“Um navio no porto está seguro, mas
os navios não foram construídos para isso. — John Shedd
David e Svea Flood, em 1921,
responderam ao chamado de Deus para o campo missionário e foram enviados ao
antigo Congo Belga, atualmente República Democrática do Congo, na África. Eram
membros da Igreja Pentecostal Filadélfia, em Estocolmo, Suécia, que enviava
missionários para o mundo todo. Era, inclusive, a Igreja dos missionários
Gunnar Vingren e Daniel Berg.
Ao chegarem ao Congo Belga,
juntamente com o filho David Jr., a família não foi recebida em nenhuma tribo
e, por isso, fizeram uma casa de barro, no meio da selva, e lá moraram. Pouco
tempo depois, Svea adoeceu de malária e também engravidou. O filho do casal
também ficou doente.
Por vários meses, Svea aguentou uma
febre muito forte, a ponto de causar-lhe alucinações. Durante todo esse tempo,
ela fielmente pregava para um menino. Ele vinha de uma aldeia próxima trazendo
algumas frutas à gestante. Com o tempo, Svea deu à luz a pequena Aggie e, após
uma semana, faleceu.
Emocionalmente abalado pela morte de
sua esposa, David reúne suas últimas forças e enterra sua amada ali mesmo, em
uma caixa de madeira que servia como caixão. Nesse instante, uma enorme ira e
amargura invadiam o seu coração. Ele gritou: “Por que o Senhor permitiu isto,
Deus? Nós viemos aqui para dar as nossas vidas! A minha esposa era tão bonita,
tão talentosa. E aqui ela jaz, morta com 27 anos de idade”.
David Flood voltou para a Suécia, mas
deixou a pequena Aggie na África, com outro casal de missionários. Ele se
tornou uma pessoa amargurada, que não admitia ninguém sequer pronunciar o nome
do Altíssimo perto dele. Casou-se novamente, teve mais quatro filhos e
enveredou pelo alcoolismo. Aggie, por outro lado, foi com sua nova família
morar nos Estados Unidos e lá se casou.
Durante alguns anos Aggie, já adulta,
tentou fazer contato com o seu pai, porém não conseguiu resultados. Enfim, aos
40 anos, Aggie e o marido puderam ir à Suécia, para tentar encontrar David
Flood.
Após haverem cruzado o Atlântico, o
casal passou um dia de parada temporária em Londres. Eles resolveram fazer uma
caminhada, e então andaram pelo auditório do Royal Albert Hall. Para a sua
alegria, lá estava ocorrendo uma convenção de missões pentecostais das
Assembléias de Deus.
Eles entraram, e ouviram um pregador
negro testificando a respeito da grande obra que Deus estava fazendo num país
africano, o antigo Congo Belga!
O coração de Aggie saltava. Após a
reunião, ela se aproximou do pregador e perguntou:
— O senhor alguma vez conheceu os
missionários David e Svea Flood?
— Sim — ele respondeu. — Svea Flood
me levou ao Senhor quando eu era um garotinho. Eles tinham uma filha bebezinha,
mas eu nunca soube o que sucedeu a ela.
Aggie exclamou:
— Eu sou a menina! Eu sou Aggie!
Quando o pregador ouviu isso,
abraçou-a e chorou de alegria. Aggie mal podia acreditar que este homem era o
garotinho convertido, a quem a sua mãe havia ministrado. Ele havia
crescido e se tornado um evangelista missionário para o seu próprio país — que
agora incluía 110 mil cristãos, 32 postos missionários, várias Escolas Bíblicas
e um hospital de 120 leitos.
No dia seguinte, Aggie e Dewey, seu
esposo, partiram para Estocolmo e lá encontraram David Flood, em um apartamento
deteriorado, garrafas de bebidas alcoólicas espalhadas por toda a parte, aos 73
anos, gravemente enfermo.
Aggie pulou para o seu lado,
gritando:
— Papai, sou a sua filhinha! Aquela
que o senhor deixou na África.
O velho virou e olhou para ela.
Lágrimas formaram-se em seus olhos. Ele respondeu:
— Eu jamais desejei entregar você
para os outros. Eu simplesmente náo conseguia cuidar de vocês dois.
— Tudo bem, papai. Deus cuidou de mim
— respondeu Aggie.
Subitamente, o rosto de seu pai se
cobriu de trevas.
— Deqs não cuidou de você! — ele
vociferou. — Ele arruinou, com toda a nossa família! Ele nos levou para a
África, e a seguir nos atraiçoou. Não houve nenhum resultado do tempo que
passamos lá.
Foi um desperdício de nossas vidas!
Aggie contou-lhe a respeito do
menininho, o então pregador que acabara de encontrar em Londres, e de como o
país havia sido evangelizado através dele.
— É tudo verdade, papai — ela dizia.
— Todo o mundo está sabendo a respeito daquele garotinho que se converteu. A
história chegou a todos os jornais.
De repente, o Espírito Santo caiu
sobre David Flood. Ele se quebrantou. Lágrimas de dor e arrependimento desceram
pelo seu rosto. Deus o havia restaurado.
Pouco tempo após o encontro deles,
David Flood morreu. E apesar de ter sido restaurado para o Senhor, deixou atrás
dele uma trilha de ruínas. Além de Aggie, o seu legado eram cinco filhos —
nenhum deles salvo, e todos tragicamente amargurados.
O problema é que o “relógio” de Deus
funciona diferente do relógio humano, como disse Tommy Barnett; por isso, os
homens desejam a resposta imediatamente, mas nem sempre isso acontece, pois o
agora para Deus é o momento em que Ele fala ou deseja que algo seja feito, mas
para os homens o agora é somente quando a bênção chega.
David Flood, por falta de
perseverança e fé, deixou de desfrutar das bênçãos da “recuperação do tempo
perdido”. Cinco dos seus filhos acabaram seus dias longe da presença de Deus;
apenas Aggie serviu ao Senhor. Poderia ter sido diferente. Sua história hoje é
contada como uma lembrança triste de alguém que poderia ter feito a diferença,
ocupando um lugar na galeria dos “heróis da fé”, como o fizeram Gunnar Vingren
e Daniel Berg, os quais, mesmo enfrentando muitas lutas, inclusive na família,
caminharam com seus cônjuges e filhos na presença do Eterno, até o fim. Eles,
aparentemente, estavam perdendo tempo ao virem morar no Brasil, porém
experimentaram a restituição
do tempo “perdido” pela ação
sobrenatural de Deus, pois se tornaram os missionários com o maior número de
filhos espirituais na América Latina: fundaram a igreja Assembléia de Deus,
que, segundo o Censo do IBGE de 2010, possui mais de 12 milhões de membros.
O importante não é o início das
coisas, mas o fim delas e como se desenvolve a trajetória entre um ponto e
outro.
I. Tempo de Recomeçar
A suprema perda de tempo
O Senhor, como o Bem supremo, deseja
que todos os homens acertem o alvo, mas quando erram, isto é, vivem em pecado,
perdem o que há de melhor na vida e no tempo. Esse conceito, embora verdadeiro
à luz das Escrituras, é percebido exatamente ao contrário, quando a análise é
feita sob o prisma do materialismo. Perder tempo é, para a cultura e filosofia
dominantes no mundo, não aproveitar todos os prazeres terrenos.
Observe-se esse exemplo
paradigmático. Com o objetivo dar sentido à sua vida, de maneira que ela não
fosse uma “perda de tempo”, Ernest Hemingway, um celebrado romancista do século
XX que afirmava que Deus não existia, decidiu viver de maneira libertina. Para
isso, ele se comprometeu consigo mesmo a provar os prazeres a fundo —
experimentaria tudo, sentiria tudo e faria tudo. No fim da vida, desiludido,
cometeu suicídio. Uma triste história, porém, infelizmente, milhões de
indivíduos estão trilhando inadvertidamente a mesma estrada. Por ano, segundo a
Organização Mundial da Saúde, aproximadamente 800 mil pessoas cometem suicídio,
sendo que, para cada morte por suicídio, há
outras 20 tentativas. Ou seja, por
ano, no mundo, algo em torno de 16 milhões de pessoas tentam dar cabo à sua
própria existência, sendo esta, por isso, a segunda causa de morte entre jovens
de 15 a 29 anos.
Grandes filósofos, imbuídos do mesmo
sentimento de Hemingway, no afã de encontrar razões para viver, construíram
elaboradas teses exaltando o prazer e rejeitando todo tipo de dor, a fim de que
a existência não fosse um fardo, um desperdício de tempo. Mas nada disso
resolveu o problema do vazio interior do homem, pois, paradoxalmente,
o caminho da autossatisfaçáo
sensorial só trouxe desespero e perdição. Jesus, porém, explicou que, aos olhos
do Senhor, ganhar a vida não significava*desfrutar de modo desenfreado os
prazeres do “aqui e agora”, mas poder viver feliz, com Deus, por toda a
eternidade; e isso passava inexoravelmente por renunciar a si mesmo. Por tal
motivo, pode-se afirmar que a suprema perda de tempo acontece em todas as
ocasiões em que se vive fora dos propósitos divinos.
Reconhecendo o tempo
Muitas pessoas que se notabilizaram
com Deus, na Bíblia e fora dela, tornaram-se experts em buscar recomeçar, que é
a regra daqueles que têm relacionamentos duradouros com o Senhor. Paulo, o
apóstolo, afirmou: “E isto digo, conhecendo o tempo, que é já hora de
despertarmos do sono [...]” (Rm 13.11). Ele reconhecia que era tempo de sair do
marasmo da fé e voltar ao avivamento espiritual.
Observa-se que, com uma frequência
incrível, as pessoas pedem antecipadamente a herança dada pelo pai e vai
desperdiçá-la em uma terra distante, como fez o filho mais novo da parábola de
Lucas 15. Se essa é sua situação, caro leitor, “é hora de despertar do sono”. E
interessante como o filho que desperdiça os bens do Pai sabe, de certo, que
está fazendo a coisa errada e isso se dá tanto pelos conceitos que o Pai
ensinou como pelo vazio interior, pela não atuação do Espírito Santo, pois
quando se erra o caminho, a alegria da presença do Senhor se esvai. Nesse
instante, logo na primeira queda, é hora de voltar para Casa, antes que os
danos se tornem muito altos.
Bilquis Sheikh, uma ex-mulçumana
convertida ao evangelho, narrou uma experiência muito interessante. Ela contou
que foi a um funeral maometano, ocasião em que, por tradição, ninguém cozinha
ou come até que o corpo seja enterrado. Entretanto, ela tinha o hábito de tomar
chá todas as tardes e, sentindo o desejo, inventou uma desculpa de que
precisava lavar as mãos; saindo da casa, foi a um estabelecimento próximo quando,
às escondidas, bebeu o seu precioso chá e, após, voltou para perto dos
pranteadores.
Após isso, ela descreve:
Imediatamente senti uma solidão
estranha, como se um amigo tivesse saído de junto de mim. É claro que eu sabia
o que era. A presença confortadora de seu Espírito havia-me deixado.
“Senhor”, disse para mim mesma, “que
fiz?” E então eu sabia. Tinha mentido enquanto dava a desculpa.
“Mas foi somente uma mentira
inocente, Senhor”, disse eu. Não percebi nenhum conforto do Espírito. Só silêncio.
“Mas, Senhor”, continuei, “não tenho
de seguir mais essas práticas de luto muçulmano. Além disso, simplesmente não
posso passar sem meu chá. O Senhor sabe disso”.
Nenhum sentimento de seu Espírito.
“Mas, Pai”, continuei, “não podia
dizer-lhes que ia sair a fim de procurar chá e bolo. Isso os teria magoado”.
Nenhum Espírito.
“Está bem, Pai”, disse eu.
“Compreendo. Errei em mentir. Percebo que procurava a aprovação dos homens e
que devo viver somente para a tua aprovação. Sinto muito, de verdade, Senhor.
Magoei-te. Com a tua ajuda não mais farei isso.”
E com essas palavras sua presença
confortadora inundou-me de novo, como a chuva que cai num leito de rio
ressecado. Descontraí-me.
Sabia que Ele estava comigo.
E foi assim que aprendi a voltar para
sua presença rapidamente.
Sempre que não sentia sua
proximidade, sabia que o tinha entristecido.
Voltava ao passado, até ao momento em
que tinha sentido sua presença pela última vez. Então fazia uma revisão de cada
ato, cada palavra ou pensamento até descobrir onde me havia desviado. Então
confessava meu pecado e pedia seu perdão.
Esse “despertar do sono” que Paulo
menciona, como se viu, também era compreendido perfeitamente por Bilquis
Sheikh. Na verdade, náo se pode baixar a guarda quanto a um aspecto tão
importante da existência: viver no centro da vontade de Deus. Em várias
ocasiões, servos de Deus que são atingidos pelo sono da indolência, mas faz-se
necessário reconhecer que é tempo de despertar, para recomeçar de onde
aconteceu o erro. O Senhor Jesus mandou uma carta à igreja de Éfeso,exortando-a
que se lembrasse de onde havia caído, e voltasse a fazer o que era correto (Ap
2.5). Sempre é tempo de recomeçar!
Desistir jamais
A resistência é uma das
características do amor, que tudo suporta e nunca falha (1 Co 13.7,8). A ideia
de prosseguir, enquanto se espera o tempo da restauração, da restituição,
somente pode ser encontrada naqueles que amam o Senhor, pois apenas o filho
fica para sempre na casa do Pai (Jo 8.35). Quem não tem vínculo de amor com Deus
logo se dispersa e segue seu próprio caminho.
Esse sentimento filial, de nunca
desistir, pode ser caracterizado pelas palavras de um homem excepcional, Jó,
quando declarou: “Ainda que ele me mate, nele esperarei” (Jó 13.15). Ele estava
encarnando a compleição espiritual da Igreja de Cristo, a qual não desiste
jamais, aguardando “o tempo da restauração de tudo” (At 3.21).
II. A Restituição do Tempo
Deus, o agente da restituição
Deus é o único protagonista em
relação ao tempo, pois só o Senhor tem poder sobre o tempo e, por isso, pode
restituí-lo. É mais ou menos assim: as oportunidades e potenciais que a pessoa
perdeu em determinado período, reaparecem noutro tempo linear, e todo o
crescimento perdido é concedido milagrosamente.
Na história da família de David
Flood, contada na introdução deste capítulo, fica bem claro que Deus é o agente
da restituição do “tempo perdido”. Essa mesma percepção se depreende de
incontáveis testemunhos que brotam das áureas páginas da Bíblia Sagrada.
Israel, por exemplo, em face do seu
pecado, viu a produção agrícola cair vertiginosamente. Muitas pragas assolaram
aquele país. Deus, porém, diante de um grande caos econômico e social, prometeu
uma extraordinária restituição. Está escrito: “E restituir-vos-ei os anos que foram
consumidos pelo gafanhoto [...]” (J12.25). Na verdade, o Senhor estava
garantindo o cumprimento integral dos termos de sua aliança com os descendentes
de Abraão; bastava que eles se arrependessem.
Com Deus não há tempo perdido.
0 homem, o beneficiário do milagre
Os critérios da justiça de Deus são
prioritariamente regulados pela graça e misericórdia divinas e, por tal razão,
geralmente não apresentam um arcabouço lógico-jurídico. Assim, perde-se tempo
na vida quando o homem “erra o alvo”. Dessa forma, ao quebrar o pacto de servir
ao Senhor, em regra, as coisas, cedo ou tarde, saem do controle.
Isso aconteceu, por exemplo, com
Moisés quando, cheio de si, tentou libertar o povo pela força do seu braço. Por
sua loucura e altivez, teve que fugir para o deserto, sendo tratado por Deus
por um prazo de quarenta anos. Entretanto, percebe-se que o Senhor lhe
restituiu o tempo cronologicamente perdido, pois durante os anos em que cuidava
de ovelhas no deserto, Moisés esteve na faculdade de Deus, saindo-se graduado.
O restante da sua formação ministerial aconteceu nos quarenta anos seguintes.
Deus o preparava para assumir a posição de guia e libertador do povo de Israel.
Como se vê, o homem pode até errar o
alvo, mas, mesmo assim, por graça e misericórdia divinas, torna-se o
beneficiário do milagre da restituição.
No caso de Jó, entretanto, a aparente
perda de tempo não decorreu de um pecado, mas havia algo que o Senhor queria
tratar em seu caráter, de maneira a aumentar a vida de comunhão do patriarca.
No fim, isso pode ser claramente percebido pelo fato de Jó mencionar que,
antes, ele conhecia a Deus por ouvir, mas agora os seus olhos o viam. O
favorecido Jó, no seu último estado, experimentou mais que bens materiais; ele
desfrutou da bênção “que enriquece e não acrescenta dores”. Matthew Henry
aborda esse assunto com maestria:
Os seus bens [de Jó] estranhamente
aumentaram pela bênção de Deus sobre o pouco que seus amigos lhe deram. Ele
recebeu a cortesia deles com gratidão, e não passou por sua cabeça ter os seus
bens restituídos pelas contribuições. [...] Deus lhe deu aquilo que era muito
melhor do que o dinheiro e os pendentes de ouro deles: a sua bênção (Jó 42.12).
O Senhor o consolou agora de acordo com os dias em que o havia afligido, e
abençoou o seu último estado mais do que o seu início.
[...] Os últimos dias de um homem bom
às vezes se mostram os seus melhores dias; as suas últimas obras as suas
melhores obras; as suas últimas consolações, as suas melhores; o seu caminho,
como o da luz da manhá, brilha cada vez mais até ser dia perfeito. [...] Deus
às vezes se agrada em fazer o último estado da vida de um bom homem mais
confortável do que foi a sua primeira parte, e estranhamente para superar as
expectativas do seu povo afligido, que pensava que jamais viveria para ver dias
melhores, para que náo percamos a esperança mesmo estando nas profundezas da
adversidade. Não sabemos que tempos bons podem estar reservados para nós no
final dos nossos dias.
Deus pode, com um movimento, de forma
surpreendente, restaurar o amor, a fé, a paz e a esperança esquecidos,
reconstruir as amizades arruinadas, restituir o que foi perdido ao longo do
caminho, fazendo novas todas as coisas. Ele é Senhor do tempo, espaço e da
matéria. Nada é difícil para Ele.
0 Reino, o ambiente do milagre
O milagre da restituição acontece,
sempre, na ambiência do Reino de Deus. Somente quando Deus está presente na
vida de alguém, as coisas e o tempo podem ser restaurados completamente. Sem
Deus, tudo não passará de ilusão. Assim, de nada adianta tentar reencontrar a
alegria perdida, a paz perdida, o amor perdido, se Deus não for o timoneiro
dessa embarcação, que navega pelo rio da vida.
Foi na ambiência do Reino de Deus que
Abraão viu o filho de sua velhice — Isaque — transformar-se em um homem
virtuoso, amável, obediente, cheio de fé. O tempo de espera pelo seu nascimento
valeu a pena. Ele não chegou atrasado, mas veio no tempo certo. Assim, a
aparente demora não trouxe prejuízos; antes, pelo contrário, Isaque fez brotar
uma grande alegria para a sua família, por meio da qual todas as demais
famílias da Terra seriam abençoadas. O Senhor não escreve certo por linhas
tortas, mas age, na ambiência de seu Reino, de maneira a ver cumprido o seu
propósito na vida de seus filhos.
III. Um Jovem Parado no Tempo
Um terrível engano
A sensação de estar parado no tempo é
terrível. A pessoa se sente perdida, desprestigiada, inútil, desanimada, sem
futuro, decepcionada com a vida e até mesmo com Deus, em profunda monotonia...
Talvez todos esses pensamentos passaram pela mente do filho pródigo (Lc
15.11-32), motivando-o a pedir o “adiantamento da herança” e sair pelo mundo
afora. Sem dúvida, esse sentimento de falta de sentido na vida conduz o
indivíduo a querer preencher o vazio com outras coisas.
O professor Morrie Schwart analisou
com profundidade a crise de significado da vida, grande mal desta sociedade:
—Temos uma forma de lavagem cerebral
em nosso país — disse suspirando.
— Sabe como se lavam cérebros?
Repete-se uma coisa constantemente.
E isso que fazem em nosso país.
Possuir coisas é bom. Mais dinheiro é bom. Mais posses é bom. Mais consumo é
bom. Mais é bom. Mais é bom. Repetimos isso, e nos repetem isso constantemente,
até ninguém sequer pensar diferente. O cidadão comum fica tão zonzo com tudo
isso que perde a perspectiva do que é verdadeiramente importante.
[...] — São pessoas tão famintas de
amor que aceitam substitutos.
Abraçam coisas materiais e ficam
esperando que essas coisas retribuam o abraço. Nunca dá certo. Não se pode
substituir amor, ou suavidade, ou ternura, ou companheirismo, por coisas
materiais.
Dinheiro não substitui ternura, poder
não substitui ternura. Escreva o que estou dizendo, sentado aqui perto da
morte: quando mais se precisa dos sentimentos que nos faltam, nem dinheiro nem
poder nos podem dá-los [...].5
A abordagem de Schwartz parece uma
descrição do que se passou com o filho caçula da parábola de Lucas 15. Ele
pensou em preencher sua vida com coisas tangíveis, mas tudo foi em vão.
Acreditou (como Adão e Eva) que estava perdendo tempo, parado ali naquela
“vidinha” rotineira. Não sabia, porém, que estar “parado no tempo” é viver fora
do propósito de Deus.
E estar longe da casa do Pai. Depois
ele compreendeu perfeitamente isso.
Aprendendo com o erro
O reconhecimento do erro é um passo
fundamental para a recuperação do tempo perdido. Isso aconteceu com
o filho caçula, quando pensou em dizer: “Pai, pequei Só há um modo de encontrar
o bem, e isso acontece quando ocorre o
distanciamento de todo o mal.
Decerto, aquele moço nunca mais
cometeria o desatino de sair do regaço de sua família. O sofrimento deixaria
marcas indeléveis em seu viver. Isso acontece frequentemente com aqueles que se
relacionam com Deus: após sofrerem pelo erro cometido e serem perdoados, criam
certa resistência ao equívoco, como aconteceu no caso da idolatria de Arão, a
traição dos irmãos de José, o adultério e o recenseamento de Davi, dentre
outros casos. O arrependimento introduz um novo modo de vida, com excelentes
resultados. Já o remorso...
Seguindo em frente
Para a pessoa ter restituído o tempo
perdido é preciso ter coragem.
Nada acontece por acaso. O jovem que
gastou a herança do pai teve que voltar para a sua terra maltrapilho, sabendo
que enfrentaria a ira do irmão e, quem sabe, a indiferença do pai. Mesmo assim
ele decidiu fazer o que era certo.
Os grandes homens de Deus tinham uma
característica interessante: “da fraqueza tiraram forças” (Hb 11.34). Como
Jesus, eles venceram.
Este é o desfecho da vida do homem de
Deus: ser mais que vencedor (Rm 8.37), porque Ele já venceu o mundo (Jo 16.33).
Este material foi extraído deste
livro
TEMPO PARA TODAS AS COISAS
Aproveitando as Oportunidades que
Deus nos dá
REYNALDO ODILO
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Casa Publicadora das Assembléias de
Deus
Av. Brasil, 34.401, Bangu, Rio de
Janeiro - RJ
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