As palavras gregas para “mundo” no Novo
Testamento grego são kosmos e aion. Ambas significam o mundo físico e também o
pecado.
a) Mundo físico. “Vós sois a luz do mundo [kosmos]” (Mt 5.13). “Pela fé entendemos que
os mundos [aion]
pela Palavra de Deus foram criados” (Hb 11.3).
b) Pecado. A palavra “mundo”, mencionada no (v.2), é aion, e refere-se ao pecado. Aion tem o sentido de “sistema de
coisas; século” e aparece, por exemplo, na expressão “deus deste século” (2Co
4.4).
2. “...mas transformai-vos” (v.2). A expressão “Não vos conformeis com este
mundo” significa que não devemos nos moldar ao mundo. A transformação de nossa
mente, e de nosso interior — transformação pelo Espírito Santo (2Co 3.18)
repele o modelo mundano. Por isso devemos nos transformar pela renovação de
nosso entendimento.
3. O que é mundanismo? Nenhum crente contesta o fato de que a Bíblia
condena o mundanismo. Isso é ponto inquestionável. Embora a palavra
“mundanismo” não se encontre na Bíblia, todavia, seu conceito sim. E tudo
aquilo que desagrada a Deus (Tg 4.4; 1Jo 2.15-16). O conceito de mundanismo nos
dias dos apóstolos, segundo informa a Enciclopédia Histórico-Teológica
da Igreja Cristã, consistia nos teatros, jogos e devassidão.
4. O mundanismo hoje. O mundanismo hoje está multiplicado em
relação aos tempos do Novo Testamento. Segundo a Bíblia de Estudo
Pentecostal, Satanás apresenta uma ideia mundana de moralidade, “das
filosofias, psicologia, desejos, governos, cultura, educação, ciência, arte,
medicina, música, sistemas econômicos, diversões, comunicação de massa,
esporte, agricultura, etc, para opor-se a Deus e ao seu povo, à sua Palavra e
aos seus padrões de retidão”.
5. O contexto. Tudo isso deve ser analisado à luz de seu
respectivo contexto. Não é pecado ser médico nem o crente estudar medicina. O
Diabo, porém, pode usar, como tem feito, a medicina para destruir os valores
cristãos: prática do aborto e da eutanásia, etc. A ciência, para o ateísmo. A
música, para o sensualismo. O mesmo pode acontecer na política, nos sistemas
econômicos, etc, mas nem por isso a Bíblia condena alguém ser músico,
cientista, político, empresário. Tudo depende do contexto e da finalidade.
6. A vontade de Deus. Geoffrey B. Wilson afirma com muita
propriedade que os três adjetivos “boa, agradável e perfeita” mostram que a
vontade de Deus é definida no “que é moralmente bom, prescreve o que é
agradável a Ele, e provê um padrão que é eticamente completo” (Mt 5.48).
Devemos influenciar o mundo para o bem e não sermos influenciados por ele, para
o mal.
III. O AMOR FRATERNAL
1. A fraternidade. A segunda parte de Romanos apresenta o mesmo
tom das exortações de Jesus no Sermão do Monte. O texto dos vv.9-21 trata do
amor fraternal, profundo, sincero e prático, sem hipocrisia, que deve reinar
entre os crentes. O amor, o respeito mútuo e a solidariedade constituem-se no
padrão para o Cristianismo.
2. O amor sincero. A partir do v.9 o apóstolo exorta os crentes
a observar alguns preceitos sociais, principalmente a comunhão fraternal. Quem
não ama ao seu próximo, não ama a Deus (1Jo 4.20). Esse amor deve ser sincero.
Isto é: em obras e em verdade, não só em palavras (1Jo 3.18). Essa era a
característica da Igreja no primeiro século (At 2.42-47).
3. Amar os crentes e os inimigos. A grandeza dessa passagem reside também no
fato de o apóstolo nos exortar a amar e a perdoar até mesmo os de fora
(vv.14,17-21). Isso já fora dito por Jesus no Sermão do Monte (Mt 5.42-48).
Devemos procurar essa convivência pacífica com todos, até onde for possível:
“Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens” (v.18).
IV. SOBRE A VINGANÇA
1. Não devemos retribuir mal por mal
(v.19). A vingança é prerrogativa de
Deus, que é o Juiz de toda a terra (Gn 18.25). Ele como justo Juiz (2 Tm 4.8),
além de soberano sabe fazer justiça. “Minha é a vingança; eu recompensarei, diz
o Senhor” (v.19) é uma citação de Dt 32.35. É difícil, mas é possível, com a
ajuda do Espírito Santo. Deus nos recompensará. Não é pecado requerer seus
direitos em juízo. O que não é cristão é um crente levar seu irmão a juízo por
questões litigiosas, causando escândalos, quando deveria levar tais coisas ao
pastor (1Co 6.1-8).
2. O exemplo de Jesus. Jesus fundou
um império pelo amor. Conquistou as almas pelo amor.
Se ele tivesse o nosso ressentimento não teria conquistado Saulo de Tarso, pois
o mesmo teve participação na morte de Estêvão (At 7.58: 8.1-3; 22.20). Por isso
que a nossa oração a Deus deve ser pela salvação de tais pessoas. Nada melhor
do que nosso testemunho e demonstração sincera de amor por elas. Isso fala tão
forte a ponto de muitos inimigos, oponentes, perseguidores e faladores se
converterem.
CONCLUSÃO
Vida consagrada envolve todo o nosso
ser e em todos os aspectos da vida. É uma entrega total ao Senhor que nos leva
a estarmos cada vez mais próximos dEle e, consequentemente, vivermos em amor
com os nossos irmãos em Cristo. Assim, teremos poder e graça para vencermos o
mundo. E mais do que isso, com o nosso testemunho de fidelidade ao Senhor,
conquistarmos os não-crentes para Cristo.
Fonte: Lições Bíblicas CPAD 1998 2º Trimestre —
Jovens e Adultos
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